E agora? escrita por calivillas


Capítulo 13
Triste comprovação




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Laura

A ideia de Alexia era brilhante, não podia esperar nada menos da minha irmã, no entanto, ao mesmo tempo, me dava uma certa agonia, um medo por saber que as nossas dúvidas estavam chegando a uma solução e que, talvez, eu não gostasse da resposta, pois, se Tim fosse o meu pai teria que esquecer Nathan de uma vez por todas, ao menos como homem, no entanto, seria difícil pensar nele como irmão.

 E quanto mais a hora do jantar se aproximava, mais meu estômago ficava embrulhado, andava de um lado para outro, dentro daquele quarto minúsculo, quase, abrindo um buraco no chão.

— Pare com isso, Laura! Você está me deixando maluca! – Alexia gritou, eu parei assustada.

— Desculpe! Mas, estou muito ansiosa, esperando a hora do jantar.

— Eu sei, deu para notar – ela falou, virando-se para o lado da parede.

— Eu estou sendo muito egoísta. Você cheia de problemas no casamento e eu preocupada com o meu crush que conheci, há dois dias. – Eu estava me sentido muito mal, porque o problema da minha irmã parecia bem sério, tinha certeza, que ela ainda amava o marido e devia estar sofrendo muito com a possibilidade de perdê-lo.

— Tudo bem – Ela se levantou em um pulo. – Estou cansada de ficar aqui, deitada, esperando, eu não sou assim. Vamos enfrentar o mundo. Eu preciso ficar cara a cara com Maurício e você com Nathan.

Depois de nós nos aprontarmos para o jantar, saímos ao entardecer, a temperatura havia caído um pouco, anunciando uma noite agradavelmente fresca. O ar estava cheio do burburinho dos pássaros se ajeitando para a noite e cigarras cantavam se despedindo do sol, que findava lentamente, dando um tom avermelhado ao céu, mas, aquele momento etéreo e bucólico, não conseguia desviar a minha atenção, eu fazia incansáveis conjecturas do que iria acontecer naquele jantar, enquanto nossos sapatos rangiam ao esmagar as pedrinhas do chão. Ao meu lado, Alexia permanecia calada e séria, também, envolvida nos seus pensamentos. Nunca aquele caminho até a casa pareceu tão longo e difícil, como jamais terminasse. Então chegamos, boa tarde dos hospedes já estava lá, reunidos no refeitório, a maioria de pé conversando em pequenos grupos. Observei Nathan, animado, falando com Ângela, toda derretida, aquela cena me azedou, porém, não tinha direito de ter ciúmes dele.

 Eu não sabia o que fazer, se me aproximava ou não, quando Tim interrompeu o nosso caminho.

— Laura, posso falar com você, por um instante? – Olhei para a minha irmã, que assentiu com a cabeça e nós dois fomos para um canto do refeitório. Eu o interroguei com o olhar, ansiosa do que viria dali. — Laura, você parece uma boa moça, sua mãe foi minha amiga — Amiga? Ele falou que nem se lembrava dela. –, por isso vou lhe dar um conselho. Não se meta com Nathan. Ele é um bom rapaz, mais um tanto, como dizer, namorador, está sempre se envolvendo com uma hóspede nova. Já falei com ele, que não fica bem para os negócios, porém, ele não me dá ouvidos.

Será que ali estava a comprovação que Tim era o meu pai, por isso, não queria que me envolvesse com seu filho, consequentemente, meu irmão? Uma mão de aço apertou minha garganta, engoli em seco.

— Eu não fazia ideia – disse de um modo falsamente inocente, contudo, estava totalmente arrasada, já que nunca mais poderia dar uns beijos e amassos em Nathan.

Espera aí! Não era isso que deveria estar pensando nesse momento, afinal, havia encontrado o meu pai biológico, não era isso que eu queria? Deveria estar satisfeita por isso, mas, ao contrário, fiquei decepcionada, pois a grande iluminação que esperava não aconteceu, ainda não sabia porque eu era daquele jeito tão díspar, além do mais, aquele homem na minha frente não significava nada para mim.

Alexia

A primeira coisa que fiz ao entrar naquele lugar foi procurar por Maurício, olhei em volta, no entanto, ele não estava lá, fiquei com medo que meu marido tive ido embora, mas, logo depois, ele chegou, um tanto sem jeito, parecendo contrariado. Eu o encarei, ele sustentou o olhar, indeciso, se ia até mim ou não, no entanto, ele veio, parou na minha frente.

— Oi!

— Oi!

Eu que podia dizer agora, não conseguia pensar em nada, acho que ele, também, não. Ficamos ali parados, iguais a dois bobos, um olhando para o outro, até Laura se aproximar com um ar de tristeza. Começamos a conversar em voz baixa.

— O que houve? – quis saber.

— Tim me aconselhou a me afastar de Nathan, dizendo que ele é um mulherengo, que já se envolveu com um monte de hóspede. Você sabe o que isso significa? – Laura disse, desanimada.

— Que você é a filha dele? Mas, se a história de Nathan for verdade e o cara for mesmo um mulherengo? – cogitei, apesar de ser um modo estranho de tentar animá-la.

— Então, por que ele teria esse trabalho de me avisar, afinal, Nathan é filho dele?

— Talvez, para evitar problemas – Dei de ombros.

— Eu não tenho nada com isso, mas, Laura pode estar certa – Maurício opinou, olhamos para ele esperando a conclusão. – Hoje à tarde, estava no quarto, quando ouvi uma conversa no corredor, era Tim dando uma bronca em Nathan, porque havia pego vocês dois se beijando no meio da sala, ele falava que ficava bem para o hotel, mas Nathan pareceu bem chateado, até foi ríspido com o pai.

— Nathan brigou com Tim por minha causa? – Laura estava toda animada.

— Laura!  Ele é seu irmão!

— Eu sei – ela murchou.

Anunciaram o jantar, todos tomaram seus lugares à mesa. Fiquei feliz, porque Maurício se sentou ao meu lado, mas, a situação complicou quando Natan apareceu e ficou ao lado de Laura. Institivamente, olhei minha irmã, que não sabia o que fazer, e para Tim, que não ficou muito satisfeito com isso.

 Contudo, foi Laura que não gostou quando Ângela fez questão de se sentar ao lado de Nathan, toda alegrinha, puxando conversa com ele. Minha irmã teria que se acostumar com essa ideia de outras mulheres na vida dele. Ou, talvez, fosse melhor não revelar nada, apenas irmos embora e esquecermos, seria mais fácil para ela.

O jantar transcorreu sem nenhum problema, todos estavam animados à mesa, comentando sobre os fatos do dia, só aquele pequeno grupo de quatro pessoas estava calado e taciturno. Já no fim do jantar, antes dos outros, Laura saiu da mesa, apressada, dizendo que estava com muito sono e iria dormir, quando ela desapareceu pela porta. Os outros comensais ficaram olhando com cara de bobo, porém Nathan se levantou abruptamente, sem falar nada, mas eu sabia que ele iria atrás dela. Fiz menção de ir atrás deles, porém, Maurício segurou minha mão e me olhou.

— Deixe eles resolverem seus problemas sozinhos – Surpreendida, eu parei e olhei para a mão dele sobre a minha, há muito tempo, que ele não me tocava, mesmo um simples toque como aquele. Ao perceber seu gesto, ele tirou a mão rapidamente e desviou o olhar.


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