Arena Mortal escrita por Nyna Mota


Capítulo 5
Capítulo 4 - Sobre Perder


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Não era minha primeira vez na Arena, mas tinha algo de diferente naquele dia, algo no ar, um perigo, algo eminente, algo vindo. Tinha muitas pessoas reunidas, aquilo já havia se tornado um espetáculo para muitos dos clientes do Charlie, muitos clientes os quais eu havia captado.
Todos os pelos do meu corpo estavam eriçados, Charlie tinha um olhar duro em seu rosto; Liam não estava por perto naquela noite.
— Garoto, essa é uma luta muito importante, não perca. – Meu oponente era desconhecido pra mim, mas um conhecido de Charlie.
Loiro, olhos azuis, sorriso cínico. Eu não sabia seu nome. Eu não conseguia me concentrar, a noite anterior havia sido agradável. Eu apenas queria rememora-la, revivê-la, torna-la real e tangente, mas eu estava ali.
Queria Isabella e eu novamente, na piscina, a luz do luar. Queria sentir seu cheiro, e ouvir o som de sua risada. Queria novamente sentar ao seu lado e deixar o tempo passar, sem pensar em lutas ou drogas. Queria o sorriso de aprovação da Senhora Swan ao nos ver sentados juntos como adolescentes normais.
Mas eu não era normal, aquele momento de distração gerou consequências. Por hoje e para todo sempre eu teria que ser o Tiger, lutar como Tiger, viver como Tiger, nada mais de comum pra mim.
A prova disso era eu estar sem blusa no meio de uma arena esperando o sinal pra lutar, lutar pra valer, sem medo de morrer.
O loiro de olhos azuis foi pro meio da arena, onde eu já estava, naquele momento Charlie estava lá.
— Pronto pra perder, de novo Charlie? – O moreno rosnou ao meu lado.
— Eu nunca perco Caius, de um jeito ou de outro eu sempre acabo ganhando.
Caius...seu nome me era familiar, mas não sabia de onde.
— Não dessa vez. Seu bichinho não passa de uma criança desnutrida Charlie, você acha que ele pode me vencer. – Seu riso ecoou por todo o recinto. – Você está ficando velho homem, perdeu o tino pro negócio, agora está brincando de casinha com essa criança e sua esposa.
Tensão reverberava no espaço que antes parecia ser grande, mas que agora era diminuto pros dois homens que estavam ali se encarando com ódio. E lá estava eu, no meio de toda aquela tensão, usado por um pra provar que era melhor, e pro outro como mero galo de briga.
Charlie se afastou, indicando que a luta se iniciaria, o apito soou, e ele me acertou.
Dor. Dor do gancho de direita que ele acertou em cheio no queixo, e dor da violenta pancada de quando cai no chão.
Caius – o nome que eu nunca mais esqueceria - não tinha misericórdia. Ainda caído no chão senti sua aproximação, abri os olhos, mesmo caído eu não mostraria medo. E então ele me socou, meu rosto principalmente. Tudo doía, e sangrava, provavelmente estava inchado, mas eu o encarava. Seus frios olhos azuis.
Eu jamais esqueceria. Um dia eu me vingaria.
Cair, mas sempre levantar. O ódio em meus olhos era visível, quase palpável. Eu não consegui me defender, ele era mais forte e mais ágil, em uma coisa ele tinha razão, eu era praticamente uma criança.
Alguns homens o afastaram de mim, mas não sem antes ele chutar uma costela minha. A dor era horrível, mas o ódio que eu sentia era maior.
Me levantei, empurrando aqueles que tentaram me levantar, o olhar de Charlie sobre mim era mortal. Eu seria o alvo de sua fúria, eu havia perdido em sua preciosa Arena Mortal.
— Como eu falei Charlie, uma criança que jamais ganharia de mim.
Pagaram o prêmio a Caius, sob o olhar atento de Charlie, até o mesmo se virar pra mim.
— Vamos garoto, hoje você tem uma nova lição a aprender!
***
Seu corpo quente estava grudado ao meu. Ela estava sentada em meu colo, seu sexo de encontro ao meu, seu rosto deitado em meu ombro enquanto eu acariciava suas costas com uma mão, com a outra eu a apertava de encontro ao meu corpo.
Sim, eu estava excitado, louco por aquela mulher. Minha mulher.
E apesar de todo meu desejo, de toda vontade de me enterrar em sua boceta, eu não faria aquilo.
Sua respiração estava tão calma, Isabella parecia um anjo adormecido, e infelizmente eu tinha de acorda-la. Já estava tarde, ela tinha que ir.
Nosso tempo juntos tinha acabado.
— Ei – Delicadamente fui acordando-a. Não resisti e dei beijos em seu pescoço, fazendo a sorrir e suspirar.
— Oi. – Ela estava corada.
Inferno como ela ficava linda com aquele tom de rosa na pele, aquele brilho no olhar.
— Hora de acordar dorminhoca. Já está tarde.
Ela me ignorou e se espreguiçou, roçando seu sexo quente em cima do meu membro. Segurei sua cintura parando-a. Eu não podia continuar.
Ela bufou e se levantou.
— Estou com fome, vou fazer algo pra comermos. – Disse me ignorando completamente e foi para a cozinha.
Eu fiquei estarrecido na sala, sem saber ia abraça-la ou obrigar ela a ir pra casa.
Já era noite. Ela tinha de ir. Era arriscado.
O barulho na cozinha me tirou do estado estático em que eu estava. Fui pra lá pronto pra leva lá, mas parei assim que a vi.
Seu cabelo antes solto agora preso em um coque mal feito, ela tinha uma colher de pau na mão enquanto mexia algo em uma panela.
Meu coração se apertou. Era a cena mais bonita que eu já tinha visto, Isabella cozinhando em minha pequena cozinha. Tão á vontade, tão simples, mas tudo que eu não podia ter, e tudo que eu mais queria: ela em minha vida.
— Vai ficar aí me olhando ou vai vir me ajudar?
Impertinente. Dona de si e de mim. Eu faria o que ela quisesse.
— Como a senhorita quiser Madame. – Sorri lhe fazendo uma reverência.
Só pelo seu sorriso em resposta eu havia ganho o dia, o mês, o ano.
Seus sorrisos ali naquele ambiente simples eram tão diferentes dos que ela usava no cotidiano. Isabella dentro daquele apartamento estava leve, seu sorriso tranquilo, daqueles que faziam os olhos brilhar, daqueles que faziam meu coração acelerar.
— O que precisa que eu faça? – Questionei me aproximando, tomando cuidado para não a tocar.
— Pegue o macarrão e corte alguns tomates pra complementar o molho. – Ela mandou mordendo o lábio inferior no processo.
Sexy como o inferno.
Em poucos minutos a comida estava pronta. Macarrão a bolonhesa e salada. Simples mas delicioso.
Sentamos em minha mesa de jantar quase nunca utilizada. Ela sorria. Sempre sorrindo. Sempre me destruindo com aqueles sorrisos.
Como eu queria aquilo todos os dias. Queria tê-la em casa me esperando pra jantar após o trabalho. Queria beija lá enquanto lavávamos a louça. Queria brigar e transar com ela enlouquecidamente pra fazer as pazes. Queria Isabella em minha vida.
— Você pensa demais Edward. – Ela quebrou o silêncio e minha linha de pensamentos com sua voz doce.
— Como? – Perguntei confuso.
— Você é fácil de ler. Está aí sofrendo, achando motivos pra me mandar embora, pra não ficarmos juntos. – Ela parou me encarando. – Você não vai me mandar embora da sua vida depois de hoje!
Mulher teimosa e esperta!
— Não tem nada depois de hoje Isabella. O hoje foi um erro!
— Pro inferno com não houve nada! Pro inferno com ser um erro! – Ela gritou me assustando. – Não foi um erro, não é. E não tente me afastar Edward porque eu não vou sair da sua vida!
Sua pele estava vermelha pela cólera, seu peito subindo e descendo no ritmo de sua respiração arfante. Meu pau endureceu. Sexy. Até furiosa ela era sexy pra caralho.
— Você está noiva. – Pontuei calmamente.
— Um noivado que eu não escolhi! Um noivo que eu não amo!
— Ainda sim noiva Isabella! Você não entende, não podemos ter nada!
— Pare de ser covarde Edward, viva! Eu quero viver isso com você! Eu nunca mandei em nada na minha vida, ao menos isso…
Sua voz morreu antes do fim da frase enquanto eu a empurrava contra a parede mais próxima.
— O que você quer de mim porra?! – Gritei com ela. – Você sabe…
— Eu quero você! Sempre quis você! Sei que tem consequências, mas eu quero enfrenta-las. Por você! Com você!
Apoiei minha cabeça na parede exasperado.
— Não me tira da sua vida Edward, eu quero estar com você e que se danem as consequências, desde eu possa viver o hoje, amanhã eu enfrento tudo.
— Isa...- E ela me beijou me desarmando completamente.
Imprensei a contra a parede, sendo dominado por toda a onda de emoções que ela me causava, todo desejo, raiva e medo misturados em um só beijo.
Saudade de algo nunca vivido.
Dor pelo medo do futuro.
Ansiedade pra viver aquele momento.
Desejo. Muito desejo.
Paixão reprimida.
Queria fundir meu corpo ao dela. Meu coração ao dela.
Ali estava a comprovação de que ela me queria, mesmo tendo visto o pior de mim, diversas vezes.
Ela correspondia ao que eu sentia, de forma tão profunda que ela arriscaria tudo, até mesmo a ira de Charlie pra ficarmos juntos. Por mim.
— Você me desarma completamente! – Disse de olhos fechados beijando sua testa, seu suspiro foi audível.
Abri os olhos e ela me encarava, acariciou meu maxilar de forma tenra.
— Não me manda embora gatinho! – Seu pedido tinha um tom de teimosia, algo meio que pode tentar mas eu não irei.
— Você não quer ir? – Ela tinha de querer ir, eu não era bom pra ela.
— Não quero. Não vou. Nunca. Não enquanto souber que você sente o mesmo que eu. – Era o que eu queria, mas a sentença dela me assustava, pois sabia que aquilo traria muitas consequências.
Ainda nos olhamos por algum tempo, até notar seu olhar cansado. Mesmo após ter dormido um pouco no meu colo ela ainda estava exausta. Quebrei nosso contato visual.
— Está tarde, melhor te levar logo. – Não a olhei, ela sabia me ler muito bem. Ela saberia assim que me olhasse que apesar de ter cedido hoje, amanhã tentaria contornar a situação, tentaria afastar o mau que eu representava dela.
— Não volto pra casa hoje Edward. Hoje irei dormir aqui. – Dito isso, saiu em direção ao meu banheiro.
Quantas vezes em um dia aquela mulher iria me surpreender?! Minha surpresa foi tanta que demorei para segui-la.
— Bella, você não pode dormir aqui! – Falei alto pra porta do banheiro.
O chuveiro não estava ligado, então ela ainda deveria estar se despindo.
Primeiro o jeans, deixando suas belas pernas à mostra. Sua doce boceta coberta apenas por uma minúscula calcinha preta. Então a blusa, deixando seus belos seios expostos pra mim. Salivei, louco pra prova-los.
Porra! Isabella era gostosa pra caralho e eu precisava muito dela. Meu pau implorava por ela.
Controle-se Tiger. Eu não podia deixar minha mente traiçoeira me dominar.
Sai de lá quando ouvi o barulho do chuveiro ligando, imaginar ela nua e molhada não estava me ajudando.
Arrumei a bagunça do jantar enquanto esperava ela sair do banheiro, tentando ocupar minha mente e minhas mãos para evitar arrombar aquela por e toma-la pra mim.
Ouvi passos e me virei, pronto pra confronta-la, mas tudo caiu por terra assim que a vi. Se eu achei Isabella sexy em um vestido de festa, nada superava ela usando uma camiseta minha. Ela não usava sutiã e Deus me ajude mas eu queria ver se ela usava calcinha também. Dei um passo pra trás, encostando na pia, me sentindo aprisionado ao encanto daquela mulher.
Ela deu um sorriso malicioso e se aproximou mais. O cheiro do sabonete era forte em sua pele, mas eu preferia seu próprio cheiro. Todo o meu corpo estava tenso e atento ao dela.
— Prefiro o cheiro de morangos. – Minha voz estava rouca denotando todo o desejo que eu sentia. Seu sorriso se alargou.
Isabella estava confiante. Inferno estava claro como ela me atingia, como ela me desnorteava.
— Venha gatinho, vamos dormir. – Ela pegou minha mão e saiu me levando pro quarto. Se sentindo dona de tudo aquilo, inclusive dona de mim. E eu era dela, todo dela, tudo que era meu era dela.
Gatinho...era a segunda vez que ela me chamava assim, e perto dela eu era um gatinho manso, que deitava e esperava carinho e atenção por parte de sua dona.
Segui sem contestar, adentramos o quarto que estava escuro, iluminado apenas pela luz que vinha da janela. Evitei olhar pra ela, já bastava meu coração que estava acelerado, o frio na barriga e o desejo ao vê-la ali, no meu quarto, arrumando a nossa cama.
— Você dorme de qual lado da cama? – Eu gargalhei, não sei se de nervoso ou porque realmente foi engraçado a forma como ela falou.
— Não ria de mim Edward! – Ela ralhou com um sorriso no rosto acertando um travesseiro em mim.
Rodeei meus braços em sua cintura a trazendo pra perto.
— Desculpe gatinha. – Pedi piscando um olho pra ela e lhe dando um beijo na ponta do nariz. Seu sorriso aumentou.
— Eu amo sua gargalhada. Você deveria sorrir mais gatinho.
Isabella jogou os braços no meu pescoço, me puxando em um beijo profundo. Eu retribui com a mesma intensidade e apesar de sempre haver o desejo, havia um sentimento de leveza tão gostoso entre nós que nada tinha haver com tesão.
Era apenas ela e eu, na companhia um do outro.
Deitamos ainda nos beijando.
Ficamos de lado nos encarando, olhos nos olhos, acariciei seu rosto delicadamente.
— Você é tão linda! – Disse em voz alta o que sempre guardei pra mim.
Ela não usava maquiagem, mas seus olhos verdes brilhavam como faróis me guiando na escuridão, seus lábios não continham batom, mas tinha um sorriso doce que me desconcertava, algumas pequenas sardas marcavam seu rosto, deixando-a real, seus cabelos escuros estavam esparramados no colchão, com alguns fios em seu rosto, fazendo daquela imagem algo totalmente surreal. Isabella era linda toda produzida. Mas ali, daquela forma tão íntima, ela tinha se tornado esplendida, roubado meu fôlego e se enraizado ainda mais em meu coração.
Ela pegou a mão que eu usava pra acariciar seu rosto, deu um leve beijo e deixou perto de si.
Não denominamos o que sentimos, não era preciso naquele momento. Tudo que bastava era estarmos ali, juntos.
— Se for um sonho, não quero nunca mais acordar. – Ela sussurrou baixinho antes do sono a dominar.
Ainda a admirei por mais uns instantes antes de dormir.
Acordei desnorteado, demorei longos instantes pra rememorar todo o dia anterior e entender o porque Isabella se encontrava adormecida na minha cama.
Meu braço se encontrava possessivamente em sua cintura, enquanto a mesma ressonava tranquila com um pequeno bico em seus lábios.
A camiseta que ela vestira na noite anterior tinha subido, deixando uma cueca minha à vista.
Ela usava minha cueca. Um sorriso tomou meus lábios. Isabella era uma mulher surpreendente.
— Não foi um sonho. – Ela havia acordado e me olhava.
— Bom dia Bela adormecida! – Sorri em resposta.
— Bom dia gatinho. – Ela acariciou meus cabelos bagunçados. – Infelizmente nós temos que ir, preciso ir pra faculdade.
O choque da realidade me tomou. Não éramos um casal que podia ter dormido juntos. Isabella era uma mulher noiva. Eu o capanga do pai dela.
Levantei rapidamente e rumei pro banheiro remoendo a tensa situação. Não deveríamos ter ficado juntos.
— Edward? – A morena bateu na porta do banheiro, não respondi e me apressei.
Sai do banho e ela estava de braços cruzados me esperando, sua expressão séria.
— Precisamos conversar. – Isabella parou em minha frente.
A olhei e suspirei, era muito pra eu processar.
— Depois Bella. Agora se apronte, tem que ir pra aula.
Ela obedeceu, com a expressão surpresa pela minha resignação. Admito que normalmente eu não era a pessoa mais fácil de se convencer.
Não tivemos tempo pro café da manhã, segui com ela direto pra mansão, mas parei algumas quadras antes para que a mesma descesse.
Eu não era mais seu segurança, não havia motivos para que nos vissem juntos. Era um risco, que ela não poderia correr.
Após ver que ela entrou na mansão, sai em disparada para Arena, confuso com tudo que aconteceu. Precisava relaxar.
Tudo estava vazio, protegi minhas mãos com luvas, ou a futura Dra. Swan iria ficar furiosa, ainda que furiosa ela ficasse ainda mais deliciosa, mais sensual, mais dona de si e de mim.
Isabella havia, em poucas horas, impregnado e liberto tudo que com muito custo guardei por anos.
Frustrado com o poder dela sobre mim, sobre a impossibilidade de vivermos aquilo, soquei o saco de areia com toda a minha força, infligi ao objeto inanimado toda a dor que a ausência dela me causava, que a presença dela me causava, pois estar com ela e não poder ter ela causava dor.
Depois de provar seu sabor, de saber que o sentimento não era unilateral, a dificuldade de me manter distante era ainda maior, mas era necessária. Havia coisa demais em jogo.
Eu nunca poderia ter Isabella. Tudo que podia, e que sempre faria – como sempre fiz – seria amá-la e protege-la de longe.
Sentei no chão, suado, cansado. As costelas feridas ainda estavam doloridas, mas melhores que antes. Tudo por conta dela, dos cuidados dela.
Precisava me manter longe. Era fácil demais me perder nela.
Com esse pensamento firme em mente segui em direção ao meu apartamento, peguei tudo que precisaria com o intuito de evitar a endiabrada Dra. Swan.
A primeira noite passei na Arena mesmo, não haveria nada ali.
A segunda passei no carro, em um estacionamento qualquer, evitando voltar pro apartamento. Sequer chegando perto da mansão, sem contato de Charlie que deveria estar ocupado, e, ignorando Alice.
A terceira noite estava ansioso, queria vê-la, saber se estava bem, então perdi o controle e fui a caça.
Fui a boate umas duas noites seguidas, mas ela não estava ali. Na segunda noite fiquei observando à mansão a madrugada toda, da qual ela não saiu. Nem pela manhã para ir pra faculdade. Seu sumiço me apavorava. Se algo tivesse acontecido...
Inferno! Eu precisava acha-la, sempre fui eu quem cuidou dela. E então do nada desapareci.
Me sentindo culpado fiquei observando a faculdade a sua procura. Eu parecia um maníaco, me sentia um maníaco, mas no fundo era apenas um homem apaixonado, correspondido, mas que não podia viver com quem se ama.
Como um imã a vi sair do prédio, de óculos escuros, passos firmes, parecia que ela viria em minha direção, então ela mudou, e entrou no carro com Emmett, com um breve aceno.
Soltei o ar que prendia em meus pulmões. Ela estava bem, mas eu não.
Segui ela e Emmett, que seguiram pra mansão. Passei o dia ali, me sentindo um nada, e como um idiota com aquela atitude ridícula. Antes de escurecer Emmett apareceu.
— Todos estão estranhando sua atitude Tiger. – Ele falava encostado na janela do carro.
— Fodam-se todos. – Cuspi as palavras, indignado comigo mesmo.
— O que você quer a perseguindo? Estou aqui pra proteger a integridade física dela, mas Bella é uma boa garota, eu realmente gosto dela. – Sua falsa despreocupação me irritava. O fato dele chamar ela de Bella me enfureceu.
— Apenas verificando se ela está bem. – Fingi a mesma inocência que ele dando de ombros.
— Você está uma merda Tiger, então foda-se mas não tente mentir. Você gosta dela.
A acusação doeu. Eu não gostava dela. Eu a amava, e era um fodido filho da puta que não sabia mais disfarçar isso.
Um riso estrangulado saiu dos meus lábios.
— Cuide dela Emmett. Eu não confio em você, nem um pouco, mas alguém confia. – Respirei fundo ao ligar o carro. – Cuide dela Emmett, não deixe nada lhe acontecer, ou eu mato você.
Não esperei resposta seguindo pro único lugar que Bella não me acharia.
— Que diabos aconteceu com você Tiger? – Eu devia estar horrível pra ter assustado a poderosa Hannah.
— Isabella! – Rosnei o nome. Me jogando no sofá de sua sala tapando meu rosto com as mãos.
Não era a primeira vez que eu ia ali, já tinha ido pra trepar como apenas pra conversar, e naquele momento só queria um refugio de toda a merda que estava fazendo.
— Tiger...
— Não quero conversar, quero apenas...
— Então vá pra porra do seu apartamento. Se for ficar aqui vai me ouvir sim! – A linda morena parada com as mãos na cintura me encarando me fez explodir.
— Pro inferno você, Isabella e todas as mulheres desse caralho de mundo! Eu estou fodendo tudo! – Ela me olhou e riu!
Ela gargalhou! A filha da mãe sentou e riu de mim. Levantei furioso.
— É bom ver o poderoso Tiger desmontar. Ver os sentimentos por trás de toda essa máscara que você criou.
— Bom é o caralho Hannah! Você não entende, eu e ela a gente quase fodeu...
— Oh foder é bom Tiger!
Fechei a cara.
— A gente quase fodeu tudo ficando juntos. Preciso ficar longe dela, viro massa de modelar naquelas mãos, e é arriscado, mas ficar longe dela está me enlouquecendo como nunca antes.
— Para Tiger! Para de fugir! Pelo que vi da menina ela é forte, destemida e não desiste fácil do que quer.
— E é isso que me enlouquece!
Hannah revirou os olhos. Me ignorou, me deixando andar de um lado pro outro enquanto se arrumava para trabalhar. Respirei fundo tentando controlar tudo dentro de mim.
— Preciso ir agora, quando eu voltar vamos conversar. – Seu olhar sobre mim era mandão. Ela respirou fundo. – E se controle. Você está uma merda, e não é só aparência.
Resmunguei notando o quão mudado eu estava. O quão estranho era ser mandado.
— Se cuide Hannah, se alguém tentar algo que você não queira...
— Não se preocupe tigrão, sei me cuidar! – Dito isso ela saiu.
Achei uma garrafa de Whisky na cozinha e me entregando a fraqueza bebi e fumei, mesmo sabendo que a dona do apartamento odiava que fumasse ali dentro, ainda que a mesma fumasse.
Bebi devagar, rememorando cada momento passado com ela naquela noite, sua pele, seu cheiro, seu gosto.
Consegui evitar o confronto com Hannah por dias, dormindo de dia, e acordando á noite enquanto ela trabalhava, saindo pra não encontrar com. Mas fugir não era uma opção pra sempre.
Charlie estava ocupado com a campanha, não precisando de mim, então não fiz falta. Mas Alice não me deixaria tão fácil assim.
Fui acordado com um balde de água fria.
— Enfim te vejo acordado Tiger! – Hannah e Alice me olhavam.
Ambas não estavam felizes.
— Mas que diabos!
— Mas que diabos digo eu Tiger! O que pensa que está fazendo! Está sumido a dias....
— Não importa Alice. – Cortei o assunto me levantando do sofá molhado.
— Você vai ouvir Tiger, eu avisei que se ficasse aqui ouviria.
— Vocês não são a porra da minha mãe!
— Então não haja como um moleque mimado e sim como o homem que sabemos que é!
Duas mulheres. Só faltava uma pro trio que me infernizava ficar completo. Deus que me ajudasse.
— Qual é Tiger, cadê aquele homem destemido que ia pra Arena, que sobreviveu ao inferno?! – Hannah perguntou.
Alice me analisava.
— As coisas não vão se resolver assim. Ambos sabíamos que chegaria o dia em que você chegaria na encruzilhada que está hoje. – Ela apontou.
— Você agora tem duas opções Tiger. – Hannah pontuou.
— Ou você escolhe ficar com ela, e enfrentar as consequências. Consequências que sabemos bem quais são.
— Ou você escolhe perde-la Tiger. Para sempre, porque isso. – Hannah apontou pra mim. – Isso está acabando com você e com ela.
As duas me olhavam. Eu as odiava por terem razão.
— Você só não pode se esconder, porque esse não é o Tiger.
— Auto piedade não a trará até você, nem te manterá de pé Tiger.
— Então escolha essa porra e viva com as consequências disso. Ah e saia do meu sofá, só volte quando parar de fugir!
Elas estavam certas, elas sempre estavam. Ambas me olhavam, aguardando minha decisão. Era ali, o fim da encruzilhada.
— Eu escolho perde-la. Ela merece mais do que posso oferecer. O preço é alto demais. E não se pode perder, aquilo que não se tem.
Decepção brilhou nos olhos de ambas.
— Você é um idiota Tiger.
— Deixe-o Hannah. A vida tem meios mais eficazes pra ensiná-lo que nós duas.
Sai de lá. Minha vida voltaria aos eixos. No apartamento ignorei as memórias, me preparando pra voltar.
No dia seguinte segui pra mansão, ao entrar vi Emmett saindo, ela estava no carro. Nossos olhares se cruzaram, mas mantive a expressão fria.
O olhar de Sue e de Alice sobre mim era de censura, as ignorei e segui pro escritório.
— Você tem estado sumido garoto. – Charlie tentava ver minha alma.
— Estava resolvendo umas coisas. – Se mantenha indiferente Tiger, retorqui a mim mesmo.
— Espero que esteja tudo certo.
Sem mais delongas me inteirei do que faria, monitoramento de cargas, lidar com a segurança da boate.
Me ocupar evitou que eu pensasse na morena. Evitei encontrar com ela, vê-la. Era melhor assim.
No sábado haveria um evento em que a Swan Holding seria homenageada, Charlie e Isabella iriam. Emmett junto comigo montou o esquema de segurança. Ele, eu, Harlan e mais dois homens de Charlie ficaríamos do lado de fora, aguardando.
O dia do evento chegou. Estava ansioso, veria Bella por mais que alguns instantes. Teria que encará-la, e sabia, não seria fácil.
Fui obrigado devido as circunstâncias a usar um terno, odiava aquela gravata me sufocando. Mesmo com o clima um pouco frio odiava usar aquela roupa. Me sentia fora do meu mundo.
— Preparado Tiger? – Emmett apareceu, também usando um terno.
Assenti sem responder. Traguei o cigarro, sentindo a nicotina penetrar meus pulmões, dando uma pequena sensação de calmaria.
— Ela tem perguntado de você. Me faz passar pela rua de sua casa todos os dias. – Não o encarei.
— Eu não perguntei. – Respondi ríspido sentindo o coração acelerar a simples menção dela.
— Eu sei, mas achei que gostaria de saber. – Ele deu de ombros.
— Porque faz isso? – Questionei o encarando curioso.
— Porque você não é o idiota que quer parecer, você tem algo diferente Tiger, e ela vê algo em você. Como te disse ela é boa, e eu realmente gosto dela. Digamos que estou fazendo por ela. – Ele deu um sorriso e se afastou, seguindo pro carro que dirigiria aquela noite.
Por ela. Ele não gostava dela romanticamente ou não diria essas coisas. Ele era outro que me confundia, não parecia um cara ruim. Mas por diversos motivos eu ainda manteria um olho aberto.
Após uma longa espera, o Chefe e Isabella apareceram, Rosalie estava com eles. A loira usava um vestido longo, vermelho que destacava seu corpo voluptuoso, mas foi a morena que me fez perder o fôlego.
Isabella usava um vestido azul noite, que brilhava, como um céu noturno mas cheio de estrelas, o cabelo preso em um coque, e olhar assustador.
Ela estava irada, comigo. Engoli em seco, e abri a porta pros três entrarem, tentando controlar meu olhar na fenda do vestido de Isabella que mostrava uma parte de suas belas pernas, o que não passou despercebido pelo Swan, que me encarou.
— Acho melhor ir pro seu lugar Tiger, eu fecho a porta.
Era um lembrete de qual era o meu lugar. O chofer, o capanga.
Dirigi com calma, e evitando olhar pras pessoas que ocupavam o banco do passageiro, ou pra Harlan que se mostrava incomodado ao meu lado.
Logo chegamos e Harlan desceu para abrir a porta do carro. Olhei pro lado inverso de onde Isabella estava, não queria vê-la.
Após estacionar o carro, fiquei esperando lá dentro, até o momento em que Charlie contataria para irmos pra entrada do evento os buscar. Evitei pensar o que Isabella faria lá dentro, os olhares que receberia, os sorrisos que distribuiria.
Emmett e Harlan conversavam animadamente sobre um jogo qualquer. Por um instante os invejei, viviam no mesmo mundo que eu, mas ainda sim conseguiam ser normais, apenas eu era estranho.
Ignorei-os e olhei o céu de Detroit, que não estava estrelado, mas que seu tom me lembrava o vestido da estonteante morena.
Horas se passaram de maneira entediante, onde eu ignorava os outros e fumava na tentativa vã de me acalmar. Meu peito estava oprimido, me sentia sufocado.
— Hey Tiger, está na hora. – Emmet chamou.
Liguei o carro e fui em direção a entrada do evento. Como na chegada, não olhei pra entrada, enquanto Harlan descia, e por estar olhando pro lado de lá os vi chegar.
Dois homens, a mão na cintura denunciavam estarem armados.
Não pensei duas vezes, desci e corri em direção a Isabella, a derrubando no chão e protegendo-a com meu corpo.
Escutei um disparo, mas a única coisa a qual conseguia me focar era na morena, de olhos verdes assustados embaixo de mim.
Ali, naquele instante o medo de perdê-la era sufocante.
Deus, se você existe, não deixe nada acontecer à ela.
Implorei em pensamento pra um ser que eu não acreditava que existia. O medo de perdê-la era grande demais.
Com seu corpo colado ao meu, seu coração acelerado, sua respiração arfante e um medo arrasador de perdê-la prometi a mim mesmo, que se passássemos por aquilo ilesos eu lutaria por ela, sem me importar mais nada.
Eu não a queria perder.


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Notas finais do capítulo

Oi meninas (o) e irmãozinho! Kkk
Saudades de aparecer por aqui.
Esse capítulo foi bem difícil de escrever, espero realmente que gostem.
Desculpem os erros de português, enfim. Vejo vocês nos comentários. Beijinhos



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