Uma longa viagem sem destino escrita por neko chan


Capítulo 7
Night Shadows




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Quando o inverno chegou passamos por alguns dias difíceis, sobrevivemos os 2 primeiros dias comendo coelhos carnívoros que achávamos em tocas, graças a isso acabávamos nos machucando um pouco para comer, aquelas pequenas pragas eram duronas e resistentes, mas no 3° dia avistamos uma cidade de longe, bati com a corda nos cavalos de sombra os fazendo correr até lá o mais rápido possível para que não morrêssemos congeladas.

Não era uma cidade grande, mas era bem maior do que qualquer aldeia que visitamos nesse tempo que estivemos fora, só que, como consequência, quanto maior a cidade, menor o companheirismo nela. Passeamos por todo lado procurando alguém que pudesse nos abrigar por um tempo, mesmo fora de aldeias as bruxas não eram muito bem vistas, era muito incomum ver bruxas vagando por ai longe de suas semelhantes.

— Ei, vocês ai. - escuto alguém sussurrar e ambas corremos os olhos para todo lado a procura de quem falava - Vocês ai, garotinhas, entrem aqui. - disse um homem de dentro de um velho bar caindo aos pedaços

— Eu não acho que seja uma boa ideia. - sussurro para Fran

Se qualquer coisa acontecer ainda temos nossa magia e nossas armas

— Bem...... é melhor do que ficar no frio. - suspiro levando a carroça para os fundos do local e desfazendo o feitiço dos cavalos

O homem que havia chamado abre a porta dos fundo para nós, era um homem-leão gordo de meia idade, seu cabelo num tom amarelo meio castanho longo se juntava até a barba mal feita e ele fedia a fumaça.

— O que faziam lá fora nesse frio falando com todo mundo? Podiam achar alguém perigoso. - ele abre uma caixa que estava na mesinha ao lado dele e retira um charuto o acendendo e o colocando na boca

— Não é o que estamos fazendo agora? - pergunto puxando Fran para trás de mim

— O que? Eu? - o homem ri fortemente jogando a cabeça para trás, sua risada estrondosa faziam meus ouvidos doerem - Eu não tenho nenhuma intenção de fazer alguma coisa, eu estou muito ocupado. - diz recuperando o fôlego

— Se está tão ocupado, por que nos chamou para cá?

— Senti cheiro de pólvora. - ele solta a fumaça em nossos rostos nos fazendo tossir

— Deve ter sido realmente uma tarefa difícil. - digo ainda tossindo sentindo aquele maldito cheiro em todo o ambiente

— Então eu pensei que talvez as duas tivessem algo interessante na carroça. - ele diz puxando um banco alto para se sentar e dando um sorriso estranho

— O que quer com armas?

— É muito nova, mocinha! - ele bagunça meu cabelo - Mexa com essas coisas quando for mais velha. - ele da uma risada

— Não vamos lhe dar nossas armas, senhor, tenha um bom dia. - digo me virando e segurando a mão de Fran para sairmos pela porta dos fundos, até que ela para e dá um espirro e eu me viro para lhe entregar um lenço

— Não vão sobreviver muito tempo do lado de fora. - ele diz se aproveitando da situação - A menorzinha já parece estar começando a virar um boneco de neve

— Não vamos dar armas para alguém como você. - Fran espirra mais uma vez

— Como quiser. - ele dá um sorriso maligno e cruza os braços

Serafina, eu estou bem, podemos continuar sem a ajuda dele.— suas mãos estavam muito geladas agora

— Se disser para quê quer as armas nós negociamos. - digo relutante cerando os punhos

— É confidencial, mocinha. - continua com a mesma expressão

— Essas armas não são armas comuns. - olho firmemente para ele - Nós mesmas à fizemos e certamente vão ser as mais destrutivas que você vai conseguir achar num raio de pelo menos 100 mil km, então ou nos diz para quê as quer ou resolveremos nosso problema de outro jeito

— Você é mesmo durona, não é, mocinha? - ele ri alto mais uma vez - Pois bem, eu e meus parceiros somos um grupo de mercenários, nós viajamos por ai vendendo armas para qualquer cidade ou aldeia em guerra que achamos, tanto para um lado, quanto para o outro

— Não é muito diferente do que já fizemos

— E quanto ganharam com as armas?

— Não pedimos dinheiro, pedimos abrigo

— Escuta, mocinha. - ele se levanta e me puxa para perto dele pelo ombro - Dinheiro pode te comprar um abrigo, comida, roupas novas ou qualquer coisa que você quiser! Não está pensando direito, tem que pensar alto! Almejar grandes coisas. - ele para e aperta levemente a bochecha de Fran com a mesma mão que me mantinha perto dele com um sorriso amigável - Não espere que vá sempre achar alguém para te dar um abrigo

— Acho que tem razão. - digo por fim quando ele me solta

— Bem, então, vamos ver essa mercadoria. - ele dá um tapinha nas minhas costas me empurrando um pouco para a porta

Nós 3 fomos para fora e carregamos os 3 caixotes com armas para dentro, deixando apenas aqueles com coisas pessoais, ele abre um deles após o colocar no chão e seus olhos se iluminam. Ele pega as armas uma por uma as analisando com um grande sorriso.

— É disso que eu estou falando, mocinha. - diz com um grande sorriso - Com essa mercadoria vocês duas poderiam ser tão ricas quanto um mestre - ele ri

— Deixa eu adivinhar. - cruzo os braços - Mesmo dizendo isso ainda vai trocá-las por um abrigo? - digo olhando em volta para aquele lugar escuro e mal cheiroso caindo aos pedaços

— De forma alguma. - ele tampa o caixote e o carrega com ele - Venham comigo

Ele começa a ir em direção a porta da dispensa do local, eu e Fran carregávamos com magia os 2 outros caixotes enquanto ele acendia uma tocha e abria um alçapão.

— É meio escuro, mas não se preocupem, é um dos nossos esconderijos, assim temos menos chance da policia nos encontrar

Ele desce na frente e o seguimos sem muita segurança, lá embaixo era um corredor estreito e escuro, era tão fedorento quanto a parte de cima.

— Mocinha. - ele quebra o silencio - A sua amiga não fala nada?

— Não, ela........ sofreu um acidente e não pode mais falar

— Ah....... - faz um murmuro quase desinteressado - Bem, pelo menos ela trabalha, não?

— Claro, uma das melhores mecânicas que verá na vida

— Então está ótimo assim. - ele vira um pouco para bagunçar o cabelo de Fran - Gosto de você, outra mocinha. - ela tenta gesticular com a boca lentamente para que ele a entendesse - Fr... Fran.... Frankie?

— Francine. - corrijo - O nome dela é Francine e o meu é Serafina

— Vocês tem uns nomes bem engraçados. - ele ri

— Qual o seu nome?

— Leo

— Uau........ criativo. - digo olhando para sua cauda de leão balançando enquanto ele anda

— Não é como se eu tivesse escolha disso. - ri - Pois bem, chegamos

Paramos na frente de uma grande porta de metal, ele retira um molho de chaves grandes no bolso e destranca a porta que range ao ser aberta. O lado de dentro era muito mais aconchegante do que o lado de fora, ao entrar nos deparamos com uma grande e espaçosa sala bem iluminada com uma lareira queimando na parede a nossa frente, 2 sofás de frente um pro outro, um na esquerda e um na direita, um tapete vermelho que cobria toda a área que os sofás estavam e uma mesa de madeira muito bonita no meio dos sofás. No local estavam sentados um elfo muito alto de cabelos brancos com um terno elegante de braços cruzados e com uma cara levemente irritada, ao lado dele estava sentado um...... fada? Espirito da floresta para ser mais especifica, ele não era tão alto quanto o elfo, tinha estatura mediana, usava óculos, tinha cabelos castanhos encaracolados e um par de asas finas como asas de inseto saiam de suas costas, usava um moletom cinza folgado e calças marrom, o garoto parecia distraindo com o computador no colo com as pernas cruzadas. Na frente dos dois, no outro sofá, havia um homem raposa de pelo alaranjado usando o que parecia a parte de cima de um kimono azul acinzentado sem mangas, com o que eu achava que era uma camisa por dentro de cor de grafite, a mesma cor que a sua calça, que era segurada por um tecido listrado amarrado em sua cintura e que combinava com seu cachecol, o homem segurava uma bola vermelha de borracha que ele começava a jogar para lá e para cá distraindo uma garota lobisomem que parecia ter uma idade parecida com a nossa, ela tinha cabelos longos como o homem raposa, mas esses eram de cor preta quase cinza, usava um colete preto por cima de uma camisa branca com a gola levantada, calça preta e luvas de couro marrom nas mãos, seguia a bola de borracha para lá e para cá enquanto balançava sua cauda e sem nunca conseguir pegar a bola.

— Ok, pessoal. - começa Leo com uma voz forte que parecia um rugido - Temos gente nova. - tira o grande casaco sujo e revela uma aparência bem melhor, usava uma camisa social branca, calças pretas e belos sapatos pretos bem engraxados, puxa o casaco preto e o coloca ajeitando o grande cabelo preso pela metade com uma liga

— Convidadas, clientes ou cérebros? - pergunta o garoto fada sem tirar os olhos do compuador

— Cérebros, fadinha, essas com certeza são cérebros

— Hm... - murmura o elfo nos olhando de canto de olho

— O que é esse lugar? - pergunto colocando os caixotes no chão

— Muito bem, mocinhas, vocês estão presenciando a melhor equipe de mercenários, ladrões, hackers, foras da lei e gênios que verão na vida. - ele ajeita o paletó com confiança erguendo o queixo - Nós somos os Night Shadows


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