Interlúdio escrita por darling violetta


Capítulo 6
Uma Noite em Família, parte II


Notas iniciais do capítulo

A segunda parte dos jantares em família.
Eu deveria ter postado antes, mas aqui onde eu moro estava tão quente, que meu cérebro estava cozinhando. Sério, eu não conseguia pensar para escrever nada.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/752288/chapter/6

O boliche não se mostrou uma boa idéia. Shayera conseguiu a proeza de furar a parede com a bola. Três ruivos, assim como os outros jogadores olhavam para ela. Cada vez que ela errava, ficava mais e mais irritada. O quão difícil era derrubar alguns pinos?

─A mamãe consegue ser pior do que a gente pensou.

Lily riu, mas John estava certo.

─Alguém precisa ajudar ela.

Os dois se entreolharam, em seguida, se voltaram para Wally. Wally notou que os meninos olhavam pra ele e balançou a cabeça.

─Não! ─Disse. ─Por que não um de vocês?

─A gente sabe o quanto a mamãe pode ficar zangada às vezes.

─E querem deixar o problema pra mim?

─Vocês são casados, acho que podem se resolver.

Eles viram quando Shayera pegou outra bola. Lily e John começaram a empurrar Wally para perto da Shayera. Alguém segurou sua mão e ela se obrigou a olhar. Wally segurava seu pulso, sem jeito, e Lily e John estavam atrás dele. Ergueu a sobrancelha, como se indagasse “o que estão fazendo?”.

─Quer uma ajudinha, mamãe? O papai vai te ajudar.

Wally suspirou. Os garotos tinham razão. Se ninguém intervisse, Shayera colocaria o lugar abaixo. Wally tomou a bola, e segurou o pulso de Shayera com a mão livre. Ela se deixou ser conduzida para a pista pelo ruivo. As crianças pareciam satisfeitas.

─Vem, Shay, vou te ensinar os movimentos. Quer dizer...

Os meninos riram alto.

─Deixa como está, Wally. Não piore as coisas.

─Acha que é o suficiente? ─Indagou Lily, encarando o irmão.

─Suficiente para quê?

─Para eles se apaixonarem.

John balançou a cabeça. Embora quisesse ver os pais juntos, sabia que precisava ser paciente. Forçar não era legal. Ele aprendeu que tudo tinha um tempo certo, e se fosse para ser, algum dia eles estariam juntos.

─Não podemos forçá-los a se gostar, Kiwi.

─Eles se gostam, John. Dá pra ver.

─Sim, mas como amigos.

─Tem certeza?

Lily deu um soco no braço do irmão e apontou os pais. Flash estava atrás de Shayera, com uma mão em sua cintura. Com a outra, ajudava com a bola de boliche. Ele mostrou, andando com ela pela pista. A bola rolou e derrubou alguns pinos. Nada foi quebrado.

─Está melhorando, Shay...

Ela sorriu, mas Wally ainda estava próximo demais. Se quisesse, já teria a soltado. Mas ele mantinha uma mão em sua cintura, roçando a outra mão em seu pulso. Era proposital, ela percebeu. Não havia tanta pele exposta, contudo a sensação do contato era diferente. Aquele Wally era diferente do Wally brincalhão, quase bobo, que todos conheciam. A respiração em seu cabelo era quase bom demais. Quase.

─Pode me soltar se quiser, Wally.

─Ah, desculpa.

Wally tirou a mão de sua cintura, e deu alguns passos para o lado. Ela o encarou por um instante.

─Ah, não. ─Disse Lily e apontou. ─Olha lá!

Os outros três se viraram na direção que ela apontava. Na entrada, estava John Stewart, seguido por Rex. O rapaz cruzou os braços quando notou a presença dos irmãos West.

─Sério, pai? ─Rex questionou. ─Uma noite com os Wests?

─Por que não?

John Stewart acenou para eles. Caminhou até eles, com um Rex emburrado logo atrás.

─Quem chamou vocês? ─Era Lily.

─O Flash.

Três ruivos se voltaram para Wally. Ele ergueu as mãos em rendição.

─Ei, eu não chamei o Lanterna. Eu disse que ia jogar boliche com vocês.

─Eu pensei que... ─John coçou a cabeça. ─Acho que interrompi a noite.

─Ah, não tem problema, cara. ─Abraçou os filhos. ─Pode se juntar à família.

John e Lily riram. Seu pai era adorável com todo mundo, mesmo que os Stewart chegassem em uma hora errada. John acenou para Shayera. O clima de repente ficou estranho, e alguém precisava quebrar a tensão.

─Gente, vamos jogar?

─Quem está marcando os pontos? ─Rex indagou. Quanto mais rápido jogassem, mais rápido se livraria das companhias indesejadas.

─Ninguém. ─Lily respondeu. ─A gente tava esperando o papai ensinar a mamãe a jogar.

─Somos seis, então... como vamos dividir os times?

Eles eram duas mulheres, e quatro homens. Poderiam jogar os filhos contra os pais, mas deixar Rex e John no mesmo time era pedir por problemas.

─Se um de vocês fosse mulher, a gente poderia jogar meninos contra meninas. ─Disse Lily.

─Acho que é você, John, no time das meninas. ─Rex disse, debochado.

John deu de ombros. Não seria ele a estragar a noite especial com sua família. Mesmo com as companhias indesejadas.

─Não vejo problemas. ─Disse e era sincero. ─Eu estou com a mamãe e a Kiwi contra vocês três.

─A gente vai perder feio!

Eles riram. Com os times formados, iniciaram o jogo. Lily estava certa, eles eram péssimos. Ao menos se divertiam.

John trouxe duas cervejas. Shayera estava sentada, vendo Wally e as crianças na pista. Entregou uma das garrafas para a ruiva.

─O Flash parece estar se divertindo. ─Lanterna comentou, sentando ao lado de Shayera. Ela tomou um gole de sua cerveja, observando a interação do velocista com as crianças.

─É, de todos os envolvidos, ele tem aceitado melhor essa situação.

John deu uma boa olhada em Shayera. Ela também estava feliz, quase divertida com a situação.

─Sempre imaginei que minha história seria diferente.

Ela apoiou o queixo na mão e fitou John.

─Para quem disse que não queria ser escravo do destino, você conseguiu uma nova realidade. ─Não havia magoa em sua voz. Seu tom era neutro.

─Sobre isso... ─Começou, baixo.

Então ela riu, interrompendo-o.

─Só não entendo como fui parar do lado do Flash.

John se juntou a ela na gargalhada. Lily acenou para Shayera.

─Mãe, é sua vez.

Shayera tomou outro gole de cerveja. Ficou de pé, e fitou John, ainda sorrindo.

─No entanto, eu começo a gostar destes garotos. ─Confidenciou.

John Stewart fitou como Shayera abraçou os filhos depois de um strike. Ela sorria, enquanto comemorava com as crianças. Seguramente seria uma boa mãe.

*****

Bruce observava seus convidados o mais discreto possível. Sua filha, seu protegido e a mulher que futuramente se tornaria sua esposa. Quando ele viajou no tempo com o Lanterna Verde, encontrou-se como um velho solitário. Mas parece que eles mudaram o futuro.

Fitou de relance Martha. A menina bonita tinha o nome de sua mãe. Uma homenagem, era bem provável. Ela passava as mãos nos cabelos na altura dos ombros, enquanto conversava com Diana e Terry. Por mais que tentasse, a mente de Bruce sempre voava para longe do jantar e das conversas. Sua mente confusa. Não tinha medo de ficar solitário, afinal, gostava um pouco de ser só. Mas o novo futuro apresentado parecia muito melhor.

─O que foi, pai?

─Não é nada.

─Hm. Eu estive pensando e... obrigada pelo jantar. É gentil da sua parte.

Bruce deu de ombros.

─Era o mínimo a se fazer. Sei o quanto essas viagens temporais podem ser confusas.

─Acha que alteramos o futuro?

─O tempo está em constante movimento. Não há como saber...

Martha riu, nervosa. Ela mal saiu da depressão, não queria se afundar de novo.

─Não faz eu me sentir melhor. Eu posso ter destruído minha família sem querer.

Bruce relutou por um instante. Olhou de Martha, sua filha, para Diana. A amazona silenciosamente o questionava. Com um suspiro, esticou sua mão, segurando a mão de Martha na sua.

─Não se preocupe com isso, sim? Vamos devolvê-los a seu tempo e tudo ficará bem.

Ela sorriu. O olhar acolhedor de Bruce a fez lembrar muito de seu pai. O homem que conhecia estava em algum lugar ali, pronto para ser descoberto por Diana. Seu coração se encheu de esperança. Apertou a mão dele de volta.

─Agora sei que sim.

Depois disso, o jantar seguiu em um clima bom. Até Bruce se esforçava para participar das conversar casuais, como se estivesse em uma família de verdade. Esta era sua família, certo? Talvez algum dia.

Após o jantar, ficou acertado que Martha e Terry teriam sua estadia na mansão de Bruce. Era mais confortável, nas palavras dele. Bruce acompanhou Diana até a porta. Ele não insistiu, nem ela disse que ficaria. Era melhor assim. Diana o fitou e sorriu.

─Foi muito bom da sua parte, Bruce. ─Ela disse.

─Era o mínimo a se fazer. Além do mais, foi apenas um jantar.

Diana balançou a cabeça.

─Não foi apenas o jantar, ou o abrigo. À sua maneira, está demonstrando que se importa com esses garotos.

─Eu realmente me importo, independente de qualquer outra coisa.

A amazona sorriu e beijou-lhe a bochecha.

─Você seria um excelente pai, Bruce. Agora tenho mesmo que ir.

Bruce ficou na porta, observando-a sair. Quando Diana se encontrava fora de sua visão, fechou a porta. Por mais que tentasse, não conteve o sorriso. Ele também amolecia, apenas com um jantar. Mal podia esperar pelos próximos dias...

*****

Clark observou os filhos comendo os sanduíches e frutas que ele trouxe. Teve que se desculpar inúmeras vezes com Honey, pois as frutas foram os únicos alimentos livre de ingredientes animais que conseguiu encontrar de ultima hora. A menina não pareceu se importar. A intenção do momento em família era mais importante.

Quando acabaram de comer, voltaram sua atenção para a paisagem incrível do lugar. Com tanta claridade, era impossível ver as estrelas no céu, contudo as próprias luzes da cidade brilhavam no lugar das estrelas. Fazia um pouco de frio lá do alto, então Clark se lembrou de levar cobertores.

─Só precisamos de uma fogueira e teríamos um acampamento. ─Jason comentou. ─Fazíamos muitos acampamentos em casa quando pequenos.

Honey assentiu, lembrando-se das brincadeiras deles.

─Foram bons tempos.

─Vou me lembrar quando forem meus filhos. ─Clark afirmou.

─Por favor, faça isso. ─Fez uma pausa. ─Como vocês no futuro estariam reagindo com a nossa falta?

─Tenho certeza que estão nos procurando, Jason. Eu só ainda não entendo como viemos parar aqui. Detectamos a anomalia, mas não sei de onde surgiu ou para onde foi. Simplesmente fomos mandados para outro tempo.

─Seja o que for, vamos descobrir. ─Clark olhou para os filhos e queria mudar de assunto. A noite era para se divertirem. ─Vocês preferem ficar aqui um pouco mais ou querem ir para casa?

Os garotos se olharam, concordando sem palavras que queriam ficar. Era bom ali. Eles viam quase toda a cidade, além de ser tranqüilo, apesar do barulho do transito embaixo deles.

*****

O som invadiu seu sono, acordando-a em seguida. Martha ouvia o som melodioso do piano no andar de baixo. Descalça, saiu do quarto e foi para as escadas. Ela sentou no ultimo degrau, meio escondida, deleitando-se com a melodia. Bruce parou quando notou a menina na escada. Ela se levantou e voltava para o quarto quando Bruce a chamou. Parada, esperou.

─Venha. ─Disse.

Martha obedeceu, descendo rapidamente os degraus. Ela sentou no chão, aos pés de seu pai. Fitava Bruce com uma expressão adorável.

─Pode continuar, por favor?

Com um aceno, as notas de Chopin preencheram o salão outra vez. Ela fechou os olhos, quase que hipnotizada. Quando os reabriu, tempos depois, sorriu.

─Você cantava pra mim e minhas irmãs quando éramos mais novas. Quando cresci, você tentou me ensinar algumas notas, mas eu nunca tive talento.

Martha não o olhava no momento, mas parecia perdida em memórias felizes.

─Você gosta da sua família?

─Como não gostar? Eu tenho os melhores pais e as melhores irmãs.

─Eu ainda não tenho certeza se sou o homem que espera ter como pai.

Ela agora o fitou.

─Eu sei, você ainda está no escuro. Quer dizer, não há problema em gostar de ficar sozinho, ou ficar no escuro. É confortável, acolhedor. O problema começa quando esquecemos que a luz também está aí para ser aproveitada.

As palavras tocaram fundo o coração de Bruce. Era como se ela entendesse, ou vivenciasse as mesmas experiências que ele, de alguma forma. Forçou-se a não escapar para seus próprios pensamentos, e continuar a ouvi-la.

─Há aquele momento quando você está prestes a cair, surge alguém e te salva. O escuro ainda está lá, e às vezes se faz necessário, mas eu aprendi que também podemos caminhar na luz. A mãe te salvou, e você merece cada segundo de felicidade que ela te proporcionou. Boa noite.

Martha sorriu e se levantou. Voltava para o quarto quando ouviu a voz de Bruce.

─Quem te salvou da escuridão?

As imagens da noite mais sombria da vida de Martha surgiram em sua mente.

Uma missão fracassada, sua primeira missão oficial na liga. A noite de tempestade, uma confusão de gritos e choro. Seu peito doía tanto, e ela queria morrer. Mas então, lá estava ele para pegá-la...

O sorriso de Martha aumentou.

─Um anjo.

Continuou a subir as escadas, deixando o pai sozinho. Ele parou para pensar no que ela disse e talvez tivesse razão. Algum dia, talvez...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gratidão!!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Interlúdio" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.