WSU's: Renascida escrita por Nemo, WSU


Capítulo 15
Epílogo




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/752276/chapter/15

— Acorda dorminhoca, ou vai perder a hora.

— Só mais cinco minutos... — diz a vampira sonolenta.

— Imaginei que fosse dizer isso... — responde Renata, enquanto derrama água em cima do rosto de Roberta.

— SUA LAZARENTA! EU VOU TE MATAR! — Ela salta da cama perseguindo a amiga, mas tudo acaba quando Roberta, vislumbra a cozinha, ela para estarrecida.

— Não ia me matar? — brinca a amiga, enquanto sorri, com os braços para trás.

— Você fez isso para mim? — questiona Roberta, se aproximando da mesa, estava emocionada.

— Eu disse que você não me merecia. — Renata, caminha na direção da vampira e a abraça.

— Feliz aniversário sua doida. — Diante de ambas havia uma mesa posta, com um bolo de chocolate, uma garrafa de refrigerante e uma pequena caixa de presente.

— Como você sabia?

— Foi pelo documento de identidade, sua verdadeira identidade. — diz Renata, se afastando, e se sentando a mesa. — Você merece isso, mesmo que tenha me enganado e sendo idiota. Você me achou e me deu uma casa, quando eu não tinha nada.

Roberta, também se senta e encara a amiga:

— Não fiz mais que minha obrigação, devia isso para muitas pessoas. Eu finalmente tomei coragem e fiz o que era certo, apenas.

— O que pretende fazer agora? — indaga Renata — O Lorenzo está morto...

— Vou trabalhar com o chefe é claro, eu não tenho exatamente muitos lugares para ir, mas e você? Está livre agora, você pode fazer o que quiser da vida, até voltar para sua família.

— Eu não sei, penso em continuar por aqui, tenho uma obrigação sabe, tenho que aprender a manejar minha espada corretamente e também a fazer uso da minha aura, essas são minhas prioridades.

— Mas e a sua família? Eles estão preocupados com você...

— Não consigo encará-los agora... eu não minto para eles, se eu os visse, teria que contar toda a verdade. Honestamente, nem eu consigo engolir direito, fora que temos que cuidar desses remanescentes antes de qualquer coisa, mas vou enviar uma carta.  — Ela ficou cabisbaixa e se inclina pela cadeira, retomando a fala:

— Há muita coisa não resolvida...

— Se refere ao assassino de Henrique? Esqueça isso...

— O que perfurou ele, foi uma catana... segundo a mestra foi um corte com pericia, estraçalhou o coração dele... e não se regenerou.

— Poderia ter sido o Tales, não poderia? — pergunta Roberta.

— Não, o Tales, usa uma espada bastarda segundo Rodrigo, pelo menos ele nunca o viu usando uma. É outra pessoa, e talvez até mais perigosa.

— Complicado. — responde Roberta, logo depois perguntando — Tem notícias do Ivan? — Renata, por sua vez responde:

— Não, ele continua isolado na casa, se recusa a falar conosco segundo o chefe. Acho que precisamos dar espaço a ele, Diogo, era o melhor amigo dele, esse tipo de atitude é compreensível, mas também temos que ficar de olho.

Roberta, concorda:

— E a Lucy?

— Ainda não voltou dos mortos, o Mefisto, me disse que leva duas semanas para a restruturação acontecer, afinal desta vez não sobrou nada dela.

Ela continua:

— Já o Rodrigo, volta em uma semana para termos nossa aura despertada, a nossa mestra só tem que recuperar as energias.

— Eu até que gostaria de aprender esses paranaeus, mas só de pensar em quanto esforço e treino teria que fazer, já fico exausta. — responde Roberta.

 — Bem e como vai a caçada?

Roberta, responde:

— Boa, ontem peguei cinco remanescentes vampíricos, mas deve ter mais por aí. A desculpa que o governo deu foi a de um grupo de corrompidos promovendo o caos e que não foram capturados. A contagem oficial de mortos é de 57 civis, 27 policiais e 32 militares.

— O número é muito maior que isso. — refuta Renata.

— Se mostrassem algo mais elevado dariam destaque, além de tudo, a mídia está sendo censurada sobre o incidente.

— Por que tantas mentiras?

— Pânico em massa, acredito que Salazar, tenha prometido se livrar dos remanescentes se o governo fizesse vista grossa, convenhamos ninguém é melhor para matar vampiros, do que os próprios vampiros.

Roberta, continua calma:

— Ivan, e eu faremos parte da tropa de extermínio, há mais interessados, mas poderia ver com seu amigo se ele pode participar? E você?

— O Rodrigo, é um homem de negócios, e está procurando pelo amigo. Além disso ele tem família e vai treinar aura comigo. Talvez, ainda não me decidi.

Ela para pensativa e cabisbaixa.

— O que te incomoda? Tipo, você recebeu uma recompensa bem gorda do chefe, vai poder alugar uma casa melhor, tem um emprego, amigos... o que te falta?

Renata, olha para as luvas e então a amiga compreende, ela ainda era intocável, se podia tocá-la por alguns poucos segundos, mas a fraqueza já era sentida, o treinamento e a tensão da ameaça vampírica desviou seu foco, mas seu problema continuava ali.

— Olha Nat, eu não tenho como te ajudar, está além de mim, mas eu sei que se você falar com o Mefisto, ele pode fazer um acordo sobre esse acordo!

 — Eu não sei se ele faria isso...

— Bem, então tire a semana para viajar, faça os documentos e vá para algum lugar... — sugere Roberta.

— Pessoalmente, eu recomendaria Romênia. — diz uma voz atrás de Renata.

Mefisto. Raciona Renata, se virando para ele. Roberta, não o tinha visto, já que continuou a comer seu bolo normalmente. Na certa, ele queria conversar somente com ela.

— O que você quer Mefisto?

Roberta, por sua vez teve um sobressalto, mas não conseguindo ver o demônio decide tomar um copo de guaraná.

— Eu estive observando você, e sei o que mais deseja no momento. Acontece que eu quero uma coisa, e imaginei que talvez, pudéssemos nos ajudar.

— Especifique.

— Preciso que vá a Romênia, há um item que quero, nada demais. É uma lança antiga.

— Por que está me pedindo isso?

— Bem, por que existe uma magia que me impede de adentrar, e pegar a lança.

— Por que não pede para outra pessoa?

— Bem a Lucy, está no inferno ainda, e duvido muito que ela vá pegar para mim, fora que você é uma vampira confiável.

— O que vai fazer por mim? — Ela sorri.

— Um reajuste no seu acordo, creio que você se lembra dele por completo agora.

 

 

 

Após o ritual de transformação, interior de, SP

 

Karen, jazia inconsciente ao lado de Renata, enquanto esta ainda sentia as dores do processo da transformação, era como uma pequena caminhada para o inferno.

— Eu imagino que não esteja contente com sua atual situação. — diz o demônio gesticulando com ás mãos para fazer silêncio.  Ela se assusta inicialmente, mas se acalma e assente.

— Eu conheço o tipo de pessoa que é o Henrique, acredite ficar ao lado dele vai ser um saco, e eu acho que você o despreza o suficiente para fazer isso.

Ele pergunta:

— O que acha de um acordo extra?

Ela gesticula um: O que?

— Sabe a habilidade hipnótica dele? É fruto de um acordo extra, você vendeu sua alma para fazer esse acordo, não foi? Um acordo extra lhe confere uma habilidade especifica. — Ele se aproxima dela, envolvendo a numa distorção de tempo. — Pode falar, eles não vão te ouvir.

— Qual acordo pretende fazer? — Renata questiona.

— Posso te deixar intocável, fazer com que sua pele drene a força vital de quem te tocar, claro que você não ganha nada com isso, é só uma medida defensiva.

Ele continua:

— Com efeito quem te tocar por alguns segundos vai ficar fraco, aos poucos cai inconsciente, e depois de um toque prolongado, morre. Em outras palavras, ele não vai ter como fazer nada com você.

— Mas eu ficarei assim para todos?

— Não, isso é você quem controla.

— O que eu tenho que fazer?

— Precisa me dar uma nova alma, uma outra pessoa tem que fazer o contrato comigo e você como será a mediadora. A segunda condição é que você me envie uma velha alma, mate um vampiro que já viveu bastante.

Ela para pensativa.

— O que acontece se eu não cumprir os requerimentos? — indaga ela.

— Ouça, eu vou te dar um mês para fazer tudo isso, caso não cumpra você não terá mais o controle, logo vai acabar machucando não só seus inimigos, como seus amigos, o que te ajudaria vira uma maldição.

Ele continua se sentando ao seu lado.

— Por outro lado, só com isso você tem uma chance de escapar daqui, de escapar e sacanear aquele e idiota. É uma chance única, o que me diz?

 

 

 

******

 

— Sim. — responde ela.

— Você cumpriu uma das condições quando transformou aquela policial. — fala ele. — Penso em substituir o enviar uma alma, por entregar uma arma, é uma oportunidade de ouro e não mata ninguém. Com isso reajusto seu acordo e você vai poder controlar esse bônus novamente.

— É só isso? — questiona ela.

— Sim, me traga a arma, e você poderá viver normalmente.

— Bem vou me arrumar para o trabalho, espero que vocês dois se acertem logo — diz a vampira, guardando o resto do bolo, na geladeira.

— Viaje para a Romênia logo, você tem sete dias para completar a missão, e outro detalhe, eu quero sigilo.

— Por que tudo isso?

— Apenas se pergunte, por que apenas você é considerada digna dessa tarefa, e logo vai entender a importância. — Ele vai desaparece aos poucos, até restar apenas sua neblina verde e uma vampira decidida.

 

 

 

Ruínas do Castelo de Bran, Romênia

 

 A vampira encapuzada caminha pelos arredores do castelo em ruínas, ela perpassa a floresta com calma e cautela. Enquanto faz isso tenta reconstruir o castelo mentalmente, sua antiga glória e imponência. Mas deixa de pensar nisso quando encontra a parede que buscava, ela pressiona o tijolo indicado por Mefistófeles, que a acompanhava. A passagem se abre, revelando um túnel escuro e irregular.

— Cuidado, deve estar cheio de armadilhas. — avisa Mefisto — Provavelmente feitas para matar amaldiçoados.

— Vou prosseguir. — diz ela ascendendo sua lanterna. Ela adentra com calma, ilumina cada canto do túnel e continua, evita alçapões e flechas amaldiçoadas. Guiada por Mefisto, ela facilmente não foi enganada por bifurcações duvidosas, e chega ao seu destino final.

Uma sala ampla com um tanque escavado na rocha viva, cheio de um liquido estranho, com estranhas inscrições nas beiradas.

— É ácido.

— E só agora você me fala? — questiona Renata.

— Relaxa, você está bem alimentada, se for rápida vai conseguir pegar a caixa preta no fundo e trazer para cima antes de ser corroída. É um mergulho de fé, sem garantias de volta e acho que você entende o motivo de eu precisar de uma vampira, primatas não conseguiriam terminar o serviço.

Ela remove a capa que trajava sem responder, seus olhos vermelhos se irradiam, e ela tenta localizar seu cobiçado objeto, salta para dentro do tanque, Mefisto, só observa, após um tempo ela retorna com a caixa debaixo de um dos braços, coloca na beirada do tanque, enquanto sai em agonia.

Seu corpo arde muito, ela parecia estar sendo queimada por fogo, só que era gelado e muito mais difícil de sumir, mas sua regeneração trabalhava bem. Contudo ela não tinha sido capaz de se livrar da ânsia por vomitar, o enjoo que a tomava.

Ela se levanta cambaleando e então abre a caixa, que também estava protegida pelos símbolos, e entrega o conteúdo a Mefisto: Uma ponta de lança metálica e com alguns detalhes, Renata, não sabia o que era, nem fazia ideia. Mas se soubesse, se conhecesse totalmente a história de Lucy, reconheceria a Lança de Longinus, a verdadeira e não a réplica, destruída pela Drácula,a a vários meses atrás.

— O que vai fazer com isso? — questiona ela com dificuldade.

— Guardar, mas não se preocupe, nosso acordo foi honrado, você é dona de sua habilidade, pode ser tocada e tocar sem medo ou receio, aproveite sua existência. — diz ele desaparecido novamente — Vá conhecer a Romênia e não se esqueça, se te perguntarem você foi conhecer Paris.

 

 

 

25 de Dezembro, Ourinhos

 

Renata acorda, olha no relógio de sua cama: 9:37. Achei que acordaria mais tarde. Pensa ela, fechando os olhos brevemente e depois removendo o edredom de cima de si, enquanto se levanta da cama de casal e vai para a cozinha.

Sua nova casa era espaçosa, bem iluminada, com várias janelas, um piso branco de dar inveja e cortinas vermelhas. Na cozinha tudo ainda era simples, uma mesa de madeira com três cadeiras, a geladeira, um fogão, o armário usado de Asami e a pia. A sala mal tinha sofá, apenas uma mesinha com banquinho e uma TV de 22 colegas.

Mas vou melhorando aos poucos. Pensa ela, enquanto faz café. A vida da vampira tinha dado um ótimo salto naquele meio tempo, e neste dia iria aproveitar o dia com os amigos que tinha feito. Afinal, era natal, por mais que fosse cinzento pelos últimos acontecimentos, ainda seria celebrado para reforçar a verdade indiscutível: A vida continuava.

Após tomar o café, decidiu escrever a carta aos seus país, com sorte eles receberiam antes do ano novo:

Queridos Pai e Mãe

Uma parte de mim não sabe como começar essa carta, acho que a primeira coisa que eu tenho que dizer, é que sinto muita saudade, eu sei que deixei vocês preocupados, sei que ainda estão. Falhei com vocês como filha, e cometi muitos erros no caminho de lá para cá, tudo tem sido difícil.

Não se preocupem, não estou com Henrique, ele não mais me atormentará, nem fará nada a qualquer outra pessoa, já que foi assassinado a pouco tempo, por uma pessoa desconhecida.

Sei que estão furiosos comigo, eu não deveria ter ficado sem falar com vocês. Só peço que entendam que estive com amnésia e levou tempo para me recuperar totalmente, e precisava disso, para então escrever essa carta.

Estou bem, arranjei um bom emprego, alugo uma boa casa, tenho bons amigos, estou solteira, e cursando defesa pessoal com uma japinha fogo, minha vida melhorou muito.

Gostaria de voltar para casa, ver o Antônio e a Karla, e dar um bom abraço em cada um de vocês, mas não me sinto boa o bastante para olhar nos olhos de cada um de vocês e dizer: Eu te amo. Espero que compreendam.

Prometo que um dia irei contar toda a verdade, mas até este dia, eu só posso pedir desculpas por toda a dor de cabeça que tiveram comigo, e perdão por tudo, espero deixar vocês orgulhosos um dia. Feliz natal (e ano novo também), a cada um de vocês, que nossas vidas sejam iluminadas pela paz.

Sua Renata.

Ela enxuga o rosto, respira profundamente e inspira, se levanta da mesa e decide tomar um banho. Após o banho, se apronta, veste sua melhor roupa, uma camisa manga comprida cinza com sobretudo preto e uma calça também preta e sapatos ...

Ela vai até a área com uma vasilha cheia de ração e outra de água, um latido é emitido pelo cãozinho animado de Renata, que vai ao seu encontro saltitante.

— Feliz natal para você também K9. — fala ela, enquanto deposita as vasilhas no chão e fica observando o cachorro abocanhar a ração.

— Esfomeado. — constata ela sorrindo, logo depois tranca a porta da sala e depois o portão, ia caminhar um pouco. Nisso um risco negro perpassa o cão e a acompanha sorrateiramente. Renata, pretendia dar um passeio, queria ver um amigo, e não demorou muito para encontrá-lo.

— Olhe só, parece que temos um ciclista aqui. — diz ela para Daniel, enquanto este reduz a velocidade e a acompanha — É nova?

— Sim, eu ganhei ontem, sabe é muito estranho, ela só apareceu no quintal de casa, com uma etiqueta escrita: Feliz Natal Daniel.

— É estranho mesmo. — responde ela fazendo cara de pensativa — Vai ver você ficou na lista dos bons meninos.

Os dois riem.

— Você ganhou o que de natal?

— Bons amigos, nada melhor creio eu. — diz ela maneando a cabeça.

— Onde está indo?

— Só dando um passeio, imagino que você esteja testando sua bicicleta. — Ela responde.

— Sim, lhe desejo um feliz natal.  — fala ele parando a bicicleta.

— Obrigada, a você também. — Ela segue em frente, se dirige até o apartamento que agora é de Roberta, de lá ambas seguem para a casa de Asami.

 

 

******

 

— E então, como está se sentindo? — questiona Asami, para Lucy.

— Até que bem, levou duas semanas para eu voltar, mas tudo bem, pelo menos a situação foi resolvida, confio em vocês para cuidarem dos remanescentes. — O grupo está todo reunido perto do portão, Salazar, Ivan, Roberta, Renata e Rodrigo.

— Meus pêsames pelo seu amigo. — diz ela, todos assentem cabisbaixos.

— Olha se precisar de alguma ajuda meu clã está à disposição. — diz Salazar.

— E eu também estou. — complementa Renata.

— Só depois de treinar por 1 ano. — diz Asami — Isso também vale para você Rodrigo, nada de se envolverem em conflitos, até lá, o treinamento que vocês terão, vai deixar os dois mais mortos que vivos, sem condições para uma luta.

— Certo. — concorda ambos, mas Rodrigo, toma a palavra:

— Respeito sua decisão, você tem muito mais sabedoria e conhecimento que eu.

— Bem, agora devo ir, se eu perder esse voo o Manson, me mata.

— Aposto que está morrendo de saudade... — diz Mefisto recostado na parede da casa.

A Drácula entra no taxi que a aguardava e se dirige ao aeroporto da cidade. O resto se recolhe para a casa, a tão aguardada ceia Natalina. Ivan saboreou sua comida ao lado de Salazar, na sala.

Enquanto, Asami comia ao lado de Renata, Roberta e Rodrigo.

— O que pretende fazer no ano que vem? — questiona Roberta.

— Acho que administrar a empresa, treinar minha aura, cuidar da minha família. Nada que fuja muito disso, não vou me envolver em nada muito extraordinário.

— E você Ivan? — questiona Renata.

O rapaz que vinha com o prato vazio em mãos, apenas fita o quarteto com um olhar avoado, coloca o prato na pia, e sai sem resposta. Renata, ia se levantar, mas é detida por Salazar:

— Deixe-o ir, ele vai superar, pode ter certeza disso. — Ele também coloca seu prato na pia — É o jeito dele de lidar com a perda..

Após alguns minutos, Asami diz:

— Bem, já que estão todos fortalecidos, está na hora de realizar o despertar. — Ela também deposita o prato na pia — Quando se sentirem prontos, me encontrem em frente a cachoeira.

A vampira e o supersoldado se entreolham inseguros, sabiam dos riscos que envolviam o despertar, havia uma chance de morrerem no processo. Eles a seguiram, e atrás do trio foram Salazar, Roberta e Mefisto.

Asami, fica de costas para a cachoeira.

— Se ajoelhem de frente para mim. — Ambos o fizeram. — Vocês estão certos disso?

Eles apenas confirmaram com a cabeça. Asami, coloca as mãos por cima da cabeça dos dois, a idosa respira profundamente, e então inspira devagar, a sensação veio surgindo aos poucos. Um calor leve e quase liquido, porém invisível. E então a aura de Asami, aparece, a energia cinzenta encobria os corpos de ambos, o calor aumentava e a pressão também.

O calor passou de agradável para infernal, para Renata, o tanque de ácido parecia um lugar bem mais agradável, agora parecia que cada célula do seu corpo era queimada, triturada e então despedaçada por completo.

Mesmo Rodrigo, agoniava de dor, a vontade dos dois era sair dali e rolar no chão o mais rápido possível, mas se interrompessem o processo os três morreriam. Mesmo se um deles desistisse o fluxo seria atrapalhado e os outros também morreriam, com isso os dois amigos decidiram dar as mãos num gesto de: Ficarei aqui e vou aguentar ao seu lado!

Uma vampira e um supersoldado passando mal... Pensa Mefisto recostado a árvore, ele olha para o chão ao seu lado, a sombra estava ali inquieta. Isso certamente deve doer muito.

Asami, por fim para de emitir sua aura, mas ela não é interrompida em Renata e Rodrigo, a energia continua circulando a sua volta. A diferença era que a de Rodrigo era puramente branca, enquanto a de Renata, não ostentava qualquer cor.

— Certo, agora se acalmem, imaginem a energia diminuindo aos poucos, como um riacho turbulento que aos poucos encontra a paz e a quietude.

Os dois ainda arfantes fecharam seus olhos, e foram respirando e inspirando com mais calma, imaginando um pequeno rio ruidoso, que aos poucos ia se silenciando e diminuindo o fluxo de água. A energia em volta deles foi cessando, até se tornar inexistente.

Ambos possuem auras fortes. Constata Asami. Renata não tem um tipo de aura especifico ainda. Por outro lado, Rodrigo já teve sua aura despertada antes, eu senti muito mais facilidade em seu despertar, e a prova disso, é que seu tipo de aura, é Luz.

Diferente dos outros cinco tipos, a Luz é alcançada por experiências positivas na vida, coisas tão profundas e marcantes que para meus antepassados, faziam o portador ser louvado como herói. O oposto da luz nesse sentido é a Sombra, fruto de experiências negativas na vida, sofrimento, dor e desilusão. É muito triste que aquele outro rapaz tenha que carregar uma aura tão obscura consigo.

— Bem, agora vamos descansar, o treinamento de vocês vai ser retomado em um mês. — diz Asami. — É um prazer ter os dois como meus alunos, mas vão ter que ralar mais.

Ela sorri e então se senta de costas para a cachoeira, enquanto o pôr do sol ilumina a todos.

Esse foi um ano problemático, terroristas em RJ, problemas familiares, um amigo a menos, mas acho que vamos conseguir nos reestruturar no final das contas. Pensa Salazar, sorrindo para Asami, enquanto está ajeitava uma mecha de seu cabelo, ela também sorria, mas não para ele, e sim para o casal de amigos quase mortos sobre a grama. Faz décadas que não vejo você sorrir assim. Diogo, eu espero sinceramente que você esteja vendo tudo isso, é graças ao seu sacrifício que estamos aqui.

Ele suspira e observa, Roberta. Essa menina tem muito futuro, só precisa ser direcionada para o caminho certo, mas acho que estamos indo devagar.

Roberta, por sua vez, estava sentada no chão, apenas observando o trio se recompor. Apesar do sentimento de felicidade geral, algo a incomodava, mas ela soube disfarçar isso com um sorriso.

 

 

Mais tarde

 

Roberta, Renata e Rodrigo, seguiam conversando por uma rua, o tema da conversa era a época do ensino médio.

— Ela odeia palhaços. — diz Rodrigo — Uma vez foi um na nossa escola, e ela ficou na sala de aula sozinha esperando a apresentação passar.

Ela dá uma cotovelada nele, na tentativa de censurá-lo. Enquanto Roberta, caí na gargalhada.

— E você então que tem medo de bonecas e manequins? — refuta Renata com um sorriso de quem saboreia a vingança.

— Puxa vida, eu não imaginava que uma capira arretada e um Soldado fodão tinham medo de coisas tão idiotas.

— E do que você tem medo? — questiona Rodrigo.

— De morrer. Acho que é meio óbvio, principalmente quando você sabe que vai pro inferno. — responde ela, logo depois indagando:

— E vocês supersoldados, para onde vão quando morrem?

Rodrigo suspira, evitava pensar no assunto.

— Sinceramente, não sei. — Ele para pensativo — Talvez não tenhamos um lugar para onde ir.

Nisso o trio avança deixando o local, em meio a mais conversas. Alguns minutos após deixarem o local uma cena acontece.

Uma criança de 6 anos, corre em direção ao seu gato na rua, enquanto que uma das mãos carrega um urso de pelúcia. Sua mãe, por sua vez, vinha em seu encalço a quase um quarteirão de distância. Virando a esquina veio uma 4x4 em alta velocidade e com um motorista alcoolizado.

Uma violenta rajada de vento negro, empurra a criança para a outra pista, evitando assim o acidente. Enquanto a 4x4 por sua vez, na tentativa de desviar, bate de raspão no muro da calçada e então colide com o muro da esquina.

A criança chora, enquanto engatinha para pegar seu urso que havia caído perto do meio fio. O gato aparentemente não ligava muito para a dona, já que tinha fugido assim que o veículo apontou.

Uma fumaça negra começa a subir do chão, em poucos instantes ela se une, começando como um aglomerado disforme tendo leves contornos de uma pessoa, até ir adquirindo mais e mais aspectos humanos, se tornando quase alguém agachado com um joelho no chão.

O espectro apenas gesticula e o ursinho é empurrado até os braços da dona, que observa pasma a figura a sua frente. A sombra se dissolve pela brisa que soprava em meio ao caos da situação, deixando a criança com sua mãe.

Ela por fim se materializa em cima de um prédio, em frente a lanchonete onde o grupo estava, alegres e conversando, algo que ele não mais faria.

— É uma pena. — diz uma voz atrás do espectro — Que você seja uma alma perdida.

A sombra continua a observar passivamente.

— Uma raridade para falar a verdade — diz Mefisto, observando ao lado do espectro — Uma alma que não conhece a paz. Imagino que esteja vagando por aquele lugar escuro, preso aos vivos por algum desejo inconsciente, que é egoísta, ou nobre.

Os aspectos humanos da sombra vão adquirindo um semblante triste, ao invés do quase sempre impassível. Levanta a mão esquerda na direção dos amigos, e esticando os dedos.

— Sua missão era garantir que ela estabilizasse sua vida, e tivesse a tão sonhada e merecida felicidade, ao invés daquela vida cinzenta e chata na qual estava presa — fala o demônio em tom respeitoso. — Mas você cumpriu sua missão e ninguém daquele trio precisa mais de você.

A mão treme e então pende, enquanto seus olhos se fecham, o espectro suspira soltando um pouco de fumaça.

— Até que você não é um primata ruim.

A sombra sorri de canto, enquanto se desfaz lentamente pela brisa calma e gélida, seus fragmentos deslizam pela noite, deixando as luzes noturnas, rumo as estrelas e a lua.

Mefisto, fica olhando para o céu, por fim decide desaparecer em passos calmos. Lá embaixo Rodrigo, se despede das duas:

— Bem foi uma honra conhecê-la senhorita Roberta. Renata, confio que você vai conseguir reestruturar sua vida daqui em diante, quando tiverem tempo passem lá em casa. — Ele aperta a mão de Roberta, e então se dirige para Renata.

Com a esposa dele lá, isso certamente quer dizer: “não venham a minha casa, deixa que eu venho na de vocês. ” Pensa Renata, dando um abraço no amigo.

— Se cuidem. — diz ele adentrando na caminhonete. Ambas acenam para ele, enquanto continua sua jornada.

— O que vai fazer hoje? — questiona Roberta. — Nós podemos ir lá em casa e ver um filme.

— Eu tenho que cuidar do K9, mas apareço lá sim. — sorri a vampira de cabelos negros.

Roberta, dá uma “joia” para sua amiga e ruma para casa. Renata, faz o mesmo, mas ela faz mais do que cuidar de seu cão. Ao terminar a primeira tarefa, tranca a porta de seu quarto, e puxa uma maleta em baixo de sua cama, ela insere os caracteres a abrindo e assim revelando sua catana.

— Certo, ainda está aqui. — Ela vai fechar a maleta, mas algo a detém,  observa a arma por mais alguns segundos, quase hipnotizada e então fecha, quando percebe que estava se perdendo. Sua respiração é elevada, mas isso não a impede de empurrar a arma amaldiçoada para o mais fundo da cama que conseguir. Isso não foi nada. Pensa ela, logo depois abrindo a porta.

Mas se a garota pudesse ler os pensamentos da arma, como ela lia os seus saberia que: “Isso é só começo”.

 

Hospital Desconhecido do Rio de Janeiro

 

O som dos aparelhos, respiratórios e monitorador cardíaco são as únicas coisas audíveis no quarto do indigente, sem nome ou idade conhecida.

O paciente estava em coma desde agosto, e até esse momento persistia assim. Uma brisa gélida adentra pela janela e envolve o paciente, seus olhos castanhos se abrem com dificuldade. Ele olha para o teto confuso e em agonia, aos poucos seus olhos se tornam vermelhos e então esmorecem, enquanto lágrimas descem lentamente por seu rosto. Lágrimas de sangue, os olhos se fecham novamente e ele suspira.

 

Renata voltará em Renascida 2


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Agradeço muito aqueles que me acompanharam até aqui, foi uma honra ter vocês como meus leitores, espero que tenham gostado da história e se eu tiver errado a mão em algo podem puxar a minha orelha no imbox kkkk. Bem não deixem de dar uma olhada na página do WSU, para ficarem por dentro do Universo https://www.facebook.com/wsuniverse/?ref=br_rs



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "WSU's: Renascida" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.