Luz do banheiro escrita por Maffle
Notas iniciais do capítulo
Voltei rapidinho.
Boa leitura :)
— Não tô entendendo por que você tá puto desse jeito.
— Não tô entendendo por que você quer saber, Miguel. Ah, não, você sempre quer saber de tudo.
— Isso é por causa do que aconteceu na piscina? Não vou contar pra ninguém que você tá namorando a Natália.
— Eu não tô namorando a Natália! Ela só me beijou por algum motivo idiota da cabeça dela. E foda-se, não tem nada a ver. Eu vou colocar meu pijama e dormir.
— Cara, se você tirar a roupa desse jeito eu fico com calor.
— Quê?!
— Eu tô brincando, Leandro! Você realmente tá puto.
— Você tá bêbado ou algo assim?
— Você sabe que eu não faço essas coisas. Lembra? Não sou desse mundo.
— Tá, mas agora que você resolveu andar com o Caio, vai saber. Ele fuma uns cinco maços de cigarro por dia.
— Você tá exagerando.
— Ah, é? Posso ir aí cheirar o seu cabelo agora e vai parecer que você é uma chaminé de tanto cheiro de fumaça que vai ter por causa daquele filho da puta.
— Vem, então.
— Você realmente bebeu.
— Não! Por que você tá bravo? Ontem a gente até jogou xadrez e você parecia feliz!
— Eu não aguento mais ouvir você falando, Miguel. Cala essa boca. Vou apagar a luz.
— ...
— ...
— Você não apagou a luz do banheiro.
— Achei que você não gostasse do escuro.
— Achei que você estivesse bravo.
— É verdade, eu devia ter desligado tudo pra você se tremer a noite toda. Mas agora tô deitado e não vou sair daqui.
— Obrigado.
— ...
— Se você me dissesse o que aconteceu, eu poderia tentar consertar. Não quero que fique bravo comigo.
— Ai, porra. Tá bom.
— Tá bom?
— Tá. Fiquei bravo porque o Gabriel te chamou de viado.
— Ah. Acho que parei de ligar para o que ele fala.
— Isso é bom.
— Mas por que você ficou bravo comigo?
— Hum.
— Hein?
— Eu fui te defender, mas o Caio apareceu e deu um soco nele. E tal.
— Quê? Como eu não fiquei sabendo disso?
— Sei lá. Você é de outro planeta. Mas aí...
— Aí o quê?
— Eu percebi que o Caio realmente era seu amigo.
— Não entendi.
— Claro que não entendeu... Miguel, era eu e você contra o mundo e agora não é mais. Tá bom assim? Tudo bem, é parte de passar o verão nessa merda de lugar. Você conhece o Caio. Eu conheço a Natália.
— Achei que você não tivesse nada com a Natália.
— Que importa isso, Miguel? Vou dormir.
— Isso tudo é porque você ficou com ciúmes do Caio? Cê sabe que você e eu somos melhores amigos... do acampamento.
— Só do acampamento, né? Lá na sua casa você tem os seus super amigos do clube de xadrez.
— Claro. Eu nem lembro de você lá.
— É, eu também. Você é completamente irrelevante na minha vida.
— Na minha também.
— Então acabou.
— É.
— Você tá com sono?
— Nenhum.
— É.
— Leandro. Você sabia que já te chamaram de viado também?
— É?
— É. Disseram que você passava tempo demais comigo.
— Hum.
— Isso te incomoda?
— Eu não sei ainda.
— Como assim?
— Incomoda você?
— Hã, não. Ouvi um monte de coisa desses caras por muito tempo e sei quais delas são verdade e quais não são. Não preciso provar nada pra ninguém.
— E qual é?
— O quê?
— Qual é a verdade?
— Sobre o quê?
— Deixa quieto.
— Não, agora eu quero saber.
— Nada, a gente devia ir dormir. Amanhã é dia de trilha. Acordar cedo. E tal.
— Você quer saber se eu gosto de meninos.
— Não falei nada disso. Miguel, vou dormir.
— Tá tudo bem, a gente é amigo.
— Não, não, não, eu não tenho que me intrometer na sua vida desse jeito. Fui meio idiota agora.
— A verdade é que eu não tenho tanta certeza assim. Nunca beijei um menino pra saber. Aliás, nunca beijei ninguém pra saber. Acho que dificulta um pouco.
— Ninguém?
— Ninguém. Mas acho que quando acontecer vou saber.
— Certo. Acho que sim também.
— Quantas pessoas você já beijou?
— Algumas. Nem tantas assim. Pra eu ter certeza.
— Certeza de quê?
— Boa noite, Miguel.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Quase no fim. Só mais um capítulo.
Beijossss