E agora? escrita por calivillas


Capítulo 8
Beijos e lágrimas




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Laura

— Moça, eu nunca conheci alguém que beijasse assim, tão bem quanto você – Nathan me disse, depois de recuperar o folego, após mais uma sessão de beijos fogosos e intrépidos, dentro do carro dele, com direito a embaçarmos os vidros do carro, já no estacionamento do hotel, onde tínhamos certeza que não seriamos vistos.

— Posso dizer o mesmo, mas, agora, acho melhor eu ir dormir, senão...você sabe – respondi, pois achei que era hora de pararmos, antes da situação esquentar mais ainda.

— Sim, eu sei. Vou até tomar um bom banho frio, para tentar dormir, também – brincou.

— Então, boa noite – E sai do carro, não queria por mais por a prova a minha resistência, pois ele me desse mais um daqueles seus sorrisos maravilhosos, eu voaria no seu pescoço e grudaria a minha boca na dele e ninguém nos seguraria, então era melhor parar, enquanto eu podia.

Quando sai do carro, senti a diferença de temperatura entre a minha pele superaquecida e o ar frio da noite. Andei com as pernas meio bambas e a cabeça zonza, pelo caminho que levava até o bangalô, nem notei o silêncio ou a escuridão que me envolvia, pois, meus pensamentos estavam em outro lugar, imaginando o que poderia acontecer até o final daquele feriado.

Parei diante da porta, esqueci que não tinha a chave, esperava que Alexia não estivesse dormindo ainda, bati de leve na porta, demorou um pouco e ela veio atender.

— Desculpe, estava dormindo?

— Estava, mas tudo bem.

O quarto estava na penumbra, mas ela não parecia estar com cara de sono, mas, sim de choro. Devia ser só impressão, pois, por que Alexia estaria chorando, já que sua vida parecia ser tão perfeita?

— E com foi a sua noite? – ela perguntou, sem interesse, deitando-se, outra vez, e virando de lado para a parede.

— Maravilhosa! – Suspirei. – Ele beija tão bem!

— E só fico no beijo, eu espero?

— Sim, por enquanto, mas até o fim do feriado, quem sabe? Agora, preciso de um banho, senão não vou conseguir dormir.

Deixei minha irmã para trás, entrando no pequeno banheiro, para tomar um banho e relaxar, depois, daquela sessão de beijos, estava em brasa, aquele homem era incrível e eu não ia conseguir resistir, nem queria.

 

Alexia

Laura chegou toda alegrinha do seu encontro, ela era sempre assim, se apaixonando, rapidinho, por qualquer um que lhe dê um pouco de atenção e afeto. Mas, não foi isso que aconteceu comigo e acabei por trair o meu marido?

Pelo menos, ela estava tão distraída que não percebeu que andei chorando, pois, ouvir a voz de Maurício mexeu muito comigo, não podia acreditar que o nosso casamento havia terminado dessa maneira tão horrível, eu sendo infiel com alguém igual a Carlos. Como fui idiota! Deixando-me levar pelo o jeito sedutor daquele homem, que só queria me levar para cama, no workshop da empresa, em um resort de luxo. Naquela noite, eu estava tão entusiasmada e havia bebido um pouco demais, mas não era desculpa, na verdade, eu me sentia um tanto entediada com o meu casamento, precisava de alguma emoção, o sangue fervendo nas veias, mas nem deu para chamar de caso, pois, foi só uma única noite. Na manhã seguinte, eu me senti péssima, tudo isso por causa de uma transa ruim. Mesmo assim, eu tinha que ser honesta e confessar o meu erro a Maurício, falar o que aconteceu entre mim e Carlos? Coloquei tudo a perder por nada.

Percebi quando Laura voltou para o quarto, fiquei quieta e fingi que dormia, não queria conversar agora, um leve rangido denunciou que minha irmã se deitava na cama ao lado.

 - Alexia, está dormindo? – ela falou baixinho, testando.

— Não – Fiquei como medo, que ela houvesse percebi algo. – Estou estranhando o travesseiro.

— É de macela, uma erva do campo, que cheira bem e acalma. O que vamos fazer quando Tim chegar?

Respirei aliviada, felizmente, ela não notou nada.

— O que podemos fazer? Não faremos nada. Ou você quer chegar para ele e falar que pode ser o pai de uma de nós duas?

— Não, mas como saberemos?

— Por que saber? Eu não entendo essa obsessão por esse homem. – Eu me virei para ela, mesmo não podendo vê-la na escuridão do quarto. – Nunca soubemos da existência dele. Ele não influenciou, em nada, as nossas vidas, não fará nenhuma diferença se o conhecermos ou não.

— Pode ser.

— Não pense nisso agora. Vá dormir, Laura, porque, pelo que soube hoje, o dia começa bem cedo por aqui. Boa noite – Eu me virei para o outro lado e tentei dormir.

Laura

 - Boa noite, Alexia.

Eu não entendia como minha irmã podia ser tão insensível, afinal, aquele homem foi o grande amor da nossa mãe e poderia ser o meu pai ou o dela. Talvez, estivesse sendo só uma tola romântica, acreditando em grandes amores e paixões avassaladores, isso nunca deu certo para mim na vida real, era só olhar para trás e ver a fila de caras errados com quem me meti. Talvez, a culpa não fosse só deles, no entanto, também, minha, por jogar sobre eles todas as minhas expectativas e esperanças, imaginando se cada um deles seria o grande amor da minha vida, no fim, todos me decepcionaram, me enganaram, falharam, de uma forma ou de outra. Ou fui eu que falhei e me iludi?

Seria assim com Nathan? Ele era tão gostoso, tão másculo e seguro, um homem que não encontramos mais por aí, hoje em dia. Estava cheia de tesão, doida para dar para ele, mas me segurei, não queria que fosse assim, aquele era um homem para ser domado e cavalgado com vontade, que nem cavalo xucro, porém, até o fim do feriado, ele não me escapava, precisava me acalmar para poder dormir. Lá fora, o extremo silêncio, só quebrado pelo cantar de um galo, o coaxar das rãs e o trilado dos grilos, não ajudavam em nada, mas, devagarinho, o sono foi chegando e eu apaguei.

Parecia que tinha dormido somente uns 5 minutos, quando um sino irritante começou a badalar insistentemente, como se estivesse dentro do quarto, mas, na verdade, estava do outro lado da porta.

— Não acredito! – Alexia resmungou e colocou o travesseiro sobre a cabeça, contudo, sabia que não desistiriam.

— Já ouvimos! – gritei para o teimoso sineiro, que se afastou para acordar os outros pobres coitados.  – Vamos, Alexia! Não temos saída.

Minha irmã bufou com força, enquanto, eu me levantava e ia para o banheiro. No pequeno espelho, vi minha cara amassada e sonolenta, joguei nela água fria para despertar, assim que voltei para o quarto, Alexia tomou o meu lugar. Alguns minutos depois, prontas, saímos do quarto, e encontramos o céu púrpura.

— Ainda nem amanheceu! – Alexia constatou, irritada, quando nossas vizinhas de bangalô, Rafaela e Ângela, desciam pelo caminho que levava a casa grande.

— Bom dia! Vamos, garotas! Temos trabalho pela frente! – Ângela disse, em tom animado, e nos juntamos a ela.

— Como foi a noite, Laura? Você desapareceu, de repente – Ângela indagou com um certo ar maldoso. Será que ela percebeu que sai com Nathan? E daí, não tínhamos nada a esconder. Ou será que ela queria estar no meu lugar, na boleia daquela caminhonete? Resolvi responder apenas com um sorriso malicioso, ela que pensasse o que quisesse.

 O grupo de hóspedes se reuniu na cozinha da casa, que fazia vez de refeitório, em volta da grande mesa já posta e cheia de gostosuras da fazenda, os convidativos aromas de bolo e café frescos enchiam o lugar. Acho que há muito tempo não comia tanto e tão bem no café da manhã, conversávamos animados, trocando ideias sobre o dia que viria, quando vi Nathan entrar, só de olhar para ele e me lembrar dos beijos da noite passada, sinto um fogo queimar dentro de mim, um arrepio na minha espinha. Ele deu uma sútil piscada de olho para mim e um sorriso safado, aquele homem era, realmente, um tesão. Mas, minha atenção foi desviada, no momento que outro homem entrou, alto e até bonitão para a sua idade, cabelos escuros entremeados por fios prateados, e parou na frente da mesa.

— Bom dia, pessoal. O meu nome é Tim. Espero que estejam gostando da sua estadia na minha casa.


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