Império escrita por Miranda Homer, Melissa Homer


Capítulo 43
Sorvete




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Nico e Thalia se encontravam frente a frente sentados em um jantar que cismavam que não era um encontro, mas os dois mentalmente sabiam que aquilo era encontro.

O clima estava agradável e confortável, eles tinham decidido comer na varanda devido ao calor insuportável que estava dentro da casa, logo a luz da lua cheia e da cidade preenchiam o ambiente, dando um ar romântico que eles não queriam ter.

— A propósito, você voltou a ser diretor de redação...assim, só para avisar mesmo – Thalia murmurou, olhando para sua lasanha por tempo demais, até que levantou o olhar para ele, que tinha a cabeça tombada para o lado em um sinal claro de confusão.

— Eu voltei?

— Sim, voltou! Conversei com Jason hoje e como ele não tem faculdade, deixei que você voltasse para o cargo, porque né...você sabe o que fazer e trabalha duro, e mesmo eu não querendo admitir, é um gênio filho da puta.

— Obrigado pelo elogio, e por ter me deixado voltar ao meu cargo..., mas, quem vai ficar no cargo da Annabeth quando ela pegar licença?

— Eu vou assumir também, pelo menos não vou parar um segundo e vou me esforçar bastante...

— A gente assume juntos, o que acha?

Ótimo, isso está cada vez parecendo mais um encontro e está de leve constrangedor. Thalia chegou à conclusão mentalmente, suspirando baixinho e sorrindo minimamente para ele.

— Acho ótimo, aí eu jogo tudo para você e me safo!

 - Que...- Nico segurou sua língua, engolindo a palavra “vadiazinha” por sua garganta e sorrindo minimamente – filha da mãe.

 Thalia deu de ombro com um sorriso travesso, dando uma garfada na sua lasanha e levando a boca distraidamente.

Em um movimento rápido e ousado, o di Angelo se inclinou para frente e levou a mão para a nuca dela, a puxando para frente devagar e beijando o canto de sua boca demoradamente, fazendo-a parar estática com o movimento, voltando se sentar.

— Estava sujo – disse, levantando o olhar para analisar a reação da garota, que abaixou o olhar e dava para perceber que estava corada com o ato, mas logo tomou postura.

— Isso não se faz! – Thalia balançou seu garfo, dando um tranco para frente e vendo sua lasanha acertar o rosto dele, que fechou os olhos e ficou parado por alguns segundos para ter certeza que era isso que tinha acontecido. – Opa! Eu não sabia que tinha lasanha aqui!

Nico negou em reprovação, pegando o guardanapo e limpando seu rosto.

— Você não presta, garota!

— Falou o que resolveu beijar o canto da minha boca para limpar restos de lasanha!

— O que? Desperdiçar lasanha é feio! Eu não ia fazer isso.

— Era só avisar que tinha lasanha aqui que eu lambia!

— Deu vontade de comer daí, fazer o que?

— Seu nojentinho – ela franziu o nariz, dando risada.

— Sua...- ele se interrompeu novamente, mas ela completou a frase:

— Vadiazinha? – questionou, arqueando a sobrancelha – vamos voltar aos antigos apelidos, é isso mesmo? Ordinário!

— Ok, vamos comer na sala que é melhor – Nico se levantou, pegando seu prato e a forma da lasanha, deixando a forma no balcão e sentando no sofá ao lado dela – o que acha de jogarmos videogame?

— Deixa eu terminar isso aqui porque tá muito bom! Aliás, cadê o Daffy?

— Onde você acha?

— Se ele estiver perto daquele armário...

— Ele está dormindo criatura!

— Acho bom mesmo!

— Qual o problema do nosso filho namorar? Eu vou levar ele para conhecer umas patas nesse fim de semana!

— É um móvel! E não faz isso com ele, eu quero privar ele dá dor que o amor causa, tadinho! – Thalia colocou mais um pedaço de lasanha na boca, vendo-o negar em reprovação.

— Bom, o fim de semana é ele comigo, então você não pode impedir a gente de sair para a balada das patas!

— Eu posso, e eu vou! Olha que eu saio atrás dessa pata nas vassouradas, ouviu?

— Na verdade é mais provável você querer adotar a pata do que fazer isso...- o di Angelo semicerrou os olhos, pensando seriamente onde deveria ter uma balada de patas.

— É, realmente..., fazer o que, né?

Ele negou em reprovação, esperando ela terminar para levar os pratos para a pia e voltar, ligando o videogame e entrando um controle para ela.

— Sabe jogar?

— O que eu não sei fazer, di Angelo? – retrucou, cruzando as pernas igual indiozinho e apoiando os cotovelos nas coxas, pronta para acabar com o moreno em qualquer jogo que fosse, mesmo que isso consistisse em atrapalhar ele fisicamente com tapas e chutes.

Em menos de dois minutos de jogo, Thalia estava pulando no sofá e gritando freneticamente, enquanto o moreno apenas a olhava um pouco assustado com a cena, e surpreso por ela ser tão...espontânea?

— Sai daqui seu idiota! – a Grace não pensou duas vezes em se virar para ele e bater em sua mão, deixando o controle cair no chão e o chutando para longe.

— Filha de uma puta! – Nico retrucou o xingamento, agarrando ela por trás e tentando pegar o controle dela de suas mãos, virando-a de cabeça para baixo – larga o controle, larga!

A garota dava risada em meio a gritos que ela soltava, já que se Nico a largasse, ela ia de cabeça no chão, coisa que não ia ser legal, mas não quis soltar o controle de jeito nenhum.

— Thalia, larga!

— NUNCA! – ela gritou, rindo, enquanto tentava mexer as mãos e ganhar o jogo mesmo de ponta cabeça.

Thalia levantou um pouco a cabeça, tentando alcançar a mão de Nico para morde-lo, mas como não conseguiu chegar sua boca até ali, mostrou a língua e começou a lamber, para que ele a soltasse.

— O que, diabos, você tá fazendo? – ele começou a rir, firmando mais a mão na cintura dela e olhando para suas pernas, que estavam em seus ombros.

— ME LARGA!

— LARGA O CONTROLE!

— O SEU TÁ ALI CARALHO, PEGA ELE!

— NÃO, VOCÊ CHUTOU ELE VOCÊ QUE VAI PEGAR!

— MUDOU O ARGUMENTO, É ISSO MESMO?

Nico a soltou, fazendo com ela tombasse para trás, dando risada ao vê-la levantar confusa e com as mãos para o alto, ficando apoiada com os joelhos no chão.

— Agora vai lá e pega o controle que você chutou!

— Não! – Thalia respondeu, vendo que ele avançou para cima de sua pessoa e ela ter tempo de se levantar e fugir para o outro lado, mas Nico foi mais rápido, contornando o sofá e a pegando pela cintura, a colocando sentada no encosto do móvel e empurrando seu corpo para trás, segurando-a pelas pernas e deixando que ela ficasse com a cabeça encostada no acento.

Nico começou a balançar a garota:

— LARGA O CONTROLE!

— EU NÃO VOU LARGAR O CONTROLE, ME LARGA SEU MALUCO!

— Você que escolheu por isso – o di Angelo negou em reprovação, firmando as pernas dela ali e levantando de leve sua blusa, começando a passar os dedos por sua pele, fazendo cócegas.

— NICO, NÃO! – a garota gritou, se debatendo e rindo ao mesmo, usando a mão livre para tentar tirar as dele dali.

— Eu paro se você largar o controle!

— Nunca! – ela retrucou, tomando fôlego e voltando a rir, já que ele havia aumentado a velocidade de suas mãos, causando mais cócegas do que antes – VOCÊ VAI ME MATAR.

Em um movimento rápido, ele a puxou para cima e tomou o controle de suas mãos, levando a mão com o controle para suas costas e a outra a mantendo perto de seu corpo.

— Filho de uma puta – a Grace xingou, fazendo um bico.

— Eu disse que queria o controle, agora desce daí porque se eu te largar você morre, literalmente.

A chefe escorregou pelo encosto do sofá até sentir seus pés encostarem no chão, o empurrando para trás e cruzando os braços, saindo marchando para voltar a sentar.

Nico caminhou até a cozinha, pegando um pote de sorvete e deixando o controle no balcão, levando para ela.

— Não fica manhosa não! – ele enfiou uma colherada de sorvete na boca dela, quase a fazendo engasgar.

Um tempo passou e os dois continuaram em silêncio enquanto comiam o sorvete lentamente, até que Thalia resolveu entrar em um assunto que estava querendo falar com ele a uns dias.

— E nós dois?

Nico sabia do que ela estava falando, mas teve que respirar fundo duas vezes para pensar no que responder, olhando para a garota ao seu lado.

— Eu não quero forçar nada, não quero apressar as coisas, não vou negar que eu to gostando bastante do jeito que nós estamos agindo agora, então eu diria para esperarmos o tempo decidir o que é bom para nós dois, se vamos ficar juntos ou não...

— Eu estava falando com Jason e ele disse que nós parecemos um casal agora, porque antes era só pegação, e agora parece ter um sentimento entre nós dois...- ela murmurou, levantando o olhar e encarando-o.

— Eu também estou sentindo isso, sabia?

— Eu também...

— Então talvez o tempo esteja a nosso favor?   

— Quem sabe, não é mesmo? – Thalia sorriu, pegando mais uma colher de sorvete e colocando em sua boca, mirando a tela da televisão e parecendo refletir enquanto sentia o olhar dele queimar em seu rosto.

Ela deixou o pote de lado e se virou para o di Angelo, selando seus lábios em um beijo casto, que logo ele tratou de aprofundar e sorrir contra os lábios dela, levando suas mãos para sua cintura e sabendo que sentia falta do que ela o proporcionava.

Eles separam o beijo, se encarando por alguns segundos até que Nico a puxou para seu colo, fazendo com que ela ficasse entre suas pernas e continuasse a comer o sorvete ali, enquanto ele a observava.

— Então...- ele murmurou baixinho, não querendo romper o clima agradável que ficou no ar.

— Eu acho que nós deveríamos tentar de novo...- a Grace sentiu suas bochechas arderem, se xingando mentalmente -, mas...com algumas regras.

— A gente não pode ficar no escritório – ele começou, fazendo-a assentir e complementar:

— E eu acho melhor nós evitarmos de fazer qualquer coisa em público, ou até mesmo revelar para alguém...pelo menos até termos certeza do que vamos ter ou não ter, tudo bem?

A vez de assentir foi dele.

— E a gente não vai apressar as coisas – ele disse, e ela soltou um som de concordância, tendo um sorriso nos lábios.

— Quack?

— Daffy, estamos aqui! – Nico chamou pelo filho, que veio correndo pelo corredor batendo as asas freneticamente e soltando uma sequência de “quack”.

Thalia deu risada e se inclinou para o lado, deixando o pote de sorvete na mesa de centro e pegando seu filho, colocando sem colo e o aninhando ali, com Nico a abraçando por trás e fazendo carinho em Daffy.

— Daffy, talvez tenha ocorrido uma reconciliação entre seus pais, hein? Mas você não pode abrir o bico para ninguém até resolvermos o que realmente vamos ter, ok? – a Grace questionou, levando o dedo levemente até o bico do patinho, que pendeu a cabeça para o lado confuso, a fazendo sorrir e apertar ele – aí que coisa fofinha que você é, filho! Não faz isso com a mamãe que ela vai te esmagar de tanta fofura.

— Não tenha esses surtos comigo perto! – Nico pediu, se afastando levemente dela – e não aperta ele, tadinho! Vai acabar explodindo e virando parte do travesseiro de penas que eu tenho!

— Isso aí já é maldade! – Thalia levou a mão para o peito embasbacada – que feio, di Angelo!

— O que? Você que vai explodir! Aí vamos parar de falar disso tadinho, já me dá dó aqui! – o moreno acariciou a cabeça de seu filho, sorrindo abobado.

— Credo, se a gente é assim com um patinho, eu imagino com o bebê da Annabeth...

— Eu imagino com o nosso bebê, não querendo dizer muito assim e nem insinuar nada, mas né, já imaginou que bizarro?

— Você é ridículo – ela negou em reprovação, o olhando e selando seus lábios em um selinho que Daffy fez questão de separar começando a bater as asas freneticamente, querendo atenção só para ele.

— Opa, parece que alguém é ciumento! – o di Angelo comentou, arqueando a sobrancelha para o animalzinho, que parou de fazer estardalhaço assim que eles se separaram para observa-lo.

O telefone de Nico soou, fazendo-o praguejar ao ter que sair da pose fofa que eles estavam e ir atrás do eletrônico, vendo o nome de seu pai brilhar no visor e suspirar antes de atender:

— Pai?

— Eu quero você aqui em casa, amanhã, para um jantar! Nós precisamos conversar seriamente Nico D’Fienne di Angelo! Que palhaçada é essa com sua irmã?

— Estarei aí, até mais! – o moreno cortou o pai, desligando a ligação e deixando o celular em cima da cama desligado, voltando para a sala apreensivo – é, parece que meu pai descobriu do processo.

— O que houve?

— Ele me quer em um jantar lá amanhã, e já estou vendo ele acobertando a Bianca! Mas está tudo bem, eu acho.

— Não vamos pensar nisso agora – ela sorriu minimamente, chamando-o com a mão para voltar ao lado dela.


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