O dia amanhecia novamente e todos se encontravam no jardim. Tae-jun e Kyo-ga estavam treinando junto dos outros generais enquanto Kija se ocupava em auxiliar Yona e Jeaha no treinamento de mira dela – algo que chamou bastante a atenção!

Os tiros certeiros e rápidos de Jeaha deveriam ou ser esquivados por Yona ou detidos com tiros de flecha, sendo que ela deveria tentar ataca-lo também. Uma visão que a cada movimento deixava todos impressionados. Ela era rápida, tinha ótima precisão para mirar, força para atirar e estava completamente focada. Mundok foi perguntar o que significava aquilo.

— Moleque, o que esta fazendo com ela!? – ele se aproximou de Hak e recebeu todos as atenções – Ela não deveria portar armas! – ele foi sério lembrando do mais forte desejo de II Rei.

— Eu que comecei a ensinar combate para ela. – as palavras saíram tranquilas e despreocupadas de Hak – Ela pediu para aprender e hoje eu e eles ensinamos luta para ela. – ele terminou sem tirar os olhos do treinamento e apontando para os dragões.

— Ela melhorou bastante, não? – Tae-jun interveio e demonstrou sua alegria pelo crescimento de Yona – Antes o tempo de reação dela não estava tão afiado. – ele terminou aumentando mais a surpresa de todos que assistiam o treino.

— Mas ela parece estar se controlando melhor pelo menos. – Lili veio junto na conversa – Eu lembro do dia em que ela se descontrolou quando o Gobi interveio no acordo de paz. Aquilo me deu calafrios! – ela deu uma leve tremida enquanto prestava atenção no treinamento.

— Temos focado em ensinar auto controle a ela justamente por conta desse episódio. Aquilo foi muito além de um simples nervoso. – Zeno explicou se lembrando do terror que ela foi capaz de instigar naquele dia.

Os generais em mais nada deram opinião. Tentavam ao máximo processar aquelas palavras e as visões que as ultimas 24 horas lhes deram. O único pensamento unanime era que aquela Princesa Yona que viam não era em nada parecida com a Princesa Yona que tinham conhecido – nem mesmo pelo físico! Os vários hematomas e marcas de treinamento contrastavam no corpo delicado junto de falhas reveladas no suor que grudava as roupas no corpo ou no levantar da saia do kimono – sem a menor duvida eram cicatrizes de batalhas ou treinos.

A manhã ainda não acabava quando Soo-won e seus acompanhantes já tinham tudo pronto para partir e continuar sua busca por informações. Yona e seus amigos não deram muita importância – na verdade estavam até felizes, já que Yona, Hak e Soo-won não trocaram uma simples palavra durante aquele período! Eles apenas se encaravam algumas vezes e mais nada. Uma tensão complexa demais para tentarem ajudar aqueles que, um dia, foram os mais chegados amigos e hoje se viam como completos estranhos.

Já sem Soo-won e seus acompanhantes por perto, Yona e Hak estavam afastados tentando descansar enquanto Shinha, Kija, Zeno, Jeaha e Yoon refletiam sobre aquele encontro entre eles. Nada de preocupante parecia ter acontecido – exceto pela tensão entre Soo-won e Hak e a exposição de que Lili e Tae-jun os conheciam – mas, ainda assim, tudo parecia ter sido muito simples, para algo que deveria tê-los dado um conflito de larga escala com os generais.

Mas o momento de reflexão precisaria esperar. Ao longe Shinha avistou fumaça subindo de um vale e usou sua visão para conferir. Ele viu Soo-won e os generais enfrentando os criminosos que caçavam e precisavam de ajuda! Ele avisou rapidamente a todos e ficou decidido que iriam sim ajudar – mas não por Soo-won ou algum motivo alheio. Sim por Kouka e seus amigos Lili e Tae-jun que ali estavam.

Correndo em boa velocidade, eles não tardaram a chegar e ajudar no combate. Cada surpresa que trouxeram foi maior que a outra! Ver as garras de Kija crescerem instantaneamente, a habilidade de Shinha com sua espada e a altura de salto de Jeaha foram apenas algumas das surpresas que deixaram todos sem palavras.

Mas a maior veio quando Hak e Yona se posicionaram juntos na luta! Aquilo sim era memorável. Ela apenas estava dando suporte com tiros para todos junto de An Jungi, mas entrou na luta portando uma espada e com olhos fixos e fortes.

Hak se focava em abater aqueles a sua frente, mas estava começando a ficar cercado! Havia um número grande demais de lutadores ali! Ele não parecia preocupado, já que Yona vinha pelas árvores para ajudar. Ela deu a volta na batalha e, depois de retirar seu casaco, sacou sua espada da cintura e atacou aqueles que vinham por trás de Hak da mesma forma que ele atacou os que miraram nela quando chegou.

No final ambos estavam juntos lado a lado e a luta se seguiu com a moral adversária muito baixa depois de verem os dois juntos. Ele sorria inclinado com sua lança pelo ataque da princesa e ela estava agachada em posição de ataque com olhos fixos em seus inimigos. Depois disso, a luta não durou por muito mais tempo e eles saíram vitoriosos.

Yoon veio do esconderijo que escolheu para ele e Lili e começou a mexer no corpo de um dos mortos. Dele ele retirou um amuleto com o símbolo do Império de Kai encrustado. Agora muita coisa fazia sentido e Kyo-ga se lembrou do aviso sobre soldados desertores que o Império havia delegado aos países vizinhos para evitar uma declaração de guerra errada.

Aquela situação exigiria uma longa conversa entre Soo-won e o Imperador de Kai para um consenso, mas apenas depois de entenderem o que tinha acontecido ali e tratarem suas feridas. Nada mudaria o fato de terem visto Yona em combate e matando seus adversários.

Eles voltaram para estalagem e lá Yoon ajudou a fazer os curativos de todos. O único problema veio quando ele pediu para Yona virar de costas e abaixar o kimono para cuidar de seus ferimentos. Havia uma coleção de feridas ali que não podia ser ignorada! Em especial aquela cicatriz diagonal cortando as costas dela. Em quantos outros confrontos eles deveriam ter se envolvido para ela estar naquele estado?

— O que aconteceu com ela? – Guntea não pode se conter. Aquela princesa delicada, frágil e avoada que conheceu não estava em nenhum lugar ali.

— Ela mudou. Ela aprendeu a lutar, cortou seu cabelo, já sabe se virar muito bem sozinha, conhece melhor o reino e luta por seus ideais e todos aqueles que vivem das fronteiras para dentro. – Hak dizia com orgulho cada palavra – Ela é a Princesa Yona. Mas não a que vocês ou eu conhecíamos, esta nunca mais irá voltar. Esta é uma Princesa Yona nova, que apenas nós conhecemos de verdade. – ele terminou com a aprovação de seus companheiros e a surpresa de todos.

Aquela missão levou a descoberta mais surpreendente de todas: a nova Princesa Yona que crescia sobre a proteção dos Dragões de Kouka, um menino habilidoso e o ex-general da tribo do Vento.