Além do Castelo escrita por LC_Pena, SpinOff de HOH


Capítulo 16
Capítulo 16 Ilvermorny


Notas iniciais do capítulo

Recaptulando

— Albus está planejando algo para o Ocaso publicar;
— Lily está ajudando e fez amizade com Katharine;
— Ilvermorny é tranquila demais;
— Albus faz parte de um grupo misterioso que são conhecidos como as "Sombras.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/752501/chapter/16

Área externa de Ilvermorny, 16 de Setembro de 2021

Estava beijando Cassandra com mais ímpeto do que era permitido, sabia muito bem que estavam em uma área pública, que infelizmente não era reservada como os corredores da biblioteca dos amassos de ontem.

Ela levantou uma das pernas ao redor dos seus quadris e James precisou controlar a vontade insana de subir a mão por debaixo da camisa dela, porque estavam em público e aquilo faria os dois ficarem em uma situação tão...

— Eu estava morrendo de saudades de ficar com uma sonserina... - O garoto sussurrou, fazendo Cassandra dar um risinho malicioso, puxando o lábio dele entre os dentes, antes de voltar a beija-lo com vontade.

— Eu nunca fiquei com um grifinório... Pulei do navio Hogwarts muito antes dele afundar, só estive por dois aninhos lá, que peninha. - A garota loira morango disse naquele tom venenoso das cobras, com um biquinho falso, que geralmente tira qualquer um do sério, mas feito com o corpo tão quente e próximo, só servia para pôr gasolina no incêndio.

— Nenhum de vocês presta, não é? Veio parar na Pukwudgie, a casa coração, mas será que tem um de verdade? - A menina riu e o olhou com cinismo para a acusação, colocando a mão de James em seu peito, por cima do sutiã e da camisa de botões da escola.

— Acho que você vai ter que se dar ao trabalho de procurar... - James suspirou, porque, merda, era o tom e a atitude, só podia ser! Por que ele tinha um fraco absurdo por sonserinos em geral? Era como uma doença em sua vida!

Ouviu um barulho de passos vindo para aquele canto específico da lateral do Castelo, então afastou Cassandra White de seu corpo - droga, não queria também, mas tinha que manter o mínimo de decoro - e a assistiu consertar a blusa e limpar o batom borrado antes de sair como se nada tivesse acontecido ali.

James folgou mais a gravata e respirou fundo, sabendo que a sonserina iria dar um jeito de escorregar para sua cama de madrugada para só sair de lá quando estivessem plenamente satisfeitos, mas até lá, tinha que aguentar firme.

Deu risada sozinho quando uma dupla de primeiranistas passou por ele, o olhando com estranheza. Passou a mão na testa, até a ponta dos cabelos ruivos escuro, deixando os fios mais arrepiados. Se desencostou da parede de pedras em que estava, para retomar o caminho para dentro do Castelo.

Estranhou o burburinho, havia uma aglomeração no Hall dos patronos, principalmente nos balcões de madeira de onde toda a escola assistia a Seleção dos primeiranistas todos os anos, isso porque, ao redor do nó górdio, símbolo máximo de Ilvermorny, haviam frases escritas em vermelho escarlate abaixo do título: Hall da vergonha.

Sou filha de abortos ou talvez de uma aborto com um bruxo de verdade, quem sabe?

Dormi com meu padrasto e adorei

Fugi de Hogwarts porque me joguei na cama do meu professor de Poções

Sou corno ou não sou? Meu melhor amigo disse que sim, mas não sei se acredito nele, ele sempre quis o que é meu

James ficou estático, ouvindo seus colegas de escola cochichando assustados, rindo com as possibilidades, não tinha nomes, as pistas eram poucas e haviam tantas frases para ler... Mas o grifinório só consegui ver uma coisa agora.

ele sempre quis o que é meu

— QUEM ESCREVEU ISSO? Todo mundo sabe que eu tenho muito orgulho dos meus pais e vocês podem enfiar a dúvida sobre a minha magia bem no meio do... - Lily tapou a boca de sua amiga, Katherine, bem a tempo de impedi-la de falar alguma besteira.

James assistiu a irmã arrastar a terceiranista furiosa, com a ajuda de Albus. Ele iria perguntar a mesma coisa que ela em voz alta, mas foi bom que não o fez, porque isso só faria a suspeita de que alguma frase ali se aplicava a ele mais forte.

— Parece que temos um traidor entre nós. - Cassandra falou ao seu lado, com um tom amargo e... Era impressão sua ou os olhos da sonserina estavam marejados? — É uma cobra de Hogwarts, com certeza.

James olhou novamente para o piso de pedra escura, porque aquela afirmação só podia ser tão certa, se algum dos segredos pertencesse a ela. Ele tentou ler as outras frases, para ver qual poderia ser o dela, mas as letras vermelhas desapareceram, deixando apenas o dourado do intricado nó górdio em seu lugar.

— Não há nomes, esqueça isso e ninguém vai saber o que quer que seja verdade nessas palavras. - James aconselhou cauteloso, porque a sonserina olhava para o símbolo de Ilvermorny com uma fúria sombria nos olhos.

— Eu não vou esquecer, James. Há certas coisas que a gente não deve esquecer e precisa fazer algo a respeito enquanto a ferida ainda está aberta. - A garota pressionou o nariz de leve, fungou e só então finalmente o olhou nos olhos, com um sorriso não de todo verdadeiro. — E então? Ainda estou convidada para seu quarto depois da meia-noite?

— Claro, as portas do meu quarto estão sempre abertas para você.

O grifinório falou sincero, principalmente porque aquele tipo de olhar significava apenas uma coisa: quem quer que tenha brincado com os segredos de Cassandra White, agora era oficialmente um cara morto.

James deixou a multidão de alunos para trás e se dirigiu ao seu dormitório, tinha horário vago depois do almoço e só por isso tinha aceitado o convite de Cassandra para ver as corujas americanas voando para o corujal ou qualquer que tenha sido a desculpa dela para lhe tirar de uma conversa com os caras sobre o último jogo do campeonato búlgaro de Quadribol.

Infelizmente, antes de chegar na porta, estava sendo aguardado por um Frank de braços cruzados e olhar vago.

Suspirou pesado, porque realmente esperou que o seu amigo não tivesse feito a ligação entre aquela merda escrita em letra escarlate e a história conturbada do término do seu namoro.

— Era disso que se tratava, James? Você queria a minha garota? - Frank não era um cara que fazia questão de enrolar quando se tratava de assuntos sérios, ele ia direito ao ponto.

— Achei que você tivesse esquecido essa história... Olha, Frank, eu sei que você não acredita 100% no que eu falei sobre Louise, mas isso aí no pátio com certeza não é sobre a gente. - James falou tentando pôr um pouco de lógica na situação, porque aquelas palavras podiam se aplicar a várias pessoas.

— Você sempre teve um negócio com os Fábregas... Num dia você odiava Cesc e então passou a ser amiguinho dele, bem depois de eu ter terminado com Louise e eu pensei “nossa, ainda bem que James deixou essa briga com o capitão de lado, muito maduro da parte dele”. - O garoto de Wampus interpretou a si mesmo de um jeito aluado, o que fez James pressionar os lábios em linha. — Que esperto da sua parte, devo dizer, conquistando primeiro o gêmeo do seu alvo.

— Frank, você está fazendo isso de novo, inventando um monte de motivos pra validar as coisas na sua cabeça! A única coisa que eu disse a você foi...

— Que viu a minha garota saindo de um armário de vassouras com outro cara! - Frank falou entredentes, chegando tão perto que até conseguia ver o círculo verde na íris castanha, o que dava um toque diferente aos olhos do primogênito dos Potter. — Que outra conclusão você tiraria se o seu melhor amigo, o seu IRMÃO, te dissesse isso, hum, James? O que você pensaria?

Frank havia gritado a palavra irmão em sua cara e só por isso James estava deixando o outro falar assim com ele, Frank era um irmão de verdade e estava sofrendo, se sentindo traído, além de ter um dos pavios mais curtos da Grifinória, quando provocado.

— Se afaste, respire fundo e pense.

O garoto a sua frente riu com deboche, mas James continuou impassível, vendo Frank dar voltas naquele corredor deserto, tentando se acalmar o suficiente para juntar as palavras para dizer o que queria.

— Eu quero tanto quebrar essa sua cara de garoto modelo, James, quero tanto, que você não faz nem ideia! Mas não se preocupe, eu não vou fazer isso. - Frank riu de novo, pareceu histérico, como se ele estivesse a beira de cometer uma loucura. — Eu conheço seus pais, James, eu conheço sua família e eu não vou matar você, porque eles não merecem!

A raiva de Frank Longbotton era o tipo de coisa que um cara sensato temia, porque era em voz baixa até um certo ponto, mas se chegasse aos gritos...

— Esfrie a cabeça e então a gente conversa de novo, Frank.

— Eu não tenho nada para falar com um traidor, Potter. Pra mim já chega! - Ele fez sinal de que lavava as mãos, bateu uma na outra tão forte que sua velha munhequeira do pulso esquerdo partiu e caiu longe. Ele não ligou. — Foda-se você e suas desculpas, pra mim já deu.

Frank tinha um coração bom, mas não era a toa que havia escolhido Wampus, a casa dos guerreiros, o artilheiro havia virado o corredor com uma raiva mal contida. Um barulho de coisa quebrando ainda pôde ser ouvido ao longe, provavelmente alguma estátua ou quadro.

James rezou para qualquer um que estivesse ouvindo do outro lado da linha, para que Frank chegasse ao próprio quarto sem encontrar nenhum saco de pancadas pela frente.

— Esse garoto tem problemas, quando eu digo, ninguém acredita. - Albus falou sem sentimento, fazendo o irmão virar incomodado. Lhe entregou a munhequeira de Longbotton na mão, porque sabia que James daria um jeito de consertar a fivela e devolver ao melhor amigo.

— Ainda não pude fazer as poções dele, ele está só...

— Louco, James. A palavra que você procura é louco, Frank Longbotton é um dragão furioso e selvagem e quando ele sai da jaula e mata pessoas, você não culpa a cerca por isso. - Albus falou sério e viu seu irmão mais velho respirar fundo uma, duas, três vezes.

— Vou fazer a poção dele essa noite, você entrega a ele? Não acho que seja uma boa ideia ele me ver por agora, ele precisa se acalmar antes... - James falou baixinho, porque de certa forma se sentia sim responsável pela situação, mesmo sendo só uma cerca...

Ou um sedativo.

— Certo, mas antes eu tenho que te falar uma coisa. - Albus respirou fundo e sorriu sem humor. — Eu nunca fiquei com Louise.

James estava batendo de leve a peça de couro favorita de Frank na mão, revisando se tinha todos os ingredientes - talvez precisasse deixar a poção com mais euforia do que letargia dessa vez - quando finalmente se deu conta do que o irmão tinha acabado de dizer.

— O que você disse?

— Eu e Louise nunca estivemos juntos, ok? O contexto era outro, você tirou suas próprias conclusões e na época eu nunca imaginaria que você abriria o bico para Frank, era suposto que fosse um segredo nosso. - O mais novo falou com uma mágoa sabe-se Merlin saída de onde, mas James ainda estava muito chocado para dizer qualquer coisa.

— Meu Deus, Albus, por que... Por que você não me contou isso antes? Você deixou que eu... Meu Deus! - James maneava a cabeça como se não pudesse acreditar no que estava ouvindo.

— Eu fui bem específico com as palavras, James “Só não conte a Frank, ok?” e a primeira coisa que você fez foi ir correndo conta-lo, exatamente o que eu pedi para você não fazer! - Albus falou meticulosamente, articulando as palavras como se estivesse falando com uma pessoa de raciocínio lento.

James estava se sentindo assim.

— Eu nunca disse que tinha sido você...

— Não foi o que eu pedi para você fazer, James, eu pedi para você não contar o que aconteceu e você contou, você protegeu a mim e ferrou com Louise, com Frank e, se quer saber, ferrou com você mesmo. - Albus deu de ombros, porque não gostava de dar lição de moral a ninguém, mas odiava os olhares de soslaio que recebia sempre que Frank cantarolava alguma música nunca escrita para Louise ou como seu irmão se achava o máximo por ser um amigo tão, tão leal...

— Você devia ter me contado a verdade, Al... Por que não contou? - James não conseguiu tirar a decepção com o irmão da voz e Albus apenas respirou fundo.

— Na época foi melhor assim, eu confiei em você para manter o segredo, mas você sempre foi mais leal a... Não, deixa eu terminar! Você sempre foi mais leal a Frank e a Fred e quer saber? Por mim tudo bem, porque depois que você abriu a boca, eu jurava que ele iria lá confrontar Louise e...

— Mas ele não foi, ele apenas terminou com ela.

— Não foi, porque ele é o babaca que eu sempre te disse que ele era, ele disse que a amava, mas não o bastante para dar a ela um minuto de defesa. - Albus pontuou e James continuou maneando a cabeça. — O quê, Jay? Com o quê você não concorda?

— Eu sou como um irmão para ele, Al, ele confiou em mim... Cegamente. - Nem Albus era impassível ao tom quebrado de James.

Particularmente achava que estavam todos fazendo tempestade em copo d’água, como sempre, mas apoiou as mãos no ombro do irmão mesmo assim. Queria que ele entendesse que não cabia a ele salvar e proteger o mundo todo.

— Frank tomou as decisões dele, você tomou as suas e eu as minha, não há vítimas aqui, ok? Talvez Louise, mas se quer saber... Acho que no caso dela, ela saiu ganhando. - Albus falou com um tom irônico na voz e James fechou os olhos, porque ela era realmente a vítima nisso tudo.

— Eu tenho que pedir desculpas a ela.

— Isso, faça isso, mantenha-se longe de Frank por enquanto, então depois você conta toda a verdade para ele, eu tenho certeza que vai ficar tudo bem, foi só um mal-entendido. - Albus sorriu com confiança e James só torceu a munhequeira de Frank nas mãos, com nervosismo.

— Ele acha que eu fiz isso para ficar com Louise!

— O que não é verdade! Você nunca nem sequer tentou, então aí está toda a prova que você precisa, Frank só está alucinando de novo, você sabe como ele é, não sabe?

— Sei... Sinceramente, Albus, não sei te mato ou se te dou um abraço! - O grifinório mais velho passou a mão pelos cabelos arrepiados, marca registrada da família, com exasperação.

— Prefiro a morte, se quer saber...

James deu um abraço de urso no irmão menor, porque sabia que ele não era uma pessoa fácil de lidar, sabia que ele detestava qualquer demonstração de afeto, não só pública, mas principalmente porque ele realmente podia usar um abraço agora.

Já Albus seguiu seu caminho com a consciência mais leve ou... Talvez sem consciência alguma. Entrou no salão comunal e fez questão de se concentrar na tarefa a sua frente. Tinha que comunicar ao pessoal do Ocaso sobre o que tinha acabado de acontecer em Ilvermorny.

— Promete que aquela foi a única vez, Albus? - Lily perguntou finalmente ao irmão muito concentrado escrevendo uma mensagem para os outros iconoclastas. Ela havia acabado de conversar com Kath no dormitório e estava se sentindo profundamente culpada agora.

O grifinório a olhou sem expressão, pensou um pouco e depois deu de ombros.

— Não sei, vamos deixar isso em aberto. - Ele disse, continuando a escrever, não tirou os olhos do pergaminho ao completar o raciocínio. — Não me olhe como se eu tivesse estripado seu ursinho, Lily, você concordou com isso.

— Mas precisava colocar aquilo sobre a Kath? E James? Qual é o problema dele e de Frank de qualquer forma? - A garota perguntou confusa, bem na hora que Albus colocava o ponto final na sua pauta enviada para aprovação de pelo menos um terço do grupo.

— O de Kath não era nem sequer um segredo, era só para validar as outras informações, você sabe, método Rita Skeeter de fofoca. - Ele falou divertido e Lily o olhou ainda mais chateada, precisavam mesmo descer tão baixo para conseguir uma notícia para o Ocaso? — Não me olhe assim, o artigo pode nem sair agora, se quer saber. Vai depender de como os americanos vão reagir a isso.

— Então se eles não ligarem, a gente não vai publicar sobre essa pessoa demoníaca que está revelando o segredo de todo mundo sem um motivo plausível? - A sonserina perguntou irônica, ao ver o irmão arrumando suas coisas na mochila.

— Se eles não ligarem, nós vamos fazer um segundo ataque, dessa vez em um ponto que vai doer de verdade. - Albus falou misterioso e Lily o olhou assustada. — Tenho uma pista quente, sobre um podre bem... Suculento?

Ele deu risada sozinho, tinha como algo podre ser suculento?

— Albus, você está passando dos limites. - Lily falou baixo, com seriedade, o segurando no braço antes que ele saísse para sua próxima aula.

— Eu sempre passo dos limites, Lily, às vezes dá certo e às vezes... Não. - O garoto sorriu para a irmã caçula, debochado. — Mas eu estou disposto a correr o risco todas as vezes, não é a toa que eu sou grifinório, não é?

Deixou a garota para trás com um olhar assustado, mas era aquela coisa, não é como se Albus não usasse os alertas da irmã e de todo mundo ao seu redor para nada, ele os mantinha no fundo da mente, como um lembrete constante de tudo que estava em jogo.

Só não podia se deixar ser paralisado pelo medo.

Seguiu pelo corredor até a sala do diretor de Thunderbird, onde além dele, mais dois alunos tinham horário marcado para a orientação vocacional com o famoso e impiedoso Baltazar Bien. Olhou para sua ex-colega em Hogwarts já sentada esperando o diretor da casa alma, ironicamente desalmado, chama-la.

Ao menos havia um rosto conhecido ali.

— Como vai, Cassie? Ainda posso te chamar de Cassie como nos velhos tempos? - Ele perguntou divertido e a menina apenas continuou alisando sua gata preta. — Olá, Morgana, quanto tempo!

Albus se lembrava bem da garota que havia se transferido há alguns anos de Hogwarts. Cassandra White foi como um cometa na escola, rápido, mas inesquecível. Costumava ser a melhor da classe em Poção, deixava o diretor de sua casa - na época ainda considerado inocente - Bradbury satisfeito e orgulhoso.

Albus e Cassie se davam bem na medida do possível para duas pessoas que não curtiam muito outras... Bem, pessoas. Havia se aproximado da menina ao seguir sua gata, Morgana, até as ruínas do castelo, porque a bichana parecia perdida.

Mas acabou que descobriu em pouco tempo que Morgana era, sem sombra de dúvidas, o melhor pet de todo o mundo, inteligente e independente, aparecia e sumia sem precisar de ninguém.

O grifinório sentira falta da gatinha.

— Você nunca teve permissão para me chamar assim, mas isso nunca te impediu. - A ex-sonserina - Alguém podia deixar de ser sonserino? - sorriu ladinamente, mas a gatinha em seu colo aceitou o afago do garoto. — E então, Potter? Coincidência fortuita te ver aqui, você é justamente o homem que eu estava procurando.

— Sério? Achei que um Potter era o suficiente na sua cama...

— Juliet tem razão, você sabe de tudo, não é mesmo? - A garota continuou alisando a gata, o outro aluno do quinto ano havia acabado de se levantar para essa coisa que Ilvermorny tinha de “orientação vocacional” antes dos testes, enquanto uma garota chorosa da Horned Serpent deixou a sala do diretor da Thunderbird.

Era uma merda que justo esse ano todos estivessem sendo atendidos pelo mesmo cara, quer dizer, como um Thunder vai entender o que um Horned precisa para seguir com sua vida profissional?

— Sei o que me importa.

— Hum... Isso é bom. - A menina virou para frente, a perna estava cruzada, com Morgana usando seu joelho como travesseiro. — Preciso que me ajude a achar alguém que me importa, Potter.

— Quem? - Albus perguntou interessado, porque se ele havia sido indicado por Juliet Bertrand da Sonserina, rainha das Sombras, isso era um bom sinal. Cassandra sorriu maliciosamente.

— Você sabe quem... - Parou de alisar a gata e se inclinou um pouco mais para perto, com uma sobrancelha levantada. — O dono ou dona da letra escarlate. Você vê? É alguém de Hogwarts, porque se fosse daqui não teria coragem de entrar no meu caminho.

Albus retribuiu o sorriso ameaçador, estava bastante interessado naquela conversa, como não ficava há séculos.

— E você quer que eu descubra quem escreveu aquelas bobagens no Hall... Veja bem, não é como se eu não ficasse lisonjeado com sua preferência, mas... O que eu ganho exatamente com isso? - Albus disse com sorriso displicente, que fez a garota rir de leve pelo nariz. Se não soubesse melhor, diria que estava lidando com um verdadeiro sonserino.

— Tenho certeza que vai pensar em algo. - Ela sorriu maliciosa, depois virou para frente, com uma expressão séria e vidrada. — Mas antes vou precisar que me traga a cabeça dessa criatura patética que ousa se achar acima dos pecados de nós, mortais.

— Não deve ser muito difícil, tenho certeza que poucos poderiam saber todos aqueles segredos e ainda menos poderiam saber o seu. - Albus falou com lisonja, depois olhou a garota com um sorriso sarcástico. — Qual é o seu mesmo?

— Achei que soubesse de tudo, Potter, assim você me decepciona. - Cassandra continuava a olhar para frente, enquanto alisava sua gata negra.

— Você saiu muito cedo de Hogwarts, não tive tempo de te ler. - O garoto se virou totalmente para a sonserina de olhos cinzas, frios, como se pudesse fazer a leitura agora. — Se não me contar o seu segredo, será difícil te ajudar...

— Saí da escola porque em um dia eu estava ajudando o professor de Poções e no outro a diretora em pessoa me acordava e me encaminhava para a diretoria: eu estava dormindo na cama de Bradbury. - Cassandra falou sem emoção e sua gata bocejou preguiçosamente, como se aquela história fosse entediante. Albus a olhou surpreso.

— Mas você tinha 12 anos!

— Eu estava vestida e tinha livros de poções ao meu redor... Aparentemente eu levei minha admiração por Michael Bradbury a outro nível, fiquei esperando ele em seus aposentos particulares até cair adormecida, dá para acreditar? - A garota falou sarcástica e Albus a encarou sério.

Não.

— Pois é essa a versão até hoje, meus pais ficaram tão assustados e constrangidos que me tiraram da escola assim que o ano acabou, com medo de que tudo isso tomasse uma proporção ainda maior. - Dessa vez a garota loira, de cabelos muito lisos olhou o grifinório com um sorriso verdadeiro. — Qual não foi a minha surpresa ao ver o nosso querido Michael nos jornais acusado de apagar a memória de alunos inocentes por causa de atividades ilícitas?

Albus virou para a frente, tentando processar todas aquelas informações novas em seu cérebro: no minuto que Cassandra White revelou seu segredo, o garoto sabia que ela havia se confundido, o Hall da vergonha não era sobre ela e sim sobre um Lufa-lufa qualquer que havia conseguido beijar Teddy depois de uma aula de Poções, era esse casinho bobo e aumentado que ele havia usado em suas letras escarlates!

Mas aquilo que Cassandra estava dizendo com tanta naturalidade parecia parte de algo muito maior e mais interessante, porque Bradbury era um fugitivo e ela parecia certa de que teve sua memória alterada, assim como Cesc.

Albus não podia imaginar aquela garota orgulhosa fazendo aquilo, caindo no sono na cama alheia, nem mesmo a versão mirim da sonserina seria tão patética a ponto de extrapolar os limites com um professor milhões de anos mais velho do que ela!

Olhou para Cassie com um interesse renovado.

— Acha que Bradbury apagou sua memória, não é mesmo? - Perguntou sem entonação na voz e a garota apenas deu de ombros.

— Creio que sim, mas por minha vida não lembro de poções para atletas, nem falcatrua com testes... Dizem que quando a pessoa descobre sobre a memória perdida, se ela foi apenas suprimida, pode ser recuperada se a pessoa souber do que se tratava... - Cassandra falou conformada. — Não foi o meu caso.

— Talvez não tenha sido isso que você descobriu naquela época, Cassandra, porque, ao contrário dos outros, você foi tirada da escola, então provavelmente você se provou um obstáculo maior do que os demais. - Albus concluiu com um sorriso animado e a garota o encarou com um cenho levemente franzido.

— O que uma eu de 12 anos poderia ter feito para ameaçar um homem como Michael Bradbury? - Cassandra perguntou confusa e Albus virou para frente, excitado com a perspectiva de um mistério pela frente.

— É exatamente o que temos que descobrir. - Falou convencido e Cassandra apenas levantou uma sobrancelha interrogativa. — Quanto ao Hall da vergonha, não se preocupe, não era sobre você que estavam falando, relaxe.

O garoto que estava conversando com o diretor da Thunderbird finalmente saiu e Cassandra soube que era sua vez de ser atendida, então liberou Morgana e se levantou, mas antes de entrar na sala, perguntou a Albus uma última coisa.

— Como sabe que a fofoca não era sobre mim?

— Porque Bertrand tem razão. - Albus sorriu e olhou para frente com sua melhor expressão de jogo. — Eu sei de tudo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Albus perigosíssimo, quase um vilão, ainda bem que está do lado certo!

Ficha de Cassandra White, personagem de Malyan: https://www.notebook.ai/plan/characters/180331

Deixa eu me explicar para quem eu não tenho contato fora das notas: não estou respondendo comentários pq estou tentando priorizar as postagens, vocês devem ter percebido que rolou dois bônus em Contos essa semana, fora os dois capítulos de HOH. Pois bem, estamos na reta final para chegar aos mil comentários em HOH (marco que eu estou considerando muito importante) e a cada dezena completada, estou dando um bônus, já tivemos o de Malyan e o de Lily Almeida, o seu pode ser o próximo, fique de olho nos números da fic para saber a hora certa de comentar!

Bjuxxx