Império escrita por Miranda Homer, Melissa Homer


Capítulo 34
A favor da Olympus




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Um mês. Um mês já havia se passado desde que Nico viu Thalia pela última vez, ou até mesmo soube dela. Bianca estava virando um inferno na sua vida e pressionando-o para que arranjasse algum jeito de conseguir mais informações, mesmo ele se negando até a morte a abaixar a cabeça para Olympus e tentar alguma investida. Sabia de muitas coisas que poderiam destruir as pessoas lá, mas não iria abrir a boca.

Dois toques na porta o tirou de seus devaneios, fazendo-o suspirar alto antes de mandar a pessoa que estava do lado de fora entrar, não se surpreendendo ao ver Rachel com uma carinha nada boa.

— Eu preciso falar com você – ela murmurou, se sentando de frente para ele e encarando seus olhos negros – eu não aguento mais trabalhar aqui!

Nico olhou para os dois lados antes de responder, se certificando que estava sozinho com a ruiva:

— Eu também não!

— As coisas são mortas, e isso me dá agonia! Saudades de quando Thalia passava no meio do corredor imitando um caranguejo!

Como um flash, a cena dela fazendo o passinho estranho voltou em sua mente, assim como as risadas de todos após ela tê-lo feito do nada, apenas para que a empresa desse um tempo no trabalho para rir.

— Vejo que não é só eu que sinto falta dela...- a ruiva notou que o olhar do di Angelo se tornou perdido, mas ele piscou rápido e balançou a cabeça, voltando a encara-la.

— Eu não sinto falta dela – Nico disse convicto, mesmo sabendo que até para ele aquela mentira era tão besta que nem mesmo o próprio acreditou – não é só dela, na verdade.

— Vocês formavam um casal tão...

— Rach, não...- pediu, semicerrando os olhos e comprimindo os lábios, não querendo lembrar das sensações que a garota o passava apenas por pronunciar seu sobrenome de um jeito mais intenso.

— Estou quieta – ela levantou as mãos em sinal de rendição – mas o que nós vamos fazer? Bianca é tão morta que ás vezes tenho certeza que ela é um fantasma!

— Eu peço desculpas, sério, por tudo que eu fiz com você! Tanto por te arrastar comigo quanto por te tirar da sua zona de conforto na Olympus, eu sei o quão insuportável Bianca pode ser sempre e eu só quero pedir desculpas e...eu não sei! Eu não queria sair da Olympus, só sai porque a Thalia me expulsou da casa dela ameaçando chamar a polícia e me tacou um banco e um copo sem deixar explicasse que eu parei de espionar anos atrás. Eu só fiz aquilo para reconquistar a confiança da minha irmã, ela me deixou sem escolha, se eu quisesse acabar com a Olympus eu faria, mas eu não quero e não vou, eu amo aquele lugar, mas infelizmente aquele não é mais o MEU lugar, então o que me resta é aqui e eu pretendo tomar o que é meu de volta, eu vou tirar a revista da mão da minha irmã e para fazer isso eu preciso estar aqui dentro, ela não serve para isso, ela não é uma boa chefe, nem uma boa pessoa, do jeito que ela tá caminhando ela vai acabar destruindo a Diamonds e ela tá caindo direitinho no jogo dos Grace!

— Jogo? – Rachel questionou confusa demais com muita informação para processar de uma única vez.

— Sim, eles querem que façamos exatamente o que ela quer fazer e o que ela está fazendo, eles querem nos destruir por dentro, assim ficamos com a imagem péssima e a Olympus fica com a imagem intacta, afinal, nós seremos a revista que está atacando sem argumentos e fontes fortes e eles serão os que estão se defendendo e acabando com nossa credibilidade – o moreno explicou. Já havia sacado o jogo dos irmãos Grace, mas deixou quieto e privou Bianca dessa informação.

— Mas você tem dado informações para sua irmã...

— Porque ela quer que eu dê, mas acha que eu não poderia dar algo realmente importante e que a Thalia e o Jason não vão conseguir rebater se quiserem? Eu sabia do programa de televisão Rach, você acha que se eu não quisesse que ela rebatesse eu não teria colocado meu rosto ou ao mesmo o vídeo da minha sala, de onde eu tirei aquela foto? Sabia que ela iria se defender, a Thalia acha que está no controle assim como a Bianca, mas eu estou controlando cada peça dos dois lados, mesmo que as duas não saibam.

— E você está controlando a favor da Olympus...

Nico assentiu lentamente, suspirando alto.

— Infelizmente eu não posso estar daquele lado, mas vou tirar Bianca daqui, ela é um perigo para essa empresa, mas eu não quero que ela saia porque me preocupo com ela, pouco me importo com essa empresa, ela vai acabar com isso aqui sozinha e não precisa de ajuda nisso, mas eu quero isso de volta porque quero ter certeza que a Hazel, minha irmã mais nova, vai ter algo para lhe sustentar até ela mesmo conseguir fazer isso sozinha.

— Você pode repetir tudo isso enquanto eu gravo para mandar para a Thalia? – a Dare questionou com um sorriso de canto.

— Não, e você não vai contar para ela nada do que eu disse aqui, ok?  

— Ah, por que não? Isso seria ótimo para empurrar vocês dois para uma reconciliação!

— Rachel Elizabeth Dare, eu já te disse que não quero lembrar do que algum dia eu tive com Thalia, então não fale dela mais, ok? Por favor, só isso que eu te peço.

Mal sabia Nico que as paredes tinham ouvidos e sua irmã estava do lado de fora da porta ouvindo tudo que ele havia dito, trincando os dentes de raiva e voltando para sua sala, ligando para seu advogado e pedindo sua presença imediata no escritório.

— Você se importaria em ver a Thalia em um dia muito importante? – a ruiva questionou nervosa, mordendo o lábio inferior levemente.

— Que dia? – Nico semicerrou os olhos desconfiado.

— Tipo...no meu casamento?

— É o que? – o moreno sentiu seu coração falhar uma batida.

— Ao lado dela...sendo ela minha madrinha e você meu padrinho? – Rachel se afastou da mesa devagar.

— COMO ASSIM VOCÊ VAI CASAR E NÃO ME FALOU NADA, MENINA EU...EU NÃO SEI SE TE MATO OU SE TE ABRAÇO! – Nico gritou exasperado, saindo de seu lugar e agarrando sua amiga, que começou a rir enquanto ele a apertava cada mais forte – eu não acredito nisso, minha menininha cresceu!

— Eu vou te dar uns tapas! – a Dare ameaçou – e me surpreendeu você não ter notado o anel no meu dedo, sabe?

— Eu ando muito desligado...- ele segurou sua mão, vendo o anel – eu nem sei o que dizer! Parabéns Rach...é claro que eu não me importo de ser seu padrinho!

— Obrigada – a ruiva murmurou, suspirando baixinho.

Eles se separaram assim que alguém pigarreou na porta entreaberta, notando que era um advogado.

— Sim? – Nico questionou, arqueando a sobrancelha.

— Senhor di Angelo eu preciso falar com você a sós urgentemente...- começou, adentrando na sala e encarando a ruiva.

— Pode falar na frente dela, não tem problema algum – o di Angelo cruzou os braços sob o peitoral, olhando o homem estar com um papel branco em mãos e com uma cara fechada demais.

— Tudo bem então, eu lamento informar, mas você está fora dessa empresa nesse exato momento, sua irmã quer que o senhor recolha suas coisas de imediato e saia do prédio – explicou o motivo.

— A empresa é minha, ela não pode me demitir – o moreno franziu o cenho.

— Não é isso que diz nesse papel – o homem levantou o papel e entregou para Nico, que arqueou a sobrancelha enquanto lia rapidamente.

— Eu não assinei esse papel!

— Essa é a sua assinatura, não é?

— Tudo bem – Nico assentiu, se virando para a mesa e pegando o que era seu e que precisaria no momento, dando um beijo na testa de Rachel e se despedindo brevemente, até que passou pela porta, não sem antes alertar o advogado com suas palavras finais naquela sala – nos vemos no tribunal, boa sorte!

Sem olhar para trás ele saiu, porém viu sua irmã encostada na parede com um sorriso cínico, parando de andar apenas para se referir a ela:

— Aliás, quem roubou a blusa da sessão de fotos foi a Drew...se eu fosse você ficava de olho nos seus funcionários.

Ele se vangloriou ao ver o sorriso se desmanchar lentamente, dando as costas para a irmã e saindo do prédio, sabendo que agora não tinha o que fazer para recuperar a empresa, nem mesmo poderia dar as caras na Olympus, portanto se deu chance para ir para seu apartamento e tomar um banho relaxante antes de pensar em seu próximo passo.

Nico – Rachel.

Eu já arrumei minhas coisas e falei com sua irmã, não vou ficar nesse inferno não! – Rachel.

Pode vir me buscar? – Rachel.

A ruiva digitou rápido no celular, suspirando aliviada assim que viu ele ficar online quase de imediato, agradecendo por ser tão ligado nas redes sociais.

Eu só vou procurar uma coisa aqui e já estou indo aí, ok? – Nico.

Se você quiser ir para uma cafeteria, eu te pego lá – Nico.

Vai ser melhor do que ficar parada aí na frente – Nico.

Pode ser, estou indo para lá – Rachel.

Nico abriu umas gavetas da sua escrivaninha, procurando loucamente por um único objeto, que assim que achou, abriu um sorriso mínimo e pegou as chaves de seu carro, saindo de casa e dirigindo até a cafeteria combinada com a ruiva.

— Eu preciso falar com você antes de irmos – o moreno abordou ela em uma mesa, chamando sua atenção.

— Diga...

— Você não vai para a casa, sinto muito! Você vai para a Olympus pedir emprego de novo lá, e eu sei um modo perfeito para você voltar – Nico pegou o pen-drive que estava em seu bolso, colocando na mesa e arrastando até a frente dela, que franziu o cenho.

— O que eu vou fazer com isso?

— Vai dar para a Thalia, mas é claro que não vai falar em hipótese alguma que foi eu que te dei! Nesse pen-drive tem coisas que nem mesmo Bianca sabe sobre a Diamonds, aqui tem tudo sobre a empresa, desde o sumiço da blusa, discrepâncias no lucro, contabilidade, tem coisas que ninguém imagina que Bianca já fez para manter aquela revista intacta. Você vai falar que pegou no meu computador, porque você tem acesso a ele, e vai deixar ela fazer o que quiser com essas informações, ok? – explicou da forma mais resumida possível, encarando-a nos olhos verdes.

— Isso é loucura! – a Dare respirou fundo, olhando para o pen-drive e de volta para Nico.

— As manchetes já estão prontas, está tudo aqui, por que, como, fontes, tudo! E eu não vou deixar você sair prejudicada porque me escolheu, e se não o fizer, eu vou achar um jeito ou quem faça mantendo seu nome, porque você vai voltar para lá, entendeu?

— Eu...não sei...

— Vamos, eu vou te levar até lá agora e vou te esperar lá fora até você falar com ela, se ela não aceitar, você vai para minha casa e nós vemos o que podemos fazer até amanhã, mas se ela aceitar, você pega suas coisas e já arruma sua mesa para o outro dia – ele se levantou, puxando-a pela mão antes que ele próprio perdesse a coragem de ir lá.

O caminho foi silencioso, Rachel não tinha palavras para descrever o que estava sentindo no momento e preferiu apenas ficar respirando e inspirando, repetindo as palavras dele em sua mente, mesmo que talvez não fosse usar, mas é claro que não contaria para ele.

Assim que o carro parou, a ruiva sentiu seu coração acelerar e seu rosto enrubescer.

— E você? O que você vai fazer? – a Dare questionou, mirando-o nos olhos, notando que havia sido pego de surpresa pela pergunta.

— Eu vou por a Bianca na justiça, vou tirar a revista dela e vou passar para a Hazel, ela já está fazendo dezoito anos mesmo!

— Não quis dizer sobre isso, mas sim o que vai fazer agora? Você está sem trabalho e não vai ter como se manter por muito tempo...

— Eu já trabalhei nas duas melhores revistas, uma outra vai me querer, mas não estou preocupado com isso no momento Rach, vai logo! – ele sorriu minimamente, vendo-a abrir a porta do carro e saindo segurando o pen-drive com força contra sua palma da mão.

O elevador abriu e ela teve que prender a respiração ao ver todos parados diante dela esperando a máquina para irem embora, já que era fim de expediente.

— Ah..., a Thalia já foi embora?

— Ela está no escritório dela – Percy foi o primeiro a responder, olhando para a ruiva e sorrindo minimamente.

— Obrigada...- murmurou cabisbaixa, notando que eles haviam aberto caminho para ela que começou a ir em direção ao escritório da Grace, dando dois toques na porta e a abrindo com cautela – ah..., senhorita Grace?

 - Rachel! – Thalia exclamou com um sorriso, se levantando e colocando a mão na frente de Daffy, impedindo que o patinho corresse para a ponta da mesa e se atirasse em queda livre para chegar perto da ruiva.

— Eu posso conversar com você um minutinho?

— Se for sobre o emprego, você sabe que ele é seu, não sabe? Sua mesa está lá, vaga..., mas você vai ter que trabalhar para o Jason! – a chefe a cortou, sabendo que era isso que ela havia vindo pedir, apenas por seu rosto vermelho já dava para deduzir.

— Obrigada, mas...tem mais uma coisa e essa eu acho melhor você sentar para conversarmos – a ruiva caminhou até a cadeira de frente para a Grace, que se sentou preocupada e deixou que Daffy fosse até a garota, que sorriu e passou a mão no patinho – então, o Nico me deu esse pen-drive e me pediu para não contar para você...

Assim, ela começou a explicar tudo que o di Angelo tinha explicado para ela, tanto na cafeteria quanto a confissão dele dentro da sala, não esquecendo de nenhum detalhe e vendo as reações da garota a cada coisa que falava, para, por fim, terminar de falar e ver a chefe recostar na cadeira com os olhos fechados.

— Pegou, né? – ela comprimiu os lábios – é eu sei, doeu em mim também quando ele disse. O problema é que a Bianca acabou descobrindo e ele está na rua...não na rua literalmente, quero dizer, sem emprego e eu estou preocupada.

— Rachel, obrigada por isso – Thalia engoliu em seco, pegando o pen-drive que a ruiva lhe esticou – eu vou ver o que faço com isso, ok?

— Eu posso pegar minhas coisas, então? – a Dare questionou, arqueando a sobrancelha.

 - Quer ajuda?

— Depende...- a garota se levantou com um sorriso um tanto zombeteiro – você quer ver o Nico agora ou depois? Ele está lá embaixo!

— A resposta certa é nunca, mas ela não está aí, então né...- a chefe desviou o olhar.

— Você sabe que vai ter que ver ele no meu casamento...

— Rachel!

— E no batizado do bebê da Annie...

— Rachel! – repreendeu novamente, arqueando a sobrancelha e observando-a rir.

— E também no nascimento...

— Rachel Elizabeth Dare!

— E em muitas...ok, estou indo! – a ruiva arregalou os olhos e saiu do escritório às pressas.

 Assim que ela chegou no térreo, observou uma cena um tanto cômica, já que Nico estava quase agachado enquanto conversava com a barriguinha que Annabeth tinha, bem pequena, mas notável, fazendo a ruiva rir desacreditada.

— Eu não estou sendo um padrinho presente, mas eu juro que estou me esforçando! – sussurrou, comprimindo os lábios.

— Você sabe que a gente precisa ir, né, Nico? – Percy arqueou as sobrancelhas, esperando o momento que o moreno iria se tocar que estavam no meio da rua.

— Cala a boca e me deixa falar com meu afilhado! – o moreno retrucou, negando em reprovação – mas então...

Annabeth deu risada, negando e aguardando pacientemente enquanto o di Angelo falava com seu filho, até que ele viu Rachel e se despediu do casal (e do bebê) indo até ela.

— Então? – questionou próximo o suficiente.

— Eu consegui, vou voltar, vim buscar minhas coisas! – a Dare disse com um sorriso, sendo abraçada e tirada do chão em um movimento rápido – obrigada, Nico! Mas agora nós temos que dar um jeito em você, porque você não pode ficar nas ruas, isso me preocupa!

— Rachel, está tudo bem eu não vou ficar nas ruas, eu vou achar um emprego, eu não me importo no momento, mas fico feliz que você conseguiu, sério!

— Eu que agradeço – ela sorriu, deixando um beijo na bochecha dele – pode ir para a casa, eu vou depois de táxi, vou arrumar minhas coisas com calma.

Ele levou seus olhos para o prédio, sendo surpreendido ao ver Thalia na janela o observando, a encarou nos olhos, dando um sorriso triste, para alguns segundos depois ela chegar para trás e sumir de sua vista, fechando as cortinas.


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