Estar com ela era seu grande privilégio e prazer. A moça de delicada e forte aparência, com vibrantes olhos azuis e cabelos loiros lisos era incrível. Perspicaz e inteligente, forte e hábil em combate, e além de tudo, filha única de um conde do reino. Desde que Kiki veio se juntar a ele e Zen no castelo tudo mudou e cada segundo com ela era precioso em todos os aspectos.

Desde quando gostava dele? O homem era um conhecido cavalheiro, sempre bem apresentável e de impecável educação – mesmo quando nervoso ou em uma brincadeira. Era alto, jovem e bonito – muito bonito! Sempre se destacava em bailes por sua apresentação e postura. Forte e hábil em combates, o homem ainda era atendente pessoal do Príncipe Zen e seu companheiro de trabalho. Mitsuhide lhe estendeu ajuda mesmo ela dizendo que não precisava, esteve sempre atendo a suas necessidades e de seu mestre e confiava nela acima de qualquer outra pessoa.

Os dois tinham um longo histórico juntos e sempre se apoiaram de todas as formas. Não havia em quem confiassem mais, não havia com quem preferissem treinar mais do que um com o outro e não havia quem confiassem sua segurança em batalha mais que entre si. Além de tudo isso, qualquer um que se atrevesse a colocar um em risco ou ofendesse seria retaliado pelo outro.

Companheirismo, respeito, confiança, honra e amizade. As bases daquela preciosa relação. Pelo menos para Mitsuhide, que nunca viu Kiki com segundas intenções e guardava preciosamente cada momento juntos. Mas para Kiki um sentimento a mais estava em sua lista: amor.

Sempre pressionada a se casar para preservar tradições e sua posição, a moça passou a recusar tudo e todos que apareciam; mas por que? Pensando nisso ela percebeu que sempre que lia as propostas se lembrava de seus momentos com Mitsuhide no castelo. Era isso! Se não houvesse uma proposta dele ela não aceitaria mais ninguém.

Mesmo ela tendo se declarado e ele recusado sua oferta por não a ver com aquela intenção e respeita-la acima de tudo, os dois ainda eram os maiores companheiros e amigos. Mas o destino da voltas e sentimentos não podem ser contidos ou ignorados para sempre.

Um dia de inspeção em uma região perigosa teve sérias e belas consequências. Mitsuhide, Kiki, Zen e Obi estavam caçando um grupo de mercenários que vinha causando confusão nas regiões próximas – fosse atacando comerciantes, saqueando ou abusando das outras pessoas.

A missão deles era acha-los e abate-los se necessário. Izana pessoalmente deu esta ordem depois de avaliar todos os danos causados pelos mercenários e que a tempos fugiam da guarda do reino. Para uma missão tão grande e arriscada, Zen levou Tariga e Tsuruba – que conheciam a área e trouxeram alguns soldados junto – e Hisame – que trouxe alguns membros da Base de Serg com ele.

Os mercenários foram achados e um confronto grande foi armado. O grupo estava em uma clareira aberta com vários morros e árvores em volta – era complicado lutar em locais assim, mas Zen não recuaria. O grande choque foi que durante o confronto dois mercenários quase mataram Kiki.

Um atacou sua perna e outro veio pela frente acerta-la. Deu errado por Mitsuhide ter interferido e ajudado ela. Um segundo de distração que teve sérias repercussões. Assim que ele se virou para Kiki rapidamente os arqueiros miraram e atiraram. Sem pensar Mitsuhide apoiou Kiki e tentou rapidamente sair do alcance.

Até que deu certo, se ele não tivesse tomado dois tiros no abdômen. Ele desmaiou e Kiki pegou sua espada que ele carregava para voltar ao combate e guardar seu amigo ferido. Estava enfurecida e com o coração disparado – jurava que aquela era a real sensação de medo. Obi veio ajudar abatendo os arqueiros e dando cobertura a Kiki na luta.

O combate durou horas a mais até tudo terminar. E quando terminou, Zen apavorou-se com o estado de seus atendentes. Obi se feriu também, Kiki estava com a perna gravemente ferida e Mitsuhide estava imóvel e ferido – mesmo assim os três abateram uma quantidade imensa de inimigos. Impressionado e preocupado, Zen ordenou que fossem imediatamente tratados.

Os três foram removidos para o Castelo de Wistal e lá Shirayuki, Ryu e seus amigos de Lyrias ajudaram a cuidar deles. Garak foi convocada e o lugar virou um alvoroço, enquanto corriam para trata-los e Shirayuki tentava acalmar Zen o máximo possível.

Obi e Kiki não tardaram a se recuperar, mas Mitsuhide permanecia em observação. O relatório do ocorrido foi unanime sobre os três! Eram os melhores! Lutaram juntos e não desistiram. Mesmo feridos e com companheiros em risco eles lutaram, se protegeram e venceram! Eram exemplos de excelentes cavaleiros e realmente as pessoas nas quais o Príncipe Zen mais confiava.

Quando Mitsuhide finalmente se recuperou, Kiki era a única que não encontrava. Já sabia por Shirayuki, Zen e Obi que ela estava preocupada com ele e não conseguia se acalmar desde que se feriu. Conhecendo a amiga como ninguém, saiu já sabendo onde a encontraria.

Mesmo sendo um motivo incomum, sabia que a encontraria em algum lugar que lhe desse paz de espirito. E esse lugar era sobre a grama de um morro onde a brisa suave do dia pudesse ser sentida e houvesse uma árvore solitária para acolhe-la. E lá ele a encontrou!

— Kiki! – ele vinha em sua direção e parou surpreso quando, ao vê-lo, ela deixou uma lágrima escapar.

— Mitsuhide! – ela se levantou e parou perto dele incapaz de conter sua emoção.

— Eu sinto muito. – ele veio mais para perto e limpou a lágrima que ela jamais mostraria a alguém em vida! – Parece que te deixei muito preocupada. – ele a abraçou sendo retribuído e não aguardando respostas – Eu não podia deixar você se machucar por que você é muito importante para mim. – ele terminou afastando-a e encontrando os brilhantes orbes azuis fixos nele em meio a um lindo sorriso.

— Nunca mais me assuste dessa maneira. – ela se recompôs e brincou com ele o fazendo rir.

— Como eu poderia ficar fazendo isso com a mulher que amo? – ele disse tímido e brincando, dando uma piscadinha para Kiki que tinha certeza do que escutou.

— Mitsuhide? – ele não sabia o que dizer naquela confissão.

— Eu sei que te disse naquele dia que não a via com essa intenção; mas você é importante demais para mim Kiki. E até onde saiba isso se chama amar. Você me deixa louco e não sai da minha cabeça. – ele disse sério e brincando no final.

Sabendo que ele era um pouco lerdo para estas coisas, Kiki agiu com seu coração na mesma hora. Ela o beijou! Um beijo surpresa, bom, quente e que foi correspondido em uma cena que Zen, Shirayuki, Obi, Hisame, Tariga e Tsuruba assistiam felizes e impressionados (estavam procurando por ela a horas e sabiam que Mitsuhide poderia acha-la facilmente, então o seguiram).

Tudo o epílogo da atual e bela vida de ambos. Casados e sempre servindo Zen, Kiki e Mitsuhide não podiam ser contestados. Mantinham com cuidado seu profissionalismo e as bases de sua relação – que, agora para ambos, tinha o amor acrescentado. Os dois se divertiam com Obi e aproveitavam ver o passo a passo do crescimento do amor de Shirayuki e Zen.

Na época e com o tempo de romance, Kiki vinha estado estranha. Podia ser normal para alguns, mas para Mitsuhide a compreensão era outra! Como assim Kiki não estava com fôlego ou disposição para treinar luta!? Essa história de ‘cansaço’ que ouvia todos comentarem ele não admitia! Mesmo sobre protestos de Kiki, ele a levou para enfermaria e pediu uma consulta.

Estavam no castelo que Garak trabalhava e ela foi atendida pela mesma. Garak investigou tudo e pediu que Kiki e Mitsuhide aguardassem ela examinar suas informações.

— Eu disse que não queria vir Mitsuhide! – Kiki protestava no jardim enquanto ambos esperavam Garak.

— Mas você não está bem! – ele insistia – Eu não acredito que você possa estar tão cansada a ponto de não aguentar uma rodada de treino apenas por ‘excesso de trabalho’. – ele foi sarcástico no final e ela suspirou rindo.

— Está bem! Apenas vamos descobrir logo o que está acontecendo que eu estou enjoada. – ela admitiu.

— Viu! Cansaço é que não é mesmo! – Mitsuhide não escondeu a preocupação e ela notou.

Pouco depois Garak apareceu com uma pasta de documentos e um sorriso de ternura e satisfação que iam de um canto a outro do rosto.

— Parabéns a vocês dois! – ela disse animada e o casal olhou sem entender – Você está grávida Kiki-san! – ela terminou sorrindo.

O susto e surpresa imediatos do casal pela notícia foram seguidos de expressões desnorteadas e uma falta de reação pela notícia que Garak trouxe.