Império escrita por Miranda Homer, Melissa Homer


Capítulo 35
Insegurança




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Os dedos de Nico já começavam a doer de tanto escrever nas fichas de emprego que enviaria para revistas menores, o cheiro de café estava o deixando acordado, já que o tédio estava o consumindo por inteiro, e a cada vez que o sininho da cafeteria tocava para avisar que alguém tinha chego, era um respirar fundo, o que se tornou frequente durante as horas que esteve ali.

O que não esperava era ver um vulto se sentar à sua frente, pronto para erguer os olhos e dizer que estava esperando alguém ou que o lugar estava ocupado, mas as palavras morreram em sua garganta assim que viu a Grace desviar os olhos para qualquer coisa que não fosse ele.

Os olhos azuis elétricos pararam nas várias fichas ali, em um movimento rápido pegando uma delas e chegando para trás a tempo de desviar da mão do di Angelo que tentou recuperar a folha, mas ela já estava lendo e comprimiu os lábios ao chegar a conclusão que ele estava atrás de um emprego.

— Então está pretendendo ir para outras revistas? – disse baixo, colocando a ficha de volta no montinho e engolindo em seco, subindo o olhar para mira-lo nos olhos.

— Eu não quero a Diamonds e a Olympus não me quer, então não me resta escolhas, não é? – Nico deu de ombros, desfazendo o contato visual para prestar atenção em mais uma linha da ficha.

— Sempre tem uma escolha – a Grace jogou a indireta, mesmo sabendo que era uma direta bem na fuça dele, porém não disse nada.

— Fala Thalia, fala tudo que você está querendo falar – o di Angelo deixou a caneta de lado, assim como os papéis, levantando o olhar e segurando o seu.

— Eu não tenho nada para falar.

— Eu não estou com tempo para seus joguinhos idiotas, se você não quer falar o que, claramente, está preso na sua garganta, se levante e saia daqui – Nico a observou dar de ombros e se levantar, porém assim que ela deu as costas e desceu seu olhar, ele ouviu a voz dela novamente:

— Você é um cretino filho da puta ordinário! – ela espalmou a mão em cima da mesa, apoiando seu peso em uma delas.

— Continua, vai, me xinga!

— Isso é uma brincadeira para você? Eu te odeio tanto que tenho vontade de arrancar seus olhos seu idiota desgraçado filho de uma puta, eu nem sei o que dizer em relação a você...- Thalia continuou a xingar ele por muito tempo, até que ele notou que suas mãos tremiam e ela respirou fundo, fechando os olhos e começando a chorar silenciosamente, fazendo-o concluir que havia acabado o estoque de xingamentos e a puxar para um abraço, sentindo seu corpo travar diante do ato.

— Obrigado, eu precisava ouvir isso...- ele murmurou baixinho, apertando-a contra si – me desculpa, por favor, só me desculpa.

Thalia se afastou e limpou as lágrimas, se levantando e voltando a sentar de frente para ele, notando que muitas pessoas olhavam a cena confusos, e para tirarem uma foto no local era uma coisa rápida.

— Você me magoou muito, Nico – disse, assumindo a postura ereta novamente e respirando fundo para se livrar do ar de choro.

— Eu sei...

— Você pode voltar para a Olympus, se você quiser o emprego, vai ser como estagiário da Annabeth, você decide – propôs, sabendo que poderia estar cometendo um erro, mas ela já cometeu muitos erros, então sabia que não perdoar era mais um erro que não queria cometer, principalmente depois do que Rachel a contou.

Ele abriu a boca para responder, porém ela não deixou e o cortou:

— Se for trabalhar, amanhã apareça as seis no escritório.

Se levantou e respirou fundo, determinada a sair, mas não sem antes abordar um assunto rápido que Rachel também havia contado para ela:

— Boa sorte com o julgamento contra sua irmã.

Assim, ela saiu da cafeteria sentindo seu interior se revirar.

O caminho até a Olympus foi um grande borrão, e tudo só voltou ao seu lugar quando ela estava encolhida na cadeira de seu escritório encarando o chão e pensando em como sua vida estava um caos. Ás vezes pensava até que fosse melhor Jason não ter descoberto sobre ter um espião, que fosse melhor ela não ter pedido ajuda para Reyna, que fosse até melhor ela não sair do cargo de estagiária para chefe em alguns dias.

Seus pensamentos estavam a afundando cada vez mais, porém uma batida na porta a tirou de seu estado vegetativo e a fez levantar o olhar, notando que Jason entrava no escritório e fechava a porta atrás de si.

— Ok, o que está acontecendo dessa vez?

— Eu dei o emprego para o Nico – soltou de uma vez, vendo-o arregalar os olhos e cerrar os punhos de imediato.

— Você o que?

Thalia começou a chorar novamente, escondendo seu rosto entre seus braços e esperando que Jason a zoasse por chorar como um bebê ou até mesmo que ele saísse da sala, mas o loiro a surpreendeu ao puxa-la para cima e conduzi-la até o sofá, ficando abraçado com ela ali.

— Ok, pode chorar, mas nada de catarro na minha blusa!

— Para seu idiota! – ela murmurou com a voz embargada, mesmo que tivesse soltado uma risada estranha ao notar que ele tentou a animar com algo.

— Está tudo bem, depois você me conta o que houve, tá? Só extravasa...chorar é bom para a pele, quer dizer, a vovó falava isso, agora se é verdade eu não sei!

Thalia começou a contar o que havia acontecido, o modo que ele havia abraçado ela na cafeteria, o que fez o loiro se remexer desconfortável e mudar a posição que os dois se encontravam, mas deixou que ela prosseguisse contando até que no fim, só ocultando a parte que existia o pen-drive, e então ela recomeçou a chorar.

 - Thals, não chora assim, isso, por mais que seja bem estranho eu falar, doí la dentro, bem lá no fundinho, bem no fundo mesmo, sabe? – Jason viu ela abrir um pequeno sorriso enquanto chorava – e decide esse humor, porque não dá para chorar e rir ao mesmo tempo, né?

A Grace olhou para o chão, ficando em silêncio tempo o suficiente para que Jason se preocupasse e a balançasse de leve para ter certeza que ainda estava viva, ou pelo menos nesse planeta.

— Eu acho que amo ele...- soltou baixinho, fazendo o loiro chocar a mão contra a testa.

— Poxa, eu achando que você ia soltar uma frase filosófica e tu me faz isso, garota? Que tiro que eu levei, hein?

— Não faz piada com isso, é sério! – ela retrucou manhosa e ele negou em reprovação.

— Eu não sei o que dizer, as únicas pessoas que eu disse que amava foram você e...é, você!

— Nem para o papai? – ela disse indignada.

— Constrangedor, evito isso! Uma vez ele disse que me amava e eu respondi tá!

— Você disse tá? – Thalia começou a rir – eu não acredito nisso!

— Eu não tenho culpa, amor é uma palavra muito forte!

— Ele é seu pai!

— Idai?

— Jason Olympus Grace, você merece o troféu do pior filho da terra! – a morena fez um joinha.

— Obrigado, vou receber com muito prazer, mas você vem junto, pode ser?

— Bom, somos irmãos, né? Eu vou ter que ir junto!

— E não se esqueça do Daffy!

— Ou pera aí, como assim meu filho é o pior filho da terra? Jason você quer levar uns tabefes? – a garota o encarou indignada.

— Não foi isso que eu quis dizer! – se defendeu, levantando as mãos em sinal de rendição – ele só é um pouco suicida demais e também feliz! E você leva ele para todo lugar, por que não levar na premiação também?

— É, você tem razão – ela ponderou, comprimindo os lábios.

— É claro que eu tenho!

— Não abusa da sorte, garoto!

— Ok, eu não abuso!

***

Reyna observava atentamente cada peça de roupa a sua frente, ficando em dúvida de qual marca era a melhor para usarem na próxima sessão de fotos, comprimindo os lábios e tombando a cabeça para o lado, levando a mão para a cintura e a outra para o cabelo, ficando em uma posição confortável que muitos poderiam achar que ela estava posando para alguma foto.

O latino chegou por trás da namorada, envolvendo-a e apoiando sua cabeça no ombro dela, a fazendo ter um sobressalto e desmanchar a pose confortável.

— Como você está? – ele questionou.

— Bem...- respondeu normalmente, pegando a blusa e passando a mão pelo tecido calmamente.

— Realmente bem? Porque nós não conversamos direito desde que...- Leo começou, mas parou e observou o rosto da garota se tornar totalmente vermelho e ela abaixar o olhar envergonhada - Você quer conversar sobre?

— Leo! – ela repreendeu, negando em reprovação.

— O que? Nós temos que esclarecer isso, porque a situação entre nós dois está estranha.

— Não vamos conversar sobre isso aqui, vai na minha casa hoje e conversamos, pode ser? – ela se virou nos braços dele, envolvendo seu pescoço com os braços e selando os lábios rapidamente – agora volta ao serviço, vai saber se Thalia não aparece aqui e briga com a gente por estarmos assim?

— Meio difícil ela brigar, acho que aplaudir seria mais do tipo dela, mas tudo bem – ele assentiu e se virou – eu levo o jantar para a sua casa, tudo bem?

Reyna assentiu, pegando uma das blusas e colocando em frente ao corpo, semicerrando os olhos e se encarando no espelho.

O tempo passou em um piscar de olhos, e quando a Arellano deu por si novamente, estava deitada na sua cama, toda largada usando um moletom largo, o cabelo preso em um coque desleixado e em um meio abraço com seus cachorros, e Leo entrava pela porta de seu quarto com comida.

— Calma gente que eu to com comida e isso não é para vocês! – o latino levantou o saco um pouco alto, já que os dobermanns abandonaram Reyna para pular em cima dele loucamente.

— Fui deixada no frio e sozinha! – a dona levou a mão para o peito dramaticamente.

— Que dó! – Leo retrucou, rolando os olhos e conseguindo se livrar dos filhos da namorada.

Mesmo que Reyna não quisesse corar, ela não conseguia não enrubescer ao lembrar de que assunto eles iriam tratar em alguns minutos, o que tornava tudo constrangedor e a vontade dela enfiar a cara no lençol e sumir voltava.

— Já está pensando nisso? – o latino presumiu, negando em reprovação ao olhar para ela – foca na comida, porque ela está com uma cara muito boa, não nisso!

Eles se sentaram na cama e começaram a comer ali mesmo enquanto observavam os dois cachorros pularem animados atrás do gato de Leo, que ele havia levado ele ali mais frequentemente, então eles haviam começado a se darem bem de repente.

— Você se arrependeu? – o Valdez soltou de repente, fazendo-a se segurar para não cuspir o que estava na sua boca e sentiu suas bochechas queimarem violentamente.

— Não...- murmurou baixinho, sentindo seu interior começar a queimar também, sabendo que era sua morte ali mesmo. O silêncio reinou por alguns segundos, até que ela resolveu admitir: - eu só não sei como agir depois disso...

— Você não precisa ficar com vergonha de mim – ele levou a mão até seu rosto, acariciando sua bochecha com cuidado.

— É, só que quando eu olho para você, eu lembro do que nós fizemos, aí eu fico sem jeito e de repente to ardendo em chamas! – ela abaixou o olhar constrangida.

— Reyna...- chamou, recebendo sua atenção – você não fez nada de errado, você foi perfeita.

A garota deixou o prato de comida em cima da cama, escondendo o rosto com as mãos e respirando fundo, sabendo que logo mais sua pele iria derreter se continuasse assim. Mais um tempo se prosseguiu em silêncio, até que ela abriu a boca:

— Não fiz?

— Não! – ele respondeu quase de imediato – isso tudo é insegurança?

— Eu vou socar a sua cara!

— Ok, talvez um pouquinho..., mas, Rey, fica tranquila! – ele a puxou para perto, abraçando-a – você não tem que se preocupar com isso, ok? Você foi ótima!

Ela ergueu os olhos para ele, encarando-o.

— Você também foi!

— Owwwnt que coisa mais fofa! – o latino a apertou contra seu corpo, beijando sua testa e sorrindo.

— Assim você vai me matar, sério, para! – ela resmungou, levando as duas mãos para a bochecha e começando a massagear ali, sentindo-as doerem.

Leo tirou o prato de comida da cama e os deixou em um lugar seguro, caminhando até a porta e fechando, sentindo olhar dela nele até que voltou para o colchão, engatinhando em sua direção e selando os lábios com o de Reyna, que sentia que suas mãos começariam a tremer a qualquer segundo de nervoso.

Ele levou uma das mãos para a barra da blusa dela, porém dessa vez foi diferente, em vez dele subir em cima dela, acabou a puxando levemente e a deixando por cima, em seu colo, o que a fez separar os lábios nervosa e arregalar os olhos.

— Calma, Rey...- o latino passou a mão por sua bochecha – faz o que você quiser, se você se sentir insegura, me fala, entendeu? Não precisa ter pressa, faz do jeito que você quer fazer...e se depois você não quiser, você parar a hora que você quiser, não tem que se sentir obrigada a nada, ok?

A morena respirou fundo e voltou a selar seus lábios.


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