50 Tons de Fanfiction escrita por Nymeria


Capítulo 5
[AS CRÔNICAS DE GELO E FOGO] Cantiga


Notas iniciais do capítulo

Tema 10: Uma fanfic sobre casamento arranjado.

Fandom: ASOIAF/GOT
Ship: Gendrya.
Avisos: Spoilers da season 3 e do livro 3 (A Tormenta das Espadas).

***

Essa história se passa alguns anos no futuro, após a guerra dos tronos ter acabado e com as personagens já adultas. O contexto todo dela (Stannis no trono de ferro, Jon reconhecido como Stark, etc) foi criado para a fic, eu não sei se é esse o caminho que tio Martin vai escolher para o canon, mesmo porque, eu não li todos os livros, nem vi todas as temporadas da série ainda (mas to tentando acompanhar). Alguns acontecimentos do canon também foram levemente alterados, mas o universo é o mesmo. No mais, boa leitura! =)



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Olhou-se no espelho enquanto as aias faziam os últimos retoques no seu vestido, cabelo e maquiagem. Aquele era provavelmente o vestido de noiva mais belo que ela já havia visto, no entanto, não sentia-se nem um pouco feliz em vesti-lo. Observava seu reflexo como quem via uma outra pessoa que, embora fosse uma mulher exuberante, não era ela. Seus cabelos castanhos estavam presos nas laterais, formando belos padrões espirais, enquanto as madeixas caíam-lhe por sobre os ombros, por sobre a capa azul, que continha o lobo gigante, símbolo de sua casa, bordado em prata.. Já estava acostumada com o cabelo longo àquela altura, mas dado o tempo que passara fingindo ser um garoto, bem como a praticidade, preferia o cabelo curto.

Aquele era supostamente um dia feliz para todos. Westeros finalmente estava em paz. Seus irmãos todos estavam ali para prestigiá-la e celebrar seu casamento. As aias suspiravam e pareciam mais felizes até do que ela própria. Provavelmente estavam.

“Deixem-me.” disse, descendo do pedestal sobre o qual estava e indo em direção à varanda. Não percebeu quando alguém aproximou-se dela.

“Está bela como uma rainha, Arya.”

Lady Stark virou-se ao reconhecer a voz familiar e pôde ver seu irmão Jon, sorrindo docemente para ela. Foi em sua direção e o abraçou firmemente, como nos velhos tempos de criança.

“Cuidado! Vai amarrotar o seu vestido.” o moreno comentou.

“Eu não ligo.” replicou a jovem Stark, que agora estava praticamente da altura do irmão.

“Pois deveria. Não queremos que o noivo fuja do castelo antes do casamento.” respondeu o outro Stark, que já não era mais tido como um bastardo.

“Não diga isso…” comentou Arya. “Eu posso me sentir tentada a estragar o vestido, só para vê-lo fugindo.”

“Arya, eu sei que você não planejou nada disso, mas confie em mim.” disse Jon. “Você será muito feliz nesse casamento. E isso fará com que os sete reinos fiquem finalmente em paz. Nosso pai ficaria orgulhoso também.”

“Porque papai prometeu ao rei Robert que casaria uma das suas filhas com um filho dele?” perguntou Arya.

“Sim. E porque casar com um Baratheon, protegido do rei Stannis, vai trazer estabilidade e segurança para o o nosso povo. E para você também, minha irmã.” respondeu o ex-patrulheiro da noite.

“Fala isso só porque o rei o reconheceu como filho do pai e vocês viraram amiguinhos durante a guerra.” comentou a mais nova, desdenhosa. “Nunca quis casar, pior ainda com um desses nobres que se acham melhores do que os outros só por saberem portar uma espada, quando eu a porto bem melhor que a maioria deles. Faria-me bem em presentear-me com uma nova espada, assim poderia cortar a garganta do senhor meu marido na noite de núpcias.”

“Acho que irá mudar de ideia quando o conhecer. Ele não é um nobre qualquer.” disse Jon.

“Seu amiguinho também?” perguntou Arya, sem interesse genuíno.

“Pode-se dizer que sim.” disse Jon. “Vocês se conhecem já, sabia?”

Claro que Arya sabia, conhecera Tommen desde a infância, mas mal lembrava do garoto e embora soubesse que ele não tivera envolvimento algum com a morte do pai ou do irmão, Rob, isso não a fazia cair de amores por ele, de qualquer forma. Se Arya fosse ser sincera consigo mesma, ela não era completamente avessa à ideia de casar-se com alguém. Ela só preferia que fosse um casamento com um homem que ela escolhesse e amasse.

Sem serem convidados, um par de olhos azuis, braços musculosos, cabelos escuros e um sorriso gentil invadiram seus pensamentos. Não, agora não era o momento de pensar em Gendry Waters. Ele saíra de sua vida por livre e espontânea vontade e ela jamais o imaginaria vivendo como um lorde. Ele prezava demais a própria liberdade para tal. Ele era como ela, na verdade. Um lobo. Arya sentia falta dele. E apesar de saber que ele a respeitava mais do que muitos cavaleiros, parte de si desejava que ele interrompesse o matrimônio e a convidasse a fugir com ele.

Balançou a cabeça negativamente, pensando que ela estava comportando-se como Sansa, quando era criança e sonhava com cavaleiros e príncipes. Arya não era Sansa. Ela era uma loba, não uma lady. Mas seu longo vestido de noiva e o perfume adocicado das essências nas quais fora banhada lembravam-na que ela era também uma lady, quer queira quer não. E uma lady tinha deveres perante a sociedade, casar-se era um deles. Seu lado rebelde, porém, não permitira com que ela encontrasse o noivo antes da hora. Ela sequer suportava ouvir seu nome e o pedido dela de não falar no assunto fora respeitado pelos irmãos.

Se dissessem para a Arya de anos atrás que ela um dia se casaria com o protegido do rei, ela riria na cara da pessoa e diria que espetaria o tal protegido com Agulha, antes que isso acontecesse. Mas agora estava relativamente conformada com a situação. Era o melhor para todos, então se era necessário um sacrifício da parte dela, após todos os sacrifícios que seus pais e irmãos fizeram, ela o faria de bom grado.

“Arya.” Jon chamou-a. “No que está pensando? Sua mente parece estar em outro lugar.”

Ou em outro alguém. Pensou a moça. Talvez ela pudesse usar um pouco a imaginação e fingir que Tommen era Gendry na noite de núpcias, apesar de parecer-lhe que o garoto merecia uma noiva que realmente o amasse, não uma loba ferida, cujo coração já pertencia a outro homem.

“Estou pensando em como será minha vida daqui pra frente, Jon.” disse Arya. “Em como ela será chata tendo de me comportar como as outras mulheres nobres de Westeros. Penso nas reuniões insuportáveis, nas quais terei de ouvir mexericos das outras damas e questionamentos intermináveis sobre quando eu e o Lorde Baratheon teremos o nosso herdeiro.”

“Você tem um espírito selvagem. Eu entendo isso.” disse Jon.

“Entende?” Arya parecia surpresa.

“Claro que entendo. Uma vez apaixonei-me uma mulher selvagem. Ela parecia uma loba, como você: Forte, corajosa, indomável.” respondeu Jon enquanto lembrava-se de sua amada Ygritte, seu riso contagiante, sua audácia e os cabelos beijados pelo fogo, radiantes sob o sol no topo da Muralha. “O homem certo há de entendê-la e respeitá-la e lhe dar espaço para correr e uivar para a lua. Pelos deuses, o homem certo provavelmente até uivaria com você.”

“Nunca me contou dessa sua paixão, Jon.” Mais uma vez, Arya surpreendia-se com o irmão.

“Ela se foi.” disse Jon simplesmente. Arya notou a tristeza em seu semblante. “Ainda dói falar dela.”

A jovem pôs a mão no ombro do homem de cabelos cacheados, como uma forma de confortá-lo.

“Além disso,” disse o moreno, “eu era da patrulha da noite, não podia sair dizendo por aí que quebrei meus votos.”

Ele tentou rir, mas Arya o conhecia melhor para saber que ainda estava melancólico pela perda da amada.

“Eu sinto muito, meu irmão.” Arya não sabia o que ele estava sentindo, mas julgava ter uma vaga ideia. Ela sentia falta de Gendry, não gostava nem de pensar em como se sentiria se soubesse que ele morrera durante a guerra. “Você acha, então, que Tommen é esse homem certo?” perguntou a irmã mais nova, tentando voltar ao assunto principal, nem que fosse apenas para distrair o irmão mais velho daquela dor.

“Venha comigo.” disse Jon, estendendo o braço para que ela o entrelaçasse. Como o irmão mais velho, depois de Rob, era ele quem tinha o dever de levá-la à sala do trono e entregá-la nos braços do seu esposo. Arya não se importava. Jon era seu irmão favorito, tê-lo acompanhando-a no dia de seu martírio tornava-o um pouco menos insuportável. “Acredito que você vai achar que escolhemos o homem certo para você, irmãzinha.”

Quando as portas do salão se abriram, todos viraram para trás e olharam para eles, mas seus olhos seguiram em direção ao trono. Não era Tommen Baratheon quem a esperava no topo da escada, seu noivo sequer era loiro. Ao invés disso, viu o par de olhos azuis pelos quais se apaixonara e devaneara por tanto tempo. Sua expressão manteve-se neutra, tal como aprendera em Bravos, mas seu coração batia acelerado e seu corpo parecia estar em chamas.

“Jon… Mas o que…” Arya tentou perguntar, mas ainda estava atônita demais.

“Gendry Baratheon era filho ilegítimo do rei Robert Baratheon. Eu o conheci quando ainda era ferreiro e descobri que ele cuidou de você, na época que o pai foi morto. Sua majestade o reconheceu como Baratheon, eu posso ou não ter tido algo a ver com isso.” o ex-patrulheiro da noite explicou. “É visível que ele nutre uma afeição imensa por você, Arya, e apesar de você tentar esconder, me pareceu que a recíproca era verdadeira. Eu estava errado?”

Arya tentou mostrar que estava levemente decepcionada pelo irmão ter notado seus sentimentos pelo ex-ferreiro tão rapidamente, mas o sorriso que formou-se em seus lábios a traíra.

“Não…” ela por fim respondeu, ainda sorrindo. “Acho que você tinha razão. Mas como fizeram Gendry concordar em tornar-se lorde?”

“Acho que você terá de perguntar isso à ele, irmãzinha.”

Caminharam juntos até o trono. Gendry desceu até o pé da escada, onde cumprimentou Jon com um abraço, como se fossem amigos, e estendeu o braço para Arya, que prontamente o aceitou.

“Milady.” cumprimentou-a o futuro esposo, sem fazer questão de conter o sorriso no rosto.

“Milord.” provocou de volta, enquanto fechava o punho na lateral do vestido, para conter a vontade de dar-lhe um murro no braço.

A cerimônia seguiu sem rodeios e eles proferiram os votos, bem como Gendry retirou-lhe a capa com o símbolo da casa Stark dos ombros e pôs sobre ela a capa com o símbolo dos Baratheon. Abaixando o rosto na direção do dela, inclinou-o para dar-lhe um beijo. Arya fechou os olhos, antecipando o momento e quando seus lábios selaram os do esposo, o salão inteiro aplaudira. Ela já havia imaginado como seria beijá-lo, mas aquilo superava suas expectativas, que eram bastante altas, ainda que aquele beijo público fosse casto. Nunca pode negar a si mesma que Gendry era um homem bonito. Como se isso não bastasse, as moças de todos os lugares atraíam-se por ele por onde passavam. Arya conseguia enxergar o óbvio quando via. A verdade é que ele a também a atraía desde aquela época.

O banquete seguiu agradável, até o momento da constrangedora tradição. Stannis não participou dessa parte, porém deixou ordens para que o casal fosse deixado à sós, o que aconteceu tão logo quanto os deixaram como nos dias dos seus nomes. Ambos os noivos estavam levemente corados, mas Arya olhou nos olhos do esposo e perguntou:

“Gendry, tem certeza que é isso o que quer? Lembro-me que recusou quando o convidei a ser minha família. Você nunca quis ser um lorde.”

“Não, nunca quis ser um lorde.” respondeu Gendry com sinceridade. “Mas ser parte da sua família é outra coisa completamente diferente. Eu queria isso, mas sabia que nunca seríamos vistos como família de verdade e achava que sua família nunca permitiria tal coisa. Quando eu descobri que era filho do rei Robert, não me importei com o título ou com a possibilidade de ser rei no meio de toda aquela guerra. Minha linhagem parecia mais uma maldição. Mas quando o meu tio me ofereceu reconhecimento do meu nascimento e a possibilidade de tomá-la como esposa, notei que, pela primeira vez, eu poderia ser visto de igual para igual ao seu lado. E que as pessoas não iam te olhar feio porque você estava ao lado de um bastardo qualquer.”

“Seu touro estúpido, eu nunca me importei com isso!” retrucou Arya, esmurrando levemente o peitoral musculoso do esposo e tentando conter as lágrimas que queriam brotar em seus olhos. “Eu não pedi para nascer nobre também. Nunca liguei pra títulos idiotas. E, apesar das roupas caras, no fundo eu sempre serei uma loba.”

“Eu não gostaria que fosse outra coisa, Arya.” Baratheon respondeu. “Eu a amo do jeito que você é, mesmo quando ainda vestia-se de garoto.”

“Isso quer dizer que gosta de garotos também?” perguntou a jovem Stark, tentando quebrar aquele clima melodramático que estava começando a formar-se, ameaçando sua reputação de durona.

“Isso quer dizer que gosto de você. Vestida como lady ou como loba. Ou mesmo sem estar vestida.” respondeu Gendry, aproximando-se da mulher e beijando-a apaixonadamente, no que foi correspondido com igual intensidade. Arya achou aquele beijo ainda melhor que o primeiro.

“Eu te amo.” disse ele após separarem-se, com a testa ainda encostada na dela. A jovem loba sorriu e respondeu:

“Eu também te amo.”

Arya ainda não acreditava naqueles romances açucarados das cantigas que ouvira na infância, mas começava a entender o apelo deles. Aquele, porém, não era o final feliz da sua cantiga. Era apenas o começo de uma longa e maravilhosa cantiga a que escreveriam pelo resto de suas vidas... Juntos.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado da fic. Perdoem as doses nada moderadas de açúcar nessa fic e não desistam de mim! Eu sei que tem muita gente lendo, mas seria super legal saber o que vocês estão achando também, então se vocês puderem dedicar uns minutinhos do dia/tarde/noite de vocês para me contar isso, eu ficaria bem feliz (sejam elogios ou sugestões)! Em troca, vou liberar a próxima fic no meio da semana, como fiz semana passada, que tal? Enfim, vejo vocês no próximo capítulo! =)



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