Em Tomaeda uma rotina tranquila e feliz seguia. Nada acontecia nos últimos tempos. Sem incidentes estranhos, sem cartas magicas novas e sem interrupções durante encontros e passeios com amigos.

Sem problemas estranhos, Yukito podia se preocupar com uma questão pessoal sua. Queria muito conhecer Yue. A tempos ansiava pela chance de poder conhecer seu outro eu, mas nunca conseguiu. Podia perguntar para Sakura, Touya, Kerberos e Shaoran sobre Yue, mas nunca era a mesma coisa que conhecê-lo pessoalmente. Ver e entender o real guardião da Lua.

Vendo Yukito desejar tanto um dia poder conhecer Yue, Sakura decidiu ajudar. Em um feriado, ela poderia fazer com que os dois se encontrassem de tal forma que não fossem interrompidos: usando a carta Dream! Se ambos estivessem conectados por um sonho, nada iria atrapalhar o desejo de Yukito – nem mesmo a vergonha ou a teimosia do Yue.

Na noite do primeiro dia do feriado, Yukito desmaiou (de sono) enquanto conversava com Touya. Ele achou estranho o desmaio, mas teve certeza de sentir a magia de Sakura em volta. O que ela poderia estar aprontando agora? Não esperou e ligou para ela.

— Sakura, o que aconteceu? – Touya não esperou ela perguntar o motivo de sua ligação, foi direto em questionar o que se passava.

— Onii-chan! Como assim o que aconteceu? – ela não conseguia entender.

— Eu estou na casa do Yuki e ele acabou de desmaiar aqui; além disso sua magia parece estar presente. – ele explicou sua preocupação.

— Ah! Desculpa o susto onii-chan. Eu usei a carta Dream para permitir que o Yukito-san e o Yue-san possam se conhecer. Ele só está em um sonho. – Sakura não achava que Touya ainda estive na casa de Yukito naquela hora.

— Isso é possível!? – Touya achou interessante a ideia e recebeu uma confirmação de Sakura – Então tudo bem. Eu vou colocar ele no quarto dele e depois vou para casa. Até mais. – Touya a cumprimentou e desligou o celular.

Touya lavou e guardou os copos de chá que estavam usando, colocou Yukito na cama e foi embora. Se a magia da Sakura podia realizar o desejo dele, isso era algo muito importante!

Enquanto isso, Yukito estava em um sonho diferente do habitual. Estava em um caminho de pedra, as nuvens azuis no céu escuro passavam e mudavam a cor da paisagem. Tinha certeza de estar conversando com Touya a pouco tempo atrás e, de repente, veio parar naquele lugar. Mas como sabia que era um sonho?

Uma resposta com a qual ele não se preocupou na hora. Viu que havia um vulto na ponta daquela área rochosa e, quando as nuvens abriram caminho para a lua cheia, ele teve um incrível vislumbre de um anjo.

Asas grandes e belas, um cabelo longo e prata, olhos expressivos, usando uma roupa chamativa e decorada por pedras azuis, descalço, de braços cruzados ele permitia que a brisa do sonho passasse suave por ele e, ao fundo, a lua brilhava pura e branca.

“Será que meu desejo se realizou!?” – este era o único pensamento na cabeça de Yukito naquela hora e ele decidiu confirmar.

— Yue? É você? – estava ainda estático pela visão imponente do anjo.

— Sim, sou eu. – Yue suspirou e desfez sua postura para caminhar na direção de Yukito.

— Incrível! Eu sempre imaginei como você seria pessoalmente e agora estou muito feliz em descobrir. – Yukito realmente estava feliz em realizar seu desejo.

— A mestra que tornou isso possível. – Yue começou e teve toda atenção de Yukito – Ela usou a carta Dream para que você pudesse me conhecer.

— Sakura-chan? Eu vou agradecer muito depois. – Yukito sorriu, mas logo parou de sorrir. Começou a encarar Yue e acabou por desviar o olhar. Yue não conseguia entender o problema.

— O que foi, Yukito? Estava feliz até agora á pouco.

— É que não consigo entender porque você me criou, Yue. A Sakura-chan contou sobre o mago Clow e as cartas, mas eu não entendo porque você me criou.

— Quando o Clow morreu, eu e o Kerberos ficamos protegendo o livro e as cartas por décadas. O Kerberos é o guardião do sol e ficava na capa da frente do livro e eu sou o guardião da lua e ficava na contracapa. – ele tinha total atenção de Yukito – Com o tempo, o professor Kinomoto Fujikata encontrou o livro em uma escavação e levou para biblioteca da casa dele. Foi na biblioteca que o Touya encontrou o livro.

— Então a Sakura-chan não foi a primeira!? – aquilo tinha pego Yukito de surpresa.

— Não. A magia do Touya não era compatível com a nossa como a da mestra é, portanto ele não pode abrir o livro ou usar as cartas. Porem, o contato com a magia dele me despertou. Eu não pensei em qualquer coisa quando isso aconteceu, apenas sai para ver o mundo em que estávamos e descobrir quanto tempo se passou. – a pausa que Yue fez deixou Yukito preocupado.

— O que foi, Yue? Você está bem?

— Não se preocupe. – ele foi bem curto e virou o rosto, fazendo Yukito lembrar que Yue não era bom em esconder seus sentimentos e nem muito sincero com eles também – Como faziam muitos anos que Clow havia morrido, eu decidi viver entre as pessoas enquanto esperava que Kerberos despertasse, juntava energia e fosse a hora de julgar um novo mestre para nós e as cartas.

— A Sakura-chan me contou sobre isso. O mago Clow decidiu que o Kerberos escolheria o novo mestre e você deveria julgar se ele era ideal ou não. Deve ter sido algo que valeria ter visto! – Yukito conseguiu tirar um discreto sorriso de Yue.

— Sim. A mestra provou ser a pessoa certa para assumir o lugar do Clow. – novamente Yue tentava deixar sua expressão ilegível e voltou a responde a questão de Yukito – Para viver entre as pessoas, minha personalidade normal talvez não fosse adequada a era em que estamos; portanto criei um disfarce humano que tivesse uma personalidade totalmente oposta a minha e pudesse usufruir das minhas habilidades físicas para viver. – com outra pausa, Yue olhou fixamente nos olhos de Yukito – Esse alguém que criei para viver com as pessoas foi você.

Yukito estava surpreso. Por muito tempo aquela foi uma de suas grandes questões e, agora que a tinha respondida, sentia um alívio anormal.

— Obrigado, Yue! – novamente sorrindo, ele continha uma lágrima persistente – Mas realmente foi uma coincidência, não é? O Fujikata-san achou o livro, o Touya te despertou, a Sakura-chan despertou as cartas, o Kerberos e se tornou a nova mestra de vocês, o Touya e eu somos amigos e foi a magia do Touya que você recebeu para se manter. – a sequência incomum de eventos era uma grande coincidência para Yukito.

— Não existem coincidências. – Yue respondeu direto e firme – Essa era a máxima preferida do Clow e é uma verdade a se levar em consideração.

— Sim, Yue! – ele começou a rir.

— O que é tão engraçado? – Yue não conseguia entender a personalidade diferente que criou.

— Conversar com você é muito divertido, Yue. Deveríamos fazer isso mais vezes.

Yue nada respondeu. Novamente Yukito via ele tentar disfarçar como se sentia e achou graça. Yue estando sem jeito ou não, Yukito não perdeu sua oportunidade de conhecer mais sobre ele.

Perguntou sobre suas habilidades, quais eram as magias que a Lua regia e aproveitou para analisar sua personalidade e, assim, criar uma verdadeira opinião sobre o Guardião da Lua. Precisaria agradecer muito a Sakura-chan por aquela chance tão importante – na qual, inclusive, conseguiu convencer Yue de que deveriam se ver mais vezes para conversar.