50 Tons de Fanfiction escrita por Nymeria


Capítulo 6
[SUPERGIRL] Reencontro


Notas iniciais do capítulo

Tema 11: Uma fanfic de um gênero que eu nunca escrevi antes.

Fandom: Supergirl.
Ship: sanvers.
Gênero: yuri/femmeslash.
Avisos: Spoilers da 3ª temporada.

Mil desculpas à quem ficou na expectativa de ver fic nova nesses últimos finais de semana. Essas últimas semanas foram muito agitadas pra mim e meu computador resolveu dar problemas, para piorar a situação. Mas estou tentando compensar o atraso, então se o computador deixar, postarei outras fics ainda essa semana, incluindo amanhã. Acompanhe a história aqui no site, caso ainda não tenha feito isso, assim você recebe notificação sempre que for postado um capítulo novo #DicaDaNymeria ;)

Quero agradecer imensamente à Misuri-chan (pelo incentivo e por ter me dado a ideia para o título dessa fic, além da capa nova linda que vocês estão vendo agora) e à Odd Ellie (que, além da capa antiga - linda também, por sinal -, ouviu meu blábláblá sobre a história, incluindo os spoilers, e me deu sua opinião sincera sobre o caminho que eu estava conduzindo as coisas nela). Vocês são maravilhosas! ♥

Observações: Essa fic é dividida em capítulos, mas eles são bem pequenininhos, juro!

Essa nota ficou gigante, desculpem. De qualquer forma, tenham uma ótima leitura! =)



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Prólogo

 

 

Uma a uma as roupas foram sendo depositadas na mala. Primeiro as blusas, depois as calças e uma jaqueta extra, fora a que vestiria durante a viagem. Peças íntimas e prendedores de cabelo ficaram num canto menor da mala. Um livro e o celular iriam na mala de mão. Havia também um local designado para sua arma. Enquanto guardava a bagunça que fizera de volta no guarda-roupa, seus olhos vislumbraram algo que não via há tempos: uma blusa.

Sim, uma blusa. Mas a blusa não lhe pertencia. Nem lembrava mais quando a trouxe consigo para Metrópolis, mas parecia uma boa ideia na época. Olhar para a peça naquele momento, porém, a fazia ter saudades de tudo aquilo que tivera e um dia acabou.

Não fora um livro ou uma novela, mas pensando bem, poderia ser. A história delas era cheia de amizade, drama, romance, ação e reviravoltas. Era também recheada de altos e baixos, mas por algum motivo, ela sentia que ainda não havia acabado, ainda que tenha ficado decidido por ambas que havia. Talvez em seu íntimo, ainda restasse a esperança de um final feliz, mesmo que eles fossem um tanto clichê.

Quem sabe...

 

1

 

 

Quando Maggie Sawyer recebeu a missão de capturar um perigoso serial killer, ela não esperava que as investigações levassem-na de volta à National City, cidade na qual ela guardava tantas recordações. A então detetive tinha decidido sair da cidade, algum tempo após ela e Alex terminaram. Não terminaram em maus termos (muito pelo contrário, o dia do término foi até celebrado por ambas, numa espécie de festa de despedida particular), porém Sawyer recebeu uma oferta para tornar-se uma agente do FBI em Metrópolis. Além da oferta ser muito boa, a policial pensou que certa distância faria bem para as duas e elas poderiam continuar amigas, como eram antes de qualquer envolvimento amoroso. Seu trabalho na nova cidade rendeu-lhe uma promoção.

Maggie recebeu uma festa de despedida surpresa, realizada por todos os amigos, Alex inclusa. Danvers e ela prometeram uma para a outra que continuariam amigas e manteriam contato, o que elas fizeram no início, ainda que de forma esporádica. Depois, a vida fez com que elas perdessem contato uma com a outra. A única coisa que restava atualmente era o Facebook, rede a qual ambas dificilmente usavam.

Se a agente do FBI fosse sincera consigo mesma, ela admitiria que ainda não se sentia pronta para rever a ex-noiva. Da última vez que se falaram, pelo Messenger do Facebook, Alex estava numa correria só porque era o aniversário de cinco anos da sua filha ou algo assim. Maggie quase podia visualizar a família perfeita que ela formara sem ela. Voltar a ver Alex e ver toda essa cena familiar que imaginara diante dos seus olhos, além de retomar o contato diário com ela como antes, seria doloroso demais. A agente do FBI sabia que a ex-noiva não iria mudar de ideia sobre ser mãe (e nem podia àquela altura). Sabia também que não mudaria de ideia sobre não ser. Ficarem juntas só faria ambas infelizes.

No entanto, Maggie sentia falta da ruiva. Sentia falta dos seus sorrisos, dos beijos apaixonados, das noites de sexo (ou mesmo daquelas em que elas só dormiam de conchinha, cansadas de um dia cheio, capturando criminosos), das saídas para beber, de salvar o mundo juntas. Maggie podia passar a vida listando tudo que ela sentia falta em Alex e ainda assim não seria o suficiente. Todavia, ela precisava seguir em frente e aceitar que o relacionamento delas acabou. Nenhuma das duas era culpada por isso.

Com um longo suspiro, a agente decidiu ir dormir, não apenas para tentar esquecer aqueles pensamentos por algumas horas, mas também a fim de não perder o vôo no dia seguinte para National City, visto que já estava de malas prontas e o tal serial killer não se capturaria sozinho.

 

2

 

 

O aeroporto de National City parecia abarrotado, Sawyer não pode deixar de notar, apesar da cidade ser grande o suficiente para que aquilo fosse considerado normal. Uma bela policial a aguardava, com uma plaquinha com seu nome, cortesia do chefe local. Maggie sorriu para a moça e a agradeceu por ter ido buscá-la, muito embora conhecesse a cidade com a palma da mão e aquilo fosse totalmente desnecessário.

A policial deixou-a no hotel onde ela se hospedaria pelos próximos dias e, após deixar a mala lá e fazer check-in, Maggie decidiu ir logo à delegacia para buscar mais informações que pudessem dar-lhe uma pista sobre o paradeiro e identidade do assassino que procurava. O fato de que as vítimas do meliante eram crianças a incomodava muito. Não querer ser mãe não significava que ela queria ver crianças inocentes sendo mortas por aí, como muitas pessoas pensavam.

Alguns detalhes do caso soaram estranhos à agente desde a sua investigação na central do FBI em Metrópolis. Ali, em National City, essas estranhezas perpetuaram-se. Maggie desconfiava que o tal serial killer poderia ser um alienígena, pois tudo indicava que era alguém com poderes. Ela sabia exatamente quem ela deveria contactar para ajudá-la em casos assim, especialmente considerando que ela não poderia falar com os ex-colegas policiais as suas desconfianças, mas ainda não se sentia pronta para ver a agente do DOE, especialmente para falar de assassinato.

Quer dizer, aquela era uma desculpa perfeita para ligar para ela (Alex passou-lhe seu novo número na última conversa que tiveram), mas Maggie não queria que Alex achasse que ela só lembrava da ruiva quando precisava de alguma coisa. Também não queria que Alex tivesse ideias em relação às suas intenções. Pelo que ela sabia, Alex podia muito bem já estar com outra pessoa, afinal já faziam anos que elas haviam terminado. Claro que Alex estaria com outra pessoa! Quem não iria querer casar com uma mulher tão maravilhosa quanto ela?

De toda sorte, Sawyer colocou o pensamento de ligar para Alex na lista de possíveis ideias, pois apesar de tudo, prender um assassino em série era mais importante do que suas inseguranças envolvendo a ex, ainda que a ex em questão tenha a estragado para relacionamentos a ponto dela não ter tido um único relacionamento sério ao longo desses anos todos.

 

3

 

 

A agente federal decidiu, por fim, visitar sob disfarce um dos possíveis locais que poderiam servir de alvo do serial killer: Uma escola de ensino infantil, que era uma das melhores e maiores da cidade, o que significava que havia ali muitas vítimas em potencial. Sawyer falou com a diretora da escola como se fosse uma mãe em busca da escola ideal para matricular o filho e logo a diretora mostrou-lhe tudo ao redor, falou-lhe de como eram as aulas da escola e das coisas que diferenciavam aquela instituição das demais, o que incluía uma gama de ótimos professores. Maggie fingiu estar interessada. Aquela provavelmente fora sua melhor atuação.

“E a segurança da escola?” perguntou Sawyer. “Eu sei que National City é uma cidade muito segura, vocês tem a Supergirl e tudo pra proteger vocês, mas eu fico preocupada em deixar meu menino aqui o dia inteiro, sabe?”

“Oh, Sra. Milles! A senhora pode ficar absolutamente tranquila com isso!” comentou a diretora, chamando-a pelo sobrenome falso que concedera. “Nenhuma criança é liberada sem a autorização dos pais e, fora casos como o da senhora, que algum pai quer conhecer a escola antes de matricular seus filhos, dificilmente entra alguém de fora aqui.”

“Entendo…” respondeu Milles/Sawyer. “Então se, por exemplo, alguém quisesse sequestrar meu filho, seria muito difícil fazer isso aqui, certo?”

“Seria impossível, a não ser que o sequestrador fosse a Supergirl.” disse a diretora, rindo. Maggie riu também, enquanto ouviu o sinal tocar, indicando o final das aulas daquele dia.

“Obrigada por todos os esclarecimentos, senhora Rochelle. Vou analisar com calma tudo o que a senhora me mostrou e decidir se matricularei meu filho aqui.” disse Maggie. Ambas caminhavam em direção aos portões da escola.

“Tome o tempo que quiser Sra. Milles, mas te asseguro que não encontrará melhor escola que esta na cidade!” retrucou a diretora Rochelle, orgulhosa da instituição.

“Estou segura que não.” respondeu Maggie. Foi quando uma garotinha, de aparentemente cinco anos e longos cabelos ruivos passou correndo e esbarrou-se nela.

“Amy, correr nos corredores é contra as regras da escola.” disse a diretora para a garotinha que imediatamente parou.

“Desculpa, senhora Rochelle!” disse Amy, com uma expressão de culpa esculpida no rosto.

“Não é a mim que você deve desculpas, foi na senhora Miller que você se esbarrou.” retrucou Rochelle.

“Me desculpe, Sra. Miller!” retificou-se a garotinha, cujo rosto parecia-lhe  levemente familiar.

“Tudo bem, Amy.” respondeu Maggie, sorrindo pra ela. “Apenas tome cuidado da próxima vez.”

“Ela está causando problemas, Rochelle?” Maggie congelou quando reconheceu a voz. Olhou tão rápido para cima que achou que tinha sofrido um torcicolo. Seus olhos confirmaram o que a mente já desconfiava, enquanto o coração disparava sem pedir permissão. A sua frente, a dois passos de distância, estava Alex Danvers. Suas mãos repousavam carinhosamente sobre os ombros de Amy.

“De forma alguma, Danvers. Só correndo pelos corredores, mas já demos um puxãozinho de orelha.” respondeu a diretora cordialmente. Virando-se para Maggie, a diretora a apresentou. “Sra. Miller, essa é a Sra. Danvers.” Se Alex estranhou o sobrenome falso, nada o denunciava. “Como pode ver, ela tem uma filha da idade do seu menino que estuda aqui. Talvez ela possa lhe dar o empurrãozinho que falta para você matricular seu menino aqui.” Dessa vez, Maggie notou o estranhamento na face da ex-companheira.

“Já nos conhecemos.” Alex comentou com a Sra. Rochelle. Virando-se para Maggie, sorriu levemente e, entendendo a mão direita para cumprimentá-la, disse: “Como vai?”

“Vou bem, e você?” perguntou policial, aceitando o cumprimento e sorrindo de volta. Havia anos que suas mãos não se tocavam, Maggie sentiu as suas começarem a suar com o pensamento. O toque, porém, num instante havia acabado.

“Vou bem também.” respondeu Alex. “Estávamos indo comer alguma coisa, quer nos acompanhar? Posso te falar mais sobre a escola. Ela é excelente!”

Maggie pensou em recusar-se, mas estava disfarçada ainda, então seguiu com a atuação. Despediram-se da Sra. Rochelle e seguiram rumo à uma cafeteria próxima dali. Alex estava de carro. Entraram nele com Maggie no banco do carona e Amy num dos bancos traseiros.

“Há quanto tempo está na cidade?” perguntou Alex, enquanto dava partida no carro.

“Cheguei hoje,” respondeu  a agente do FBI. “Há algumas horas, pra falar a verdade.”

“Achou a cidade muito diferente da última que esteve aqui?” A ruiva fez uma curva e seguiu em frente na próxima rua.

“Sim, mas não está irreconhecível ainda.” respondeu Maggie.

O local para onde iam, que era uma cafeteria, era muito próximo da St. Magnus, então o pequeno diálogo que tiveram fora o suficiente para chegarem lá. Alex estacionou o carro e abriu a porta para Amy, que já havia liberado-se do cinto de segurança sozinha, ao descer. Maggie já as aguardava do lado de fora do veículo e juntas, às três adentraram o estabelecimento.

Imediatamente ao entrar, Amy foi em direção ao balcão e Alex não a impediu. Aparentemente a menina gostava muito da dona da cafeteria, o que era recíproco. Danvers lhe contou que a senhora sempre reservava o doce favorito da garota para ela quando elas iam lá. Sentaram-se numa das mesas, com Alex sentada de frente para o balcão, onde poderia ver a sua filha.

“Sra. Miller, hein!” comentou a ruiva, em tom brincalhão.

“Era um disfarce. Eu to fazendo uma investigação. Sou agente do FBI agora, como você sabe.” respondeu Sawyer. “Recebi até uma promoção!” Por um momento, ela ponderou se a amiga também pensara que ela poderia estar casada, mas foi apenas por um momento. Ocorreu-lhe que Alex ainda usava o nome de solteira, mas isso não indicava que ela o estava. Muitas mulheres atualmente preferiram não tomar o nome do companheiro/a ao casar, por já  serem conhecidas pelo nome de solteira. Alex Danvers poderia ser uma delas. Ela não lembrava da amiga ter expressado algum desejo em usar seu sobrenome depois do casamento, durante o período que foram noivas.

“Parabéns pela promoção!” respondeu a ruiva sorrindo. Ela parecia genuinamente feliz com o sucesso de Sawyer.

“Obrigada!” disse Maggie, sorrindo de volta.

“Mas, investigação numa escola infantil?” perguntou a agente da DEO. Se Maggie ainda a conhecia como achava que sim, o tom era brincalhão. “Maggie, eu sei que você nunca quis ter filhos, mas juro que crianças não oferecem perigo algum à sociedade.”

Maggie riu, pensando no quão estranho e maravilhoso era elas falarem daquele assunto com aquela leveza depois de tudo o que aconteceu no passado.

“Eu sei, pelo amor de Deus! Eu não odeio crianças, sabia?” disse Maggie. “E eu estou mais preocupada com quem possa estar oferecendo perigo à elas, não em elas serem o perigo.”

“Algum perigo na St. Magnus?” perguntou Alex, olhando apreensiva pra filha, que ainda conversava com a dona da cafeteria animadamente, alheia às preocupações maternais.

“Sim. Aparentemente temos um serial killer que gosta de crianças. A St. Magnus pode ser um dos locais que o patife usa para selecionar seus alvos,” respondeu Maggie. “Eu não devia estar comentando isso com você. É informação confidencial.”

“Maggie, por favor! Como se eu fosse contar pra alguém…” Alex fez sua melhor cara de ofendida, mas Maggie sabia que a ofensa não passara da superfície. “Precisa de ajuda? Será um prazer e tenho interesses pessoais em ver esse caso resolvido o mais breve possível, como você deve imaginar. ”

“Você ainda trabalha pra DEO?” perguntou Maggie.

“Sim. Mas isso também é informação confidencial.” Alex parecia estudar-lhe com o olhar. “Diga-me o que vai na sua mente. Eu quase consigo ver seus neurônios queimando.”

“Acho que esse serial killer pode ser um alien.” disse a agente de cabelos escuros, sem rodeios. Sabia que Alex seria a última pessoa do universo a achar que ela estava louca por pensar isso. “Tudo nas cenas do crime indica que ele tem poderes e eu não consigo imaginar outra forma disso acontecer, sem que isso vire Supernatural ou Grimm.”

“Vou entrar em contato com a DEO e colocar um alerta nisso. Acha que a escola pode ser alvo de ataques?” Alex perguntou olhando novamente para a filhinha. Ela comia um cupcake enquanto balançava as perninhas no ar, sentada no banco grande demais para ela em frente ao balcão. A dona da cafeteira limpou-lhe o canto da boca, que sujara de chocolate.

“Honestamente, não sei,” respondeu Maggie. “Mas acho que não. A escola parece ser bastante segura. Eles não deixam entrar qualquer pessoa lá.”

A dona da cafeteria apareceu logo em seguida para perguntar-lhes se desejavam alguma coisa. Pediram um café.

“Desculpe não ter vindo antes, estava atendendo essa cliente VIP aqui,” disse ela, olhando rapidamente para Amy, que a acompanhara. “E hoje estamos com poucos funcionários”.

“Não tem problema, Rose.” respondeu Alex. “Tenho certeza que essa mocinha tagarela não a deixou em paz.”

“Ela não me incomoda de modo algum, Alex. Adoro a companhia dela.” Rose olhou para a pequena novamente e sorriu.

“Viu, mamãe! A dona Rose disse que adora minha companhia!” comentou Amy, abraçada à Rose, com um sorriso de orelha à orelha.

“Eu vi sim, minha querida.” disse Alex, estendendo o braço na direção da pequena. “Só dona Rose ganha abraço?”

Amy praticamente pulou nos braços da mãe. O coração de Maggie aqueceu-se vendo aquela cena tão cativante e tão sincera demonstração de afeto. O café não tardou a chegar, mas elas não falaram mais dos crimes, pois Amy permaneceu à mesa com elas dali em diante.

Na volta, Alex perguntou se a morena já tinha onde ficar. Sawyer disse o nome do hotel.

“Porque você não me avisou que vinha?” perguntou a ruiva mais velha, ligeiramente magoada.

“Eu não queria incomodar.” respondeu a agente do FBI.

“Maggie, você nunca incomoda…” retrucou Danvers. Maggie sentiu o coração aquecer com aquelas palavras. “Vou te levar ao hotel, mas só pra você pegar suas coisas e fazer check-out. Você vai ficar em minha casa. Eu insisto.”

“Tem certeza? Eu não quero atrapalhar sua rotina.”

“Não atrapalha de forma alguma. Será um prazer.”

 

4

 

 

Ao chegarem na casa da moradora local, que era em um local diferente do antigo apartamento em que ambas dividiram outrora, a agente do FBI não pode deixar de notar como era uma casa grande e espaçosa, propícia para criar uma criança (ou várias) e dividir com alguém especial. A outra mãe dela, talvez. Um sentimento negativo apoderou-se dela, mas Maggie recusava a admitir que era ciúmes. Ela abdicou o direito de estar na vida de Alex há muito tempo atrás.

“É uma bela casa,” comentou Maggie para a outra adulta.

“Obrigada!” respondeu Alex. “Venha conhecer o quarto de hóspedes. Espero que goste dele também.”

Sawyer assentiu e a seguiu. O quarto também era agradável, como a de cabelos negros já imaginava.

“É uma casa linda!” disse Maggie, após o tour pela casa. “E enorme. Amy é sua única filha?”

“Sim. Eu sempre quis ser mãe, você sabe, mas maternidade é trabalhosa”. Alex sorriu docemente, contradizendo suas palavras sobre as agruras da maternidade. “Não quero um time de baseball. Amy é o suficiente pra mim.”

“Ela me parece ser uma garotinha muito esperta.” respondeu Maggie. “Tenho certeza que você e sua esposa têm muito orgulho dela e com razão. Ela é inteligente, educada e muito fofa.”

“Obrigada!” Alex sorriu. “Mas o orgulho é só meu, de Kara, da nossa mãe e de J'onn mesmo. Eu não sou casada.”

O cérebro de Maggie travou, a informação parecia não ser processada muito bem. Alex não estava casada?

“Mas como…?” O que a ex-detetive queria realmente perguntar era como uma mulher tão perfeita ainda estava solteira, mas ela não podia simplesmente perguntar isso, afinal, escolhas são escolhas e ela precisava lidar com as dela. Sua demora em completar a frase porém, fez com que Alex achasse que a dúvida dela era acerca da gravidez, então ela respondeu simplesmente:

“Inseminação artificial. Eles usaram um procedimento chamado Injeção Intracitoplasmática de Espermatozóides.” Como Maggie olhou-a como quem não estava compreendendo, a ruiva explicou. “Resumidamente, houve um doador e daí o embriologista injetou o espermatozóide dele no meu óvulo, usando uma micro agulha. Escolhemos esse procedimento porque por meio dele é implantado um único espermatozóide no meu óvulo, garantindo assim que eu tivesse um único bebê, ao invés de gêmeos, trigêmeos ou quadrigêmeos, como pode ocorrer com a fertilização in vitro.”

“Uau.” Era tudo que Maggie conseguiu articular.

“Eu estava ansiosa, temendo que não desse certo por algum motivo, mas funcionou!” Alex sorriu novamente, seu sorriso parecia iluminar o mundo inteiro. “E essa garotinha maravilhosa que você conheceu é o resultado disso.”

“Ela me parece saudável, então o resultado foi positivo.” respondeu Maggie.

“Sim, ela é perfeitamente saudável.” concordou Alex.

“Mas eu pensei que você queria uma família completa, sabe? Não imaginei que fosse querer ter a Amy e criá-la sozinha.” Ponderou a agente do FBI.

“Mas eu não estava sozinha, Maggie”. respondeu a ruiva. “Minha mãe e Kara me paparicaram a gravidez inteira, você precisava ter visto! E viraram vó e tia muito corujas depois. J'onn também e praticamente todo o pessoal do DEO. Uma vez eu levei Amy para a base, quando ela ainda era neném, e quase não consegui trazê-la de volta porque todo mundo queria dar colo à ela e mimá-la!”

Alex ria, lembrando dessas fases de sua vida e Maggie também sorriu com ela ao imaginar a cena, ainda mais quando pensava naqueles agentes como Hank Henshaw, que tinham toda aquela pose de durão, se derretendo por um bebêzinho. Não ajudava muito o sorriso de Alex ser tão contagioso tampouco.

“É engraçado pensar no Hank se comportando como avô babão. Ele sempre me passou uma imagem tão séria...” A visitante comentou.

“J'onn faz pose de durão, mas o coração dele é mole como manteiga.” respondeu Alex. “Se depender dele, não vai faltar avô para Amy.”

 

5

 

 

Os dias foram passando e, enquanto nenhuma das agentes conseguia capturar o criminoso, Maggie continuava hospedada na casa de Alex. Aos poucos, ela começou a se inteirar dos hábitos familiares e da rotina da família Danvers. Uma vez, ela até leu uma história de ninar para Amy. A garotinha rapidamente apegou-se à ela, de modo que agora ela havia deixado de ser “Srta. Sawyer” e tornou-se “tia Maggie” para ela. No começo, Sawyer se incomodava, mas depois percebeu que era uma forma da garotinha dizer que gostava dela e Amy era um amor de criança, afinal, diferente de outras que Maggie já viu por aí, que vivem fazendo chilique na rua e envergonhando os pais ou fazem birra por qualquer bobagem.

Maggie nunca nutriu em seu íntimo o desejo de ser mãe e esse foi precisamente o motivo pelo qual ela e Alex terminaram, embora ambas se amassem muito. Vendo aquela garotinha, entretanto, com longos cabelos ruivos, olhos curiosos, semblante adorável e, principalmente, tão parecida com a progenitora, por quem ela podia ou não ainda estar completamente apaixonada, mesmo já tendo passado-se anos desde o término fatídico, a policial começava a questionar-se se seria realmente tão ruim ter sido uma das mães dela.

Alex continuava linda, a maternidade pareceu-lhe que só a fizera bem. O sorriso dela ficava ainda mais lindo quando ela olhava para o rostinho de Amy, enquanto a menina  fazia basicamente qualquer coisa, o que no momento era desenhar. Amy Danvers não era uma artista nata, mas tudo era perdoável e incrivelmente adorável pois a garota ainda estava na infância, tendo completado seus cinco aninhos há não mais que alguns meses.

“Olha, tia Maggie!!” chamou a garotinha, mostrando o papel no qual estava desenhando há poucos minutos. Havia três bonequinhas de palito desenhadas nele. “Aqui é a mamãe,” explicou Amy apontando para a figura à esquerda que usava um vestido vermelho, quase da mesma cor que seu cabelo, o qual estava na altura do pescoço, e botas marrons. “Essa daqui sou eu. Eu estou usando meu vestido favorito.” Ela apontou a bonequinha que estava ao meio, segurando a mão esquerda da que representava sua mãe. Ela era menorzinha, com longos cabelos ruivos e um vestido de flores bastante colorido. “E essa aqui é você, tia Maggie.” disse a garota, apontando a boneca à direita que segurava a outra mão da bonequinha menor e vestia calça, jaqueta e botas pretas. Amy desenhou também longos cabelos negros nela.

“É lindo, Amy!” respondeu Maggie. “Já mostrou para a mamãe?”

“Ainda não.” respondeu a garotinha. “Acha que ela vai gostar?”

“Acho que ela vai adorar!” disse Sawyer, convicta. Não, ela ainda não queria ser mãe, mas Amy tinha um jeito cativante que a fazia querer ficar perto dela. E Alex parecia gostar da amizade das duas, embora provavelmente estivesse preocupada em talvez Amy a estar incomodando (o que não estava) e também com o fato da menina estar se apegando a ela, pois Maggie logo retornaria à Metrópolis, embora a agente do FBI tivesse dúvidas às vezes sobre se realmente gostaria de voltar. A menina foi levar o desenho para a mãe apreciar.

“TIA MAGGIE, TIA MAGGIE!!” Amy voltou gritando, poucos minutos depois que saíra. “ELA DISSE QUE AMOU!!” A garotinha estava correndo em sua direção com o sorriso mais sincero que ela já vira nos olhos de alguém.

“Eu disse que ela ia amar!” respondeu Maggie, abraçando a garota e depositando um beijo em sua testa. Maggie não viu, mas, no canto da sala, Alex via a cena com um sorriso bobo no rosto.

 

6

 

 

Um ano inteiro havia se passado até que Alex e Maggie pudessem finalmente pôr as mãos no assassino. Isso lhes custou um trabalho árduo e conjunto com o DEO e a Supergirl, além de idas e vindas periódicas de Maggie à National City. A pior parte de tudo foi quando Amy foi capturada. O desespero de Alex cortava-lhe o coração. Também foi naquele momento que ela percebeu que amava a garotinha também.

“Alex, olha pra mim!” disse Maggie na ocasião, segurando o rosto da ruiva com ambas as mãos. “Nós vamos salvá-la, tá me ouvindo?” Alex chorava copiosamente, balbuciando um milhão  de “E se”s. A ex-detetive, olhando nos olhos da amada assegurou-lhe: “Você vai abraçá-la novamente. Vai vê-la crescer e entrar na faculdade. Eu prometo a você que vou resgatá-la, nem que seja a última coisa que eu faça.”

Maggie a abraçou Alex e esta a apertou forte, enquanto chorava. Aos poucos, ela foi se acalmando e quando o choro parou de todo, Danvers tentou limpar as lágrimas. Maggie acariciou-lhe levemente o rosto para ajudá-la na tarefa.

“Obrigada!” Alex conseguiu dizer, por fim. “Eu sei que você nunca quis ser mãe, mas obrigada pelo que você ta fazendo pela Amy e pelo carinho com que você trata ela, quando ela está aqui. Significa muito pra mim”.

“Faço qualquer coisa por você.” respondeu Maggie, com um olhar apaixonado. “Além disso, não é muito difícil tratar Amy bem. A verdade é  que eu também me afeiçoei à ela. As vezes tenho vontade de não voltar mais para Metrópolis.”

“Então fique.” A ruiva respondeu simplesmente, tocando-lhe a mão que ainda estava em seu rosto, seu olhar tão intenso quanto o de Maggie para ela. Foi quase sem pensar que a policial inclinou-se e beijou-a.

“Podemos ter essa conversa num outro momento.” respondeu Sawyer. “Quando já tiver tudo resolvido e você estiver mais calma.”

“Não estou falando isso porque estou vulnerável com o sumiço da minha garotinha.” disse Alex. “Óbvio que estou preocupada com Amy. Eu fico tão preocupada que mal consigo dormir. Mas a verdade é que eu nunca te esqueci, Maggie. Eu só fingi que sim porque achava que nós duas não tínhamos futuro e você tem o direito de não querer se relacionar com alguém que já tem filhos, se você não quer tê-los.”

“É verdade, não quero filhos…” respondeu Maggie. “Mas posso ser a tia legal da Amy. Ela não precisa de outra mãe. Ela já tem a melhor mãe do mundo.”

Alex sorriu pela primeira vez desde que Amy fora levada.

Naquela mesma noite, Kara ligou informando que finalmente Winn triangulara a localização do alien com todas as pistas que elas encontraram. Elas se vestiram para a batalha, armadas até os dentes e seguiram para o armazém abandonado, cujo endereço foi mandado por Kara. Fora Maggie quem encontrara Amy, enquanto a Supergirl lutava contra o alien. A irmã deu-lhe cobertura quando os reforços do assassino apareceram com kryptonita.

Quando Alex viu Maggie com Amy nos braços, correu ao encontro de ambas e assim que policial a pôs no chão, ela abraçou a pequena bem forte.

“Mamãe, tá me sufocando!” disse Amy.

“Vá se acostumando, não vou tirar você dos meus braços nunca mais!” respondeu Alex.

“Tia Maggie que me salvou. Ela também merece um abraço.”

“Claro que sim, tem razão.” Alex abraçou-a também e selou os lábios nos dela brevemente. Em seguida, Maggie entrelaçou os dedos nos dela, enquanto a amada voltava a abraçar a filha e ambas seguiram para a casa da ruiva, para onde os amigos e familiares de Alex foram também, incluindo Kara que estava louca para abraçar a sobrinha mas não o fizera para não revelar sua identidade em público. 

 

Epílogo

 

 

Fora Amy quem levara as alianças quando Maggie e Alex casaram-se, naquele mesmo ano. Ambas usavam vestidos longos brancos: o de Maggie em tafetá  molhado, enquanto o de Alex era rendado. Na cerimônia, havia amigos de Maggie do FBI de Metrópolis e da polícia de National City. Havia também muita gente da DEO, amigos da ruiva, Rose (a dona da cafeteria), Dra. Eliza Danvers, Kara Danvers, Clark Kent e Lois Lane.

O matrimônio, em si, foi simples, mas singelo. Elas trocaram votos os quais elas mesmas haviam escrito e disseram “sim” uma para a outra. Houve uma festa na casa que agora pertencia a ambas, com dança e música. Elas dançaram uma música lenta que ambas escolheram alguns meses antes.

“O que foi?” Alex perguntou à esposa, já  sentada ao seu lado, vendo os outros convidados dançarem enquanto descansavam por alguns minutos.

“Como assim?” Maggie estava confusa com a pergunta da companheira.

“Você parecia distraída.” respondeu a ruiva, depositando-lhe um beijo na face esquerda. Maggie sorriu.

“Eu só estou feliz…” Maggie virou-se para olhar nos olhos da esposa e beijou-a vagarosamente, enquanto as mãos buscavam a cintura de Alex, que entrelaçara os braços no pescoço dela, aprofundando o beijo. “Eu te amo.” disse a policial, sorrindo nos lábios da amada, testas encostadas.

“Eu também te amo.” respondeu Alex. “Muito. Eu juro que vou te fazer feliz.”

“Você já faz,” respondeu a outra. “Eu nunca pensei que um dia pudéssemos ser felizes assim. Nunca me imaginei casando com alguém que já tem filhos. Mas… Eu nunca estive tão feliz… Você acredita em mim?”

“Sempre.” Alex sequer hesitou para responder. Poucos instantes depois, Amy ocorreu ao encontro delas e as abraçou, sentando no colo de Maggie e brincando com a pulseira de flores no pulso da mãe.

Maggie pensou no quanto sua vida havia mudado nos últimos anos e concluiu que as pessoas faziam projetos, mas não deveriam escrevê-los em pedra. Tudo bem variar uma coisa ou duas ao longo do caminho e as pessoas sempre podem mudar de ideia ou ter imprevistos. Amy, por exemplo, não era parte dos seus planos de forma alguma, mas se todos os seus planos fossem arruinados dessa maneira tão doce e pura, ela seria uma velhinha extremamente feliz e realizada no futuro.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado da fic. Como disse, postarei a próxima fic amanhã, então fiquem a vontade para aparecer por aqui, tá? Comentários, como sempre, são muito bem vindos, sejam sugestões ou elogios. Tenham certeza que serão respondidos com muito carinho. Até amanhã! o/



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