Interlúdio escrita por darling violetta


Capítulo 2
Onde estamos?


Notas iniciais do capítulo

São três da manhã agora. Dizem que essa é a hora do capeta, mais alguém acordado?



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Pouco depois, Superman e Shayera foram levados de volta à torre. Os oitos jovens sentiram o teletransporte puxá-los em seguida. Os sete membros fundadores da liga, e outros heróis já se reuniam em torno do grupo, preparados para tudo. Os adolescentes se entreolharam confusos.

            ─Que recepção é essa? Fizemos alguma coisa errada?

            ─Quem são vocês? ─Batman assumiu o controle.

            Amazona pensou em dar um passo a frente, mas a maneira como seu pai a encarava não era nada bom. Seja o que for, eles estavam encrencados.

            ─Até parece que nossos pais não nos reconhecem. ─Lily disse.

            ─Não sei não, Kiwi. Tio Bruce não brincaria com nada serio. ─Disse Warhawk, colocando-se na frente de Lily e Martha, num gesto protetor.

            Um cochicho correu entre os heróis. Batman estranhou o rapaz chamá-lo por seu nome real, ainda mais com tanta familiaridade a ponto de tratá-lo como tio.

            ─O rapazinho de asas me salvou. ─Foi a vez de Shayera levantar a voz. ─Embora não sei porque ele me chamou de mãe...

            ─Serio? ─Era Lily, ainda escondida atrás de Warhawk.

            ─Kiwi, isto me parece sério.

            ─Ah, isso deve soar estranho, mas meu computador detectou uma vibração temporal estranha. ─A garota de cabelos azuis, que mexia em um pequeno computador no traje, falou. ─Alguém pode me dizer que dia é hoje?

            ─Janeiro. ─Um deles falou.

            ─Tá, mas de que ano?

            ─2018. ─Batman disse, severo.

            Um feixe de cabelo azul se voltou aos amigos.

            ─Galera, acho que viajamos no tempo. Esses são nossa família, só que uns 20 anos no passado.

            ─Isso é surreal.

            ─Os monitores detectaram uma anomalia temporal minutos atrás, talvez vocês sejam a fonte do problema. ─J’onn disse.

            Os adolescentes se voltaram para Lily.

            ─O quê? Não fui eu! Por que tenho que ser a culpada?

            ─Talvez porque seu pai tem um histórico de mudar a linha temporal. ─Amazona deu um soco de leve no braço de Lily.

            ─Isso é o tio Barry. ─Ela cruzou os braços e fez biquinho.

            Batman tossiu para trazer os adolescentes de volta ao foco.

            ─Vocês, pelo visto, conhecem inclusive nossas identidades secretas. Acredito que estamos em desvantagem, considerando que ainda não sabemos quem são.

            ─Desculpem, eu sei que isto é confuso para vocês. Também é confuso para nós. Eu sou Warhawk. ─Ele então tirou o capacete. Tinha os cabelos vermelhos, um pouco compridos e olhos azuis. Suas feições lembravam outro leaguer, que não era Shayera. ─John West.

            Os heróis da liga se entreolharam silenciosamente. Alguém estava a ponto de falar, mas Lily não deu tempo, como ela tirou a máscara.

            ─E eu sou Lily West, a Flash.

            Um a um, os outros adolescentes se apresentaram.

            ─Jason Kent, Superboy. Meus pais são Clark Kent e Lois Lane.

            O rapaz moreno tirou a máscara.

            ─Rex Stewart, sou o filho de John Stewart e Mari. O atual Lanterna Verde do setor 2814.

            A menina de pele verde sorriu, curvando-se levemente.

            ─Eu sou a Caçadora de Marte, e meu pai é J’onn J’onz, mas vocês podem me chamar de Kira.

            O rapaz vestido de morcego tirou a máscara. Seu traje era uma versão moderna da fantasia de Batman.

            ─Sou Terry mcguins. O morcegão aí resolveu me treinar como substituto, afinal, Gotham precisava de um protetor.

            A menina com o uniforme das amazonas balançou a cabeça.

            ─Como se meu pai fosse deixar Gotham somente em suas mãos nada capazes, Terry. Eu sou Martha Wayne, meu pai é o Bruce, e pelo uniforme típico, fica claro quem é minha mãe.

            Ela sorriu e estendeu a mão para Batman, trocando um cumprimento amistoso com seu pai. O olhar frio que ele lhe deu doía um pouco, mas ela também sabia que sua mãe o fez mudar bastante ao longo do tempo. Ele não era o homem que conhecia.

            Por fim, a menina de cabelo azul. Ela soltou um suspiro pesado. Se estavam realmente no passado, o relacionamento de seu pai com a liga não era dos melhores. Ao menos, ele ainda estava vivo.

            ─Sou Honey, e antes que me julguem, sou filha de Lex Luthor.

            Todos encararam a menina. Ela já esperava aquela reação.

            ─Você é filha do Luthor? ─Superman indagou a pergunta que pairava na cabeça de todos.

            ─Sei que meu pai e você tiveram muitas desavenças, tio Clark, mas, no final da vida dele, papai e você eram amigos. Tanto, que ele deixou minha guarda com você.

            A sinceridade da menina pareceu satisfazer o homem de aço, ao menos por enquanto. Mas uma dúvida persistia na mente de John Stewart. Apontou para Lily e John, afinal, a semelhança era impressionante.

            ─Vocês são parentes?

            ─Somos irmãos, tio John. ─Lily afirmou, como se fosse a coisa mais normal do mundo.

            ─E seus pais? Quem?

            ─Nós somos os filhos dos maiores ruivos da liga: Wally West e Shayera Hol.

            A surpresa era visível em todos, e a decepção pairava no rosto de John. Shayera apertou a têmpora, como se sua cabeça fosse latejar menos.

            ─Devo ter batido muito forte com a cabeça. Isso não é possível.

            J’onn decidiu interferir.

            ─Como não podemos ter certeza que estão falando a verdade, precisamos fazer alguns exames, para confirmar a identidade de vocês. Os envolvidos sigam para a baía médica. Os demais voltem às suas tarefas.

            Ninguém ousaria desobedecer J’onn. Os heróis, ainda confusos, voltaram a seus postos de vigilância. Os adolescentes e seus pais seguiram o marciano para a baía médica. Seria um longo dia.

*****

            J’onn colheu uma amostra de sangue de Kira. A menina simplesmente observava o pai trabalhar, sem dizer uma palavra. Estava atenta a tudo que ele fazia.

            ─Está muito calada, menina.

            ─Eu, oh, estava pensando. Como é possível que tenhamos voltado no tempo? Isso pode interferir em nossa realidade? Como podemos voltar e afins...

            Para sua surpresa, J’onn riu.

            ─São muitas questões filosóficas para alguém tão jovem.

            Ele pegou uma nova agulha. Com um simples olhar, solicitou a ajuda da menina. Prontamente ela o fez, recolhendo seu sangue. Terminada, entregou-lhe a agulha. J’onn inseriu o liquido viscoso em um novo tubo. Pegou uma caneta e fez anotações, assim como fez com as demais amostras.

            ─Acabamos. Os resultados não ficarão prontos até amanhã. Então creio ser mais seguros manter vocês em observação pelo resto do dia. Se confirmarem suas histórias, e acredito que farão, pensaremos em como mandá-los de volta a seu tempo.

            Kira se levantou e abraçou o pai, sorrindo.

            ─Você é o melhor!

            Ele retribuiu o abraço, embora um pouco duro.

            ─Obrigado.

*****

            Mais tarde, eles se reuniram com seus filhos. Ficou acertado que os jovens passariam a noite na torre, e no dia seguinte pensaria em como resolver toda a situação. Muitos não gostaram da idéia, pois queriam explorar a cidade, mas foram rapidamente cortados.

Mesmo confusos e desconcertados com aquela situação, era inegável a curiosidade que tomava conta deles.

Kira e J’onn foram os que mais conversaram desde que os jovens chegaram. Estavam juntos em uma das muitas mesas do refeitório, conversando sobre filosofia e um pouco de política e história. A menina marciana se mostrava muito inteligente, e sabia bastante sobre a história de Marte. J’onn estava visivelmente impressionado e orgulhoso da menina.

─Onde aprendeu tanto? ─Indagou, curioso.

─Você me ensinou muito do que eu sei, mas também aprendi bastante com os livros. E pode-se dizer que fiz uma ou duas viagens por aí.

─Você é uma boa garota, Kira. Adoraria chamá-la de filha algum dia.

*****

No outro lado do refeitório, Diana estava com Terry e Martha. Por mais que tenha tentando, Batman não quis se juntar aquela reunião de família. Ele também não estava à vista.

─Me desculpem pelo Bruce. ─Sentia-se na necessidade de pedir desculpas. ─Ele às vezes é meio...

─Estúpido? ─Terry ganhou um soco de Martha. ─Mas é a verdade.

─Frio? ─Martha sugeriu. ─Eu sei que meu pai mudou muito nos últimos anos. E não posso culpá-lo por me tratar diferente. Ele ainda não me conhece.

─Eu também não os conheço e estou aqui. Nenhum de nós conhece vocês e estamos aqui.

─Acho que é mais difícil para uns do que para outros... ─Martha suspirou. ─Mas tudo bem. Eu entendo.

─Você é uma garota muito centrada. Quantos anos tem?

Martha abriu um sorriso enorme.

─Dezessete. E o Terry tem 20, mas não me parece muito maduro.

As duas riram da falsa expressão de desgosto de Terry. A conversa logo fluía. Diana descobriu sobre a vida de Terry e como ele se tornou o sucessor de Batman, assumindo o manto de protetor de Gotham.

Martha lhe contou sobre as três irmãs mais novas, e como passou seis anos na Ilha Paraiso, aprendendo sua herança amazona. Suas irmãs do meio seguiam pelo mesmo caminho. E a mais nova da família Wayne mal podia esperar para conhecer a ilha.

Ela não revelou muito sobre sua vida com o cavaleiro das trevas. Disse o bastante para acreditarem que eram felizes juntos. E, pelas próprias palavras de Martha, sem Diana, talvez Bruce nunca pudesse ser salvo de sua escuridão. Eram palavras fortes, e ela estava disposta a descobrir o quanto seria verdade.

*****

            Lily West não parava de falar. Tanto que Shayera não sabia se mandava a menina calar, ou simplesmente saía da mesa. Sua cabeça parecia explodir com tanta informação. Em cinco minutos, sua vida futura foi jogada em meio à pilha de alimentos que a versão feminina do Flash comia.

            Ao menos John West se mantinha calado, apenas comendo sua própria montanha de comida e observando as reações dos ocupantes da mesa. Eram quatro: os dois irmãos, Shayera e o próprio Flash.

            ─Já chega, Kiwi. ─John enfim falou. ─Acho que a mamãe deve querer fugir de você.

            Shayera lançou-lhe um olhar que queria dizer “obrigada”. Pela segunda vez no dia, ele a salvara.

            ─Por que você sempre tem que cortar meu barato, John?

            Ele deu de ombros.

            ─Se estes forem nossos pais um dia, tenho certeza que gostariam de descobrir sua vida por eles mesmos.

            ─Se forem nossos pais? Eles são nossos pais.

            ─Não podemos ter certeza. Podemos estar em uma realidade diferente. ─Bebeu um pouco de seu suco. ─E olhe para eles. Estão desconfortáveis conosco.

            ─Vocês sempre são assim? ─Indagou o Flash, apontando os irmãos. E depois, para Shayera. ─Sabemos a quem eles puxaram da família, Shay.

            Ela riu, mas balançou a cabeça.

            ─Por mais que a noite esteja interessante, estou indo me deitar...

            Sem mais palavras, e ignorando os protestos dos demais ocupantes da mesa, ela se foi. Lily abriu um novo sorriso.

            ─Então... onde eu estava?

*****

            Jason e Honey estavam na mesa do Superman. Honey explicava melhor sobre ser filha do Luthor, e como ele voltou após desaparecer com Darkseid. E mais importante, como a guarda de sua filha foi parar nas mãos de Superman. Jason, por outro lado, estava alheio à conversa, focando em uma ruiva muito alegre do outro lado do refeitório.        Lily notou o olhar do namorado e sorriu para ele, antes de voltar à sua conversa animada com o pai e o irmão.

            ─Jason... ─Honey o chamou. ─Ou foca na gente ou então para de comer a Lily com o olhar e vai sentar com ela.

            ─Tudo bem, Jason. ─Disse Clark, o superman. ─Pode ir se quiser.

            O rapaz se ajeitou na cadeira, não sem antes lançar um ultimo olhar para a namorada.

            ─Eu estou bem aqui. É só... não conversamos muito desde que viemos parar nesse tempo.

            ─Ah, que gracinha! ─Honey abraçou o quase irmão. ─Mas para de babar.

            Ele riu e se desvencilhou.

            ─Então... ─Clark começou. ─Você namora a filha do Flash e... ─Franziu o cenho. ─Da Shayera?

            ─Li é a melhor. Mas, mudando de assunto, como está a mamãe? Já contou a ela sua identidade secreta?

            ─Ainda não. Contudo, pretendo fazê-lo em breve.

            ─Faça isso. Eu quero nascer algum dia.

            Eles riram. O clima amigável seguiu o resto do jantar.

*****

            ─Você não é muito jovem para ser um Lanterna verde? ─John indagou ao filho Rex.

            O moreno deu de ombros.

            ─Foi em um momento de necessidade de OA, então me convocaram. Eu gostei e resolvi ficar.

            ─Isso é bom, Rex. ─Sorriu.

            Vixen abraçou John, apoiando a cabeça em seu ombro.

            ─Fale sobre nossa família no futuro.

            ─Bem, eu sou o filho mais velho de vocês, e tenho uma irmã, Susan.

            ─Imagino que somos felizes juntos.

            ─Vocês se separaram por quase dois anos, depois decidiram voltar. Mas hoje em dia me parece que são muito felizes.

            Era um bom futuro, John pensou. Mesmo que ele ousou desafiar o destino e teve seu futuro alterado, ele parecia estar onde deveria estar. Todos pareciam estar.


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Notas finais do capítulo

Sério, eu to morrendo de sono, mas não conseguiria dormir sem antes postar.
Então, boa noite e obrigada!!!



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