Clipe musical: "Você é Meu Lar" por Joaquim, Samuca, Téo, Sandy, Janete e Eleanora.

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Eram 19h e o primeiro show da turnê dos Cuecas começava no Rio de Janeiro. As Chiquititas assistiam a uma transmissão ao vivo pela internet; Ian estava nos bastidores, feliz da vida pela grana que estava conseguindo com os ingressos; Davi havia pedido um Uber logo que chegara ao Rio, mas o motorista estava um pouco confuso com o endereço do show e eles estavam rodando a cidade há quase uma hora.

Finalmente, Davi conseguiu chegar ao local. O show já tinha começado há um tempo. Como havia comprado um ingresso pela internet, o homem não teve dificuldade para entrar. A plateia estava lotada e, a princípio, ele não conseguia ver os Cuecas, a não ser pelos telões. Com dificuldade, Davi passava pela multidão de pais e crianças tentando chagar perto de seus meninos, gritando o nome de cada um deles. Por mais que muitos gritassem a mesma coisa, em determinado momento, Joaquim parou de cantar, pois havia ouvido uma voz familiar.

— Davi? — perguntou para si mesmo enquanto procurava o homem. — DAVI! GENTE, É O DAVI! — avisou aos irmãos quando conseguiu avistá-lo.

— DAVI!!! — os outros dois gritaram ao mesmo tempo.

Naquele exato momento, os meninos deixaram o palco e saíram correndo atrás de Davi. Quando o alcançaram, os quatro se abraçaram fortemente. As Chiquititas e todos os outros fãs dos Cuecas que assistiam ao show, pela internet ou não, ficaram boquiabertos. Ian ficou muito chocado, ele realmente não contava com a aparição surpresa de seu ex-colega de trabalho!

Como vocês já devem imaginar, não houve mais show naquela noite. Depois do abraço, os Cuecas contaram a Davi tudo o que o "tio Ian" havia feito com eles. Davi foi tirar satisfação com o homem, mas ele não se importou. Disse que já estava conseguindo dinheiro com a turnê e que não ia parar.

— Se você não parar sozinho, alguém vai parar você. — respondeu Davi.

— Ah é? Quem? Você? — perguntou Ian em um tom debochado e dando uma risadinha.

— Eu não. A polícia! Você sabia que viajar com uma identidade falsa é crime? Isso sem contar com os outros que você já cometeu...

Ian percebeu que estava num beco sem saída. Agora teria que fugir de verdade! Ele até tentou, mas os seguranças  do local o impediram. No fim, Ian permaneceu lá até a polícia aparecer.

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Após o acontecido, Davi alugou um quarto de hotel para ele e os meninos. Os quatro conversaram muito e chegaram à conclusão de que era melhor não continuarem a turnê. Depois de tudo o que Ian fez as crianças passarem, elas estavam cansadas, não aguentavam mais, queriam escapar. Davi, juntamente com a equipe da Dó Ré Music, cancelaria os shows e daria um jeito de devolver todo o dinheiro dos ingressos aos fãs. Os Cuecas, então, só fariam uma turnê quando fossem mais velhos ou, pelo menos, estivessem em férias escolares, pois essa coisa toda foi muito desgastante para eles.

— Eu tava com muita saudade de você, Davi! — disse Téo, abraçando Davi.

— Eu também! — disse Samuca, que juntou-se ao abraço.

— Eu também senti muita saudade de todos vocês, meninos! — todos olharam para Joaquim, mas ele não disse nada.

— O Joaquim também ficou com saudade. — disse Téo.

— É, só que ele é muito "macho" para admitir — complementou Samuca.

— Ah, tá bom! — finalmente, Joaquim se pronunciou. — EU SENTI MUITA SAUDADE DO MEU AMIGO DAVI! Satisfeitos? ME DÁ UM ABRAÇO, DAVI! — E todos começaram a rir.

— Mas, Davi — disse Téo. —, por que você nos comparou com ratos?

— O quê?

— É. — respondeu Joaquim. — o Ian disse que você disse que a gente era inconveniente que nem ratos, ou algo assim...

— Eu nunca disse isso! O Ian mentiu pra vocês!

— É claro que ele mentiu. — disse Samuca. — A gente nunca devia ter acreditado em uma palavra que ele disse... Nos desculpe, Davi! — os outros irmãos pediram desculpas também, e Davi, claro, os perdoou.

Depois de apagar a luz, Davi ouviu a voz de Téo:

— Boa noite, pai!

Sim, ele era o pai daqueles meninos!

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Notícias sobre os Cuecas saiam em todos os sites e jornais. Muitos fãs haviam ficado chateados com o cancelamento da turnê, mas ficaram horrorizados quando descobriram que Ian Falcão explorava os meninos daquele jeito. As crianças mais novas tiveram uma certa dificuldade para entender (e a maioria chorou muito!), mas continuaram sendo fãs dos Cuecas do mesmo jeito.

Um dia, quando as Chiquititas assistiam a uma reportagem a respeito do assunto, Janete falou para Sandy:

— Ainda acha que a vida deles é melhor do que a nossa?

— Caramba! Eu nunca imaginei que isso tudo podia tá acontecendo com eles... Me sinto tão mal por tudo o que eu disse...

— É nisso que dá ser invejosa! — Disse Eleanora.

— Ah pelo menos ela se arrependeu...

— Mas a Eleanora tem razão, Janete. Eu tava com inveja. Mas enfim, que bom que agora deu tudo certo pra eles, né?

— É assim que se fala! — Disse Eleanora.

— Pois é. — Concordou Janete. — Nossa, eles tavam se matando de trabalhar e ainda deixaram de ir pra escola!

— Parece até a gente um tempo atrás... Só que pior, claro.

As meninas continuaram conversando sobre os Cuecas e, conversa vai, conversa vem, já estavam falando sobre suas próprias vidas com a Tia Flora. Chegaram à conclusão de que ela já estava bem melhor do que antes e que haviam se acostumado a morar com ela. Quando falavam disso, Tia Flora chegou. Como as garotas falavam um pouco alto, ela pode ouvir do lado de fora da porta e, já que estavam falando dela, decidiu não abrir e ouvir um pouquinho mais.

— Legal, legal, ela não é, mas dá pro gasto. — Disse Sandy.

— Seria bom se ela matriculasse a gente na escola, né? — Falou Janete.

— Vocês viram que um dos motivos pro Ian ter sido preso era porque não levava os meninos pra escola?

— Pois é, Eleanora. — Respondeu Sandy. — A gente podia muito bem chamar o conselho tutelar... — Flora ouvia assustada do outro lado da porta.

— Ah eu não teria coragem de fazer isso! — Disse Janete. — Por mais que a Tia Flora esteja errada, ela é nossa tia, é nossa família, o nosso lar é com ela. Eu não ia querer que fosse presa ou algo assim...

Tia Flora ficou comovida com as palavras da sobrinha e tomou uma decisão.

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— Pra onde estamos indo? — Perguntou Joaquim, no carro.

— Vocês já vão ver.

Era uma surpresa. Davi levava os meninos para assinar os contratos de adoção. Agora era legal e oficial: Davi Civil era pai de Joaquim Civil, Samuel Civil e Teodoro Civil.

Em todo o caminho de volta e até depois de chegarem em casa, Joaquim se referia a Davi como "Pai Legal e Oficial", de segundo em segundo. Por mais que estivesse muito feliz por ser seu Pai Legal e Oficial, chegou um momento em que Davi se irritou com tanta repetição e gritou:

— JOAQUIMMM!!!