Need You Now escrita por A Cavalaria
Notas iniciais do capítulo
Pela cara da Beatrice, algo não muito bom aconteceu... O que será?
Boa leitura!
— Chris, você deve ter endoidado de vez... – riu sem graça. – Não podemos fazer isso!
— E por que não? Semana que vem é carnaval! Podemos curtir juntos na minha cidade. – comentou animado.
— Ai, Chris... Não sei como meu pai vai reagir! Eu nem tenho amigos, vou ter um namorado?
— Se não tentar, nunca vai saber. O máximo que acontecerá é seu pai não querer me conhecer! – deu de ombros.
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Beatrice chegou em casa apreensiva; pensando, repensando em como mentiria aos seus pais.
Ao abrir a porta, deu de frente com ambos, olhando-a como se tivesse feito algo errado.
— Oi... – falou envergonhada, com um sorriso amarelo.
— Achei que você ia chegar mais cedo. – o pai comentou.
— Mas são 22h17min!
— Nós combinamos que às 22hs você estaria aqui. – levantou o tom de voz, com irritação. – O que a senhorita estava fazendo na rua até agora?
— Bom... É que... – abaixou os olhos. Respirou fundo. Reergueu o olhar. – Christopher e eu estamos namorando.
— O QUÊ?— manifestaram em uníssono.
— Desculpa, tá... Simplesmente aconteceu! Nós fomos a um barzinho, comemos batata frita, conversamos e... Nos Beijamos. – sentiu-se confortável em acrescentar somente a parte final.
Porém, os olhares interrogativos de seus pais, demonstravam que não fora suficiente para convencê-los.
— Bem, aí depois me perguntou se queria namorá-lo. Disse sim e ele quer vir conhecer vocês... Amanhã. – a palavra terminante saiu mais baixa, todavia, audível para seus pais.
— Pois bem, diga a este rapaz que venha aqui! – o pai se manifestou secamente e as deixou a sós.
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No dia seguinte, a garota se arrumou de maneira simples, mas que parecesse bonita na frente de seu falso namorado. Terminava de pentear os cabelos, quando ouviu a campainha tocar.
Correu para fora, surpreendeu-se ao ver o belo homem diante de seus olhos. Trajava camisa social, com uma calça jeans clara. Em uma das mãos trazia um buquê de flores e um sorriso largo nos lábios.
— Uau, você veio mesmo! – comentou brincalhona.
— Acha que exagerei muito na roupa? Queria estar bem arrumado para conhecer o “sogrão”. - fez aspas com as mãos.
— Sabe... Ainda dá tempo de desistir dessa farsa! – ergueu as sobrancelhas, enquanto escancarava o portão.
Ele pôs os pés dentro da humilde casa.
— Desistir? Ora, eu nunca desisto de nada... Pra você! – entregou à ela o buquê e caminhou na direção da primeira porta.
Ela passou na frente, abrindo-a; em seguida, encontraram uma segunda ombreira que finalmente dava acesso à primeira casa. Havia mais no fundo. Era claramente um cortiço, como chamavam no Rio de Janeiro.
Apresentou-o aos pais, posteriormente, o guiou pelos cômodos. Foi impossível para Christopher não reparar o quanto o lugar era pequeno, contudo; organizado, limpo. A cozinha era minúscula, com somente um quarto e uma sala que era dividida por uma cortina com o quarto da jovem. Tinham apenas um banheiro, achou isso absurdo.
“E se tiverem uma disenteria coletiva?”— auto questionou-se.
— Chris, esses são meus pais: Geraldo e Aparecida. Pai, mãe; esse é o Christopher! – Beatrice os apresentou.
Fez questão de pegar a mão da mais velha e beijar seu topo, como um bom cavalheiro. Sem demora, sentiu o forte aperto de mão do homem.
— Querida, você tem os traços dos seus pais. – discursou, a fim de puxar assunto. – Não se esqueça de colocar as flores na água! – orientou-a.
Estava tão nervosa que por pouco não se esqueceu do presente. Foi à cozinha e as deixou numa vasilha com água.
Ouviu de lá, seu pai começar o sermão. Uma longa tarde estava só no início.
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Depois de horas ouvindo as orientações e histórias de infância do falso sogro, por fim, tocou no assunto que o levara a inventar toda aquela mentira:
— Senhor Geraldo, poderia levar sua filha para o Rio de Janeiro comigo na terça? A trarei de volta após a quarta-feira de cinzas, na semana que vem. Quero que ela conheça minha família.
— Eu até deixo... – aquela resposta deixou Aparecida e Beatrice boquiabertas. – Mas não tenho dinheiro da passagem.
— Ora, vou custeá-la em tudo!
— Então, se ela quiser ir, tudo bem!
— Eu quero! Eu quero! – manifestou-se incontinente, fazendo todos rirem.
— Ótimo. Então amanhã arrume suas coisas. Terça à tarde nos encontraremos no metrô Consolação*.
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Chegou à estação carregando consigo uma mochila levando itens básicos e uma quantidade pequena de roupas. Tentou escolher as mais novas, entretanto, já fazia pelo menos dois anos que não comprava nada.
Chris a recebeu com um beijo na bochecha. Sentir sua respiração adjacente ao seu ouvido, a provocou um leve tremor nas pernas.
— Antes de pegarmos o táxi para o aeroporto, vamos passar numa doceria maravilhosa aqui perto. – avisou-a e apenas assentiu.
Atravessaram a famosa Avenida Paulista**, viu o letreiro chamativo com uma escrita bonita. “Doce Encanto” era o nome do local.
Ao adentrarem, escutaram um sininho, que avisava a chegada deles. Sentaram-se em uma mesa. Logo, uma moça de baixa estatura, pele morena, cabelos negros, olhos castanhos; se aproximou com um terno sorriso nos lábios.
— Chris, como vai?
Ao ver aquela desconhecida cumprimentando o amigo, sentiu uma pontada no estômago. Algo que nunca experimentara antes.
— Clarisse! Que bom te ver! – ele sorriu e se levantou para abraçá-la. – Como vai?
“Clarisse? Quem diabos é essa garota da qual o Chris nunca falou?”— várias cenas deles se beijando intensamente, apaixonados, passaram por sua cabeça. Uma fúria começou a dominá-la, sua transparência a fez ficar com uma expressão de poucos amigos, enquanto fuzilava a mulher com o olhar.
A morena percebendo o descontentamento da jovem, se apressou em tornar o clima mais leve:
— Olá, prazer. Meu nome é Clarisse, sou dona da doceria. Conheço o Chris há um tempo, pois sempre que vinha à São Paulo, passava aqui.
— Os doces dela são maravilhosos! – complementou.
Lembrou-se de ele ter comentado que há mais de um ano visitava São Paulo frequentemente por causa dos negócios de sua mãe. À vista disso, sua feição se amoleceu e resolveu se apresentar.
— Eu sou Beatrice! – estendeu a mão.
— Prazer em conhecê-la. – retribuiu o gesto. – Trarei dois brigadeiros como cortesia da casa. – deu um sorriso meigo e os deixou a sós.
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O casal de amigos conversava descontraidamente quando Clarisse trouxe o brinde. Tropeçou no pé da mesa, por pouco não os derrubou. Isso arrancou gargalhadas de todos.
Envergonhada, saiu depressa, deixando-os sozinhos novamente.
Ajeitando-se na cadeira e tomando fôlego, Beatrice comentou:
— Que bom não ter mais que fingir ser sua namorada.
— Érrr... Bea... Tem um problema... – ela arregalou os olhos, abaixou-se próxima a ele para ouvir o que diria. – Eu também disse à minha mãe que estávamos namorando. Você vai conhecê-la daqui a pouco.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
* Consolação é uma estação de metrô localizada no centro de São Paulo *
** Avenida Paulista é a Avenida principal da capital de São Paulo, também conhecida como o coração da cidade. Fica localizada próxima à estação Consolação **
QUEM GOSTOU FAZ BARULHOOOOOOO (sempre quis dizer isso)!!!