Uma aleatoriedade de textos ao acaso escrita por Leite Moça
Notas iniciais do capítulo
Aviso de gatilho: relacionamento abusivo.
O corte e depois o curativo por cima.
Um sorriso. "Você quer um bolo de chocolate?" "Olha que vestido bonito, vou comprar pra você".
Nenhum pedido de desculpas.
O corte dói, ainda sangra de vez em quando, mas talvez eu tivesse merecido mesmo, a culpa foi minha, não foi?
...
Como poderia ser tão ruim assim? Abusivo? Tóxico? Mas ele é tão bom comigo às vezes, que nem parece que...
Ele é uma bomba
"Sua demente!"
Prestes a explodir
"Você é burra!"
Qualquer coisa pode irrita-lo
"Cala a boca. Não tô falando contigo. Estou falando com a sua mãe."
Até mesmo as menores coisas.
Palavras que nunca disse por medo.
Palavras entranhadas em um emaranhado de culpa.
Não sei se um dia conseguirei me desembaraçar.
Não é tão simples, nunca foi.
Assim eu aprendi a me odiar.
Internalização.
Repetição.
Mil vezes silenciada.
Psicologicamente podada.
"As vezes a gente abraça aquilo que odeia". Eis o que me tornei: alguém que se cala mesmo contra a própria vontade. Já não sou mais eu. Talvez nunca tenha tido a oportunidade de ser.
Infelizmente a vida não é como nos livros e nas novelas. Não existe um bem e um mal devidamente categorizados. Vilões e mocinhos se misturam e, as vezes, um se sobressai ao outro. Como distinguir o benfeitor do agressor? É confuso decidir. É confuso aceitar a possibilidade de ter vivido tanto tempo em um relacionamento abusivo de onde menos se espera. De quem deveria dar amor e carinho.
A herança que carrego é a culpa.
Aos 24 anos, anseio tanto pelo grande momento em que poderei me tornar dona de mim mesma. Uma chama começa a brotar, me sinto prestes a queimar e eu pretendo me deixar queimar. Estou cansada de molhar caixas de fósforos.
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