Império escrita por Miranda Homer, Melissa Homer


Capítulo 42
Cadáver




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Thalia entrou no escritório de Jason, que havia exigido sua presença lá com urgência, e assim que o fez, viu o desespero nos olhos do irmão que estava claramente perdido com o que fazer. Era quinta-feira e o loiro deveria já ter terminado de revisar a revista para mandar para a impressão, porém seus olhos azuis deixavam claro que ele não estava nem perto de acabar.

— Eu não sei o que fazer, é muita coisa junta e eu to pirando! – o loiro respirou fundo, cobrindo o rosto com as mãos e tentando raciocinar no que deveria fazer primeiro, já que o desespero estava atrapalhando sua mente para que continuasse.

— O que falta? – Thalia questionou se aproximando da mesa, temendo por parte a resposta, já que havia muitas folhas na mesa do irmão, coisa que a preocupava e provavelmente renderia muitas horas trabalhando.

— Praticamente tudo, me desculpa! – Jason comprimiu os lábios se levantando e levando as mãos na cabeça.

— Está tudo bem, a gente consegue terminar isso, já passamos uma madrugada inteira trabalhando na revista em um dia, e...bom, nós conseguimos, Jay! Fica tranquilo – a chefe o acalmou, suspirando alto e passando os olhos pelas folhas, até que duas batidas na porta cortaram seus devaneios e chamaram sua atenção.

— Licença, senhorita Grace, eu vou sair para comprar um negócio para Annabeth...- Nico começou a avisar, porém percebeu o claro semblante de preocupação no rosto dela e de seu irmão, por mais que Jason tenha assumido uma pose que dizia que estava tudo bem – está tudo bem por aqui?

— Está – o loiro respondeu mais rápido do que desejava, o que fez o di Angelo franzir o cenho e levar seus olhos aos petulantes olhos azuis elétricos que Thalia possuía, vendo-a baixar o olhar quase de imediato, refletindo.

— Jason não conseguiu terminar de revisar, acho que nem mesmo começar, é muita coisa em cima dele e...- ela começou, mas logo o moreno a cortou:

— Quer que eu ajude?

Jason estava disposto a dizer não, mas sabia que não iria dar conta de tudo isso sozinho e poderia gerar uma grande confusão se a revista não saísse amanhã, e claro, ele estaria atrasando tudo.

— Aceito – o loiro murmurou meio contragosto, o que fez o di Angelo assentir e fechar a porta atrás de si, pegando a caixa de marca-textos e começando a passar o olhar rapidamente pelas linhas do negócio, marcando tudo que era para tirar e deixando em branco tudo que deveria ficar.

— Alguém tem que comprar o negócio para a Annabeth – ele se lembrou da grávida e Jason se ofereceu para ir, deixando Thalia a sós com ele.

— Eu posso ajudar de alguma forma? – a garota questionou, vendo-o trabalhar quase freneticamente, não conseguindo acompanhar seu ritmo.

— Saindo daqui, tudo bem? Eu trabalho melhor sozinho, sem distrações – ele pediu de um jeito meio bruto, levantando o olhar e sorrindo minimamente para ela, que assentiu e saiu do escritório, deixando-o trabalhar sozinho.

O dia se passou em um piscar de olhos e Thalia ficava observando a porta de Jason com preocupação, já que ela não havia ouvido nada vindo de lá, e de vez em quando via Rachel levar alguma lá dentro, desde um copo com café à um saco com coisas para comer da cafeteria.

O fim do expediente chegou rápido e todos foram embora, deixando Nico sozinho, já que ele estava determinado a passar a noite ali terminando de revisar a revista e terminar tudo, e mandar para impressão.

***

— Thalia, eu não quero te assustar nem nada, mas tem um cadáver aqui...- Jason chamou pela irmã, que arregalou os olhos e veio o mais rápido possível para perto do loiro, entrando em seu escritório e relaxando de imediato ao ver Nico dormindo profundamente no sofá.

— Belo cadáver...- disse inconscientemente, recebendo um olhar acusador vindo de seu irmão, arregalando os olhos levemente – o que? Está inteiro, não está fedendo...nesse sentido, sabe?

— Aham, eu sei, depois vamos conversar sobre isso, mocinha! – o Grace bufou baixo e cruzou os braços –, mas então?

— Eu explico o que aconteceu aqui! – Rachel passou pela porta quase desesperada – esse menino me fez vir aqui as quatro da manhã, porque ele não sabia o número da impressão então tive que vir, a revista já está nas bancas, já está vendendo e ele fez tudo sozinho de madrugada, até mesmo reescreveu..., mas ele morreu no meio do processo e é isso aí.

— Obrigada, Rach – Thalia agradeceu, caminhando até o sofá e cutucando o moreno levemente, que abriu os olhos sonolento e a mirou por alguns segundos, fechando os de novo para se espreguiçar.

— Já é hora de trabalhar? – murmurou com a voz embargada.

— Trabalhar? Você não está nem vivo, menino! Vai para a casa, Nico – a chefe o cutucou novamente, fazendo-o resmungar algo desconexo – Nico, vai para a casa!

Ele sentou no sofá, quase tombando para a frente.

— Algo me diz que ele não vai conseguir ir não...- Jason murmurou observando o estado do moreno, que se levantou e começou a andar, porém ele não ia reto, e sim para o lado, batendo o braço contra o arco da porta e se sobressaltando.

— Quem colocou essa porta aqui? – murmurou sonolento.

— Nico eu te levo para a casa – Thalia deu risada, colocando as mãos no ombro dele e começando a guia-lo pelos corredores da empresa, sentindo seu corpo mole deixar ser guiado.

Assim que chegou em seu carro, ela abriu a porta de trás e o garoto mergulhou para os bancos, não se mexendo mais, o que poderia gerar uma preocupação nela, mesmo sabendo que o di Angelo estava apenas dormindo profundamente. Contornou o carro e entrou no motorista, começando a dirigir para o apartamento dele em silêncio, de vez em quando olhando-o pelo retrovisor para se certificar que ele continuava em cima do banco, e não tinha escorregado para os vãos que os bancos tinham.

Parou o carro em frente ao prédio e resolveu encarar o desafio de acorda-lo novamente, pegar o elevador e não deixar que ele caísse durante todo o percurso.

— Cadê a chave, Nico? – ela questionou com o braço rodeando sua cintura, vendo-o tentar se manter em pé e acordado – você está parecendo bêbado, o que a Rachel te deu para beber, hein?

Hum...— ele resmungou sem vontade de responder, o que a fez suspirar e corar levemente ao ter que apalpar seus bolsos em busca das chaves, achando-a no ultimo bolso que foi verificar, rolando os olhos e pegando, abrindo a porta do térreo e entrando, seguindo para o elevador e esperando pacientemente até que chegasse no andar dele, abrindo seu apartamento e entrando com ele, fechando a porta e indo para o quarto do moreno, que caiu para a cama e ficou.

— Bela conversa – ela murmurou, negando em reprovação ao ver que ele parecia uma tábua e iria ter dores pelo corpo se dormisse daquele jeito, já que suas pernas estavam para fora da cama.

Thalia suspirou, tirando seus saltos e subindo na cama, ficando de pé, passando os braços na parte interior do braço de Nico e o puxando para cima da cama, quase perdendo o equilíbrio e caindo em cima dele, o que seria trágico, mas conseguiu passar sua perna para o outro lado do corpo inerte dele a tempo, agradecendo por ele estar dormindo, já que estava de vestido e não seria nada legal ele abrir os olhos naquele momento.

Começou a virar ele na cama, fazendo com que seu corpo ficasse reto e de uma maneira confortável, desceu da cama e tirou seus tênis, deixando no chão e abriu seu guarda-roupa atrás de uma manta para o cobrir ali, achando e o fazendo, sorrindo de leve e caminhando até ele, inclinando o corpo levemente e deixando um beijo em sua bochecha, para logo após sussurrar:

— É assim que se dá um beijo em uma pessoa para que ela não saiba!

Com isso, colocou seus saltos novamente e saiu do quarto, fechando a porta e indo para a sala, franzindo o cenho ao ver algo colorido que chamou sua atenção, indo para a escrivaninha para verificar.

Arregalou os olhos levemente ao notar que eram vários papéis de diversas cores que marcavam todas as estratégias da Diamonds e da Olympus; seu nome era o que mais tinha ali e ela engoliu em seco, notando que ele tinha planejado cada jeito que a chefe poderia rebater ao que ele publicava na Diamonds. Nas quais ela usou, havia um “X” do lado, eliminando tal.

— É, ele pensou em tudo mesmo...- murmurou consigo mesma, puxando a cadeira com cuidado e se sentando ali, pegando as revistas que tinha ali no monte da Diamonds, no tempo que Nico havia trabalhado lá na semi guerra que eles criaram. 

Abriu a revista e arregalou os olhos mais ainda ao ver cada notícia que a envolvia estar marcada com um marca texto neon, chamando atenção, foi até a página indicada e viu as anotações circundando a manchete, mostrando onde havia um furo, dando um jeito dela rebater, onde havia algo falso, que ela poderia acusar de calúnia, tudo.

— Filho da puta, o bichinho é esperto mesmo – resmungou, negando em reprovação e deixando a revista ali, do jeito que estava antes e se levantando, indo para fora do apartamento decidida a conversar com seu irmão para voltar o di Angelo a seu cargo anterior.

Assim que entrou na revista Olympus, foi direto ao escritório do loiro e não se surpreendeu em vê-lo ali quase caindo no tédio, chamando sua atenção ao passar pela porta.

— Precisamos conversar – ela murmurou, fechando a porta atrás de si e caminhando até a cadeira, se sentando ali.

— Diga o que lhe aflige.

— Jay, eu sei que você não gosta da revista, não estou te acusando de não ter feito seu trabalho de propósito pois sei que não é assim, mas você não é treinado completamente, não teve faculdade, sabe o que sabe de um dia só que passou com Percy, portanto sei que continua aqui para que Nico não voltasse para seu cargo e, e de alguma maneira, me proteger dele, o que, agora, é desnecessário. Então eu queria que você abandonasse o cargo e deixasse ele assumir, porque cá entre nós, ele é muito bom no que faz – Thalia discursou, assumindo uma pose profissional, o que fez o loiro suspirar e também endireitar a postura.

— Está tudo bem, Thals, eu deixo ele assumir, pode me dar a carta de demissão? – ele questionou com um meio sorriso – só não vale me afastar da Piper, hein?

— Então o que está tendo é sério? Jason Grace preso a uma garota? Uau!

— Larga de ser ridícula!

— Tá apaixonadinho, que fofo!

— Mas antes que eu vá, quero falar uma coisa: o que está rolando entre você e Nico? Está mais do que claro que vocês estão mais próximos agora do que quando se pegavam nos escritórios da vida!

— Relação de funcionário e chefe, nada mais do que isso – ela deu de ombros, ocultando a parte do selinho que havia dado nele a algum tempo para conseguir um copo.

— Nada mais do que isso? Tudo bem que eu ameacei ele no primeiro dia, mas ninguém precisa saber disso, não é mesmo?

— Jason! Eu não acredito que você fez isso! – negou em reprovação, enrubescendo.

— Nem vem que to sabendo que seu amiguinho quase voou nele também!

— Homens! – ela negou – sempre ciumentos!

— Claro, olha que mulherão que você é, maninha!

— Ok, você já tá estranho, me elogiando de graça, o que você quer?

— Um dia de folga para a Piper, o que acha?

— Depende do dia e depende para que!

— Digamos que quero sair com ela, fazer uma surpresa, você não precisa saber de mais detalhes, então, o que me diz?

— Fechado! Agora recolhe suas coisas e cai fora daqui, chatinho.

Jason negou em reprovação, mas se levantou assim que ficou sozinho e começou a arrumar suas coisas, passando no escritório de Piper para dar tchau a sua garota e deixando a revista com sua carta de demissão.

***

Assim que Thalia abriu a porta da casa do di Angelo com Daffy em seu colo, não conseguiu acreditar ao encontra-lo do mesmo jeito jogado na cama, respirando calmamente enquanto dormia, o que não durou muito, já que seu filho pulou se colo e correu na direção do pai, batendo as asas freneticamente e soltando “quack” sequencialmente, até que não houve resposta e ele optou por mordiscar o nariz do garoto, que abriu os olhos devagar, sonolento.

— Daffy – murmurou, suspirando alto e levando os olhos para a Grace, que negava em reprovação encostada na parede – Thalia.

— Você se lembra como veio parar aqui? – questionou, cruzando os braços e tomando a cabeça para o lado em uma pose confortável.

— Mais ou menos, lembro de você praguejando comigo porque eu não conseguia andar reto, de você corada por um motivo desconhecido e por fim eu caindo de cara na cama e apagando por completo...- Nico passou as mãos nos olhos, pegando seu filho e virando de barriga para cima, o colocando em seu abdômen e começando a brincar com ele preguiçosamente.

— Eu vim trazer ele, é dia de você ficar com ele...

— Obrigado.

— Não foi nada – a Grace sorriu minimamente, desencostando da parede e rumando até a porta – vou ir, quer alguma coisa antes que eu vá?

— Não quer ficar para comer? – Nico levou os olhos para ela, que deu de ombros.

— Por mim tanto faz, se você quiser que eu fique, eu fico.

— Eu vou te mostrar uma coisa que eu nunca te mostrei antes...- ele fez uma pausa misteriosa – eu sei cozinhar!

O di Angelo se sentou na cama, se encolhendo ao ouvir um estalo vir de seu corpo, soltando um “ui”, dando risada e pegando Daffy no colo, saindo da cama.

— Vem, vamos cozinhar com o papai!

— Espero que você não esteja planejando cozinhar ele, porque aí, Nico di Angelo, você é um cara morto!

— Irônico que você não fala mais meu outro nome, não?

— Está reclamando? Eu posso voltar a falar e ser rígida com você, é só pedir.

— Ok, não está mais aqui quem falou! – Nico foi para a cozinha e ela se sentou em uma das cadeiras que ficam na frente do balcão, o observando colocar Daffy no chão e começar a pegar coisas da geladeira e do armário, deixando sobre a pia em movimentos rápidos – então, você pega a massa, o presunto...

— Nico, eu não quero aprender a fazer lasanha...- Thalia o cortou, fazendo-o parar e observa-la por alguns segundos, antes de voltar a falar:

— O queijo, e está quase pronto os ingredientes.

— Muito obrigada por me ignorar.

— De nada – ele sorriu como uma criança travessa – então, você coloca tudo na forma de um jeito bonitinho e cuidado para não se queimar quando for tirar, passa o molho e assim vai colocando até por no forno.

— Ótimo, eu estou em uma aula de culinária e não sabia! Cuidado para não derrubar molho no Daffy, seria trágico para ele, tadinho!

Nico olhou para o chão e viu Daffy abanar o rabo enquanto chegava perto do armário curioso.

— Ele está ocupado demais paquerando meu armário para notar o que eu to fazendo.

— Paquerando? Ele tá muito novo para isso!

— Deixa o bichinho ser feliz com um móvel!

— Você está louco, só pode – Thalia negou em reprovação, mesmo que estivesse rindo – seu sono excessivo deve ter subido para sua mente.

Nico deu um sorriso e continuou a preparar sua lasanha, tirando a atenção dali por alguns segundos para pegar uma colher e encher do molho, colocando a mão embaixo para prevenir que não iria sujar o chão e fazendo a Grace se inclinar mais ainda sobre o balcão, tendo os braços cruzados sobre o móvel.

— Abre a boca – pediu, fazendo-a arquear a sobrancelha, mas obedecer, colocando a colher lá dentro e se apoiando também no balcão, ficando com seu rosto perigosamente perto do dela, que sorriu.

— Isso é muito bom, desgraçado!

— Eu sei que é bom, não tenho culpa se sei cozinhar bem – ele sorriu e lançou uma piscadela para ela, se afastando e jogando a colher na pia, pegando outra para voltar a arrumar a lasanha.

É, talvez eles estivessem mesmo agindo mais como casal agora do que antes. Thalia chegou à conclusão em sua mente, tomando a cabeça levemente para o lado e usando um dos braços para apoiar sua cabeça na mão.  

— Eu tenho a impressão que eu mal te conheço, por que você não fala um pouco da sua vida? – a Grace questionou, observando-o colocar a lasanha no forno e se virar para ela com uma das mãos na cintura.

— Ok...o que você quer saber?

— O que você quiser contar que eu não saiba.

— Eu sou italiano, não só descendente, sou realmente italiano! – contou, se apoiando do outro lado do balcão e ficando de frente para ela.

— Isso é exótico – ela semicerrou o cenho, o que o fez rir.

— Algo que você não sabia, agora me diga algo que eu não sei sobre você.

— Eu já tive um patinho quando era pequena, mas ele morreu e eu chorei! Fiz meu pai fazer um enterro para ele, com direito a orquestra e tudo – confidenciou, deixando que um bico tomasse seus lábios ao lembrar de seu primeiro patinho.

— Eu só estou competindo com a Bianca com a Diamonds por causa da minha irmã mais nova – ele a encarou, dando um sorriso mínimo e abaixando o olhar para o balcão.

— Como está indo o processo?

— Meio complicado, mas a gente vai seguindo.

— O que seu pai acha de tudo isso?

— Ele não se importa, tá mais preocupado em gastar o tempo com a atual mulher dele! Não faz ideia que estou colocando a Bianca na justiça, só se ela for chorar para ele dar um jeito em mim porque estou fazendo algo contra a vontade dela, o que provavelmente vai acontecer se eu ganhar, o que eu tenho certeza que vai acontecer.

— Confiante, você, não?

— Sou sim.

— Eu presumo que você não mora aqui a muito tempo...

— Bianca gritou com meu pai para me tirar de casa quando soube que eu havia parado de investigar a Olympus – soltou, se afastando com o olhar no chão e pegando Daffy no colo, colocando-o no sofá – vou tomar um banho, o forno desliga sozinho, fica à vontade.

Thalia levou a mão para o coração com o tiro que tinha recebido, já que ele nunca havia confessado que tinha feito isso, mesmo que Rachel já tivesse a informado disso, era um baque e tanto ela ouvir da boca dele.


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