Arena Mortal escrita por Nyna Mota


Capítulo 7
Capítulo 6 - Mudanças


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!
Não deixem de ler as notas finais.



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Tanto havia mudado em tão pouco tempo, tudo que parecia tão real e concreto havia se esvaído pelas minhas mãos sem que eu sequer soubesse como.

Parecia que um caminhão havia me atropelado e eu havia acordado em outra vida, outro corpo. Tudo que me lembrava era da lua, Isabella, a Senhora Swan sorrindo e então Charlie.

A pior briga que já ouvi, coisas quebrando, gritos, todos ouviam, todos naquela maldita casa, mas ninguém fazia nada, ninguém agia então eu agi.  Eu não tinha nada na vida, não tinha pai, não tinha mãe ou família, não tinha dinheiro, e mesmo assim ela tinha olhado por mim, e nada no mundo me faria deixá-la agora.

Subi as escadas correndo, desesperado, já havia perdido tempo demais divagando e analisando.

A porta do quarto do casal estava escancarada, roupas jogadas em todos os cantos, um espelho quebrado, uma mulher ferida e uma menina ajoelhada chorando.

A Senhora Swan estava com o rosto machucado, lágrimas escorriam pelo seu rosto marcado, mas ela jamais perdia a altivez, sua classe e decência.

Eu queria chorar, chorar por ver alguém tão bom naquela situação, chorar pela merda do mundo que vivíamos, por saber que alguém tão incrível precisava passar por algo tão horrendo. Flashs da minha própria mãe piscaram em minha mente, o que prontamente bloqueei.

Me aproximei da menina ajoelhada no chão, que estava aos prantos mas em choque.

 Meu coração se partiu em mil pedaços, era minha culpa, eu não devia ter me aproximado dela. Com os olhos marejados ajoelhei na sua frente bloqueando a visão de seus pais discutindo e do quarto parcialmente destruído.

— Bella. — Chamei baixinho, não querendo chamar a atenção pra gente.

Ela ainda me olhava, mas não me via, lágrimas caíram dos meus olhos.

— Bella, por favor, olha mim, me veja. — Toquei seu rosto que só então notei que tinha uma marca avermelhada, vi vermelho, bile subindo no meu estômago, ele havia batido nela.

Seu olhar focou em mim, e ela desabou, seus soluços contidos ficaram altos, seu pranto me destruía, seus braços rodearam meu pescoço, minhas próprias lágrimas borrando minha vida.

— Vá pro seu quarto, Bella, tranque a porta, só abra se eu ou sua mãe aparecermos lá.

Ela estava tão assustava.

— Você está chorando. Você chora. — Ela sussurrou, e minha vontade de cuidar dela aumentou, e eu iria.

— Eu choro Bella, eu choro quando te vejo chorar. Agora pro seu quarto, faça como te pedi.

Ela olha pros seus pais ainda brigando, lágrimas mais grossas voltam a cair.

— Por favor, Bella! — Imploro.

Ela levanta e vai, hesitante, com medo. Eu queria colocá-la em meus braços e protegê-la de tudo, e protegê-la é deixá-la ir pra longe de Charlie.

— Sua puta! Estou cansado de você!

Isabella já tinha ido, Charlie levanta sua mão, eu a seguro.

— Não. — A palavra é firme, alta. Choque toma suas feições.

Eu havia me tornado alto, bastante alto pros meus 17, alcançando o senhor Swan, ainda era magro, mas tinha adquirido músculos devido as lutas na arena, eu era forte. O suspiro de alívio da mulher atrás de mim me incentivou a continuar.

— Que diabos você pensa que está fazendo, moleque?

Seu grito era tomado por ódio, eu era seu alvo.

— Você não fará nada a Senhora Swan.

Seu riso foi seco, sem humor.

— Depois que eu acabar com você, seu merdinha, vou acabar com ela e com a puta da minha filha.

Ódio me tomou quando ele falou de Bella, ela não era nada além de pura, linda e doce.

Me mantive calado, apenas o encarando. Ainda segurando seu braço.

Ele o soltou e não se moveu, travávamos uma luta de olhar apenas, um medindo o outro. Barulhos atrás de mim me tirou a atenção por um instante, um maldito instante, e um soco atingiu diretamente meu rosto.

— Vá pro maldito inferno, Charlie, você, a porra dos seus lacaios, e a merda daquela empresa, eu só quero que você suma da minha vida e da vida de Isabella. Estou indo embora, e se você vier atrás de mim eu vou até a polícia, eu contarei tudo, Charlie, tudo.

A senhora Swan segurava uma bolsa, e saía pela porta, Charlie segurou-a pelo cabelo e jogou-a no chão, eu parei em sua frente, impedindo mais agressões, o empurrei.

— Vá, Senhora Swan, pegue Bella e vá.

Eu morreria, não havia chances de sair dali vivo, Charlie jamais deixaria, mas eu morreria em paz, sabendo que ela estaria a salvo.

Outro soco atingiu meu olho, revidei no estômago, costelas, um chute, um soco na boca. Seus passos vacilaram. Vi a senhora Swan engatinhar porta a fora. Alívio me tomou. Erámos nós dois agora. Matar ou morrer era o que seus olhos me diziam.

— Você acha que pode me vencer, garoto? Acha que pode simplesmente me vencer e deixar elas irem?! — Seu riso gelou minha espinha. — Você está fodidamente enganado.

Ele fez seu movimento, um chute fraco, que não me acertou, mas que o aproximou furtivamente de mim, dando então seu golpe fatal. Charlie tinha um canivete, um que ele usou sem dó, acertando em cheio meu estômago.

Caí no chão, sem emitir um som, sentindo muita dor, observando o sangue se esvair de mim junto com minha vida. Bella tinha que estar a salvo, eu não estaria mais aqui para protegê-la.

— Agora vou atrás daquelas duas. Eu te avisei, garoto, você jamais vencerá.

Eu estive enganado sobre morrer, eu sobrevivi, Bella também, Renée não, o que nos mudou totalmente. Aquela noite havia deixado várias marcas em nós, algumas físicas, outras apenas na nossa memória, o que ouso dizer era ainda pior.

Depois daquela noite, tudo mudou.

***

Isabella dormia tranquilamente em meu quarto, na minha cama, enquanto eu fumava como um louco na janela. Emmett havia ido já fazia algum tempo, e ela tinha se rendido ao sono, se recusando a ir quando ofereci. Não me atrevi a deitar com ela, não ainda, eu não estava pronto e minha mente trabalhando com mil possibilidades.

Inalei a fumaça, sentindo a nicotina penetrar meu corpo, relaxando um pouco a tensão que estava acumulada desde a noite anterior. Se eu fosse sincero comigo mesmo desde que Elizabeth havia morrido, quando tudo realmente mudou.

— Você sabe que essa merda vai te matar, né? — Eu não a tinha ouvido chegar.

Não era algo fácil de acontecer, ser pego de surpresa, mas quando se tratava dela, eu sempre seria surpreendido. Dessa vez a desculpa que dei a mim mesmo pra não ter visto ela foi cansaço, sono. Na realidade apenas estava distraído, pensando em como fazer tudo funcionar.

— No meu leito de morte poderei ter uma enfermeira particular? — Questionei disfarçando as preocupações. — Ou melhor, uma médica?

Ela sorriu da minha provocação. Um sorriso contido mas leve, que aqueceu minhas entranhas.

— Acho que a médica vai preferir que você não vá pro leito de morte por causa do cigarro.

Ela tirou o cigarro da minha boca, colocando no cinzeiro já lotado, então enlaçou minha cintura com a maior naturalidade, como se fizéssemos isso todos os dias por anos.

Pra mim parecia que se encaixava perfeitamente, era o local dos braços dela. Segurei sua cintura com leveza, com medo de machucá-la.

— Uhg, você fede a cigarro. — Ela reclamou.

Não me lembro de ter corado, mas as palavras dela me levaram a sentir ardor nas bochechas e orelhas. Me senti envergonhado. Eu queria ser perfeito pra ela. Me afastei delicadamente e segui em um silêncio constrangedor pro banheiro.

— Droga, Edward! — Ela xingou no meu encalço.

— Tudo bem, gatinha, volte pra cama, eu realmente preciso de um banho.

— Mas...

— Tá tudo bem, Bella. — Dei um beijo em sua testa voltando pro banheiro.

Me lavei com toda a força que tinha, usando todo tipo de coisa pra tirar o fedor do cigarro, demorando mais do que o esperado no banho. Segui enrolado na toalha pro quarto, não estava acostumado com uma mulher ali. A única que já esteve foi Alice, em uma coisa totalmente não sexual, tipo chutar minha bunda bêbada quando descobri sobre o noivado, ou várias ocasiões que precisava de um corretivo.

Bella estava deitada encarando o teto. Era estranho tê-la ali, um estranho bom, um estranho que me fazia sentir completo e feliz como uma criança na manhã de natal. Timidamente segui pro guarda-roupas pegando uma calça de moletom e uma camiseta.

— Como estão seus ferimentos?

— Estou bem, nada que o tempo não cure. — Ela grunhiu.

Me deitei ao lado dela timidamente, ainda era estranho estar com ela em uma cama, nunca tivemos algo assim. Era tentador. Muito tentador, meu lado animal, o Tiger, queria ela como o ar pra respirar, já Edward, aquele Edward que viu a menina de trancinhas crescer, queria apenas apreciar o momento.

Me virei de lado e a observei atentamente, gravando cada detalhe do seu rosto em minha mente, se eu morresse levaria aquela imagem perfeita pro túmulo comigo.

Alguns raios de sol banhando seu rosto, seus cílios grandes, olhos fechados, pequenas sardas em seu rosto, seu pequeno nariz arrebitado, seus lábios vermelhos, e uma serenidade que parecia refletir a minha naquele instante.

Me fazia pensar em nós, em um futuro pra nós, ainda que fôssemos enfrentar a encarnação do demônio na terra, que por ironia do destino era seu pai.

— Ainda ficaremos juntos, não é? Você mudou de ideia? — Sua voz demonstrava insegurança.

Em um momento uma leoa pronta pro ataque, no outro uma jovem insegura. Tão contraditória e tão única. Eu amava isso nela.

— O que? Não! Por que acha isso? — Atropelei as palavras um pouco atormentado com a pergunta dela.

— Você não está me tocando! Você só me olha e olha, e continua olhando!

— O que eu... — Suspirei exasperado. — Tenho medo de te tocar, você ser um sonho e se desfazer na minha frente! É tão estranho te ter perto! Por mais que eu sonhasse com isso jamais imaginei que um dia seria realidade e agora você está aqui e eu fodidamente não sei o que fazer!

Com qualquer outra mulher era tão fácil, era exatamente por ser fácil, com Isabella pelo significado dela em minha vida era tão complicado e difícil, e tudo que eu queria é que fosse fácil.

— É só ser você mesmo, gatinho! Eu te conheço, Edward, todos os seus lados, quer dizer, quase todos. — Suas bochechas coradas me indicaram do que ela falava.

Sexo. Isabella não sabia o que era sexo comigo.

— E você quer saber, baby? — Um sorriso tomou meu rosto, quando seu rosto ficou ainda mais vermelho.

— Sempre. — Meu choque foi engolido pelos seus lábios nos meus. Seu gosto de morango invadindo minha boca, seu cheiro aguçando meus sentidos me deixando inebriado.

Eu sempre tentaria levar ela a borda, sempre tentaria fazer ela se afugentar, mas ela nunca recuava, ela sempre ficava, sempre me enfrentava e me surpreendia.

Abracei a apertado em meus braços, controlando meu desejo, não era o momento, não ainda, não no calor do momento após ela ver um homem morto, não após eu ter sido ameaçado por seu pai e ter o enfrentado. Ficaríamos juntos, mas num momento mais calmo, ou tão calma quanto minha vida poderia ser.

— Estamos juntos agora, Bella, só preciso aprender a como fazer isso, a sermos nós. — Beijei sua testa encarando seus lindos olhos castanhos.

— Vai ser difícil, não é?

Eu não sabia como responder, não fazia ideia de como iria ser.

— Bella, é tudo tão complicado! Você está noiva do Tyler, tem o seu pai e tantas coisas e eu sou o Tiger! — Sua mão tapou minha boca, me impedindo de continuar.

— Você é o Edward, meu Edward, e eu sou sua Bella e faremos dar certo.

Sim faríamos dar certo.

— Não podemos assumir nada agora.

Doeu dizer isso pra ela. Doeu pra ela ouvir. Era um mal necessário e precisava que ela entendesse.

— Bella, você está noiva. — E tinha seu pai, mas não queria preocupá-la ainda mais.

Seu rosto ficou lívido ao pensar nas implicações. Sim, ela entendia, sabia que era complicado.

— Eu não quero você com outra mulher, não quero você com Hannah, mas estou noiva de outro. Que grande merda, Edward!

Ela levantou andando pelo pequeno quarto, vermelha, mas de raiva.

— Eu sou apenas seu, baby, apenas seu, e Hannah. — Fiz uma careta. — Hannah é só uma amiga, ela na verdade mandou eu ir atrás de você uns dias atrás.

Ela parou de andar, surpreendida.

— Você e ela nunca... — Ela não acabou a frase.

— Sim, Bella, nós transamos, fodemos tantas vezes que perdi as contas, Hannah me entende de um jeito diferente, ela é como eu, mas ela me mandou ir atrás de você. Não tem romance conosco, é apenas alívio e compreensão.

Agora era eu que andava de um lado pro outro no quarto. Era difícil explicar pra ela o que Hannah representava pra mim e o que tínhamos, mas sabia que não podia abandoná-la. Ela só tinha a mim, era meu nome que a protegia de ser tratada como tantas outras prostitutas eram. Hannah sabia o que era estar na lama, o que era ser nada e querer tudo, ela entendia. Mas Bella não.

— Entendo. — Seu rosto estava caído.

— Linda, eu sou só seu, apenas seu, juro não tocar outra mulher. Estamos juntos agora, mas não me peça pra abandonar os meus.

Eu não tinha quase ninguém, na verdade apenas duas pessoas, Alice e Hannah, e agora Bella, mas antes eram apenas as duas mulheres, as duas que não me temiam, as duas que cuidavam de mim, as duas que se preocupavam, eu não as deixaria, nunca, Bella não podia me pedir aquilo.

— Tudo bem, Edward, tudo bem. — Ela não estava feliz com aquilo. — Evitarei que Tiger me toque também.

Rosnei enciumado, nenhum homem deveria tocá-la, apenas eu. Avancei sobre ela jogando a sobre o meu ombro e depois na cama e ficando por cima dela. Seu sorriso era de orelha a orelha. Ela gostava de ser minha. Minha mulher sapeca. Minha gatinha.

Beijei o lóbulo da sua orelha e mordi.

— Minha!

— Apenas sua, homem das cavernas.

A beijei novamente aproveitando do meu direito recém conquistado. Ela acabou o beijo antes do que eu gostaria.

— Então agora somos namorados?

Ri da sua pose de menina.

— Sim, agora somos namorados.

A satisfação de pensar aquilo fez borboletas em meu estômago. Minha namorada.

— Vem, temos que ir na Rosalie. — Ela levantou da cama, e puxou minha mão.

— Por que? — Não estava nada feliz em furar minha bolha de felicidade.

— Vamos contar pra ela, precisamos dela e do Emmett pra nos acobertar. Tudo muda a partir de agora, gatinho. — Ela ainda tentava me tirar da cama.

— Não confio no Emmett. — Minha voz saiu mais sombria do que eu esperava.

— Mas eu confio, ele já me deu provas de que posso confiar nele. E você confia em mim, certo?

Eu confiava nela, mas sabia que ela era inocente demais pra essas coisas, mas que alternativa eu tinha? Precisávamos de pessoas pra nos ajudar.

Tudo tinha mudado. Eu não era mais um tigre sozinho, tinha uma companheira, duas amigas, e ao que parece dois cúmplices. É, muito tinha mudado.


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Notas finais do capítulo

Olá vocês, quanto tempo! Bom estar de volta.
Primeiro antes que eu esqueça, obrigada Kawanne Carrera por betar pra mim (Love U)!
Vamos as minhas considerações:
1- Desculpem a demora, foi realmente difícil o capítulo sair, acho que nunca fiquei tão travada pra escrever AM como nesse capítulo.
2- Tenham paciência comigo, os capítulos podem começar a demorar devido ao meu tempo que está bem curto, e estou tentando estudar pra um concurso (enfase no tentar) e ter uma vida social no meio disso, fora o trabalho que anda me desgastando muito, e problemas familiares.
3- Possivelmente os capítulos irão ser menores do que estavam sendo, antes estava na média de 4k. O de hoje mesmo foi bem menor porque fico ansiosa pra postar, me sentindo culpada por fazer vocês esperarem, mas farei o meu máximo.
4- Irei responder todos os comentários, leio e amo cada um deles, mas o tempo como dito acima, é realmente bem curto, mas não deixem de comentar.
5- (Agora é coisa boa) Escrevi uma one bem diferente de Arena Mortal, eu particularmente amei, se quiserem dar uma conferida segue o link: https://fanfiction.com.br/historia/758951/Chapeuzinho_Vermelho/
Por hoje é só!
Beijinhos!
Até breve.
06.05.2018



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