Uma aleatoriedade de textos ao acaso escrita por Leite Moça


Capítulo 9
Sobre sentir




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Há tanto dentro de mim. 

Há de existir, de habitar. Há que me corrói. Há que me destrói. 

Sinto e sufoco. É assim que tenho vivido. 

Sinto e sufoco, sufoco e sufoco. Coloco para dentro o que quer ser vomitado. 

Uma vida engolindo os hás que me habitam. 

É assim que vivo.

As vezes me pergunto o porquê de tantas coisas e todas elas acabam em uma única resposta: sou um fracasso, sou horrível, sou e ao mesmo não sou. Sinto que não pertenço a nada. 

Eu gostaria de pertencer a um abraço. Ao seu abraço.

É nele que penso todos os dias. 

Não, não se trata de um texto sobre paixões, mas não posso negar que o amor ou a falta dele permeia meu corpo e meus pensamentos mais secretos. 

Minha terapeuta disse que tenho medo da rejeição e, por isso, acabo sendo rejeitada. 

Disse que se eu não mudar e começar a construir relações mais profundas, nunca serei a melhor pessoa de alguém. 

Porém, construir relações mais profundas exige abertura. 

Algo que não sei se estou disposta a dar. Falta coragem, talvez. 

A abertura também proporciona a ruptura. Não sei se estou preparada para isso. Seria como estar nua na frente de alguém. 

Frase clichê. Desculpe. 

Acho que o texto enveredou por caminhos clichês.

No fundo, eu só queria escrever. Minha válvula de escape.

Escrever sem parar, sem rumo, assim como dirigir sem saber para onde ir, para onde as palavras podem me levar. E elas me levam... as vezes me tiram de lugares ruins também. 

Infelizmente eu tenho ido para lugares ruins com frequência e pouca é a minha disposição para escrever... mas esses dias, algo me deu força. Um moço comentou aqui que gostou do que escrevi e pediu que eu continuasse. Não sei se ele acompanha esses meus escritos aqui. 

O comentário dele me deu uma estranha sensação de pertencimento, como se alguém segurasse minha mão enquanto escrevo aqui. Como se eu não estivesse escrevendo sozinha para o vento e isso foi reconfortante. 

Assim como na escrita, gostaria de caminhar pela vida ao lado de alguém que há muito me deixou para trás. Não sei o porquê de meus pensamentos se voltarem ainda para quem não faz questão da minha presença. 

Só sei que sinto saudades. 

Sinto e é horrível sentir. Vivo tão no automático que sentir isso tudo de novo tão forte me faz pisar no freio das palavras e...

Já não sei mais quem sou. Um turbilhão de "hás" se misturam em mim e já não sei quem sou, já não sei mais quem sou. Uma parte de mim se foi quando ele se foi e agora não sei como ressignificar. Já não tenho confiança em mim, só me odeio e odeio esses sentimentos, já não sei quem sou, apenas aponto meus defeitos e penso em mim como pensaria de alguém que ninguém gosta. 

É assim que vivo.

Gostaria de andar de mãos dadas pela vida, mas é apenas um sonho.

 


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