Luz do banheiro escrita por Maffle


Capítulo 3
15 anos


Notas iniciais do capítulo

Voltei rapidinho.
Boa leitura :)



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— Não tô entendendo por que você tá puto desse jeito.

— Não tô entendendo por que você quer saber, Miguel. Ah, não, você sempre quer saber de tudo.

— Isso é por causa do que aconteceu na piscina? Não vou contar pra ninguém que você tá namorando a Natália.

— Eu não tô namorando a Natália! Ela só me beijou por algum motivo idiota da cabeça dela. E foda-se, não tem nada a ver. Eu vou colocar meu pijama e dormir.

— Cara, se você tirar a roupa desse jeito eu fico com calor.

— Quê?!

— Eu tô brincando, Leandro! Você realmente tá puto.

— Você tá bêbado ou algo assim?

— Você sabe que eu não faço essas coisas. Lembra? Não sou desse mundo.

— Tá, mas agora que você resolveu andar com o Caio, vai saber. Ele fuma uns cinco maços de cigarro por dia.

— Você tá exagerando.

— Ah, é? Posso ir aí cheirar o seu cabelo agora e vai parecer que você é uma chaminé de tanto cheiro de fumaça que vai ter por causa daquele filho da puta. 

— Vem, então.

— Você realmente bebeu. 

— Não! Por que você tá bravo? Ontem a gente até jogou xadrez e você parecia feliz!

— Eu não aguento mais ouvir você falando, Miguel. Cala essa boca. Vou apagar a luz.

— ...

— ...

— Você não apagou a luz do banheiro.

— Achei que você não gostasse do escuro.

— Achei que você estivesse bravo.

— É verdade, eu devia ter desligado tudo pra você se tremer a noite toda. Mas agora tô deitado e não vou sair daqui.

— Obrigado.

— ...

— Se você me dissesse o que aconteceu, eu poderia tentar consertar. Não quero que fique bravo comigo.

— Ai, porra. Tá bom.

— Tá bom?

— Tá. Fiquei bravo porque o Gabriel te chamou de viado.

— Ah. Acho que parei de ligar para o que ele fala.

— Isso é bom.

— Mas por que você ficou bravo comigo?

— Hum.

— Hein?

— Eu fui te defender, mas o Caio apareceu e deu um soco nele. E tal.

— Quê? Como eu não fiquei sabendo disso?

— Sei lá. Você é de outro planeta. Mas aí...

— Aí o quê?

— Eu percebi que o Caio realmente era seu amigo. 

— Não entendi.

— Claro que não entendeu... Miguel, era eu e você contra o mundo e agora não é mais. Tá bom assim? Tudo bem, é parte de passar o verão nessa merda de lugar. Você conhece o Caio. Eu conheço a Natália.

— Achei que você não tivesse nada com a Natália.

— Que importa isso, Miguel? Vou dormir.

— Isso tudo é porque você ficou com ciúmes do Caio? Cê sabe que você e eu somos melhores amigos... do acampamento.

— Só do acampamento, né? Lá na sua casa você tem os seus super amigos do clube de xadrez.

— Claro. Eu nem lembro de você lá.

— É, eu também. Você é completamente irrelevante na minha vida.

— Na minha também.

— Então acabou.

— É.

— Você tá com sono?

— Nenhum.

— É.

— Leandro. Você sabia que já te chamaram de viado também?

— É?

— É. Disseram que você passava tempo demais comigo.

— Hum.

— Isso te incomoda?

— Eu não sei ainda.

— Como assim?

— Incomoda você?

— Hã, não. Ouvi um monte de coisa desses caras por muito tempo e sei quais delas são verdade e quais não são. Não preciso provar nada pra ninguém.

— E qual é?

— O quê?

— Qual é a verdade?

— Sobre o quê?

— Deixa quieto.

— Não, agora eu quero saber.  

— Nada, a gente devia ir dormir. Amanhã é dia de trilha. Acordar cedo. E tal.

— Você quer saber se eu gosto de meninos.

— Não falei nada disso. Miguel, vou dormir.

— Tá tudo bem, a gente é amigo.

— Não, não, não, eu não tenho que me intrometer na sua vida desse jeito. Fui meio idiota agora.

— A verdade é que eu não tenho tanta certeza assim. Nunca beijei um menino pra saber. Aliás, nunca beijei ninguém pra saber. Acho que dificulta um pouco.

— Ninguém?

— Ninguém. Mas acho que quando acontecer vou saber. 

— Certo. Acho que sim também.

— Quantas pessoas você já beijou?

— Algumas. Nem tantas assim. Pra eu ter certeza.

— Certeza de quê?

— Boa noite, Miguel.


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Notas finais do capítulo

Quase no fim. Só mais um capítulo.

Beijossss



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