Arena Mortal escrita por Nyna Mota


Capítulo 6
Capítulo 5 - Soltando os Grilhões


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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— Edward, pegue o livro de receitas, por favor. – A senhora Sue pediu no momento em que eu passava pela cozinha.
Livros de receitas eram aqueles com desenhos de comida ela havia me explicado, mas tinha tantos! Cocei minha cabeça confuso.
— Qual deles? – Ela olhou-me atenciosa como sempre.
— O para massas e bolos.
Inferno! Qual seria esse? Tinha um com carne, um com macarrão, um com sorvetes.
Me senti ficar vermelho. Virei pra perguntar a ela novamente, mas tanto Isabella quanto a senhora Swan me observavam, peguei todos coloquei na mesa e sai em disparada porta a fora.
Eu não sabia ler, mal assinava meu nome. Era um fodido na vida que não tinha nada, não era ninguém, e todos sabiam disso.
— Você não sabe ler?
Me virei assustado pra menina que havia me seguido sem que eu percebesse. Balancei a cabeça constrangido. Isabella era tão inteligente e bonita e meiga, e eu me sentia tão pequeno perto dela. Ela brilhava, tinha uma luz ao seu redor, ou assim eu imaginava.
— Tudo bem, eu vou te ensinar. Sempre gostei de brincar de professora mesmo. – Ela não me deu chances para recusar e deu de ombros como se não fosse nada.
Ela me ensinaria, eu aprenderia a ler e escrever e não seria burro, eu poderia ser alguém e mostraria a todos que riram de mim que eu sabia ler. Mostraria a Trevor que eu não era burro como ele sempre dizia.
Senti meus olhos marejados de emoção, porra eu aprenderia a ler, ler como minha mãe lia pra mim à noite quando eu era pequeno. As contive com muito custo, eu tinha que me conter perto da linda menina que me olhava com o sorriso mais doce jamais visto, que jamais iria merecer.
A partir daquele dia, quando Charlie não estava em casa o que era algo constante, Isabella me ensinava a ler e escrever. Era incrível aprender e não só isso, os momentos com ela. Ela era paciente e boa.
Eu vivia por aqueles sorrisos, por aqueles momentos de aprovação. O esforço a noite no meu quartinho escuro pra treinar, tudo valia a pena pela empolgação dela a me ver aprendendo.
— Isso Edward! Você é incrível, aprende tão rápido! – Ela tinha jogado seus braços enlaçando meu pescoço em um abraço.
Ela era tão cheirosa, seu cheiro bateu em cheio na minha virilha, me afastei envergonhado, Isabella não poderia sentir aquilo, meus sonhos mais sórdidos com a pequena morena.
— Crianças, venham comer. – A senhora Swan nos chamou, como fazia todos os dias no fim de cada aula ministrada por sua filha.
Deixei Isabella ir na frente enquanto acalmava meu corpo que estava todo em alerta por ela.
O lanche que a senhora Sue fez consistia em um sanduíche, e suco de laranja natural, enquanto comíamos as duas senhoras conversavam conosco, se inteirando dos meus avanços nos estudos.
Elas vibravam por cada conquista, como uma mãe por seu filho. Mas as vezes eu notava um brilho triste no olhar da Senhora Renée, eu sabia o que era, ela já havia dito, se ela pudesse eu iria pra escola como um adolescente comum, mas as circunstâncias eram diferentes pra mim.
Ficamos bastante tempo ali, apenas conversando, o filho da Senhora Sue estava trabalhando em um mercado após a escola, e ela esperava por ele, quando percebemos que já era noite.
— Está uma linda noite hoje. – Sussurrou a Senhora Sue, com um tom saudoso em sua voz.
— Sim, a lua está esplêndida esta noite.
As duas seguiram para o jardim, comigo e Isabella as acompanhando.
Estava fresco, e a lua linda como elas haviam dito, mas nada se comparava ao esplendor da garota do meu lado.
Sentamos na beira da piscina enquanto conversávamos.
— Edward? – Ela chamou minha atenção. – Eu tenho um presente pra você. Espere aqui.
Ela saiu em disparada enquanto eu esperava, imaginando o que ela poderia me dar. Eu queria um beijo, seus belos lábios vermelhos como morangos nos meus, seu corpo de encontro ao meu.
Pare Edward!
Me repreendi. Não era isso, não poderia ser isso.
Ela voltou com um livro em suas mãos.
— Aqui. – Disse me estendendo o livro.
Até ouvir um sim¹. A capa era preto e branca, tinha um altar na praia, com a sombra de um casal que parecia realmente estarem apaixonados. Era uma capa linda, acariciei com devoção, era algo dela.
A olhei curioso, eu não era muito de falar, e ela parecia não se importar, sempre preenchendo os silêncios ou apenas estando lá.
— Eu amo esse livro, ele mostra um pouco sobre persistência, momento e pessoas certas, espero que você goste.
Seu rosto estava vermelho, corada, ainda mais linda.
— Obrigada. Vou começar hoje mesmo.
— Se sentir dificuldades pode me procurar.
Sorri pra ela, eu tinha amado o livro. Era um sonho poder ler. Um sonho que Isabella realizou. Guardei o livro e voltei pra onde estávamos. Sentamos na beira da piscina e apreciamos o luar.
Seu riso era contagiante. Ela falava da escola, de suas aventuras, dos professores, e do quanto sentia falta da liberdade já que era o tempo todo monitorada por Charlie, que sempre tinha um capanga com ela.
— As vezes eu queria só pegar o carro e dirigir sem direção! – Ela exclamou frustrada.
Toquei sua mão em compreensão fazendo surgir um sorriso doce.
— Eu não sei dirigir.
Ela me olhou chocada.
— Como não?! – Ela exclamou a voz uma oitava mais alto do que o normal.
— Eu não sabia sequer ler Bella, não poderia dirigir. – Dei de ombros, não me importando muito.
Seu olhar mudou de chocado para determinado, e ali naquele instante eu percebi que era apaixonado por aquela garota determinada e incrível, que não se importava com sua posição social ao ajudar um órfão abrigado por sua família e explorado por seu pai, que lutava por aquilo que acreditava, que lutava por mim.
— Eu vou te ensinar. Separe uma hora do seu dia pra mim e logo você será o melhor, Vin Diesel que se prepare. – Ela parecia realmente empolgada com a ideia de me ensinar algo mais, de estar comigo talvez.
— Obrigada Bella! – Levei a mão que segurava aos meus lábios dando um suave beijo, enquanto observava aqueles olhos verdes, as sardas fofas que a deixavam tão meiga.
Seu rosto corado, a bela lua iluminando seu rosto fazendo parecer que ela não era desse mundo.
Não importava o que fizessem, toda minha devoção era dela e para ela, por quanto tempo eu respirasse eu pertenceria à ela.
O clima que antes era leve se tornou tenso, tenso por algo não compartilhado. Eu via em seus olhos a mesma intensidade que tinha em mim, mas que eu trancafiada a sete chaves.
Talvez, por um milagre divino, Bella também sentisse por mim o que eu sentia por ela.
— Bella eu…
— Ora ora o que temos aqui? – A voz de Charlie nos interrompeu fazendo meu coração gelar.
Agora não, lamueriei internamente.
Soltei a mão de Bella que olhava apavorada pro pai. Eu entendia seu medo. O Sr. Swan não era dos melhores pais, mas eu assumiria tudo, todos os danos deveriam ser direcionados a mim, ela sairia ilesa.
Levantei e encarei seu olhar.
— Ah garoto você nunca deixa de me surpreender, sua altivez realmente me comove. – Escárnio desfilava em sua voz. – Sua ousadia em estar com minha filha não passará em branco, mas cuido de você amanhã, hoje meu assunto é com aquela ali.
A Senhora Swan estava sendo contida por Liam, que pela primeira demonstrava pesar pela mulher que segurava, algo que jamais tinha visto naquele homem, durante todo o tempo em que me encontrei naquela casa.
O olhar da Senhora não demonstrava medo. Assim como a filha, Reneé Swan era uma mulher forte e corajosa, mas eu sim temia pelo seu destino.
A culpa me assolou.
— Senhor…
— Não Tiger, amanhã meu assunto será você, agora suma da minha frente antes que eu esqueça da lição que quero te ensinar e acabe com a escória que você é antes de servir aos meus propósitos.
                       ***
Eu não consegui tirar meu olhos de Isabella, eu era todo dela, só tinha que assumir isso, e com ela ali, indefesa e assustada me decidi.
Eu lutaria, por ela, por nós, assumiria o risco e as consequências.
— Mas que diabos acaba de acontecer aqui?! – Charlie Swan gritava enfurecido, sem nenhum olhar pra sua filha, sem saber se ela fora atingida, se estava viva ou morta.
— Rose. – A morena murmurou baixinho, apenas pra que eu ouvisse.
Ela estava preocupada com a amiga. Sempre olhando pelo outro, a mesma bondade que habitava o coração de sua mãe, vivia nela.
— Fique abaixada. – Sibilei grosseiro, ainda poderia haver perigo, e o diabos, ninguém iria machuca-la ali, não enquanto eu vivesse.
Levantei antes dela, olhando ao redor procurando perigo, não havia.
Harlan estava ferido, uma bala atingiu sem ombro. Ele sangrava sentado no chão, não lhe dei um segundo olhar, procurando a loira.
Avistei Emmet abaixado, perto dela, observando os arredores, ele a tinha protegido e atirado no homem que nos atacou. Esse estava morto no chão.
Tinha de tirar Isabella de lá antes que ela visse isso, eu não queria que ela visse aquela cena.
Na escola de medicina ela havia tido contato com corpos, mas ali, era um ser humano que acaba de morrer, uma vida tirada, seu coração era bom eu sabia, ela sofreria.
— Oh meu Deus! – Ela resfolegou.
Reprimi um grunhido de insatisfação. Mulher teimosa!
— Isabella entre no carro. – Ordenei, enquanto a mesma me encarava. – Inferno! Entre no carro agora, Rosalie também!
As duas obedeceram, me deixando tranquilo por alguns segundos. Olhei o caos em que nos encontrávamos, seria uma longa noite, uma na qual eu não poderia ficar perto da minha gatinha, não poderia dizer a ela que lutaria por nós.
Suspirei resignado, ainda olhando com atenção, a espera de um novo ataque.
Ignorei de propósito o olhar de Charlie sobre mim, sentia sua fúria, eu sabia o motivo, mas depois eu lidaria com isso, naquele instante, o que me importava era manter as duas mulheres que estavam dentro do carro seguras.
Os policiais chegaram, junto com uma ambulância para Harlan, Emmett se aproximou, seu braço estava ferido, um tiro o tinha acertado de raspão.
Ele viu pra onde eu olhava e deu de ombros.
— Ia pegar em Rosalie.
— Obrigada por isso. – Senti que tinha que agradecer. Eu não a queria machucada, não apenas por ser amiga de Isabella, mas por querer protege la, o que era estranho e não admitiria jamais em voz alta. Mas ela sempre esteve lá por Bella, desde que me lembro.
Intimamente também agradeci o fato dele ter sido o autor do disparo que matou o atirador, eu não queria que Isabella tivesse ainda mais essa lembrança ruim de mim, no meio há tantas.
— Não por isso. – Ele respondeu sem prolongar demais o assunto.
Lado a lado encaramos Charlie dar seu show pra polícia, enquanto olhávamos os arredores, tudo que queria era tirar Isabella de lá, tranca-la no meu pequeno apartamento e deixa-la segura.
— Precisamos colher os depoimentos na delegacia. – Um dos policiais sentenciou acabando com o tumulto.
Uma voz sobressaiu sobre as reclamações dos demais. Era a minha voz.
— Deixe as garotas irem pra casa, elas estão cansadas e assustadas. – Todos olharam pra mim, Charlie me fulminava, mas tudo que eu queria ela era segura, em casa, longe de toda aquela merda.
— É preciso colher os depoimentos delas. – Ele retrucou com um olhar duro em mim, um olhar que não me assustou.
— Amanhã você pode colhê-los, acho que você já tem muito o que lidar hoje. – Eu estava arriscando, brincando com o perigo, mas por ela eu iria pra forca com a droga de um sorriso no rosto.
Após um bufar de irritação, e o tumulto se iniciando de novo ele as liberou.
Fiquei aliviado, as deixaria em segurança e ainda teria tempo de falar com Isabella, poderíamos conversar e quem sabe…
— Emmett leve as e volte. – Charlie Swan determinou cortando meus pensamentos sobre conversar com Isabella.
Eu o odiei com cada fibra do meu ser, e custou cada fio do meu auto controle pra não ir pra cima dele por me tirar aquilo, me tirar ela, de novo.
Toda a minha ira contida foi sentida por Emmmett que deu um passo pra lá e se afastou sem me olhar. Eu imaginava a imagem que estava refletida no vidro escuro do carro, mãos em punho, olhos injetados de ódio, mandíbula travada.
Eu não a vi partir, os vidros escuros não me permitiram nenhum vislumbre, nada.
Harlan já havia sido levado pro hospital, e os demais seguiram pra delegacia pra terem colhidos seus depoimentos.
Duas horas depois Emmett apareceu na delegacia, seu ferimento agora tratado.
Teria sido ela? Ela o havia tocado como o fez em mim? Ela teria dispensado a ele o mesmo tratamento? A mesma delicadeza?
Engoli o rosnado que crescia em meu peito, e contra toda a minha esperança Emmett sentou ao meu lado.
— Ela está bem, não se machucou.
Assenti, agradecido pela informação mais ainda enfurecido de ciúmes. Olhei novamente o curativo irritado.
— Rosalie o fez, ela queria agradecer por eu a ter salvo.
Exalei alto, soltando de meus pulmões o ar que eu prendi sem perceber. Eu era um tolo, e Isabella ficaria enfurecida se soubesse que senti ciúme de Emmett.
Eu estive evitando Charlie, estando do lado contrário à ele durante todo o tempo na delegacia, mas era impossível não notar que ele me encarou por todo o tempo, até mesmo enquanto falava com seu advogado.
Já quase amanhecendo ele foi chamado à depor, ao que parece deixaram as principais testemunhas pro final, eu era uma delas, eu vi a porra toda acontecer.
Meia hora mais tarde chamaram Emmett, que saiu dando um tapinha em minhas costas.
Eu não entendia porque ele se aproximava, eu não entendia ele, e ainda não confiava nele, mas era grato à ele por duas coisas: Salvar Rosalie e me falar da Bella, mesmo sem eu pedir.
— Edward Masen. – Enfim fui chamado, o dia estava amanhecendo do lado de fora da janela.
A sala do delegado era pequena, com amontoados de papel por todos os cantos, uma homem gorducho e baixo me esperava, o delegado.
Sentei esperando ele começar.
— Qual seu nome completo?
— Edward Masen. – Um brilho de entendimento brilhou nos os olhos dele. Mais um que havia sido amante de minha mãe.
Não era raro pra mim encontra-los. Havia rumores de que Elizabeth havia sido uma belíssima mulher, e uma das prostitutas mais requisitadas de toda Detroit.
— O que estava fazendo parado em frente a festa da Swan Holding?
Era uma pergunta óbvia que cortava toda minha linha de pensamento sobre Elizabeth.
Eu era o filho de uma prostituta conhecida por todos, sem estudos, em um baile de gala, era de se estranhar. Por mais de meia hora expliquei os fatos, que eu trabalhava para os Swan, que vi o atirador, que me joguei na frente dela, que a protegi com meu corpo.
Ele extraiu de mim cada detalhe que pode, meu corpo estava cansado, minha mente cansada, mas ainda sim eu ansiava por ela, precisava dela, como a porra de um viciado em abstinência, mas nesse caso, eu ansiava pela overdose.
— Por ora é só Masen, qualquer coisa o chamaremos novamente.
Sai da delegacia ansiando por encontra-la, toca-la, saber que ela estava bem, mas fui impedido.
Ao pisar o pé fora da delegacia me deparei com Liam e dois capangas desconhecidos por mim. Eram novos ou apenas contratados para algo. Um frio de antecipação trespassou meu corpo, eles estavam ali por mim.
Entrei no carro me preparando para o que viesse, fomos pra um dos galpões da Swan, um longe da Arena, longe de Detroit alguns quilômetros.
Todos desceram em um silêncio tenso, observei os arredores. Era distante da civilização, pouca ou nenhuma movimentação.
O galpão parecia pouco usado, eu já o tinha visto antes, em algumas entregas de drogas e armas, não tinha nada por perto, esse galpão assim como os demais tinha um padrão. Duas portas, era um suposto depósito de máquinas, mas só fachada. As máquinas ali guardadas nunca eram usadas ou trocadas.
A porta se abriu e Charlie Swan enfim apareceu, vestido em um terno bem cortado, nem parecia que passou boa parte da madrugada na delegacia. Poder e perigo emanavam de seus poros, mas o que impressionava era o olhar, frio como gelo.
— Ora, vamos entrar. – Seu tom era cortês, o que era completamente oposto a imagem que ele passava, tanto pra mim quanto pros outros homens.
Dei o primeiro passo adentrando o galpão empoeirado, com caixas minuciosamente organizadas, estava claro lá dentro, seu show seria com luzes dessa vez.
Liam se posicionou na porta que havíamos acabado de entrar, a mão dentro do paletó, o filho da puta estava armado é claro. Os dois capangas tensos, próximos à mim, mas não tão próximos, e Charlie no centro de tudo, bloqueando o caminho para a outra porta.
Um sorriso de escárnio veio aos meus lábios. Eu estava cansado de toda aquela merda e de tudo que Charlie Swan significava.
Pro inferno com tudo, eu só queria chegar até ela, mas pra isso eu precisava ficar vivo e meu temperamento não estava ajudando.
— Porque o sorriso Tiger?
Ele estava irritado. Ele esperava um homem com medo e submisso, mas não dessa vez.
— Porque eu já conheço seu show Charlie. – Me atrevi a responder.
— Conhece é!? Então porque não fez a porra do seu papel ontem?!
Ele estava com medo. Apostava que estava aterrorizado. Charlie Swan tinha medo da morte, e ontem ela bateu em sua porta sem nenhum aviso prévio.
— Eu fiz o meu papel. – Controlei meu tom de voz, usando toda a frieza que tinha e evitando demonstrar toda a fúria que guardava dentro de mim.
Eu tinha feito meu papel, tinha usado meu corpo de escudo pelo dela, tinha protegido ela.
— Seu papel é proteger as minhas costas! – Ele rugiu.
— Desde que me entendo por gente meu papel foi cuidar e proteger os Swan, Isabella é uma Swan, eu a protegi.
Ele era um fodido filho da puta que não se importava com a filha, apenas consigo mesmo.
— Não me tome por tolo Tiger, eu sei dos seus sentimentos por ela, mas você não fez o que devia, é a mim que você deve lealdade, eu te salvei! É a mim que você tem que proteger.
— Você não sabe porra nenhuma! – Rugi quase perdendo o controle.
Enquanto discutíamos me aproximei dos homens, uma cotovelada, um chute.
Bando de idiotas despreparados.
Em dois minutos eu os tinha desarmados e com suas próprias armas apontadas pra suas cabeças. O Swan estava branco, eu tinha as cartas agora.
— Não me diga o que fazer ou quem proteger Charlie. Eu sei toda essa merda, eu sei quem eu sou. Não brinque comigo ou tente me ameaçar, ao contrário de você eu não tenho o que perder.
Eles eram mais, mas eu era melhor, eu não tinha medo. E eles não podiam saber sobre ela.
Exceto por ela, nada me atingia. Só tinha ela pra perder, mas ninguém podia saber disso, muito menos Charlie, ou ele usaria isso pra me controlar.
Assim como previsto Liam apareceu, o estampido da armada sendo engatilhada era o aviso que eu precisava.
Abaixei as armas e dei um sorriso cínico, um que mascarava todo meu ódio.
— Eu sei meu papel Swan, e eu o fiz, afinal estão todos vivos, inclusive sua filhinha.
Joguei as armas no chão, esperei represálias que não vieram.
— Você aprendeu bem demais a lição garoto. Muito melhor do que eu esperava. – Seu olhar sobre mim tentava identificar tudo que havia por trás de cada uma das minhas atitudes e reações.
Dizer que não senti medo seria mentira, agora que tinha soltado os grilhões eu queria viver com ela, não queria mais perder tempo, ou oportunidades. Não medo de morrer, mas medo de não viver.
— Vamos sair logo daqui. – Sua sentença foi dada, com o olhar ainda em mim, frio, duro, com suspeitas.
Seguimos pra fora, em direção ao carro que nos trouxe.
— Ah, você não Tiger, você fica.
Vingança.
Ele estava se vingando de mim, me deixando na porra de um galpão longe da cidade.
Era uma armadilha. Não havia nada no caminho, mas sentia o cheiro do perigo, havia algo lá, que eu enfrentaria sozinho e sem saber o que era. Eu conhecia Charlie Swan o suficiente pra saber que o homem não gostava de perder e saber seu modos operandi.
Pro inferno!
Os encarei ir embora e fiquei, sem ter pra quem ligar. Eu não poderia envolver as garotas nisso. Nenhuma delas. Era arriscado demais. Fiquei horas olhando o sol, mostrando a passagem de tempo.
Eu tinha sede, fome e sono. Tinha uma arma e um celular com o número de duas mulheres com quem sabia que podia contar mas que não queria envolver, mas elas eram teimosas demais, e sempre se metiam aonde não deviam.
Atendi a chamada de Alice com pesar, eu sabia que ela viria em meu socorro, e ali eu poderia estar lhe dando uma sentença de morte.
— Onde você está?
— Sempre tão educada Alice! – Debochei.
— Diabos Tiger, você está desaparecido desde ontem. Sue e eu estamos preocupadas.
Não havia como contar à ela. Sue...depois de tudo.
Suspirei puxando meus cabelos.
— Estou resolvendo umas coisas, não dá pra falar agora.
— Pro inferno que não dá! Me diz logo onde você está? Estou indo pro seu apartamento te encontrar.
— Alice, não, espera.
— Estou ouvindo Tiger.
— Tive um pequeno problema, e estou sem condução em um dos galpões da Swan.
— Em qual deles?
Ouvi o barulho de chaves, eu sabia que ela estava à caminho. Minha cavalaria era uma mulher de um metro e meio de altura, mas mais forte e feroz que muitos homens que conheci.
Quarenta minutos após o telefonema Alice chegou. Foi um dos momentos mais longos da minha vida. Eu estava louco de preocupado, se tivesse algo no caminho, ou se acontecesse algo á ela. Eu jamais me perdoaria.
Entrei no banco do carona. Ela não disse nada, ela esperou que eu o fizesse. A contra gosto narrei todos os acontecimentos da noite passada até o momento em que ela me ligou.
Notei suas mãos apertando com força o volante quando falei do tiroteio, uma freiada brusca quando ela soube do momento no galpão. Ela sempre seria protetora comigo, mesmo eu sendo um homem quase meio metro maior que ela.
Depois tudo ficou em silêncio, apenas o som dos pneus no asfalto e nossas respirações.
Ela estacionou próximo a entrada que dava pro apartamento.
— O que você pretende agora Edward?
Enfim a olhei.
— Não sei! Pela primeira vez só não sei, mas preciso ter ela Alice. Preciso viver isso, ou vou morrer sufocado.
Ela assentiu.
— Então você já sabe o que fazer. – Ela suspirou, – Não vai ser fácil, mas é o certo a se fazer. Agora vá!
Desci e subi pro apartamento, exausto da longa noite que ainda não havia terminado.
Eu trocaria todas as horas de sono que eu teria por um par de horas com ela em meus braços.
Adentrei o apartamento e lá estava ela, enrolada em minha coberta, no meu sofá, o rosto manchado de lágrimas, e um Emmet sentado numa cadeira próxima.
— Eu falei que ele estava bem.
Eu não sabia como eles haviam entrado ali, não sabia sabia o motivo dela estar ali, mas o importante é que segundos depois ela estava em meus braços, com suas pernas rodeando minha cintura.
Enfim eu estava em casa.
Todos sabiam do meu amor por Isabella, todos sabiam que tinha algo no ar, mas nenhum deles sabiam que eu havia acabado de me entregar. Nenhum deles sabia até que ponto eu iria.
Todos eles sabiam quem era o Tiger, mas só agora, por ela, eles veriam do que eu era capaz.
Todos eles achavam que sabiam das coisas, mas no fim ninguém sabia de nada.

Todos achavam que poderiam me controlar, mas só agora os jogos iriam começar de verdade, agora tinha algo mais em jogo.


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Notas finais do capítulo

Oi! Há quanto tempo! Desculpem o sumiço, tive meus motivos!
Antes que eu esqueça, Até Ouvir Um Sim é uma Fic da Chloe Less, todos os direitos são dela, aqui é apenas uma citação. Super recomendo, é maravilhosa ela! Segue o link: https://fanfiction.com.br/historia/744548/Ate_Ouvir_Um_Sim/
Agora vamos falar do gatinho?! Ansiosa pra ver o desenrolar disso! E as mulheres que rondam a vida dele! Super amo Alice e Hannah!
Eu amo cada um dos comentários, faz meu coração ficar super feliz! Falta 3 pra completar 100. Pensa na alegria de uma autora!!
Enfim...
Kaw me perdoa amore, sou Dory, e super amei a recomendação! Você é fo$@!!!
Obrigada por estarem aqui!
Até breve.
Beijinhos
28.03.2018



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