E agora? escrita por calivillas
Laura
— Na verdade, Tim estava falando da sua juventude, quando conheceu a nossa mãe – Imediatamente, eu corrigi minha irmã, tentando parecer casual. Aquela situação entre os dois estava muito esquisita, não entendi nada, porém não deixaria eles pusessem tudo a perder, por causa de uma idiota briga de casal.
— Só histórias tolas de um velho saudosista – Tim completou, com um ar nostálgico.
Eu apenas esperava que toda aquela aguardente fizesse algum efeito e ele deixasse escapar algo mais.
— Mas, antes, estávamos falando de escolhas e arrependimentos – A irritante da Alexia insistiu nessa história.
— Todo mundo, um dia, fez escolhas que se arrependeu depois, e não pode voltar atrás, tendo que conviver com suas consequências para sempre – Tim respondeu, diretamente, para Alexia.
— Você já fez algo que se arrependeu, Tim? – Alexia continuou de modo petulante, erguendo o queixo, desafiadora, seus olhos verdes faiscavam. Onde será que ela pretendia chegar?
— Sim, com certeza, fiz muitas escolhas que, um dia, me arrependi, algumas eu pude contornar, outras não, então, precisei conviver com a minha burrice e tentar esquecer.
— E você conseguiu, realmente, esquecer? – Não estava entendendo minha irmã, ela pressionava Tim contra a parede, enquanto, Maurício assistia tudo, calado, com uma expressão sombria, reenchendo seu copo e tomando mais um gole.
— Para falar a verdade, não, mas, precisei me conformar
No entanto, antes que Alexia abrisse a boca outra vez, Tim bateu com as palmas das mãos nas coxas dele e se levantou.
— Vou ver a quantas andam o jantar – comunicou, na clara intenção de fugir do interrogatório da minha irmã, e saiu, deixando todos em silêncio para trás.
— O que foi aquilo? – indaguei a ela, irritada, encarando minha irmã, quando tive a certeza que Tim não podia mais nos ouvir.
— Nada, só estou tentando descobrir algo. – Ela deu de ombros, de modo displicente.
— Mas, não assim! Você acabou espantando ele! O que você acha, Maurício?
— Acho que esse homem carrega muita mágoa pelas escolhas erradas que fez na vida. Já que não posso ir, vou me deitar um pouco, antes do jantar – Meu cunhado opinou e, também saiu da sala, em direção ao quarto que dividiria com Nathan.
— O que está acontecendo entre vocês dois? – perguntei, assim que ficamos sozinhas na sala.
— Nada.
— Como nada?
Alexia soltou um longo suspiro e as máscara de arrogância se desfez.
— Tudo bem. Daqui a pouco não será mais segredo. Eu e Maurício vamos nos separar.
— Não acredito, logo vocês tão entrosados, almas gêmeas! Era a prova viva que um casamento pode dar certo! Por quê? — Se minha irmã e o marido estava se separando, não haveria mais esperança para o amor, muito menos, para o casamento. – Ele traiu você?
— Não, fui eu que o trai.
— Não acredito!
— Pode acreditar, ao que parece, adultério é um mal de família.
— Quer falar sobre isso, agora?
— Não, só quero ficar um pouco sozinha – Então, se virou e foi embora, estava sozinha, quando Nathan entrou na sala. Só faltava essa!
— Oi, moça – Ele parou, surpreendido, quando me viu e deu aquele sorriso que me deixava toda molhada. Droga! Ele pode ser meu irmão e eu cheia de tesão.
— Oi, Nathan. Preciso ir – Tentei passar por ele, apressada, mas ele ficou bem na minha frente.
— O que está acontecendo? Por que está fugindo de mim?
— Quem disse que estou fugindo de você? – menti, encarando a camisa azul dele, porque não podia olhar nos seus olhos, pois não conseguiria me segurar.
— Está na cara. Olhe para mim, Laura.
Ergui meu rosto, lentamente, e deparei com aqueles olhos quentes e intenso, cheio de dúvidas. Precisava resistir, tinha que ser forte! Ele pode ser o meu irmão, sangue do meu sangue. Mas, que merda! Há muito tempo, não me sentia assim, tão atraída por nenhum homem desse jeito. Tenho que fugir daqui, agora!
— Preciso ir! – digo, com urgência, tentando desviar dele.
— Eu sei o que está acontecendo, Laura – No entanto, ele me impede.
— Sabe? – Será que ele desconfiava de alguma coisa, espero para ver.
— Estamos indo rápido demais, mas, eu também me sinto muito atraído por você. Não quero forçar a barra, prometo que irei com mais calma.
— Obrigado por ter entendido a situação, Nathan. Tenho que ir me preparar para o jantar — Enfim, eu consigo me desvencilhar dele, saindo de lado, porém, antes de eu me afastar, ele segurou o meu braço, me puxou contra o seu corpo e me beijou com vontade, minhas pernas perderam as forças, fiquei derretida nos seus braços, ainda bem que estávamos bem no meio da sala e não em um lugar mais reservado, senão... Eu resisti, sem muito empenho por um breve instante, então, me entreguei aquele beijo, irracionalmente.
Minha nossa! Posso estar beijando o meu irmão!
— Nathan! – Ouvimos a voz de Tim, atrás de nós, olhamos na sua direção e ele nos encarava, surpreso, me afastei, apressada.
— Preciso ir – E escapuli dos braços de Nathan, correndo para fora.
Alexia
No quarto, sozinha, ao som monótono do ventilador de teto, girando sobre a minha cabeça, na tentativa inútil de aliviar o calor, deitei na cama e fechei os olhos, não conseguia parar de pensar em tudo que aconteceu, nas palavras duras de Mauricio. Era o fim, não tinha mais volta, só me restava cumprir o luto pelo meu casamento moribundo, mas mesmo conformada, sentia toda a dor do adeus, porque eu ainda amava o meu marido.
Laura entrou pela porta como um tufão, esbaforida, com o rosto vermelho, sentou-se na cama ao lado.
— O que houve? – perguntei, curiosa com a sua aparência alterada.
— Nathan acabou de me beijar – respondeu, em tom soturno.
Pela primeira vez, naquele dia, tive vontade de rir, contudo, me segurei ao perceber o ar de preocupação da minha irmã.
— E você resistiu? Disse não e o empurrou? – Ela sacudiu debilmente a cabeça, em negação — Essa história está ficando bem séria.
— Sim, imagino quando ele descobrir a verdade, vai me odiar.
— Quando todos nós descobrirmos a verdade, se descobrirmos, ele terá que entender.
— Nós vamos descobrir! – E ela me encarou, com ar de pesar, eu odiei isso. – Você está bem?
— Não. Supondo que Maurício nunca me perdoará e meu casamento acabou. Eu ainda tinha uma pequena esperança, mas, agora, depois do que ele me disse.
— Ele ainda está aqui, não está?
— Porque não conseguiu ir embora.
— Pelo menos, você ganhou mais um tempo.
— Tempo para quê?
— Para deixar ele pensar, pois, se, realmente, quisesse ir, já teria ido. Está na cara que ele tem dúvidas.
— Dúvidas? Acho que não. Ele parecia bem certo quando falou comigo.
— Ele ainda ama você, Alexia. Por isso veio correndo até aqui, achando que você estivesse com problemas
— Você acha isso mesmo, Laura? – Não queria deixar aquela chamazinha de esperança nascesse em vão, para morrer logo a seguir, me fazendo sofre ainda mais.
— Sim, eu acho.
Laura fez uma cara engraçada, franzindo a testa.
— Que cara é essa? – Fiquei preocupada, com medo que ela dissesse alguma coisa que apagasse minha pequena chama de esperança.
— Eu não contei a você, mas, quando Nathan me beijou, quer dizer, quando eu e Nathan estávamos nos beijando, Tim apareceu na sala e nos viu.
— Ele falou alguma coisa? – Ela sacudiu a cabeça negando. – Isso pode ser bom.
— Como assim, ser bom?! Um pai pegando seus filhos em um ato incestuoso?! – Laura estava exaustada.
— Pense bem, Laura. Tim não sabe que nós sabemos que ele pode ser o pai de uma das duas. Com certeza, Nathan também não sabe. Se eu for a filha dele, Tim deve pegar mais leve, mas se for você, ele deverá pegar mais pesado. Proibir qualquer tipo de relacionamento entre você e Nathan, entendeu?
— Sim, entendi. Mas, como iremos saber?
— Descubra como Tim reagiu e o que falou com Nathan, durante o jantar.
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