Troublemaker escrita por Lily


Capítulo 16
16




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 Barry

Ela tinha gosto de menta fresca e aroma de baunilha. Ela se arrepiava quando ele pressionava levemente um ponto abaixo de sua espinha. E ela sorria quando ele a puxava para perto extinguindo o espaço entre eles.

—Você não acha que deveríamos voltar pra lá? Os outros vão achar estranho a nossa demora. - Caitlin disse salpicando leves beijos na boca dele.

—Eu não me importo. - falou descendo os beijos pelo queixo dela até o pescoço.

—Barry. - ela gemeu se remexendo na bancada de mármore da pia. Um banheiro não era exatamente o melhor lugar para ter um encontro romântico, mas eles não tinham muitas opções, pois embora o laboratório fosse grande, havia muitas câmeras de segurança e Cisco as vigiava constantemente.

Ele suspirou e se afastou dela, segurou seu rosto com delicadeza. Caitlin sorriu, Barry se inclinou para beija-la novamente, mas parou ao ouvir o toque do celular dela. Caitlin soltou o rosto das mãos dele e pegou o celular no bolso e olhou o visor, Barry viu o rosto dela se transformar em uma careta de surpresa.

—O que foi?

—Minha mãe. É estranho ela estar ligando a essa hora. - Caitlin disse olhando intensamente para a tela antes de atender. - Oi mãe, aconteceu alguma coisa?... oh, então vovó lhe contou sobre a visita. - Barry a olhou intrigado. - Acho que sim...te encontro lá, a gente realmente tem muito a conversar.

—O que houve? - indagou.

—Mamãe quer conversar sobre Charlie, disse que está na hora de contar a verdade. - ela disse o empurrando para trás e pulando da pia.

—Você está bem?

—Um tanto nervosa. Não sabia que tinha um irmão e isso já é um grande susto. Apenas estou um tanto confusa. Essa conversa vai ser estranha.

—Quer que eu vá com você? - questionou mesmo sabendo que ela negaria, Caitlin odiava meter o outros em seus problemas.

—Quero. Eu não quero ficar sozinha agora.

Barry sorriu e assentiu.

—Que horas você quer que eu te leve?

—Mais tarde. Agora temos que saber o que faremos com aquelas duas crianças na pipeline.

O velocista jogou a cabeça para trás ao lembrar dos pequenos invasores. Se Oliver havia achado mais seguro deixá-los trancados na cela, Caitlin achava sensato ser mais humano com eles e tira-los de lá.

—Eles não vão sair até dizerem quem são.

—Ora Barry. Eles são crianças, não vão fazer nada a ninguém. - ela argumentou se movendo até a porta de saída e espiando para o lado de fora. - E se fizerem, vocês são heróis treinados.

—Eles parecem ser bem espertos. - disse deixando-a ajeitar a gola da camisa dele. - Oliver diz que as aparências enganam.

—Você por acaso não está com medo de Ollie, está? - Caitlin arqueou a sobrancelha de maneira sugestiva, Barry bufou e a empurrou para fora do banheiro. - Não se preocupe, também tenho um pouco de medo dele.

—Oliver mete medo em qualquer um. - concordou passando o braço pelo ombro dela. - Mas acredite, você, doutora Snow, pode ser pior que ele.

Caitlin soltou uma exclamação se fingindo de ofendida, porém seu teatro foi interrompido por um barulho irritante, ele nem precisa olhar para saber que Harry havia encontrado-os.

—Olá Harry. - Caitlin o saudou se afastando rapidamente de Barry e encarando o cientista.

—Desculpe não queria interromper...Seja lá o que isso for. - Harry fez um gesto englobando os dois. Barry revirou os olhos, mas sorriu para ele.

—Oliver já foi? - questionou.

—Não, ele e Felicity foram procurar um hotel para se hospedar. Eles vão ficar até aqueles dois dizerem quem são. - ele informou. Barry olhou para Caitlin. Enquanto Oliver estivesse na cidade nenhum deles iria sair da cela tão cedo.

[...]

Barry nunca havia visto Carla pessoalmente, embora a doutora já tivesse ajudado o time várias vezes, ele nunca teve o prazer de conversar com ela cara a cara.

—É um prazer conhece-lo, Barry Allen. Caitlin fala muito sobre você. - ela disse apertando a mão dele. Barry não pode deixar de desviar o olhar para Caitlin que havia ficado vermelha com o comentário.

—Acredite, também é um prazer conhece-la. - falou soltando um pouco do seu charme para a doutora.

—Mamãe, você disse que tinha coisas para falar comigo. - Caitlin disse se sentando no sofá à frente da mãe, Barry se sentou ao seu lado. - Coisas sobre o meu irmão.

—Charlie. - Carla soltou um suspiro melancólico. - Eu não era tão nova quanto mamãe fala, mas ainda era um tanto ingênua. Conheci o pai de Charlie em uma festa, ele era bem mais velho que eu, mas isso não nos impediu de nos envolvermos. Foi apenas uma noite e embora soubesse o nome dele nunca mais o procurei, nem mesmo quando descobri que estava grávida. Não queria ter que me “amarrar” com ele por causa de uma bebê.

—Vovó disse que você o deu para um prima dela cuidar.

—Charlie cresceu perto, mas longe o suficiente. Não tive contato com ele e nem quis. Ele sempre foi uma criança estranha. - Carla disse, parecendo ter cuidado com as escolhas de palavras. - Mas acho que isso piorou quando você nasceu.

—Charlie sabia que era seu filho? - Barry indagou, Carla negou com a cabeça.

—Não sei dizer ao certo. Das poucas vezes em que o via ele era retraído, desconfiado. Me lembro de quando recebi a visita de tia Aretha no hospital dois dias depois de seu nascimento, querida. Charlie não quis entrar, ficou do lado de fora do quarto, mas às vezes espiava para dentro. Você se lembra dele de quando era criança? -  a doutora questionou a Caitlin que balançou a cabeça em negação. - Bem, ele era um tanto franzino, cabelos cor de areia que caiam sobre os olhos, ele usava um óculos com aros redondos.

—Eu me lembro vagamente. - Caitlin disse não olhando para a mãe, mas para o chão, como se lembrasse de algo ruim. Barry viu a mão dela tremer levemente, então pois a sua sobre a dela apertando com carinho. - Houve um dia, não lembro exatamente quando, mas lembro que estava na casa da árvore e de uma hora para outra acabei me desequilibrando e caindo. - ela hesitou e Barry sentiu o apertou em sua mão ficar mais intenso.

—Você não caiu, Charlie a empurrou. Naquele dia eu prometi que nunca mais a deixaria voltar a vê-lo. Mamãe diz que eu exagerei, mas eu conhecia Charlie, mesmo não tentando criado ele, eu o conhecia. Sua personalidade era tão volúvel e sua empatia tão óbvia que beirava a psicopatia. Tente falar para Aretha procurar ajuda, mas ela estava irredutível. - Carla contou, embora não houvesse nenhuma lágrima nos olhos da mulher, Barry podia sentir pela sua voz a tristeza e raiva que ela sentia. - Quando Charlie fez vinte e três anos ele desapareceu, tia Aretha havia morrido um ano antes e ele havia ficado só. Tentei procurá-lo, mas não o encontrei, então pensei que ele quisesse ficar sozinho.

—Por que nunca me contou?

—Tive vergonha, Caitlin. Vergonha do que fiz, vergonha de ter abandonado meu filho. Charlie não merecia nada disso. Eu fui uma péssima mãe.

—Não, não foi. - Caitlin saiu do sofá e se ajoelhou à frente da mãe. Barry observou enquanto elas conversavam entre sussurros, então se levantou percebendo que estava na hora de deixá-las a sós.

[...]

Barry sentiu quando os braços de Caitlin envolveram sua cintura e ela deitou a cabeça contra suas costas. Podia sentir o coração dela pulsar violentamente.

—Você está bem? - indagou se virando para ela e a prendendo pela cintura. Caitlin deu de ombros um tanto tensa. - Mal consigo imaginar o quanto isso é louco para você.

—Acabei de descobrir que tenho um irmão que tento me jogar de cima de uma casa na árvore quando eu era criança. - ela disse, em sua voz a amargura e descrença eram visíveis.

Barry viu o olhar dela se deslocar até a janela atrás dele, onde minutos antes ele observava a chuva cair lentamente. A noite havia chegado trazendo consigo a chuva de verão, porém Barry sabia que logo aquilo tudo se tornaria uma tormenta de inverno, os raios iluminavam a escuridão e pareciam cada vez mais perto. Eles jantaram com Carla, um jantar calmo e simples. O clima agradável e a conversa fútil pareciam quebrar o gelo do início da visita. No fim do jantar a chuva já castigava a casa e tudo a sua volta.

—Acho melhor vocês passarem à noite aqui. - Carla disse sem se virar para eles, ela já puxava as cortinas da sala com se já se preparasse para dormir. - Vocês podem ficar no quarto de hóspedes ou no seu antigo quarto, Caitlin. Escolham qualquer um, mas boa noite.

Barry observou Carla se retirar da sala e não se virou para Caitlin.

—Ainda são nove da noite. - disse.

—Ela apenas quer nos deixar a sós. Mamãe não é boba, ela sabe que tem algo entre a gente. - Caitlin falou e então estendeu a mão para ele. - Deixa eu te apresentar o meu quarto.

O quarto de Caitlin era no mínimo peculiar, Barry nunca havia parado para imaginar como seria uma Caitlin adolescente, mas estranhamente o fascínio dela por Madonna, Britney Spears e Justin Timberlake, não lhe causou um surpresa descomunal. O quarto pintado de verde tinha alguns pôster e fotos grudados ao longo das paredes, a cama de casal ficava bem no meio do cômodo e sobre ela havia um céu pintado de azul claro com nuvens brancas.

Barry deitou na cama e Caitlin se ajeitou ao seu lado.

—Quando as luzes se apagam eu, literalmente, posso ver as estrelas. - ela disse. - Papai as pintou para que somente brilhassem quando estiver no escuro.

—Ele deve ter sido um ótimo pai.

—O melhor que eu poderia querer. - Caitlin deitou a cabeça sobre o peitoral dele, Barry pode sentir sua respiração acelerar assim como sua pulsação. - Queria ter aproveitado mais tempo com ele.

—Eu também, principalmente com o meu pai.

Caitlin assentiu, então virou o rosto para ele, mechas do cabelo dela caiam sobre seus olhos, Barry as afastou com a ponta dos dedos.

—Você acha que vamos ficar bem? Digo, quando tudo isso acabar, vamos ficar bem? - ela indagou com um temor na voz.

—Por que está perguntando isso?

—Tenho medo que isso seja passageiro. Que logo você perceba que não nascemos para ficar juntos. Não quero me magoar novamente.

—E não vai. - ele prometeu. - Vou fazer tudo ao meu alcance para nunca te magoar. Caitlin, nesse momento eu preciso de você, tanto quanto você precisa de mim.

—Barry, você não acha que estamos indo rápido demais? Você mal se separou de Iris e sei que ainda tem sentimentos por ela.

—É verdade que eu ainda a amo, mas agora é um tipo de amor diferente. Quero aprender a te amar. - argumentou puxando a mão dela e entrelaçando seus dedos. - Além do mais, eu tenho uma conexão especial com você. Eu sinto isso desde o momento em que nos conhecemos, sem você eu perco o rumo, você é como um farol que me guia. Nós sabemos muito bem que eu não consigo raciocinar sem você, pois foi você quem eu procurei quando soube do testamento do falso Wells.

—Nunca entendi porque você veio me procurar. De todos, por que eu?

—Porque eu sabia que você precisava de mim e naquele momento eu precisava de você. - falou fazendo ela sorrir.

—Somos um belo casal, sr. Allen.

—Com certeza, dra. Snow.

[...]

Barry segurava a mão de Caitlin quando eles entraram no Jitters. A movimentação familiar o fez sorrir e o cheiro do café fez seu estômago roncar.

—Tenho que me desculpar com Cisco por deixar ele de babá justo no dia em que Gypsy resolve aparecer. - ela disse apressada enquanto se instalava no fim da curta fila para os pedidos.

—E eu tenho que me desculpar com Joe por faltar ao jantar. - falou. A tempestade tempestade que havia pegado-os de surpresa na casa de Carla também havia deixado-os sem sinal de celular, quando Barry acordou no início da manhã com Caitlin ainda dormindo serenamente em seus braços, ele viu o números de ligações perdidas de Joe e Cisco. Na última mensagem de voz seu amigo afirmava que levaria Emma e Lydia para sua casa, mas que ele estava devendo uma.

A fila andou e Caitlin deu um passo a frente, porém estava tão agitada que não notou o carrinho de bebê que vinha em sua direção, Barry teve que puxa-la para impedir que ela fosse atropelada.

—Oh Deus, sinto muito. - a mulher que empurrava o carrinho disse olhando nervosa para Caitlin.

—Não tem problema, foi minha culpa, estava tão distraída que não vi o carrinho. - Caitlin falou então se curvou para olhar para o bebê no carrinho, ele era rechonchudo e vermelho. E dormia calmamente sem se importar com o barulho a sua volta. - E qual nome desta belezinha?

—Aaron, Aaron Winner. Sou Regina Winner e sinto muito mesmo por ter quase te atropelado. Posso lhe pagar um chá para compensar.

—Não precisa, estou meio apressada, mas de qualquer jeito a culpa foi minha.

A atendente de trás do balcão acenou para eles, a fila havia acabado e só restava eles. Barry passou à frente de Caitlin e rapidamente fez os pedidos, enquanto a doutora terminava a conversa rápida com a mãe e o bebê. Quando elas acabaram ele já estava com os pedidos na mão.

—Winner. - Caitlin sussurrou enquanto eles saiam do café. - Esse nome me parece familiar.

—Talvez seja alguma amiga de escola ou faculdade. Quem sabe não é?

Caitlin torceu a boca ainda desconfortável, Barry riu da careta que ela fazia e lhe deu um leve beijo sob os lábios. Caitlin o empurrou com o ombro, mas riu. Aquilo era um ótimo jeito de começar um dia. 


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