Em um bar próximo do Departamento de Polícia de Nova Iorque (NYPD), pessoas bebiam e sorriam largamente, enquanto brindavam felizes. Eram sete horas da manhã, mas nenhuma delas estava preocupada com isso no momento ou com o fato de que logo teriam de voltar ao trabalho. Eles estavam felizes por finalmente terem vencido aquela batalha contra Loksat. Tratava-se dos amigos de Richard Castle e Kate Beckett, que formavam a fiel equipe deles: Javier Esposito, Kevin Ryan e Lanie Parish. Juntamente com eles, estava Hayley Shipton e a família de Castle: sua filha Alexis Castle e sua mãe, Martha Rodgers.

Todos estavam contentes e aliviados como há muito tempo não sentiam, quando Javi recebeu uma ligação. Seu semblante ficou instantaneamente sério e os outros olharam-no preocupados.

“Quem morreu dessa vez?” perguntou Ryan, já pressentindo que a folga havia acabado. Esposito, entretanto, não respondeu. Ele parecia que sequer havia ouvido a pergunta. “Javi?” chamou o amigo.

“Melhor dizer logo, Javi. Está me deixando nervosa.” retrucou Lanie, dando mais um gole em sua bebida.

“Entraram na casa de Castle e Beckett, houve troca de tiros.” disse Javier. Martha e Alexis pareciam ter ficado ainda mais brancas do que eram.

“Okay.” respondeu Lanie, tentando manter-se calma. “Eles se machucaram? Para qual hospital eles foram encaminhados?”

“Uma equipe de pronto socorro apareceu lá, após acionarem a polícia...” explicou o parceiro de Ryan. O outro detetive sentiu a hesitação de Javi.

“Javi… Você não está tentando dizer que...”

“...Eles se foram.” Os olhos de Esposito brilhavam com as lágrimas que ele lutava por não derramar. Ryan sentiu os olhos marejarem também. As mulheres não fizeram muita questão de lutar contra as lágrimas, com exceção de Hayley.

“Como foi que isso aconteceu?” a mulher negra perguntou.

“Invadiram a casa, assim que eles chegaram. Aparentemente, Castle estava preparando o café da manhã pra eles…” disse Javier, um pouco mais controlado agora.

“Será que foi Loksat?” perguntou Hayley “Precisamos ir à cena do crime investigar. Se foi ele, ele vai querer encobrir os rastros de novo.”

“Mas, Loksat está morto.” comentou Ryan.

“Será que o cara que morreu era mesmo Loksat? Ninguém nunca viu o rosto dele. Pode muito bem ter sido um bode espiatório.”

“Ok, vamos à cena do crime.” disse Alexis, limpando as lágrimas que teimavam em escorrer pelo seu rosto pálido.

“Alexis, querida, eu não acho que isso seja uma boa ideia.” respondeu Lanie. “Eu sei que você quer fazer alguma coisa, mas lá não há nada para você ver. Volte para casa com sua avó e descanse. Nós vamos lá e a manteremos informada de tudo.”

“Desculpa, mas não posso fazer isso.” disse Alexis. “Eles eram minha família. Eu não posso ficar parada em casa, esperando algo acontecer. E se for mesmo Loksat? Ele pode ter muito bem colocado algum explosivo lá em casa ou mandar outro atirador, sei lá...”

Martha sentiu as pernas enfraquecerem e foi amparada por Ryan, que estava do seu lado.

“Martha, você está se sentindo bem?” perguntou o detetive.

“Como eu posso estar me sentindo bem? Mataram meu filho em minha nora. Isso é horrível...” A atriz começou a chorar, Alexis a abraçou bem forte.

“Vovó, vai ficar tudo bem. Eu vou cuidar de você.” disse Alexis, claramente tentando ser forte pelas duas, embora os olhos e nariz vermelhos indicassem que ela também estava sentindo aquelas perdas.

Preocupados com a segurança da família de Castle e, sem muitas alternativas, a equipe seguiu junto. Chegando à casa do casal, Ryan encontrou a capitã Victoria Gates e tratou de perguntá-la se eles tinham certeza de que as vítimas se tratavam de Castle e Beckett, recebendo a triste confirmação. Hayley permaneceu fora do perímetro com Martha e Alexis, que foram poupadas de ver os corpos. Gates jamais permitiria que a família da vítima os visse assim, tampouco. Enquanto isso, Ryan, Javier e Lanie entraram na sala de estar, a qual o resto do departamento referia-se agora como “cena do crime”. A primeira coisa que viram foi o corpo do homem, provavelmente o invasor, com um tiro certeiro no peito. Em seguida, avistaram o casal, que se não fosse pelo sangue e pelo local incomum, a cozinha, pareciam estar apenas dormindo, de mãos dadas. Nem na morte, eles se separaram.

Lanie começou a chorar ao ver os amigos e foi amparada por Javi, muito embora ele e Ryan também estivessem chorando àquela altura, não que eles fossem admitir isso. Javi limpou o rosto rapidamente. Parecia surreal aquela cena que estava diante deles. Pouco tempo depois, Gates informava-os que aquilo havia sido uma tentativa de roubo que dera errado e que o caso seria encerrado. A equipe de Beckett ficou, obviamente, revoltada. Os corpos foram levados ao necrotério para serem liberados para o enterro, onde Alexis e Martha puderam ver seus entes queridos pela última vez e chorar por eles.

Ryan e Esposito chamaram Gates em privado para conversar, no mesmo dia do enterro.

“Gates, eu pensei que você gostasse do Castle e da Beckett. Como pode encerrar o caso desse jeito?” perguntou Javi, em tom de revolta.

“Eu não tive escolha.” respondeu a capitã.

“Não teve escolha? A escolha era totalmente sua, capitã.” retrucou Ryan. Seu tom era educado, mas ela sabia que ele também não estava gostando nada da decisão dela.

“Sim, não tive escolha.” enfatizou a capitã. “Se Loksat foi mesmo o responsável por isso, quem você acha que seria as próximas vítimas dele, se a gente continuasse com o caso aberto e investigando-o?”

“Eu não me importo com segurança, Backett e Castle eram família!”

“Pois você devia pensar um pouco na parte dela que ainda está viva.” disse Gates. “Ou acha que Loksat ia poupar sua esposa e sua filha porque são mulher e criança?”

Ryan congelou com a possibilidade.

“Eu não estou dizendo que não haverá investigação,” Gates assegurou à ambos “só estou dizendo que isso terá de ser feito extra-oficialmente e de forma secreta e sutil. Do contrário, nós seremos as próximas vítimas e eu não pretendo perder mais ninguém.”

“Eu quero ajudar.” disse Alexis, que ouvira a conversa, seguida por Hayley.

“Eu também.” acrescentou Shipton.

“Castle não ia querer que a garotinha dele se metesse em perigo.”

“Ele também não queria morrer, e mesmo assim o mataram.” a ruiva argumentou. “Eu poderia investigar sozinha, mas provavelmente isso me faria progredir mais lentamente, além de correr muito mais riscos; riscos estes que meu pai e Beckett provavelmente não iriam querer pra mim.”

“Ok, tudo bem. Mas você fará apenas o que eu mandar, ok?”

“Okay.”

Com o passar do tempo, a equipe de Gates foi chegando à conclusão terrível de que Loksat ainda estava vivo. Descobriram também que Castle e Beckett deixaram-nos várias pistas antes de morrer, para que eles pudessem amarrar o caso e descobrir finalmente a identidade do meliante. Mesmo na morte, eles ainda os ajudavam.

Nesse meio tempo, Alexis foi sequestrada e tentaram matar Ryan em sua casa, assim como fizeram com Castle e Beckett. Embora ligeiramente abalados, ambos escaparam com vida do atentado.

Levou algum tempo, mais precisamente, alguns anos, mas a prisão de Loksat finalmente aconteceu. Dessa vez, os amigos do escritor e da detetive estavam certos de que era o Loksat certo, ou melhor A Loksat certa, pois descobriram eventualmente que Loksat era, na verdade, uma mulher. Entretanto, a vitória trouxe-lhes um sabor agridoce porque, se por um lado estavam felizes de terem concluído a investigação da vida de Castle e Backett; por outro, estavam tristes pelos amigos não poderem estar ali para comemorar com eles. Mesmo assim, saíram e celebraram a vitória naquela noite, brindando ao casal que, embora tivesse partido há muito, jamais seria esquecido.

Pouco tempo depois, o restaurante inteiro explode, matando todos os presentes nele.