Império escrita por Miranda Homer, Melissa Homer


Capítulo 44
Sacola




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Nico fechava sua blusa botão por botão, o mais lento possível, já que não estava nem um pouco afim de ir para o jantar onde todos iriam apontar as facas para si e falar merda, mas sabia que se não fosse, era capaz de seu pai chamar a polícia para ir até ele e o levar para lá.

— Eu acho que vou embora – Thalia murmurou se enrolando mais ainda nas cobertas, já que havia passado a noite ali e durante a tarde havia resolvido tirar uma soneca.

— Eu posso te pedir uma coisa? – ele se virou para ela, que assentiu preguiçosamente e se sentou, se espreguiçando – se você puder e quiser, fica aqui para quando eu voltar? Eu sinto que não vai ser nada legal lá!

— Eu não ia fazer nada mesmo – a Grace sorriu minimamente, arrumando a regata que usava contra o corpo – então quando você voltar estarei aqui, ok? Não garanto que vou estar acordada.

— Mas você acabou de acordar do cochilo...

— Esqueceu de como eu sou preguiçosa, Nico? – Thalia negou em reprovação, fazendo um coque desleixado nos cabelos e jogando as cobertas para o lado, se levantando - bom, se eu vou ficar aqui, vou fazer alguma coisa para ser minha janta, tudo bem?

— Só não ponha fogo em tudo, por favor! – ele a segurou pela cintura delicadamente, sorrindo de canto e beijando sua testa.

— Pode deixar, eu tenho tudo sob controle na cozinha! – a morena fechou os olhos ao sentir seus lábios em sua testa, sorrindo timidamente e suspirando baixinho ao abri-los e encontrar os negros de Nico – boa sorte!

— Eu vou precisar – o di Angelo suspirou, se despedindo de Daffy e saindo do quarto, assim como do apartamento e do prédio, indo para sua moto e não se importando com o que o pai iria pensar ao chegar lá na motocicleta, uma das coisas que Hades não gostava que ele tivesse.

Dirigiu pelas ruas iluminadas e movimentadas de New York, até que chegou na frente da mansão dos D’Fienne e parou a moto na garagem, deixando o capacete pendurado no guidão e indo para a porta da frente, tocando a campainha e esperando que uma das empregadas fosse ali para atender, o que logo aconteceu.

— Senhor D’Fienne, seu pai lhe espera na sala de jantar! – a mulher disse com um sorriso educado.

— Muito obrigado – assentiu com educação e seguiu a sala, até adentrar a cozinha e ver a família reunida na mesa a espera dele – que delícia, a família toda reunida – disse sarcástico, indo até o lado de sua irmã mais nova, Hazel, e se sentando, ficando de frente para Bianca, que lançou um olhar acusatório e cheio de ódio para o moreno.

— Um processo, Nico? Jura? – Hades questionou, indo direto ao ponto e fazer o garoto assentir concluindo isso.

— Ela jogou sujo, então eu vou correr atrás do que é meu por direito – respondeu simplesmente, se servindo e começando a comer, já que havia ido lá mais para comer do que conversar, mesmo preferindo ficar Thalia no apartamento.

— Isso é uma coisa ridícula a se fazer! Eu sei que você não quer a Diamonds – o pai negou em reprovação, comprimindo os lábios para manter sua postura profissional.

— E me por na rua e deixar sem emprego não é uma coisa ridícula? – Nico retrucou, arqueando as sobrancelhas desacreditado, observando a reação do pai que franziu o cenho confuso. Então ele não sabia o resto da história, hum? — E claro, Bianca contou só o lado que favorece ela, não?

— É mentira pai, ele estava armando para derrubar a Diamonds, eu ouvi ele conversar com aquela secretária nojentinha dele! – Bianca se defendeu, fazendo Hades alternar o olhar entre os dois filhos sem saber direito o que fazer, enquanto sua esposa apenas manteve o olhar na comida, e Hazel apoiou a cabeça em sua mão, observando a treta rolar solta.

— Eu não preciso derrubar a Diamonds, você faz isso sozinha! – Nico retorquiu, rolando os olhos e dando mais uma garfada.

— Parem de discutir assim na mesa! Eu quero uma conversa civilizada – Perséfone se pronunciou, deixando sua postura ereta para que pudesse brigar com os dois – isso é considerado falta de respeito!

— Ah, por favor! E o que você sabe sobre respeitar? – Bianca resmungou baixinho, dando atenção para sua comida que já estava esfriando, fazendo a madrasta arquear as sobrancelhas incrédula.

— Hades, controle sua filha!

— Bianca, menos! Nico, você também – o pai negou em reprovação – sejam um exemplo igual a sua irmã Hazel, olhem que anjinho!

— Pai eu tenho que falar com você, então, eu não vou assumir a revista...quando completar dezoito anos vou ir morar com minha mãe e assumir a empresa de design de joia ao lado dela...- Hazel aproveitou a deixa que foi dada a ela, soltando tudo em cima do pai e se segurando para não sair da mesa ao vê-lo abrir a boca em um perfeito “o”.

— Como assim? Eu não aceito que você vá morar com sua mãe, filha! Eu sinto muito...- Hades começou a argumentar, mas a Levesque fechou os olhos e tomou coragem:

— Eu não vou morar com a mamãe, eu vou morar com meu namorado.

— Que? – Nico quase se engasgou com a comida, se virando com os olhos arregalados para sua irmã, que engoliu em seco e abriu um sorriso tímido – quem é?

— Não vou citar nomes, sinto muito – ela comprimiu os lábios e deu de ombros inocentemente.

— Como assim? Você vem, solta essa bomba e vai embora para deixar que ela exploda aqui? – o moreno levou a mão ao peito dramaticamente, fazendo-a rir – bom, tudo que eu posso fazer é ameaça-lo sem conhecer mesmo e te desejar felicidades, pequenina!

— Pequenina? Ainda não superamos esse apelido? É isso mesmo que eu estou entendendo? – Hazel negou em reprovação, sendo puxada para um abraço do irmão, que deixou um beijo em sua testa.

— Eu vou matar ele se ele fizer alguma coisa com você, só para deixar claro assim, sabe? – Nico murmurou baixinho, fazendo-a rir novamente.

— Tudo bem, pode deixar que eu conto para ele a ameaça! – respondeu, se desvencilhando do irmão e voltando a seu prato de comida.

— Eu não vou deixar você sair de casa e sustentar um garoto...- Hades começou novamente, mas foi parado por sua filha mais nova de novo:

— Pai, eu não queria entrar em detalhes tão sórdidos assim, mas digamos que ele se sustenta sozinho, então não precisa se preocupar não...só com o fato dele me sustentar, porque né, a gente tem aquela preguiçinha de vez em quando.

— Até nisso ela é igual a mim – Nico negou em reprovação, passando a mão sobre o rosto como se imitasse uma lágrima caindo de seu olho.

Ele olhou para seu prato de comida e começou a refletir, parando apenas agora para pensar que poderia tirar o processo contra Bianca, já que estava querendo a Diamonds para Hazel, mas como a bicha tinha aberto as asinhas para sair voando, não via mais motivo algum para continuar com isso:

— Aliás, eu não ligo para a Diamonds, só estava processando a Bianca por causa que ia deixar para a Hazel, mas como parece que estamos fazendo batata quente com uma revista, então eu pulo minha vez e tiro o processo amanhã mesmo, não me importo com o que acontece com essa empresa, só se a chatinha ali resolver atacar onde eu trabalho, aí as coisas vão ficar baixas, baixas no meu nível, ok? – Nico discursou, chamando até mesmo a atenção de Perséfone, que não sabia nem o que estava fazendo ali naquele jantar.

— Isso é uma ameaça, Nico? – Bianca o fuzilou com o olhar, arqueando a sobrancelha em desafio.

— Você é inteligente, Bianca, sabe muito bem quando alguém está te ameaçando e quando não estão – o irmão retrucou, dando de ombros e voltando para sua comida.

— Parou os dois – Hades ordenou – agora que o assunto já foi resolvido, vamos comer civilizadamente e eu não quero mais nenhuma ameaça sobre essa mesa!

Os três filhos se calaram, prestando atenção no que estavam comendo, para logo todos terem terminado a refeição e ficassem aguardando a sobremesa enquanto conversavam sobre assuntos banais, com tanta tranquilidade que parecia não ter uma guerra rolando entre dois dos irmãos.

— Então é verdade que você foi para o lado da Olympus? – Hades questionou para Nico, que apenas deu de ombros e preferiu não comentar tanto sobre a empresa dos sonhos de todos que estavam na Diamonds (e provavelmente em todas as outras revistas sem vida).

— As coisas são diferentes, coisas diferentes são legais e divertidas em vez de mortas e enterradas – o moreno complementou, olhando de relance para Bianca.

— Claro, porque lá vocês faltam com a responsabilidade e ficam saindo da empresa para bater papo, comprar as coisas, ou até mesmo ficarem se agarrando dentro das salas, sendo que deveriam estar trabalhando! – a di Angelo mais velha rolou os olhos irritada, comprovando que estava saindo do sério.

— Eu vou optar por não responder isso que você acabou de falar, tudo bem? Vou tentar me manter civilizado quando você pede para que eu saia te humilhando nos argumentos, mas está tudo bem – Nico se manteve a encarar a mesa enquanto se referia a Bianca, sorrindo ao ver a sobremesa chegar e constatar que era uma das comidas mais adoradas por ele quando vivia por ali.

— Pai, olha ele! – Bianca olhou para o pai com raiva, não acreditando que o homem estava deixando Nico falar daquele jeito com ela, coisa que deveria sim ser considerada falta de respeito.

— Ela que começou, estou apenas me defendendo usando argumentos não ofensivos...por enquanto! – o di Angelo do meio se defendeu, erguendo os olhos e os alternando entre Bianca e seu pai.

— O que eu faço com vocês dois? – Hades questionou, negando em reprovação.

— Põe em um avião e despacha para o país mais longe possível daqui, pode ser uma boa idea, o que acha? – Perséfone deu um sorriso sugestivo.

— Como você deixa ele falar assim da empresa que você fundou, pai? – Bianca negou em reprovação, se sentindo até mesmo ofendida.

— Eu não estou falando nada, apenas defendendo a empresa que eu trabalho – Nico ergueu os olhos para a treta, esperando Bianca vir com mais argumentos que ele estaria pronto para responder.

— Eles são antiprofissionais, isso é ridículo! – ela retrucou, fazendo uma careta de nojo ao se referir a Olympus.

— O antiprofissionalíssimo deles que você tanto fala os deixa em primeiro lugar e você no segundo – Nico terminou sua sobremesa e se levantou – então se foi só isso, muito obrigado pelo jantar pai, até logo!

Ele se virou depois de se despedir de Hazel e caminhou até a saída da mansão, subindo em sua moto com um sorriso vitorioso nos lábios e com uma imensa vontade de dar risada da cara de tacho que sua irmã mais velha tinha ficado, acelerando pelas ruas até estar de volta em seu apartamento.

Assim que entrou, o barulho do chuveiro denunciou que Thalia estava tomando banho, assim como Daffy estar correndo pelo corredor com medo de uma sacola que estava enrolada em seu pé, batendo as asas freneticamente.

— Daffy! – Nico arregalou os olhos levemente, tirando a sacola de seu pé e dando risada ao sentir o patinho estar tremendo de medo – oh, filho! É só uma sacola, não ia fazer mal algum para você!

Ele deixou de lado, passando na frente do banheiro e corando ao extremo ao ver que a porta estava aberta, dando uma visão do corpo nu de Thalia, o que o fez abaixar o olhar o mais rápido possível, assim como ela se assustou com ele e enrubesceu por completo.

— Ah...desculpa! – ele pediu, se apressando em sair dali e deixa-la tomar seu banho em paz.

— Está tudo bem...- ela murmurou de volta, engolindo em seco e respirando fundo, se lembrando do que havia acontecido a última vez que eles estavam juntos em um banho – então, como foi lá?

— Foi ótimo, tirando as alfinetadas minhas e da Bianca, e eu sai deixando ela no chão, mas foi bem legal, a comida estava muito boa, e aqui? O que houve? Você jantou? – Nico questionou, encostando as costas na parede ao lado da porta do banheiro, mirando o branco enquanto conversava com ela.

— O que você fez? – Thalia desligou o chuveiro, enrolando seu corpo na toalha felpuda negra que tinha achado no guarda-roupa e saindo do box.

— Ela veio toda boazona querer se achar com a Diamonds e acabou se fudendo no final, porque ela disse que a Olympus é antiprofissional e eu lancei uma “é sim, mas é isso que deixa eles em primeiro e você em segundo” – Nico deu um sorriso, vendo-a aparecer a sua frente apenas de toalha, o que o fez sair do caminho e sentir suas bochechas arderem novamente. Droga, por que estava parecendo um virgem que nunca viu uma mulher seminua?

— Eu posso perguntar uma coisa? – ela questionou do quarto, enquanto se trocava.

— Claro.

— Por que você resolveu trabalhar na Olympus como espião? – Thalia questionou, semicerrando os olhos quando já estava vestida e voltando para perto dele.

— Bom, eu nunca fui com essa a intenção de destruir a Olympus, porque isso é ridículo! Mas eu só queria ver o que vocês faziam de diferente para que vocês sempre ficassem em primeiro lugar, e trazer isso para a Diamonds, para que as duas crescessem juntas, porém quando eu vi que era a empresa em si, decidi ficar na Olympus permanentemente – confidenciou, vendo-a sorrir de leve.

— Eu sempre achei que trabalhar só por trabalhar era chato, então eu tinha que mudar alguma coisa naquela empresa, sabe? O jeito de trabalho tinha que ser divertido e deixarem as pessoas com vontade de voltar no dia seguinte, ter esse incentivo...- Thalia sorriu ao lembrar de Zeus conversando com ela sobre isso quando ainda era pequenina.

— Deve ficar feliz em saber que deu certo...- Nico comentou, a enlaçando pela cintura e deixando seus rostos perigosamente próximos.

— É...- ela suspirou, unindo seus lábios em um beijo casto enquanto ouvia Daffy gritar no chão, vindo de encontro aos dois, morrendo de ciúmes da cena a sua frente, o que os fez se separarem e darem risada, observando o filho bater as asas e parar assim que suas bocas se descolaram.


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