Uma longa viagem sem destino escrita por neko chan


Capítulo 6
As nômades




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Passamos cerca de 2 dias naquela casa, Simon era quem mais passava tempo com nós duas, Morfus não aparecia tanto para descansar por causa do trabalho, o que me lembrava muito da mamãe, era como morar com ela de novo só que com mais um irmão. Estava de tarde e estávamos juntos no sofá, Simon sentado de cabeça para baixo balançando sua pernas pro ar, Fran e eu montando um peque no robô por diversão.

Acha que vamos conseguir fazer um que fala algum dia?

— Acho que se treinarmos bastante vamos conseguir, ele seria um bom ajudante e responderia por comando de voz

— Daríamos um nome legal para ele

— Serafine Jr. assim ele vai ter o nome de nós duas

Eu disse um nome legal

— É um nome legal

Não acho que apenas juntando nossos nomes podemos fazer um bom nome

Nossa conversa é interrompida pelo barulho da porta se abrindo violentamente, Morfus chegara completamente tenso e suado, e alguns imagens em minha cabeça puderam me informar a razão daquilo.

— Simon, pegue as armas, estamos sob ataque

— Sim, senhor, capitão. - ele diz animadamente se jogando para fora do sofá

Ambos vão para fora e somos deixadas na casa sozinhas com o barulho das armas atirando do lado de fora, senti um terrível cheiro de sangue invadir meu nariz e me deixar nauseada.

— Fran, arrume suas coisas, logo teremos que partir

O que? não podemos ir, Morfus e Simon precisam de nossa ajuda. - ela se levanta do sofá e eu a puxo de volta

— Essa não é nossa luta, Francine

São nossos amigos, não podemos deixar que eles façam isso sozinhos

— Francine

— Por que não podemos ajuda-los?

— Porque você é minha prioridade. - ela olha no fundo dos meus olhos e sua expressão muda de raiva para tristeza

Você viu?

Vi....

E então?

— Nada bom se formos para lá

— E se ficarmos?

— ........ menos perdas.... - digo com um nó na garganta já sabendo o que o destino nos guardava para pelo menos a próxima hora

Terminamos de ajeitar nossas coisas e esperamos um pouco até que os barulhos de tira cessassem, não demorou muito, eu já sabia o motivo e estava preparada para ver muitos aldeões mortos pelo chão de terra, mas Fran não estava, eu apenas a escondi embaixo da túnica e saímos dali. O cenário era exatamente como eu havia visto, mas uma das primeiras coisas que vi ao sair foi Morfus jogado no chão ao lado de Simon, corri até os dois. Morfus ainda respirava, mas Simon.........

Eu e Francine nos ajoelhamos no chão e nos permitimos chorar pelo companheiro caído, ela nunca mostrava suas lagrimas se não para mim, e eu raramente sentia alguma necessidade de demonstrar esse tipo de sentimento, então ambas sabíamos que aquele era um momento especial para honrar Simon. Com nossas varinhas nos enterramos o corpo perto da casa, no lugar onde ele gostava de sentir a brisa e usamos magia para fazer um buquê de flores de luz para ele. Levamos Morfus para dentro para cuidarmos de seus machucados, não tinha nada serio, mas ele ainda estava inconsciente.

— Tenho que ir, ele ficará bem. - seguro a mão de Fran

— Agora?

— Desculpe, mas sim

— Tudo bem

Pegamos nossas coisas e vassouras e estávamos prestes a sairmos pela porta quando ouvimos uma voz.

— Iam sair sem se despedirem? - pergunta Morfus rindo e se levantando com dificuldade, ele tinha um tom fraco e cansado na voz

— Não podemos ficar mais tempo. - respondo

— Entendo. - ele suspira - O Simon.... - ele olha para mim procurando uma resposta, mas eu apenas abaixo a cabeça e a balanço negativamente - Entendo........ vocês o enterraram. - faço que sim com a cabeça - Depois eu o visitarei então

Morfus preparou um pouco de comida para que levássemos conosco e fomos juntos ver Simon pela ultima vez, ele também insistiu que levássemos conosco seus metais, peças, livros e rua carroça.

— Não precisamos de tudo isso. - digo

— Provavelmente vão viajar por muito tempo até acharem um lar para vocês, não? - ele sorri - Quero que ao menos tenham onde dormir a noite. - olha para a carroça que tinha a parte de cima coberta com uma lona amarela e tinha o fundo acolchoado que ele acabara de colocar separando um espaço para a caixa com os materiais de trabalho e outra para os livros

— O que você vai fazer agora?

— Eu não sei,... talvez viajar por ai como vocês, fazer alguns trabalhos para a mestre, coisas assim

— Espero que tenha sorte

— Vocês também. - ele acaricia a cabeça de nós duas e se vira galopando para longe com apenas um saco com algumas de suas coisas nas costas

Convoco 2 cavalos feitos de sombra para puxarem a carroça, eu os guio enquanto Fran se esconde do sol na parte de dentro.

Vou sentir falta deles

— Eu também vou

Acha que encontraremos outro lar logo?

Eu paro e respiro um pouco olhando para o céu, vejo as nuvens brancas se desfazendo acima de nós e pássaros voando, tento fechar os olhos para procurar em mim a resposta para essa pergunta, mas nosso futuro para mim, naquele momento, parecia tão nítido quanto água turva.

— Eu não sei. - digo sinceramente

— Tudo bem se não encontrarmos nada

— Você achar?

— Acho! Eu vou ter um lar enquanto você estiver comigo, então não preciso de um lar físico agora. - ela colocar a mão para fora da lona que era segurada por hastes de metal formando um teto na carroça, toca minhas costas - Eu te dou um abraço de verdade quando estiver escuro ai fora

— Ok. - eu rio

Não sabia para onde estávamos indo, apenas seguíamos uma estrada de terra desconhecida, nunca estive tão longe de casa e certamente não sabia se veríamos outra aldeia logo nem se seriamos bem recebidas se achássemos, mas eu tinha que cuidar de Fran a todo custo, não importando o que eu tivesse que fazer por isso, e assim os dias foram passando, acabamos nos acostumando a caçar nossa comida depois de um tempo e quando achávamos uma aldeia negociávamos um preço pelas nossas armas, mas no fim nunca ficávamos amis de 2 dias em nenhuma delas, estávamos bem com essa vida nômade, os livros que Morfus nos dera também eram ótimos para passar tempo, ele tinha apenas livros que ensinavam alguma coisa, como livros de todos os tipos de plantas, livros para forjar algumas armas e, o que achamos mais interessante, ele tinha livros humanos, muitos deles falavam de coisas que não imaginávamos que existia, ele provavelmente era muito amigo da mestre para que ela permitisse que tivesse aqueles livros e provavelmente dele confiava muito em nós para deixa-los em nossas mãos. Depois de um tempo lendo aprendemos muito sobre a cultura deles, eles também dividiram seu mundo em países, mas para eles é comum visitarem constantemente outro país ou se mudarem sem motivo aparente, seus lideres mudavam rápido e ele louvavam deuses inexistentes, em um conceito geral, ele pareciam bem primitivos, mas eram curiosos e isso os fez evoluírem muito.

Criaram maquinas que os tornou capaz de viajarem pelo universo, mesmo que limitadas, comumente usavam a tecnologia para diversão, podiam mandar mensagens para o universo, mesmo que comparado ao que podemos fazer com magia isso seja obsoleto, não deixa de ser impressionante como seres sem magia alguma conseguem evoluir e criar coisas maravilhosas mesmo que seja para existirem apenas para aquele momento e serem esquecidas pelo tempo depois.

Tudo ia muito bem para nós duas, começamos a tentar montar armas como os humanos faziam, eram bem simples, mas tinham um poder interessante, mas o inverno nos alcançou, não tínhamos aonde ir e logo os animais quase não apareceriam, a comida ficaria escassa e morreríamos de frio viajando o tempo todo sem roupas adequadas para aquela neve, mas eu tinha que proteger Fran, eu tinha que protege-la de qualquer forma, e decidi que estava na hora de fazer algo desagradável para cumprir a promessa que fizera com ela.


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Notas finais do capítulo

pra quem leu Viagem ao Planeta Terra agora sabe um pouco mais sobre a historia de Morfus



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