Rubro escrita por BrunaAffonso


Capítulo 2
Capítulo 2ampiro




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Eu olhei a academia pelo pára-brisa do sedã prateado.

Não havia sido uma decisão minha, mas ainda assim parecia o certo. Era o certo.

Remexi a minha pulseira prateada. Respirei fundo. Fazia quanto tempo desde que freqüentei uma escola? E agora eu ia começar de novo. Graças àquele maldito caçador e sua horda imbecil.

— Uma vampira de noventa e cinco anos está com medo de uma academia? — Tomás perguntou com um leve sorriso enquanto desligava o carro.

— Na verdade estou pensando no porquê daqueles hipócritas existirem. — A minha mandíbula trincou. Eu queria ver um Rosa Negra. Eu queria quebrar a cabeça de um deles.

Tomás riu.

— Minha bela, sempre haverá os inimigos, já devia ter te acostumado.

Às vezes eu me esquecia que Tomás era muito mais velho que eu; sentia-me à vontade ante a ele.

Olhei para o meu pai.

Cabelos pretos, altura mediana, e olhos cinzentos que havia herdado da mãe finlandesa. Fora isso, era um legítimo Vaz português.

— Como era antes, Tom? — Eu perguntei voltando o olhar para as gárgulas assustadoras do teto do edifício principal.

— Bem, sem tecnologia nós nos jogávamos aos instintos...

— Não. — Interrompi. — Antes dos dampiros. Como os Rosas Negras eram destruídos?

— Melissa, eu fui seu criador, não me peça para deixá-la sem proteção. — Tomás disse firmemente, mas sem elevar o tom de voz.

— Eu vivi noventa e cinco anos sem proteção. — Quase rosnei para ele.

— Isso foi um erro meu. Devia ter te posto na academia logo depois que tu aprendeste a controlar a própria força. Agora vou reparar esse erro. Chega de caçadores de vampiros atrás de ti. Chegaram perto demais mês passado, não vou correr riscos.

Eu olhei para ele. — Mas...

— Não, Melissa, já discutimos isso incontáveis vezes, e tu sabes que é o certo. Agora desça do carro e vá para a academia Búlgara.

Abri a porta, teimosamente, e me preparei para fechá-la com mais força do que o necessário, um sinal do inconformismo.

— Aliás, minha bela, cuide-te, eu te amo. — Ele disse ternamente.

Desmanchei-me, como sempre. — Amo você, pai.  — Fechei a porta devagar.

Fiquei olhando-o se afastar pela rodovia pavimentada. Suspirei. Academia Búlgara. Que por sinal ficava em Santa Catarina, Brasil. Bravo para quem escolheu o nome assustador.

Minhas coisas já haviam sido despachadas para cá. Olhei o imponente prédio antigo. Na frente havia uma fonte de água cristalina com a estátua de um anjo.

Irônico.

O jardim estendia-se por toda a fachada e eu não era a única chegando. Duas meninas vampiras, uma loira e a outra ruiva, entravam pelo grande portão principal enquanto eu vi homens - ou garotos, caras, eu sei lá como chamar dampiros em treinamento -, musculosos e de cabelos curtos, praticamente idênticos, passando pela entrada, reunidos num grupo bagunceiro.

Ah, ótimo. Isso ia ser maravilhoso.

Com sarcasmo apurado, eu marchei para a Academia Búlgara à procura de um dampiro.


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