E agora? escrita por calivillas


Capítulo 9
Chegadas inesperadas e Descobertas surpreendentes




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Alexia

Laura começou a tossir, porque se engasgou, mas, eu não consigo desviar os olhos do homem na minha frente, afinal, foi por causa dele que estávamos ali, o amante da minha mãe, o suposto pai de uma de nós. Fiquei imaginando porque ela se apaixonou por ele. Ele até que é bonito para a idade que tem, não conseguia me lembrar do rapaz das fotos, que achamos entre os pertences dela. Tentei me ver ou a Laura nele, mas não cheguei a nenhuma conclusão.

Tim falou um monte de coisa sobre aquele lugar, que não prestei muita atenção, percebi quando seus olhos passearam pelos hóspedes e pararam, por mais tempo em mim, sustentei olhar, porém, ele desviou os olhos para Laura.

 Antes do fim do café da manhã, Nathan começou a distribuir as tarefas de cada um, seriamos divididos em dois grupos, um na horta e outro no trato dos animais. E não foi uma simples coincidência, acabarmos no grupo dele, não tinha escapatória, precisaria lidar com vacas, galinhas e porcos.

Notei os olhos de Laura acompanharem Tim, quando ele saía e seu ar de decepção por perder a chance de se aproximar dele, enquanto eu não sabia o que pensar, não tinha certeza, se desejava descobrir se aquele homem era o meu pai ou não.

 Saímos do refeitório direto para cumprir nossas pretensas tarefas rurais, pois, tinha certeza, que aqueles bichos não dependiam de nós para sobreviver, e estavam muito bem cuidados e tranquilos na nossa presença, acostumados com a companhia de estranhos. A mim, foi designada a tarefa de alimentar as galinhas e recolher os ovos, pelo menos, parecia simples, no entanto, me atrapalhei toda para despejar a ração no comedor, foi quando alguém apareceu, nas minhas costas, para me ajudar, segurando o balde e terminando o meu trabalho, com destreza.

— Obrigada – disse, agradecida ao meu salvador, e quando olhei para trás, levei um susto, ao reconhecer Tim.

— Por nada, é sempre mais complicado, na primeira vez.

— E espero que seja a última.

— Você é uma das moças, filha da mulher que morreu e passava as férias aqui, na fazenda?

— Sim, sou, meu nome é Alessandra, mas me chamam de Alexia. O nome da minha mãe era Natália, lembra dela?

Ele refletiu por alguns segundos.

— Não, lamento muito.

Cretino, como não pode se lembrar da mulher que engravidou?!

Laura

Nathan estava me falando, empolgado, sobre a vaca leiteira, explicando como cuidar dela, o seu tipo de raça, a quantidade de leite que produzia, enquanto alisava o dorso dela. E eu estava empolgada por estar do lado dele, já imaginando como seria aquela noite, pois, ele já havia me chamado para sair de novo e, dessa vez, tinha certeza que não conseguiria me segurar, ia ser uma noite bem quente, dentro daquela caminhonete. Foi quando olhei para o lado e vi minha irmã conversando com Tim, aí estava a minha oportunidade que procurava.

— Nathan, esqueci de falar algo urgente com Alexia, volto já – avisei e sai andando, apressada, na direção a eles. – Oi! - disse, de um modo dissimuladamente casual, ao me aproximar, porém meu coração batia forte. – Você deve ser Tim? – Estendi a mão em cumprimento.

— Sim, sou e você é ...

— Laura, irmã de Alexia.

— Perguntei a Tim sobre nossa mãe, ele falou que não se lembrava dela – Alexia comunicou com uma pitadinha de sarcasmo.

Desiludida, senti meu coração pesar. Mas, espera aí! Eu li aquelas cartas, que ele escreveu para ela, não era possível que não se lembrasse disso!

Talvez, se você se esforçasse um pouco, minha mãe era muito parecida com a minha irmã.

 Ele fitou Alexia por um tempo, percebi um sútil sinal nos seus olhos, um reconhecimento, mas...

— Não me lembro – Contudo, sua boca falava o contrário.

Estava pronta para rebater.

— Laura, não seja inconveniente, ele já disse que não se lembra – Alexia interveio de modo duro, mas os olhos de Tim se fixaram nela, quem sabe, relembrando.

— Talvez... – Tim começa, foi quando Nathan se aproximou de nós e ele relaxou. – Espero que meu filho as tenham tratado bem? – Nós duas o interrogamos com o olhar.

— Seu filho? – Alexia o questionou.

— Sim, meu filho Nathan. – E posou a mão sobre o ombro do homem mais novo.

 - Você é filho do Tim? – perguntei a Nathan, com um fio de voz, quem sabe, entendi errado.

— Sim, venho sempre ajudar o meu pai, nos feriados, quando o lugar está mais cheio – Nathan respondeu, orgulhoso

Meus olhos procuraram os da minha irmã, em busca de algum apoio, sinto-me zonza, não quero acreditar no que acabei de ouvir, sinto-me zonza, não consigo respirar direito.

— Não estou me sentindo bem, acho que deve ser o calor – eu digo, por fim.

— Podemos fazer algo por você? – Nathan ficou preocupado.

— Não, prefiro ficar com a minha irmã, quero ir para o quarto, agora.

Puxei por Alexia, que foi sem resistência.

— O que foi isso? – Alexia estava tão atordoada quanto eu, olhei em volta até ter certeza que estávamos a uma boa distância e não poderíamos ser ouvidas.

— Meu Deus! Alexia, ontem à noite, eu e Nathan...

— Vocês transaram? – Ela, também, estava preocupada.

— Não, mas foi uns bons amassos e uns beijos bem intensos e ... Meu Deus! Eu estava planejando transar com ele hoje. Imagine só?! O cara pode ser meu irmão e estou cheia de tesão por ele!

— Ainda bem que não aconteceu nada – Ela suspirou, aliviada.

— Nada? É porque você não estava dentro daquele carro, ontem à noite. Foi o melhor amasso de toda a minha vida, nunca beijei um homem assim.

— Pare de se culpar, você não sabia quem ele era. Além do mais, ele pode ser meu irmão e não seu.

— Eu não sei, você viu o Tim? Ele tem cabelos escuros iguais ao meu.

— Laura, isso não quer dizer que ele seja o seu pai.

— Agora, eu preciso desmarcar meu encontro com Nathan, só de pensar que quase transei com ele e que podia ser o meu irmão.

— Mas, não transou, então, pare de se sentir culpada.

Alexia

Laura me obrigou a ficar trancada naquele cubículo, o resto da manhã, fugindo de Nathan, pelo menos, eu me livrei de ajudar na cozinha. Lá pela hora do almoço, não aguentava mais aquela ladainha, quando alguém bateu na porta, fui abrir, era Nathan, com ar aflito.  

— Eu vim ver como Laura está?

Olhei para minha irmã, que se encolheu toda debaixo das cobertas, fingindo dormir.

— Acho que ela está um pouco melhor agora, está dormindo um pouco – menti.

— Que bom, fiquei preocupado.

— Não é nada demais. Você sabe como é, coisas de mulher.

Notei sua decepção, pois seus planos noturnos teriam que ser cancelados, mas não pela razão que ele imaginava.

— Tudo bem. A gente se encontra no almoço.

— Até lá – Eu me despedi e fechei a porta.

— Puxa! Boa desculpa! Obrigada! – Laura disse, sentando na cama, em um pulo.

— Não tem de que. Os homens sempre caiem nesse tipo de desculpa e não sabem o que fazer, ficam meio desnorteados. Mas, vamos almoçar, não aguento mais ficar trancada nesse quarto.

Laura concordou de má vontade, mas, afinal, não era ela que queria conhecer o tal Tim?

Então, fomos direito para o refeitório, onde boa parte dos hóspedes já se encontrava, todos perguntaram se Laura estava melhor, enquanto ela fazia uma cara de doente. Nathan sentou-se ao lado dela, bastante interessado no estado de saúde da minha irmã, enquanto, ela estava toda sem jeito e eu achei aquela situação bastante engraçada, meio tragicômica, lembrava uma tragédia grega. Só me espantei quando Tim se sentou junto a mim.

— Alexia, depois que sua irmã falou, tentei me lembrar e me recordei de uma moça bonita muito parecida com você, que conheci quando era jovem. Ela tinha o mesmo sorriso e os olhos verdes brilhantes iguais aos seus, uma moça encantadora – Tim revelou de um modo manso

— Devia ser a minha mãe.

— Ela morreu, não foi? – Reconheci uma ponta de amargura na sua voz.

— Sim, há pouco tempo.

— Lamento muito em saber disso. E foi por isso que vocês vieram para aqui?

— Sim, minha irmã encontrou um cartão postal com o nome desse lugar, entre os pertences dela. Sabe, minha mãe não jogava nada fora.

Ele me encarou por alguns segundos, pego de surpresa com essa revelação. Será que ele entendeu as entrelinhas?

— Ela devia ser uma mulher muito especial.

— Sim, era mesmo.

 Nesse instante, um dos empregados da fazenda entrou, meio sem jeito de interromper a refeição, tirou o chapéu e se aproximou da gente.

— Seu Tim, desculpe a intromissão, mas é que chegou um moço aí, procurando alguém chamada Alessandra.

— Só eu. Um moço? Quem?

— Não sei, não, senhora. Ele está lá, na sala principal.

 Eu levantei, assustada, sem imaginar do que se tratava, sai da mesa, indo direto em direção à sala. Tim, Laura e Nathan vieram logo atrás de mim, escada acima, estanquei no meio do caminho, sem poder acreditar nos meus olhos.

— Mauricio, o que você está fazendo aqui? – perguntei, totalmente abismada.

— Quem é ele? – Ouvi quando Nathan indagou, em voz baixa, para Laura.

— O marido dela – Laura respondeu, sem entender o que estava acontecendo ali.

— Eu fiquei preocupado, depois daquele seu telefonema estranho de ontem à noite, parecia que estava presa em algum lugar – Maurício respondeu, visivelmente, mais aliviado.

— Desculpa pela preocupação, mas eu estou bem, obrigada.

— Sendo assim, já estou indo.

— Indo para onde? – eu quis saber, realmente, surpreendida.

— Estou cansado de dirigir e com fome, e já me avisaram que aqui não tem mais vaga, então, vou procurar um outro hotel por perto – ele respondeu.

 - Que isso, meu rapaz? – Tim deu um passo à frente. – O hotel mais próximo fica a quase 50 quilômetros daqui, além disso, tem comida suficiente para mais um. Junte-se a nós.

— Mas, onde ele vai dormir? – Laura coçou a cabeça, pois não cabia mais ninguém no nosso pequeno quarto.

— Ele pode dividir o quarto com Nathan, se ele não se incomodar? – Tim propôs, ninguém compreendeu tamanha generosidade.

— Não, eu não me incomodo – Como todos nós, Nathan estava confuso.

 - Sendo assim, está tudo certo. Vamos voltar para mesa, antes que a comida esfrie – Tim determinou, sem dar margem a discursão.

— Como me achou aqui, Maurício? – perguntei baixinho, quando ficamos para trás.

— Pelo número do telefone, fiz uma pesquisa até chegar esse lugar, mas antes, liguei um monte de vezes para o seu celular.

— Aqui não tem sinal.

— Como vocês vieram parar no lugar como esse, Alexia?  Isso aqui não tem nada a ver com você.

— É uma história bem estranha, se estiver interessado, eu conto a você depois do almoço.


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