Quantas voltas escrita por DiHen Gomes


Capítulo 9
9 - Heloísa




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Semana passada nem lembrei, mas esta não vou esquecer. Amanhã é aquele encontro que o Arnaldo me chamou.

Mandei uma solicitação de amizade para o Arnaldo. E quer saber? Ele aceitou! Agora posso ver seus locais, seus amigos, suas fotos… fotos bastante interessantes.

O Arnaldo vive rodeado de meninas, pelo que vejo em suas fotos. O grupo da igreja dele tem tantos sorrisos que parece mentira. Não tem uma única foto no perfil dele em que o pessoal não esteja sorrindo. Isso me dá até raiva. Impossível! E ele, o próprio Arnaldo, deve estar todo feliz por causa dessas meninas com ele. Aposto que ele é o pegador da igreja!

Mas uma coisa é indiscutível: Arnaldo é lindo!

Ah, e o dia que ele me parou na rua, pela primeira vez? Na verdade eu estava mais querendo que ele fosse embora logo, mas depois que cheguei em casa, parecia que aquele momento seria parte da minha história! Rapaz bonito, cheiroso, nos trinques, vem falar comigo assim, do nada, me oferecendo ajuda? Como não gostar de alguém assim, e que ainda se preocupa com você?

*

— Não vou nem perguntar mais pra onde você vai.

Minha mãe já está acostumada com minhas saídas à noite. Mas hoje resolvi sair mais cedo, antes de o sol descer.

— Ah, mãe, vamos? Vem comigo?

Enquanto dou uma ajeitada no meu cabelo (que estava um horror), vejo no espelho minha mãe no corredor, parando à porta do meu quarto. Hoje a ponta de seus cabelos está rosa.

— Mais cedo hoje?

Ela inclina um pouco a cabeça, mas não diz mais nada.

— É, hoje vou num lugar diferente. Lembra, mais ou menos um mês atrás, naquela semana que você machucou a perna? — Termino o penteado e pego um estojinho de maquiagens. — Um rapaz veio no sábado antes me chamar pra um encontro!

— Como assim, senhorita Heloísa Mirnez?

Viro-me de frente para a mãe, com o estojo em mãos.

— Calma aí, mãe. É coisa de igreja.

— HAH! E desde quando você curte igreja?

Volto a olhar o espelho, e embaixo meu celular. Toco sua tela e a dou uma olhadinha no perfil aberto.

— Desde que o Arnaldo esteja nela — sussurro.

Como a mente consegue ligar tantas coisas que parecem não ter ligação? Num instante lembro-me das brigas entre ela e o marido dela, e que, pelo que vi no Facebook, este encontro ajuda casais a se entenderem.

— É mãe, você podia ir com teu marido. É um encontro pra casais mesmo. É uma terapia, na verdade. Eu acho. Deve ser, parece. Vou ver hoje.

— Que… Vai você só, quero nem saber de encontro com ninguém, nem aqui nem na Rússia!

Pelo menos eu vou. Espero que, para mim, seja um encontro!

*

Até gostei da palestra (mesmo depois de tanta enrolação e pedição na primeira hora da reunião). Faz todo o sentido o que o palestrante disse, de se valorizar para então ser valorizada.

Só é uma pena que o próprio rapaz que me convidou não esteve presente. Sem ele me senti tão só. Em seu lugar, vi uns colegas dele. Disseram que o Arnaldo nunca falta, e hoje não sabem porque ele não foi na palestra. Depois me chamaram para um tal de Saiba Dizer Não, com tanto entusiasmo que até me deu vontade de ir. E, já que vai ter ônibus de graça, ah!


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