CAPÍTULO TRÊS

 Bella acordou ofegante, o peito apertado como se algo tivesse pressionado sua caixa toráxica com força demais, seus olhos estavam molhados e Charlie estava sentado na beira da cama como fazia todas as vezes em que ela tinha um pesadelo.

 Só que dessa vez ela tinha certeza que não tivera nenhum pesadelo, tudo o que acontecera com ela era verdade, ela só não conseguia entender como estava ali, viva e em sua casa.

— O que… o que aconteceu? — Bella perguntou tentando se levantar.

— Shh… Se acalme Bella — Charlie olhou para ela daquela mesma forma que sempre olhava quando não sabia mais o que fazer para ajudá-la — Jacob disse que Sam Uley te encontrou desacordada na floresta perto da reserva Quileute, o que você estava fazendo lá Bella?

— Sam? — Então ela realmente ouvira rosnados antes de desmaiar, correra tanto que chegara perto da fronteira do território dos Quileute, perto o suficiente para que os lobisomens pudessem intervir e Jasper não conseguisse sugar seu sangue até o fim, não sabia como ele tinha permitido que isso acontecesse. Estava tão distraído com a caçada assim?

— Sim, ele não me deu muitos detalhes, mas disse que você deve ter se perdido da trilha, fiquei muito preocupado e se ninguém tivesse te encontrado? Ou pior, e se algum animal tivesse te atacado?

 Bella sabia que estava longe demais da trilha para que essa fosse uma desculpa convincente, mas se Charlie acreditava nisso ela aceitaria de bom grado.

—  Onde está Jacob?

 Um movimento atrás de Charlie chamou a atenção de Bella quando Jacob Black entrou no quarto, e mesmo que o tempo lá fora estivesse frio ele usava apenas uma bermuda e camiseta.

— Eu estou aqui, Bella.

Uma olhada para seu rosto disse a Bella que Jake queria muito falar com ela, eles tinham se aproximado o suficiente depois que os Cullen foram embora para saber o significado de seus olhares. 

Eles eram uma dupla agora, cada um guardando fielmente o segredo do outro.

— Eu acho que preciso comer alguma coisa, pai, será que você poderia pedir para mim?

 O olhar de Charlie dançou entre Bella e Jacob e sua cabeça balançou em concordância.

— Vou estar lá embaixo se precisarem de mim.

— Obrigada.

 Jacob se lançou para a beira da cama de Bella no momento que Charlie passou da porta.

— O que você estava fazendo na floresta, Bella? — Ele perguntou — E com o Cullen? Quando Sam chegou com você nos braços dizendo que te encontrou com um vampiro perto da fronteira da reserva, achei que seu vampiro tivesse voltado.

— Eu…fui estúpida, Jasper voltou para a cidade, achei que Edward… achei que ele poderia ter voltado por mim.

— O Cullen te largou Bella, te deixou sozinha nessa cidade mesmo sabendo todos os riscos que sempre parecem te perseguir. Você tem que parar de esperar que ele entre por essa porta atrás de você novamente.

 Lágrimas rolaram pelo rosto de Bella, a dor da perda fresca diante de si, ela sabia de tudo isso, porém era muito difícil convencer seu coração de que não deveria esperar mais, que deveria superar.

— Ele disse que queria me proteger, que me amava demais para me envolver nos perigos que percorrem a família dele.

— Ele já te envolveu Bella, te envolveu no momento em que você soube a verdade sobre eles e que aquele vampiro te perseguiu quando vocês começaram a sair — Jake respirou fundo, tentando controlar seu temperamento — O que você estava fazendo com o outro Cullen na floresta?

— Jasper não é mais um Cullen, ele abandonou a família. Ele estava na escola, eu realmente pensei que os Cullen tinham voltado e Jasper estava ali para me avisar, mesmo quando vi os olhos dele, mas estava com tantas esperanças que entrei no carro e ele começou a me contar que não era bem assim, que ele só voltou para terminar o que começou na noite do meu aniversário de dezoito anos.

— O que ele queria? O que ele começou na sua festa?

 Bella respirou fundo, se sentindo incrivelmente em paz com tudo isso, o medo ainda estava lá, resquícios do que tinha passado nas últimas horas, mas ela ouvira a voz de Edward novamente, como se ele tivesse voltado para ela, Edward conversara com ela, aquilo fora o suficiente para preencher aquela parte vazia que estava carregando por tanto tempo.

— Tomar meu sangue.

Era horrível dizer isso em voz alta, sabendo que corria mais perigo do que nunca, mas não conseguia se importar de verdade porque se fosse para ouvir Edward de novo ela não se importava de perder alguns litros de sangue.

 Ou todo ele.