WSU's: Renascida escrita por Nemo, WSU


Capítulo 14
Cheque e Mate - Parte 2




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Foi aí que se ouve uma explosão. Um protocolo de dizimação tinha sido executado. Se for o Supersoldado, ele logo virá até nós. Mas e se não for? E se ele não conseguiu sair a tempo? E se todos já não estiverem mortos?

Diogo, toca seu ombro e dá um chacoalhão, enquanto diz quase num sussurro, se não estivesse bravo:

— Cara, pare de frescura e volta pra luta, porra.

Isso parece trazer novo ânimo ao rapaz.

— Será que estou interrompendo algo? — questiona Henrique, surgindo ao lado de Diogo.

— Desgraçado. — fala o corrompido, indo até seu encontro, com as garras incendiadas, mas não consegue atingi-lo. Henrique, segura suas mãos e desfere uma cabeçada, em seguida quebra o braço esquerdo do rapaz.

— Eu até ofereceria um lugar ao meu lado, mas vocês três são leais demais a Salazar, eu até admiraria isso, se não fosse estupidez.

Ele estava perto de avançar para o ataque final, mas sua costa é metralhada por uma policial. O vampiro solta Diogo, e vai até ela, olhando fixamente em seus olhos:

— Atire na sua cabe...

Interrompido por Ivan, Henrique, continua na direção dela, ao seu ver deveria eliminar aquele grupo logo, seria muito problemático, se os outros membros se juntassem.

Roberta, arremessa um tijolo em sua direção, ele desvia, enquanto ela avança, mas foi barrada por dois vampiros. O resto da horda tinha chegado.

— Matem os infelizes. — ordena Henrique.

Uma segunda explosão interrompe a ação de todos. Agora temos uma chance. Pensa Ivan, mais animado. Henrique, fica imaginando o que tinha acontecido. Iria continuar sua missão, mas seus olhos acabaram encontrando Asami e Salazar.

Os dois já pareciam recuperados e prontos para mais uma. Ele não deu tanta bola, a horda cuidaria deles com facilidade. Ele pensou isso, pois desconhecia a identidade da samurai. Mas quando Asami, libera sua aura, o vampiro entra em estado de choque.

O que? Quem é essa mulher? Por que ela está emanando essa energia desgraçada? Não é tão aterrorizante quanto a daquele maldito, mas não é menos terrível. Ele para de ter medo, quando vê o olhar de seus subordinados sobre si. Entendo, serei seu adversário. Ele saca sua espada a elevando para o alto.

— Vamos ver de que canto do inferno você veio.

Asami, nada disse, apenas fica em guarda, enquanto Henrique vem para cima dela com tudo.  Enquanto isso, Salazar abate os inimigos que tentavam intervir na luta da samurai. Diogo, Ivan, Roberta e a policial lutavam juntos por sua sobrevivência, mas com a falta de munição e um braço quebrado.

Quem realmente lutava era Roberta, e a policial, afinal tinham conhecimento de defesa pessoal, tudo o que o atirador e o corrompido poderiam fazer era cobrir ambas. Mesmo assim eles sabiam que não iriam resistir muito mais, afinal ainda restavam muitos vampiros.

Asami e Henrique, tinham um duelo equilibrado, com ela Henrique, era cauteloso, e é claro levava uma vantagem física melhor, conforme os golpes eram trocados ele podia perceber que ela estava enfraquecendo. Assim como ele, seu poder não tem uma duração longa. Contudo, tenho que reconhecer, ela é extremamente hábil com a espada. Se eu não for cauteloso, vai me matar. Calcula ele, enquanto bloqueia mais um ataque.

Quando o quarteto estava perdendo ás esperanças, cercados por vampiros, Rodrigo, chega correndo e brandindo suas espadas. Rapidamente localiza seus aliados e vai ao seu encontro, os que ficam em seu caminho são rapidamente despedaçados.

Aqueles que atacavam o grupo e os demais se voltaram para ele. Até mesmo os vampiros selecionados de Henrique, decidiram intervir, afinal aquele homem era perigoso. Se não se cuidassem, ele poderia matar o líder. Portanto, eles o cercaram, cercado poderiam atacá-lo de surpresa e ele precisava de mobilidade.

Acho que não adianta mais me segurar para a pior das situações. Pensa ele, enquanto se concentra e ao mesmo tempo repele um ataque, decepando as garras de uma vampira. A verdade sobre o Supersoldado e o Soldado Fantasma, é que ambos tinham habilidades parecidas. Mas enquanto Tales, usava brechas para distorcer o espaço e facilitar suas fugas e assassinatos. Rodrigo, possuía um princípio parecido, mas a funcionalidade era voltada para guerra.

Uma luz branca com leves tons azulados começa a emanar de seu corpo, ao mesmo tempo surgiram quatro picos de luz em volta dos vampiros, e rapidamente tomaram forma humanoide.

Os detalhes foram se realçando ao ponto de ficarem idênticos a Rodrigo, só que energizados. Ele por sua vez também assume esse aspecto aos poucos, de forma que fosse impossível visualmente, separar o original das projeções de energia.

— Mas o que diabos é esse cara? — questiona Diogo, assustado. Quando um vampiro acerta uma das projeções de energia, seu punho simplesmente atravessou a imagem projetada.

Quer dizer então, que essas coisas são imateriais? Reflete Diogo, mentalmente. São feitas de luz, portanto de fóton? Mas fótons não são físicos, de que utilidade serve isso?

Os vampiros tiveram esse mesmo raciocínio. Prontamente atacam o original, mas tiveram o mesmo efeito de acertar uma projeção. Com essa distração uma das projeções ataca os vampiros com espadas em punho, esse ataque foi tangível e elimina três oponentes. Um oponente o ataca, mas sua mão o atravessa, nisso outra projeção do outro lado começa a atacar.

Acho que compreendi, não se tratam de simples cópias para confundir o inimigo, afinal, com o tempo pode-se determinar o adversário verdadeiro. Nesse sentido a habilidade dele se assemelha a do Soldado Fantasma, ele distorce o espaço com suas brechas. Já o Supersoldado, se teleporta por meio de suas projeções. Reflete Roberta, que tinha passado um pouco de tempo com Tales, e compreendido sua habilidade. Ainda bem que não sou inimiga deles. Foi sua conclusão.

Enquanto Rodrigo, bate de frente com vampiros bem alimentados, o grupo procura se recompor, já Asami, tinha um duro combate contra Henrique. Ele estava prolongando a luta ao máximo. Ele percebeu que principal fraqueza do uso da aura, é que o tempo é nosso inimigo.

 — Está sentindo o peso, não está? A fraqueza tomando conta? Posso sentir seu coração bater mais devagar a cada golpe, deve ser a idade, Asami Takeda.

Ele chuta a perna da samurai, que se distrai devido a fadiga, e ao mesmo tempo, a surpresa por ter ouvido seu nome. Henrique, toma a espada de Asami para si, agora que portava uma arma amaldiçoada, poderia matar Salazar e Roberta definitivamente. E talvez até aquele Supersoldado. Pensa ele cheio de malícia, ele foi golpear a usuária de aura, mas Asami, desvia do golpe lateral, então Henrique vem certeiro com sua espada para dar o golpe de misericórdia.

Outra lâmina evita o golpe, a Catana-Kitsune estava em campo, e os olhos vermelhos de Renata, encontraram os de seu odiado inimigo. Ela nada disse, deixa sua espada falar por si.

Os golpes da garota foram cautelosos e ao mesmo tempo furiosos, como se ela tentasse mediar o sentimento explosivo em seu coração. E graças ao treinamento, ela de fato conseguia se conter. No momento seu maior interesse, era proteger a mestra.

Vejam só, você cresceu, é quase uma guerreira, pena que quase não é o suficiente. Isso será fácil. Pensa Henrique, cheio de confiança. Ele bloqueia um ataque com a rapier, e ataca com a catana, mas era péssimo em seu manuseio. A usava como se fosse uma espada comum, bloqueando o ataque de Renata, com o corte da espada ao mesmo tempo que atacava com pouca destreza. Ele começa a perceber que aquela arma estava mais atrapalhando do que ajudando.

Ele a coloca na bainha da rapier, e prossegue em um ataque fulminante, ataca de cima para baixo contra a vampira, ela bloqueia com o dorso da espada, um ataque vertical, ela desvia. Ele direciona a espada para seu lado completando o movimento, ela bloqueia. Henrique, então se aproxima com uma adaga pronto para golpeá-la, mas a garota se afasta dando um salto para trás.

O cheiro daquela lâmina, não é como deveria ser, ela foi banhada em alguma coisa, veneno talvez? Se sim, qual? Calcula Renata, ele se aproxima sorrindo em malícia, enquanto ela se afastava. Devo me afastar, assim vou conseguir tempo...

— Ah, você percebeu a questão da adaga. — interrompe ele — Claro que pode tentar me evitar e correr para longe, assim ganhando tempo, de fato você pode fazer isso, mas e seus amigos?

Sabe que eu me importo, e vai usar isso como fraqueza. A vampira reflete. Henrique, por sua vez lhe dá as costas e ruma para a samurai desarmada e já sem aura em volta. Renata, vai ao encontro com a catana em punho, mas não atravessa seu peito. Apenas fica parada.

— Covarde. — diz ele virando o rosto e sorrindo — Você não tem a perversão para matar, não o matou, nem irá me matar. Mas aos poucos, vai se tornar exatamente como eu.

Ela não tem tempo de sequer pensar, Henrique, vem em sua direção com um corte rápido, juntamente com a adaga em outra mão. Não havia tempo para bloquear as duas, por essa razão, ela se defende da adaga, e Henrique, a desarma com sua espada girando pelo asfalto até, era o fim.

— Não se preocupe, não vou te matar, só deixarei você apodrecer no inferno, quando me cansar de te torturar.

Ele avança atravessando seu peito com a rapier, a sua agilidade e velocidade em muito superavam a vampira. Ela por sua vez consegue segurar a mão desnuda de seu inimigo, a qual portava a adaga, e então desfere uma joelhada na virilha. Henrique, solta as lâminas e se contorce de dor, enquanto a vampira remove a lâmina em seu ventre. E com uma das mãos livres soca a cara do oponente, não uma, mas várias vezes, até que verte sangue de seu nariz. E então desfere um cruzado de esquerda, o derrubando no chão.

Tudo isso era pouco, comparado o que ele fez a ela. Ela se lembrava agora, e tremia de raiva por dentro, não uma raiva irracional, era algo silencioso e muito bem executado. Mas isso não foi o bastante para parar Henrique, ele se lança sobre ela e começa a ataca-la com suas garras.

Asami, se defende como pode ao lado de Salazar, enquanto que Rodrigo, continua uma luta apurada contra os vampiros. Só haviam duas pessoas que tinham condições de auxiliar Renata, e uma delas chuta a catana para o lado de sua dona, ao mesmo que perfura o peito de Henrique, com sua garra incandescente.

A reação do vampiro é imediata, sai de cima da vampira e ataca Diogo, perfurando seu peito. O rapaz grita desesperado pela dor, mas não se detém, golpeia a barriga de seu oponente, Henrique, ia promover mais um golpe, mas ao olhar para o lado vê seu braço esquerdo cair no chão. Então sente a dor invadir seu corpo, seu sangue agora jorrava de seu braço. Instintivamente se afasta do corrompido e da vampira, e vai até uma presa desavisada, a policial.

Ele envolve seu braço esquerdo e sussurra em seu ouvido:

— Um movimento errado, e já era para você belezinha.

— Se aproximem e ela morre seus malditos!  — vocifera, enquanto começa a compreender que seu braço não mais cresceria. Paralelamente, Renata, tentava socorrer Diogo, mas ele não duraria muito, o dano tinha sido extenso. Ela não podia fazer nada, e se volta para Henrique, naquele momento, ele percebe que a refém não o ajudaria, ela era um peso.

Ele morde rasgando sua garganta e então foge a deixando para morrer ensanguentada no chão. Os outros membros lutam por suas vidas, os vampiros não dão espaço para ajudarem ou irem atrás do líder. Renata, estava sozinha, ou pelo menos achou que estava, pois, o tempo se distorce, tudo começou a ficar mais e mais devagar.

— Noite difícil, pelo que vejo. — fala Mefisto, olhando para Diogo, e a oficial.

— O que faz aqui Mefisto?

— Não é óbvio? Eu vim barganhar. — diz o demônio com um ar diferente. — Há um jeito de salvar os dois, isso depende de mim, você e deles próprios, visto que não é a dona da alma deles.

— O que eu tenho que fazer? — questiona ela.

— É só se lembrar, de quando se tornou vampira, é o mesmo ritual para o acordo.

— Mas eu não...

Foi como um choque, um estampido em seu interior, a sensação do tempo parando, misturada as palavras: ritual e acordo. Despertaram a lembrança derradeira de Renata, aquilo responderia sua principal pergunta desde que fora transformada: Por que havia dito o sim?

 

 

 

 

Meses atrás, casa abandonada no interior de São Paulo

 

Ela estava amordaçada em cima de uma mesa de madeira, duas vampiras a vigiavam, a irmã e mãe de Henrique, que por sua vez perambulava de um lado para outro. Ele se perguntava se deveria transformar a garota, se isso não seria um futuro problema, e como o faria já que a alma dela não era sua para fazer o acordo. Pois ela não era sua esposa, e em momento algum ela tinha lhe oferecido sua alma.

Ele fita a garota de cabelos negros olhando fixamente em seus olhos, era um olhar de raiva, ela estava sã e consciente, não seria intimidada pelo medo. Ele se aproxima e remove a mordaça lentamente.

— Estamos perto, querida, não vai demorar muito, logo você será minha pela eternidade.

— Eu nunca serei sua, seu bastardo.

— É realmente uma pena. — diz ele deslizando a mão sobre a madeira da mesa, enquanto observa o corpo dela — Mas não se preocupe, a mente humana é algo que muda com o tempo, e você terá muito tempo para se entender comigo, além disso a mente é algo fácil de ser manipulado, você só está dificultando as coisas.

Ele retorna a cabeceira da mesa:

Mefistófeles.

O ar muda, e da cabeceira da mesa surge uma figura envolta em uma névoa verde, um homem de camisa verde e cabelos desgrenhados emerge.

— Carne fresca é? — questiona ele olhando a garota, que insistia em fitá-lo firme. — Receio que não tenha a alma dela, e sem isso, nem o ritual e o acordo podem ser cumpridos.

— Ela dirá sim.

— Não parece. O que ela realmente quer é espancar todos vocês, incluído eu e voltar para casa. É até corajosa para uma primata, faz tempo que não vejo uma assim.

— Diga sim, aceite o pacto, se torne uma de nós, eterna, superior e bela como nunca conseguiu ser. — diz Gregório, o vampiro mais velho.

— Prefiro morrer, do que me tornar uma abominação.

— Essa vai pro céu. — comenta a irmã de Henrique.

— Ótimo, posso te matar. — fala Henrique, enquanto pressionava seu dedo indicador sobre o crânio da mulher — Mas farei o mesmo com sua família, garantirei a cada um deles uma morte bem lenta e dolorosa, mas dou minha palavra, que se disser sim, não vou encostar em um fio de cabelo deles.

— Isso vai entrar no acordo Henrique, será oficial, me certificarei que vai cumprir sua parte. — fala Mefisto. — Afinal dá mais credibilidade a sua promessa...

— Você, não vai tocar na família dos meus amigos também. — acrescenta ela. — Se referindo a Rodrigo e a Tales, do qual ela se lembrava.

— Acha que pode barganhar? — questiona ele desferindo um tapa em seu rosto, imediatamente seu rosto alvo, adquire uma coloração avermelhada no local atingido.

 — É pegar ou largar, essa é a minha promessa. — fala ela irritada.

— Feito. — diz ele, abocanhando seu pescoço lentamente. E então se retira para o lado.

— Antes que diga sim, vou deixá-la ciente de umas coisas: a primeira com esse acordo você se tornará um ser amaldiçoado, sendo assim jamais conhecerá o paraíso celeste, e nunca poderá dar à luz, já que isso é uma benção. — adverte Mefisto. — Você aceita firmar o acordo?

— Aceito. — diz ela fazendo força para não chorar. Ela tinha muitos sonhos, aquilo removia a chance de ver seus avós falecidos e membros da família. Além de extinguir a chance de ser mãe, algo que ela desejava em seu interior, e a condenava para sempre a ter o inferno como destino ao invés da tranquilidade celeste.

Henrique, corta seu próprio pulso com uma de suas garras, Mefisto, ordena que a moça abra os lábios, enquanto o liquido vermelho-escuro pinga em sua boca. Ela sente o liquido quente e ardente permeiar sua garganta, como ácido ele vai se espalhando, dando a impressão de corrosão por seu corpo. Seus músculos se contorcem e mais tarde ela própria tenta se contorcer, sendo segurada pelas duas vampiras,

— Está feito. — diz Mefisto, concedendo um último olhar para a vampira que acabara de renascer. Essa garota é interessante, acho que ficar por perto, não seria uma má ideia. Ele olha para Henrique: além disso, acho que posso me divertir sacaneando esse idiota presunçoso.

Foi por esse motivo, ela não buscava a eterna juventude, poder ou ganância, por opção natural ela não se tornaria uma vampira. Só tinha feito isso pelas pessoas que amava, e por seus amigos. Seu motivo era nobre: Amor e compaixão. Algo de natureza nobre e pura, que poucas vezes tinha sido testemunhado por Mefisto, como motivo para se tornar um amaldiçoado.

 

 

********

 

Ela se ajoelha ao lado do amigo entre lágrimas, suas memórias eram dolorosas, agora ela sabia o que tinha perdido e a razão por trás disso; mas não tinha tempo, deveria salvar Diogo, e a oficial, esta ficou fora do alcance de Mefisto, logo, demoraria mais para morrer.

— Diogo, preciso que faça o que eu disser, sem questionar, vou te salvar...

— Não. — diz o rapaz em um murmúrio fraco e abafado.

— O que? Por que não? Precisamos de você.

— Nat... — diz, logo depois lutando para prosseguir — Se eu fizer o acordo, nunca poderei vê-los.

— Eu acho que tenho uma chance mínima de alcançá-los lá em cima... — A voz é cortada pelo sangue em sua garganta, ele o cospe e teima em alcançar um de seus cigarros no chão. Renata, apanha um e ascendo o cigarro com o isqueiro, colocando-o em seus lábios. Ela acaricia seus cabelos macios, enquanto ele traga o cigarro.

— Eu vou sentir sua falta, seu idiota. — diz ela.

O cigarro caí no chão, Diogo observa sua amiga com seriedade e diz o que seriam suas últimas palavras, enquanto tenta alcançar seu rosto com a mão:

— Pegue ele por mim, Nat, não deixe ele machucar... — Sua fala vai ficando mais lenta — ninguém mais...

A mão cai, e ela a apanha, os olhos do rapaz se fecham, sua respiração diminui, e então seu coração segue em um ritmo lento, até parar por completo. Mefisto, acompanha tudo calado, respeitava decisões assim.

— Ele vai conseguir chegar lá? — questiona ela, segurando as mãos do companheiro.

— Eu não sei, no meu círculo ele não estará, talvez ele ganhe a salvação sim, embora a chance seja mediana.

Ela observa o cadáver, uma última vez e se levanta. Por fim acompanha Mefisto, eles seguem até a policial, que por sua vez é envolvida pela distorção temporal do demônio.

— Você quer viver, policial? — questiona ela para a garota assustada a sua frente.

 

 

******

 

 

A situação geral era complicada, Ivan, teve ambas as mãos quebradas, Asami, conseguia se defender minimamente, mas ambos eram protegidos por Salazar e Roberta, enquanto Rodrigo, cuidava do extermínio. A única boa notícia era que os inimigos estavam diminuindo.

Nisso, surge Renata, carregando a policial ensanguentada nos braços, os vampiros que se aproximaram, foram facilmente eliminados por Rodrigo, com suas projeções de energia.

Os vampiros começaram a debandar, como Rodrigo, auxiliava na defesa e no ataque, restava a Renata, a tarefa de perseguir Henrique. Ela deposita a oficial com o cuidado, nenhum dos membros queria admitir, mas a morte de Diogo, tinha impactado boa parte deles, alguns mais que outros, mas naquele momento não havia espaço para lamentações, era lutar ou morrer.

Renata, desembainha a catana suja de sangue e parte em disparada contra Henrique, que estava longe, mas corria com dificuldade, devido à perda de sangue e a falta do braço, que dificulta o equilíbrio. Ele vai virando esquina após esquina.

Ela por sua vez não corre pela rua, salta pelos prédios, ou mantinha um passo acelerado por suas paredes, sempre tendo o máximo de cuidado. Um passo em falto significaria uma queda, e queda poderia implicar em morte, ou inconsciência, ambas coisas ruins. Ela escolheu esse meio, pois era mais fácil de perseguição, dificilmente ele perceberia que ela viria dali, ou mesmo esperaria. Na opinião dela, ele esperaria uma perseguição terrestre. A noite enluarada aos poucos da lugar a um clima nublado e então vem uma fina camada de chuva.

Tenho que me unir aos outros, e sair desta cidade o mais rápido possível. Ele coloca a mão sobre o braço decepado, havia perdido boa quantidade de sangue, e levaria tempo para sarar, provavelmente teria que arranjar uma prótese para pôr no lugar. Maldita Renata, foi rápida e eficiente, sendo que deveria ficar chorando pela morte do amigo. O treinamento daquela japa a fez se tornar mais letal. Contudo não importa, detenho uma arma amaldiçoada, quando eu aprender a manejar, poderei matar todos aqueles infelizes.

Seus pensamentos são interrompidos por um vulto que pousa a sua frente, a silhueta feminina e com uma catana em punho, caminha em sua direção confirmado um dos piores temores.

— Você não lutaria com um maneta, não é?

Ela nada disse, não iria cair em suas provocações, iria derrotá-lo, nem que tivesse que descascá-lo parte por parte. Seu semblante era sério, mas isso apenas mascarava seus verdadeiros sentimentos. Ele retira a espada da bainha. E ambos rumaram um contra o outro.

A chuva que recobria a cidade, começou leve e agora era uma verdadeira tempestade, o vento zunia alto pela rua onde os dois vampiros agora se digladiavam. Ela era cautelosa em todos os ataques, estava calma, já Henrique estava começando a dar sinais de desespero.

Ele investe com um ataque perfurante, ela desvia enquanto permanece em guarda com a catana, Henrique dá um golpe vertical, bloqueado, ela ataca com um vertical debaixo para cima, parado por Henrique.

— Acha mesmo que vai me derrotar por que começou um treinamento? Eu sou superior a você em tudo. — vocifera o vampiro enquanto ataca com um perfurante, vertical para baixo e horizontal na linha do pescoço.

— Pode até ser, mas isso era quando você tinha dois braços, agora você está ficando cada vez mais fraco e lento, devido à perda de sangue, seu equilíbrio e compostura estão prejudicados. — diz ela defendendo o perfurante, jogando o ataque para o alto, e bloqueando a lâmina que veio num vertical, e posteriormente horizontal. — Você só está lutando para ganhar tempo de receber alguma ajuda, mas não se preocupe, a minha também está vindo.

Isso agrava ainda mais a psique do vampiro, ele se lança um golpe desesperado, ela por sua vez se limita a desviar com facilidade e perfura o antebraço. A espada de Henrique cai no chão, estava desarmado, ele faz menção de puxar a lâmina amaldiçoada com a mão restante, mas seus dedos foram decepados, antes que pegasse no cabo.

O vampiro urra de dor, enquanto tenta aplacar a própria dor, mas infelizmente não havia meios para isso, se limita a pressionar a própria mão contra o peito. Ela por sua vez, observa a cena sem qualquer sentimento no olhar, tinha cumprido seu objetivo, seu inimigo estava derrotado.

Mas antes que pudesse deixá-lo inconsciente dois vampiros, pilotando um jipe militar, passaram atirando em sua direção, eles ignoraram seu líder e perseguiram a oponente. Henrique, por sua vez trata de correr, mesmo que mais lentamente em longas passadas e cambaleando, vendo que não poderia fazer muito, ele adentra em um beco.

Lá ele pensa em ir subindo pelas paredes, até que sente uma lâmina se cravar por suas costas, e atravessar seu peito. Henrique ao olhar para trás apenas vislumbra uma figura encapuzada e desconhecida.

— Acredite, não é nada pessoal, você apenas tem algo que me interessa. — diz a macabra voz feminina.

— Quem é voc...

— Não adianta te responder, afinal os mortos não contam histórias. — Retira a catana do peito do vampiro, e deixa o corpo cair ao chão. E com a outra mão retira a espada embainhada, o corpo do vampiro caí, mas ela sequer liga, apenas observa a espada.

— Continua como sempre foi. Aquela velha realmente sabe preservar seus pertences. Sua aprendiz está no caminho certo, florescendo como uma cerejeira. — Ela vai saindo do beco aos poucos — Mas não é digna da Kitsune, e o tempo vai mostrar isso a ambas, da pior forma possível.


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