As Redfield: O Leão, A Feiticeira e O Guarda-Roupa escrita por LadyAristana


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

I'M BACK BISHES!



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5

Sofia franziu o cenho. Bem diante do lampião, sujo de neve, enrolado em seu robe azul e fazendo uma careta que o deixava tão feio quanto sua personalidade estava Edmundo Pevensie.

Já Lúcia pareceu felicíssima com a presença do irmão e correu até ele para abraçá-lo.

— Ah Edmundo! Você entrou aqui também! – exclamou a menina, abraçando Edmundo, que não poderia ter reagido de forma menos amorosa. – Não é formidável?

— Onde você esteve? – Edmundo perguntou afastando Lúcia.

— Com o Sr. Tumnus. Clarissa veio comigo! E Sofia também! – Lúcia apontou as amigas. – Ele está bem! A Feiticeira Branca ainda não sabe que ele nos conhece!

Edmundo olhou torto para as Redfield. Ele até podia fazer a irmãzinha de boba, talvez até Clarissa, que também era pequena. Mas Sofia? Sofia de boba não tinha nada. E desconfiava que o resultado de tentar fazer Clarissa de boba seria doloroso.

— Feiticeira Branca? – ele lançou a Lúcia um olhar estreito.

Lúcia aproximou-se, como que para contar um segredo.

— Ela diz que é rainha de Nárnia, mas não é não. – a pequena sussurrou, e então prestou atenção na postura do irmão. – Tudo bem com você? Parece péssimo.

— É verdade. Caiu na neve? – Sofia inquiriu sinalizando o robe todo sujo do menino.

— Caiu de costas ou de cara? – Clarissa perguntou sinalizando o canto da boca do menino, sujo com algo branco.

Clarissa não desconfiava. Já Sofia sabia muito bem que aquilo não era neve coisa nenhuma. Se fosse, já teria derretido. Aquilo era açúcar, e a Redfield mais velha perguntou-se por onde o menino havia andado.

Edmundo encarou as três meninas meio perdido, porque na verdade, sua cabeça estava mais em maquinar um plano para cumprir o combinado que fizera com sua nova amiga. Foi retirado de seus devaneios, no entanto, pela voz de Sofia.

— Edmundo! Terra para Edmundo! – a adolescente chamava estalando os dedos diante de seu nariz. – Lúcia perguntou se você está bem. Está com uma cara horrível!

— Ora, o que vocês queriam? – Edmundo respondeu, defensivo e malcriado antes de encolher os ombros se enrolando mais no robe sujo de neve. – Poxa, está um gelo! Como nós saímos daqui?

— Talvez devêssemos deixá-lo congelando por ser sempre tão desagradável! – Clarissa devolveu tão malcriada quanto, recebendo um beliscão de Sofia, que por mais que concordasse, não podia deixar a irmãzinha se comportar daquela forma. – AIE!

— Não seja tão respondona, Clare. É feio. – Sofia repreendeu.

Lúcia deu uma risadinha das amigas antes de puxar Edmundo pela mão:

— Vamos. Por aqui. – fez uma pausa e sorriu radiante. – Mal posso esperar para contar tudo para Pedro e Susana!

— Sim! Agora que Sofia e Edmundo vieram com a gente quero só ver eles dizerem que estamos mentindo! – Clarissa exclamou animada.

— Vão com calma, sim? E falem baixo. Não queremos chamar atenção indesejada. – Sofia instruiu, e conseguiu que as meninas contivessem sua excitação ao menos até o guarda-roupas.

Tiveram algum problema para abrir a porta, uma vez que alguém não sabia a grande estupidez que era fechar-se dentro de um guarda-roupas.

— Você fechou a porta, Edmundo? – Clarissa bufou indignada lançando um olhar julgador para o menino.

— E esperava que eu deixasse aberta? – ele devolveu no mesmo tom.

— Você é burro? Tem ideia do quão estupido é se fechar do lado de dentro de um guarda-roupas? – a loirinha respondeu já querendo sair no braço com o Pevensie. – Se não conseguirmos sair, juro que lhe dou um belo cascudo!

— Calma, calma. Não vamos sair no braço com ninguém. – Sofia murmurou com voz tranquilizadora apanhando um cabide de arame que estava inutilizado e conseguindo usá-lo para abrir a porta. – Veem? Ninguém vai ficar preso. Na próxima tenha mais cuidado, Edmundo.

Edmundo tinha uma resposta malcriada na ponta da língua, mas não teve tempo de dizê-la uma vez que foi praticamente arrastado por Lúcia em toda sua empolgação, pronta para provar aos mais velhos que estava certa o tempo todo.

Clarissa foi logo atrás, puxando Sofia consigo, que mal teve tempo de devolver o cabide para o lugar antes de ir atrás. Quem sabe o pobre cabide que não sustentava nenhum casaco não poderia voltar a ser útil?

Quando finalmente conseguiram alcançar Lúcia e Edmundo, a pequena já havia acordado Susana e estava pulando em cima de Pedro para acordá-lo.

— Pedro! Pedro acorda! Pedro acorda! – exclamou a menina após acender a luz. – Está lá! Está lá mesmo!

— Shh! Lúcia, do que está falando? – Pedro perguntou ainda meio dormindo.

— Nárnia! – Lúcia exclamou animada. – Fica no guarda-roupa como eu disse a você!

— Ai, você só estava sonhando, Lúcia! – Susana bufou com o típico mau humor de quem acabou de ser acordado com um susto.

— Não estava não! Eu fui também! – Clarissa exclamou mal se mantendo parada de tanta expectativa.

— Não foi sonho! Vimos o Sr. Tumnus outra vez! Desta vez, o Edmundo e a Sofia também foram! – Lúcia exclamou animada sentando-se ao lado de Pedro na cama.

Os olhares de Pedro e Susana caíram sobre Edmundo e Sofia.

— Foi é? – Susana perguntou lançando um olhar cético para a amiga.

— Fui. Elas não poderiam ter sonhado. É melhor que um sonho. – Sofia confirmou com um sorriso calmo para a empolgação das pequenas.

O olhar de Susana após isso só pode ser descrito como um olhar de “só me faltava mais essa”.

Pedro, no entanto, concentrou-se em Edmundo, e seu olhar estava nele quando perguntou:

— Você... Você viu o fauno?

Nervoso de ser jogado no meio da confusão, Edmundo apenas fez que não com a cabeça.

— Bom... – Lúcia começou levantando-se de onde estava sentada. – Na verdade ele não foi lá conosco. Ele... – ela franziu as sobrancelhas e encarou o menino de cabelos pretos. – O que ficou fazendo, Edmundo?

Houve uma troca de olhares intensa entre o grupo por um instante. Edmundo pesou sua decisão.

Talvez, se confirmasse o que Lúcia, Clarissa e Sofia disseram, teria uma chance de levar os irmão para sua amiga e comer mais Manjar Turco. Mas então, teria que dizer o que estava fazendo enquanto as meninas estavam com o fauno, e ele diria o que? Que se encontrou com a Feiticeira Branca, que as meninas já haviam dito que de boazinha não tinha nada e que haviam chamado de usurpadora? Pedro e Susana ficariam contra ele imediatamente, assim como as meninas. Bobocas do jeito que eram, ficariam todos do lado de Lúcia e ele perderia sua chance.

Mas e se dissesse que Lúcia e Clarissa continuavam brincando de Nárnia? Acreditariam nele. E pensariam que Sofia apenas confirmava o que Clarissa e Lúcia diziam para não magoar as pequenas. Era bem a cara de Sofia fazer algo do tipo. E então, daria um jeito depois de levar todo mundo para Nárnia. Ou talvez voltasse sozinho. Não queria servos tanto assim... Queria mesmo é mais Manjar Turco.

— Eu quis... Brincar um pouco. – respondeu finalmente, uma expressão de puro desdém. – Desculpa, Pedro. Eu não devia ter encorajado, mas... Sabe como são as crianças de hoje em dia. Elas não sabem quando parar de fingir. E algumas irmãs mais velhas não sabem como trazer suas irmãzinhas pro mundo real.

Aquela única fala resultou em uma série de ações diferentes, nenhuma delas exatamente favorável para Edmundo Pevensie.

Sofia Redfield limitou-se a arquear uma sobrancelha. O caso de “malcriação aguda” do menino era mais sério do que ela imaginava!

Lúcia Pevensie, sentindo-se traída como nunca antes, fez uma cara de choro antes de sair correndo.

Já Clarissa Redfield estava tão vermelha e seu olhar tinha um ódio tão puro que ninguém sequer ousou se mover. Ela caminhou até Edmundo – que diante do olhar dela começou a se arrepender do que dissera – e, tão rápido que os outros não tiveram tempo de reagir, virou um sonoro tapa na cara de Edmundo, antes de dar-lhe um muito bem aplicado pontapé na canela e um pisão no pé que continha todo o peso da raiva da jovem menina. Então saiu correndo pela mesma direção que Lúcia fora enquanto Edmundo se contorcia de dor.

Após essa pequena cena, Pedro e Susana foram unanimes em deixar Edmundo lidar sozinho com sua bem merecida surra e ir atrás de Lúcia.

Sofia ficou mais um pouco. Não era da sua natureza apreciar a desgraça alheia, mas por uma vez achou que Clarissa havia feito muito bem em bater em um menino.

— Não vai fazê-la pedir desculpas? – Edmundo perguntou indignado, agarrando a própria perna com uma careta de dor.

— Por que eu deveria? Você certamente fez por merecer. – Sofia retrucou com voz plácida como brisa de verão. – Além disso, nós não pedimos desculpas para mentirosos.

Com isso, retirou-se, indo atrás de onde os outros estavam. Deparou-se, no entanto, com uma cena inusitada: Lúcia, aos prantos, abraçava a cintura de ninguém menos que o Professor, e Clarissa se juntara a ela enquanto Susana e Pedro encaravam a cena pálidos e embasbacados. O próprio Professor parecia não saber bem como agir diante da situação.

— Vocês estão por um triz de irem dormir no estábulo! – anunciou D. Marta se aproximando enquanto amarrava seu robe, mas também paralisou ao ver o que estava acontecendo. – Professor! Me desculpe. Eu disse a eles que não devia ser incomodado.

— Tudo bem, D. Marta. Eu sei que existe uma explicação. – o Professor desconsiderou com uma voz calma, pousando as mãos nos ombros das meninas e as afastando de forma suave em direção à governanta. – Mas primeiro eu acho que as pequenas precisam de um chocolate quente.

— Vamos, meninas. – D. Marta falou, guiando Lúcia e Clarissa em direção à cozinha.

Lúcia ainda chorava um pouco. Clarissa não chorou em nenhum momento, mas parecia extremamente aborrecida. Sofia fez menção de acompanhar enquanto Pedro e Susana – finalmente soltando o ar que nem sabiam estar prendendo – começavam a voltar para seus quartos.

Foram interrompidos, no entanto, quando o Professor limpou a garganta para chamar os três de volta.

— Sobre a explicação... Vamos ao meu escritório, sim? – o estudioso convidou, sinalizando o caminho que Sofia conhecia muito bem.

Não porque recebia muitos puxões de orelha, e sim porque adorava conversar com o Professor e era onde ele lhe dava aulas.

— Sofia, espere aqui fora por um momento, sim? Vou falar com os outros dois primeiro. – o senhor instruiu, e a Redfield apenas assentiu com a cabeça.

Encostou-se na parede oposta à porta e de repente lembrou-se de algo.

Uma história que tia Polly contava para ela dormir quando era pequena e havia acabado de ir morar com ela em Cambridge.

Franziu o cenho tentando lembrar-se. Havia um menino, uma menina, um tio louco, anéis verdes e amarelos, uma bruxa malvada, um sininho de ouro, um cabriolé, um cocheiro que virou rei, um cavalo que ganhou asas e aprendeu a falar, uma macieira mágica e um leão.

E então começou a relacionar aquela história com tudo o que o Sr. Tumnus havia contado sobre Nárnia.

Tudo fez sentido.

Tia Polly não era só “tia Polly”. Era Lady Polly. A Lady Polly que havia estado em Nárnia quando Aslan entoou um a canção e criou aquele mundo.


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Notas finais do capítulo

Não vou nem falar nada a respeito das décadas que demorei pra escrever esse capítulo porque não tenho uma desculpa.
Mas aí está!



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