Sede de Poder escrita por Mermaid Queen


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

empolgante!!!!! novas informações!!!!



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Katherine acordou naquela tarde com o celular tocando. Dormira após o almoço. Era Ellen.

— Oi, mãe – atendeu esfregando os olhos.

— O que estava fazendo?

Katherine bocejou.

— Isso responde sua pergunta?

— Espero que não esteja dormindo em vez de estar na aula.

— Se eu estivesse na aula, mãe – Katherine argumentou. – Você não estaria errada por estar me ligando?

Ellen suspirou do outro lado da linha.

— Você está comendo bem, Katherine? – perguntou ela. – Tomando refrigerante?

— Sim e não – respondeu ela.

— Está indo à academia? – Ellen quis saber. – Eles têm uma academia, eu vi.

Katherine revirou os olhos.

— Foi para isso que você ligou?

— Você está indo?

— Não estou indo, mãe – disse Katherine, e imediatamente ouviu a mãe bufar.

— Então acho bom você começar a ir – replicou Ellen. – Vou falar com Jack. A perda de massa nos primeiros dias é…

— Não precisa falar com o Jack. Não preciso de babá – Katherine resmungou, cortando-a. – Vou começar a ir.

— Todos os dias? – perguntou a mãe, meio incerta.

— Todos os dias – Katherine disse, fazendo careta para a tela do celular.

— Ótimo. Como está David?

— Não sei.

Ellen suspirou novamente.

— Tudo bem.

— Você precisa de alguma coisa? – Katherine perguntou, já imaginando que aquela devia ser uma das conversas mais longas que tivera com a mãe em meses.

— Só queria avisar que hoje vou estar ao vivo no canal Chloe Lifestyle. Avise os seus amigos caso eles não me sigam ainda.

— Você me ligou para divulgar seu vídeo? – Katherine perguntou, mantendo a voz calma, porém estava descrente. – Manda sua agência divulgar para você.

Ellen respondeu com a voz aguda de irritação.

— É ao vivo, Katherine! E eu te mandei mensagem, mas aparentemente você usa esse celular como enfeite. – E então ela baixou a voz como se fizesse uma confissão. – E o canal da Chloe ainda está em crescimento, se é que você me entende. Estou insegura com a audiência. É às oito.

Katherine apertou a ponte do nariz, e Ellen desligou antes que ela pudesse responder.

— Inacreditável – disse ela, olhando para a tela do celular.

Balançou a cabeça e começou a se preparar para a próxima aula. Tinha bastante tempo, graças a Ellen que a acordara antes do despertador tocar, mas resolveu sair cedo para se acostumar com os prédios. Ainda não tivera aula nesse prédio afastado onde aconteciam as aulas de Ciências Humanas – História Vampírica inclusa, por mais esquisito que pudesse parecer.

Enquanto caminhava, passou pelas quadras e o ginásio em que tivera aula mais cedo. Em uma das quadras, os líderes de torcida ensaiavam com pompons nas cores azul e branco. Ela também viu uma fantasia do que parecia ser um tubarão-martelo, e imaginou que o dia devia estar quente demais até para o mascote.

Pensou em tentar algum esporte. Vôlei, talvez. Era alta. Pensaria a respeito.

Andando um pouco mais, viu o campo de futebol. Fez uma careta ao ver os jogadores, imaginando que devia ser cruel treinar na hora do almoço sob aquele sol escaldante. Continuou andando, mas ouviu o próprio nome e parou. Olhou para as arquibancadas e encontrou os amigos acenando para ela.

— O que está fazendo aqui, Kate? – perguntou Logan, sentado ao lado de Joshua nas arquibancadas de madeira.

Joshua estava sob a sombra que Logan projetava com um guarda-chuva preto. Os dois usavam maquiagem preta nos olhos. Ela sorriu para eles.

— Aula de História. E vocês?

— Assistindo o treino de futebol – disse Logan. – Estou torcendo pelo time sem camisa.

Joshua começou a rir e Katherine o acompanhou.

— E você, Joshua? – perguntou Katherine.

— Pode me chamar de Josh – falou, dando de ombros, e indicou com a cabeça o livro que ela carregava. – Aula de História também.

Logan bateu a mão no piso ao lado dele, dizendo para ela se sentar.

Katherine obedeceu.

— Sentimos sua falta no almoço hoje – disse Logan, alternando o olhar entre Katherine e o jogo.

— Mas Carla disse que a encontrou desmaiada no quarto, então a aula de Habilidades deve ter sido boa – continuou Josh.

Katherine riu e concordou com a cabeça.

— Foi surreal! Nunca imaginei que viveria nada parecido com aquilo – contou ela, empolgada. – No começo eu achei que não ia conseguir, mas…

— Kate? – disse Josh, interrompendo-a. Ele apontou para o campo, de onde Evan acenava para ela. Sorrindo.

Ela o cumprimentou com a cabeça, constrangida porque os outros jogadores olharam para onde Evan estava olhando.

— Esse é um dos motivos – disse Logan, suspirando – por que eu torço pelo time sem camisa.

— Ele é gostoso, pena que é um escroto – Katherine falou baixo enquanto ainda sorria para Evan.

Logan se virou para ela bruscamente.

— Agora que ele parou de olhar, já pode se explicar: por que Evan Parker está acenando para você?

Katherine encolheu os ombros. Ela também estava se perguntando a mesma coisa, e não podia deixar de se admirar com a extraordinária capacidade de Evan de alternar entre várias personalidades.

— Eu não sei. Nós não somos exatamente amigos.

— Você não faz ideia do motivo? – insistiu Logan, curioso.

Logan— Josh brigou.

— Bom – Katherine começou, sem saber explicar direito. – Ele almoçou comigo hoje.

Quê?

Logan berrou tão alto que alguns jogadores, incluindo Evan, viraram-se naquela direção. Josh e Katherine arregalaram os olhos.

— Você faz muito escândalo – sibilou Josh.

Naquele momento, o celular dela vibrou no bolso.

— Aqueles olhos verdes e aquele cabelo bagunçado estiveram na mesma mesa que você hoje. E aquele corpo. Vocês estão vendo aquele corpo? – murmurou ele, ignorando Josh. – Eu estou a um grau de separação dele agora. O que ele disse? Como ele foi parar lá?

Katherine riu com as perguntas e deixou para ver o celular mais tarde.

— Cuidado para não babar – resmungou Josh.

Logan respondeu à provocação com um rolar de olhos.

— Ele sentou lá sem pedir e ficou o tempo todo se lamentando porque tinha sido traído e estava triste e tinha que ficar vendo a ex dele com o meu irmão – disse ela. – Passei uns vinte minutos tentando expulsar ele e ele não se mexeu.

Logan deixou o queixo cair.

— Sem mais interrogatório, Logan. Estamos indo para a aula – falou Josh, levantando-se.

— Não! Espera! Então ele sabe das traições? Eles estão namorando? – exclamou Logan, querendo saber mais.

Josh o ignorou e empurrou Katherine para longe.

— Eu odeio vocês! – berrou Logan enquanto eles iam embora.

Josh balançou a cabeça em tom de reprovação.

— Logan pode ser bem insistente – disse ele, sorrindo.

Antes que pudessem se afastar mais, alguém assobiou do campo. Katherine continuou andando, mas Josh parou e a interrompeu.

— Andrew está chamando você – falou.

Andrew, que ela não conhecia, estava chamando-a com um assobio, como chamam cachorros. Ótimo.

Katherine pensou em continuar andando, mas resolveu descer as arquibancadas porque foi vencida pela curiosidade. Passou por Logan novamente, que a olhava completamente boquiaberto, e chegou ao campo.

O tal Andrew estava apoiado na grade. Também era do time sem camisa, e aquilo caía muito bem nele. Ele estava com um enorme sorriso enquanto esperava que ela se aproximasse, e a pele reluzia ao sol com o suor. Os outros jogadores estavam olhando naquela direção.

Katherine se aproximou da grade com o rosto vermelho de vergonha. Protegeu os olhos do sol com uma das mãos.

— O quê? – perguntou, soando mais ríspida do que gostaria.

— Quero convidá-la para sair, Kate – ele respondeu, inclinando o corpo para frente. – Que tal sábado, na…

Katherine arregalou os olhos de surpresa e sentiu o rosto esquentar ainda mais quando seu olhar cruzou com o de Evan.

— Sinto muito, Andrew— ela o interrompeu, chocada com o convite e por ele saber o nome dela, e tentou não gaguejar com o nervosismo.  – Obrigada, mas eu não posso.

Sem coragem para encará-lo novamente, baixou os olhos e subiu as arquibancadas novamente. Quando passou por Logan, percebeu que ele estava prestes a explodir de curiosidade, mas se limitou a lançar a ele um sorriso nervoso e foi em direção a Josh.

Quando finalmente o alcançou, ela balançou a cabeça.

— Ele acabou de me chamar para sair. Simplesmente já estava combinando o horário antes de deu abrir a boca. O que tem de errado com vocês?

Josh sorriu meio sem jeito para ela.

— Não se envolva com vampiros – falou, agora sorrindo com diversão. – Dizem que são o pior tipo de gente.

Às seis da tarde, Katherine estava no quarto com Carla. Ela lia um livro empoeirado enquanto Katherine calçava os tênis.

— Seu dia deve ter trinta horas! – exclamou Carla, colocando o livro de lado. – Não dormimos nada essa noite, você teve aquela aula extenuante de manhã, e ainda está disposta a sair! Eu estou exausta!

— Vou à academia – disse Katherine, rindo. – E ouvi dizer que vampiros não dormem.

Carla fez uma careta.

Um pouquinho eles dormem.

Katherine sorriu e já se preparava para sair quando Carla se mexeu desconfortavelmente na cama.

— Sabe, Kate, antes de você sair… tem uma coisa…

— Pode falar – Katherine incentivou, preocupada, vendo a hesitação dela.

— Um garoto na aula de Habilidades Psíquicas me pediu o seu número hoje. Eu dei a ele. Está tudo bem?

Katherine fez uma careta, e Carla logo começou a pedir desculpas.

— Não é isso, não estou brava – Katherine se apressou em tranquilizá-la. – É só que eu acho que tem algo errado.

Carla apertou os olhos.

— Esse Andrew do time de futebol me chamou para sair hoje – continuou ela.

— Uau! – exclamou Carla, impressionada. – Pode bloquear o outro cara, vai por mim. Quando vocês vão sair?

Katherine entrelaçou os dedos.

— Não vou sair com ele – vendo a expressão espantada de Carla, continuou. – Eu tive um… problema no passado. Não sei se conseguiria sair com alguém de novo por enquanto, e acho que sou muito medrosa para tentar. Tenho meio medo de homem. É, é isso.

A compreensão atingiu o rosto de Carla.

— Sinto muito, Kate. Leve o seu tempo – disse ela, olhando nos olhos de Katherine. A intimidade era um pouco assustadora, e falar sobre aquilo também, mas trazia um pouco de alívio. – Mas não ache esquisito que haja pessoas querendo sair com você.

Katherine assentiu, um pouco intimidada pelo tom sério que Carla usava.

— Você é fodona – Carla continuou, apontando um dedo na cara dela. – E acho melhor você acreditar nisso.

E então ela exibiu um sorriso caloroso. Katherine sorriu de volta, meio desconcertada, porém ficou feliz.

Pela terceira vez no dia, Katherine percorria aquele caminho. Passou novamente pelo gramado, uma quadra de tênis e outra de basquete, uma de cada lado do caminho de paralelepípedos, o Ginásio, o campo de futebol e finalmente a academia, um pouco depois do prédio antigo de Ciências Humanas.

Quando ela estendeu a mão para empurrar a porta de vidro, alguém a abriu para dentro. A música alta escapou para o ar morno do fim de tarde. Ela agradeceu e já ia entrando quando sentiu uma mão em seu ombro.

Katherine recuou do contato como se fosse um choque. O garoto que a tocara parecia mais velho e um pouco familiar.

— Acho que eu te assustei, sinto muito – disse ele. Tinha a voz surpreendentemente grave. – É Kate, não é?

Ela franziu a testa. Ainda estava um pouco chocada pelo toque inesperado, e agora aquilo. Limitou-se a fazer que “sim” com a cabeça.

— Você não deve me conhecer, eu sou Connor – disse ele sorrindo. Exibia um sorriso confiante no rosto sardento. – Vai ter uma festa depois do jogo sábado. Quer ir comigo?

Katherine engoliu em seco, sem reação.

— Obrigada pelo convite, Connor – ela falou, lentamente. – Mas eu não vou poder ir. Desculpe.

Foi a vez de Connor franzir a testa.

— Por que você não pod…

— Não posso mesmo! – exclamou ela por cima da música alta, interrompendo-o.

Logo em seguida adentrou a academia, para que Connor não tivesse a chance de estender aquela conversa.

Aquilo já havia se tornado algo além de meras coincidências. Já estava esquisito. E Katherine estava começando a ficar desconfiada.

Felizmente, o ambiente barulhento e caótico da academia a distraiu de suas paranoias. A música alta e algumas luzes coloridas vinham do andar de cima, cujo acesso se dava por uma escada rente à parede do lado direito. À frente dela, no térreo, ela podia ver somente os aparelhos de musculação.

E alguns atletas que usavam roupas com escudos de times e menções ao tubarão-martelo na área da musculação. Provavelmente de onde Connor saíra.

— Com licença? – alguém a chamou. – Você deve ser Katherine Brown.

Ela se virou imediatamente, com vontade de gritar. Precisou erguer a cabeça, porque deu de cara com um rapaz de uns dois metros de altura.

— Como sabe meu nome? – perguntou ela, apertando os olhos. Já havia perdido a paciência com aquilo. – Você deve ser a terceira pessoa que me chama pelo nome hoje sem nunca ter falado comigo.

Parecia patético tentar ser intimidadora com alguém daquele tamanho, mas valia a tentativa. Porque, até onde ela sabia, ela não estava usando nenhum crachá.

O rapaz franziu a testa e depois sorriu, achando graça.

— Li sua ficha, que Jack indicou. Chris Harris – disse ele, estendendo a mão. – Veio para a aula de boxe?

Katherine apertou a mão dele, se sentindo um pouco ridícula. Era o professor da academia.

— Boxe? Ah – percebeu ela, passando a mão pelas tranças. – Não. Jack deve ter falado por que eu estou aqui.

Chris sorriu novamente.

— Ellen Brown, hein?

— É – Katherine sorriu desconfortável. – Muita pressão.

— Eu imagino – concordou ele. – Vem, vou mostrar para você por onde começar.

Katherine o seguiu, aliviada por não ter que falar sobre a mãe. Embora a mãe estivesse na cabeça dela o tempo todo enquanto a obrigava a estar na academia.

Chris a orientou sobre o que ela deveria fazer, e se afastou quando ela começou o exercício na esteira. Quase imediatamente, Evan surgiu na frente dela. Katherine respirou fundo.

— Estou começando a achar que você é uma alucinação que eu criei na minha mente – resmungou ela.

— Bom demais para ser verdade? – perguntou ele, sorrindo.

Ela revirou os olhos.

— Mais como um espírito obsessor – respondeu, e o sorriso de Evan se alargou.

Katherine continuou correndo, sem esperar por alguma resposta dele. Evan subiu na esteira ao lado e começou a correr também.

— Vai entrar para algum time, Kate?

Kate— Katherine debochou. – Somos melhores amigos agora?

Evan deu de ombros, sem se deixar afetar.

— Já podemos marcar a festa do pijama – ele rebateu.

— Talvez eu entre em algum time, sim – disse ela, ignorando-o. – Quem sabe?

— Quem sabe? – concordou Evan.

Katherine se perguntou por que ele estava insistindo com a conversa.

— David quer entrar no time de futebol – disse Evan, depois de algum tempo em silêncio.

Ela olhou para ele, surpresa por Evan ainda realmente tentar falar com ela. Será que ele estava tão carente assim? Pelo menos ele estava sendo legal, diferente de antes.

— E o que você acha disso? – perguntou ela, ofegante por causa do exercício.

— Não é minha ideia preferida – ele respondeu, também ofegando.

— E como sabe disso?

— Eu o ouvi falando com o treinador hoje, depois do treino – Evan respondeu lentamente, entre uma inspirada e outra.

— Talvez isso seja bom – disse ela, e desligou a esteira.

— Bom não sei para quem – murmurou Evan, claramente emburrado. – Já cansou?

Katherine ergueu as sobrancelhas para ele em resposta ao tom de desafio.

— Estava só aquecendo. E agora vou para aquele lado. A gente se vê.

E ela esperava que se vissem outro dia, porque já havia se encontrado com Evan vezes demais para um dia só.

Evan também desligou a esteira.

— Apareça no jogo sábado – falou ele. – Vai ser importante. Somos muito rivais.

Ela fez uma careta para ele.

— Talvez. Mas talvez não – murmurou ela, e foi na direção que dissera.

Katherine não olhou para trás para ver a reação dele. Ela não gostava muito de sair à noite, especialmente quando estava com aquela mania de perseguição que desenvolvera depois de Alex. Se os amigos fossem, talvez ela se sentisse mais segura, especialmente depois de ter mencionado aquilo para Carla. Poderia tentar falar com eles sobre isso mais tarde.

Provavelmente não teria coragem. Não queria se sentir pedindo favores para eles.

— Ei. Como está indo?

Ela se assustou com a proximidade da voz durante o exercício, e virou a cabeça para encontrar Chris parado ao lado dela.

— Está indo tudo bem – respondeu, tentando disfarçar o susto.

— Você se importa de fazer uma pausa para montarmos sua ficha?

Katherine deu de ombros, saiu do aparelho e o seguiu até um balcão na entrada. Estranhou quando Chris olhou para os dois lados antes de falar com ela.

— Precisamos falar sobre uma coisa importante – sussurrou ele, rabiscando desenhos sem sentido na ficha. – E você deve jurar manter segredo.

Chris Harris, o professor que ela conhecera fazia menos de dez minutos, estava pedindo para ela jurar segredo sobre alguma coisa.

— Precisamos? – Katherine sussurrou de volta, alarmada. – Eu não te conheço. Se for sobre anabolizante, não estou interessada. Os efeitos colaterais não…

— O que vou te contar agora poderia me matar se chegasse aos ouvidos de qualquer um do governo – continuou ele, com a voz quase inaudível.

Katherine comprimiu os lábios, desesperada.

— Então não conta!— respondeu, querendo sair dali imediatamente. – Você nem me conhece. Não quero saber de segredo nenhum do governo.

— Estou contando porque você é o segredo do governo, Katherine.

Ela soltou uma risada nervosa. Foi inevitável. Só se arrependeu quando Chris arregalou os olhos, e ela pôde ver que ele estava falando sério.

Falando sério sobre ela ser um segredo do governo.

— Não tem como você estar falando sobre mim – Katherine tentou argumentar com a voz tremendo. – Eu acabei de ser transformada. Junto com o meu irmão. Não é segredo nenhum…

Chris a encarou, olhando fundo nos olhos dela. Se não estivesse tão nervosa, teria ficado desconfortável.

— Se serve de prova para que acredite em mim, eu sou o Agente que fez a sua transformação. Vi que já tinha uma marca antes. Preciso te contar o que aconteceu.

Katherine estava boquiaberta. Agarrou o tampo da mesa com tanta força que os nós dos dedos ficaram brancos. Realmente havia algo de errado, como ela já estava começando a suspeitar. Talvez Jack soubesse, e mesmo assim não quis contar a ela.

— Me fala – pediu ela, com urgência na voz. – Eu preciso saber.

Chris olhou em volta mais uma vez.

— Não é seguro falar aqui. Vou encontrá-la no jogo sábado. E lembre-se: não fale sobre isso com ninguém. Nem mesmo pense sobre isso.

Katherine piscou, sem reação. Queria insistir, mas Chris já estava se afastando.

Ela iria ao jogo, afinal.

Apesar de Katherine ter levado muito a sério o que Chris dissera, novamente aquela voz na cabeça dela vinha para assombrá-la. A voz das paranoias, dizendo que aquilo era ridículo. Que Chris provavelmente era parte do plano para provar que ela era maluca e interná-la de vez.

E não dá para falar com a sua psiquiatra sobre transformações e vampiros, porque antes mesmo de chegar à parte da conspiração ela já teria sido trancafiada em um hospital psiquiátrico.

Como se não estivesse estressada o bastante, antes de dormir recebeu mensagens de mais três caras que ela não conhecia. Deixou a bateria acabar antes de dormir e não o carregou mais.

Na manhã seguinte, Katherine acordou atrasada por causa do celular descarregado, sem despertador. Carla a acordou quando voltou do café da manhã.

— Achei que você quisesse dormir mais – explicou-se. – Mas vi que você não ia acordar mesmo.

Katherine a agradeceu e se apressou para não chegar atrasada. Ainda estava estressada e não conseguia prestar atenção a nenhuma aula com as palavras de Chris assombrando a mente dela. Mal podia esperar para terminar as aulas do dia e procurá-lo na academia.

Encontrou Carla e os amigos no almoço, e Logan imediatamente interrompeu a conversa.

— Temos coisas mais importantes a tratar – disse ele, olhando para Katherine com avidez. – Você é o novo fenômeno dessa escola.

Ela sentiu o rosto esquentar e se sentou sem falar nada.

— Qual é o grande compromisso de sábado à noite? – perguntou Logan. – A Lisa Chang…

— De novo a Lisa Chang? – Kristen interrompeu.

— A Lisa Chang me disse – continuou Logan, ignorando-a. – que ouviu uns caras reclamando que Katherine Flores estaria ocupada no sábado à noite. Todo mundo quer levar a nossa novata como acompanhante na festa depois do jogo.

Katherine revirou os olhos. Sentiu o olhar preocupado de Carla sobre ela, mas não disse nada.

— Não quero sair com esses caras que eu nem conheço. E vocês fazem festa mesmo se perderem? – perguntou, querendo mudar de assunto.

— É claro que sim – disse Josh. – Se ganhamos, bebemos para comemorar. Se perdemos, bebemos para esquecer.

— É a minha tradição preferida – observou Carla.

— Mas a gente não costuma ir para as festas pós-jogo – Kristen falou. — Muito caótico. Não é muito a minha praia, pelo menos. Sem falar em toda a cerveja que eles jogam para cima.

Katherine deu de ombros. Ela não tinha tantos problemas com cerveja, mas era mais do que óbvio que ela não iria também se nenhum deles fosse, especialmente depois de dispensar os pretendentes esquisitos com desculpas de que estaria ocupada.

Após as aulas da tarde, ela foi direto para a academia. E, pelo resto da semana, fez a mesma coisa. Aparecia lá para perseguir Chris pontualmente às seis, embora isso não o incomodasse.

Porque ele fingia que ela não estava lá.

Não, ela estava sendo injusta. Ele não fingia que ela não estava lá, Chris fingia que não a conhecia. Que ela era só mais uma aluna da academia. E quando ela sussurrava ou insistia, ele a ignorava.

— Chris, eu preciso saber se eu estiver envolvida em alguma coisa perigosa – disse ela, enquanto ele a orientava sobre o exercício. – As pessoas nos filmes dão fim em segredos de governo quando os segredos se tornam um problema. Como eu vou saber se eu sou um problema?

Chris revirou os olhos.

— Se você continuar falando – respondeu ele, entredentes. – É assim que você se torna um problema.

Depois disso, ele saiu de perto dela. Katherine bufou.

— Como você consegue deixar o Chris tão irritado?

Katherine virou a cabeça rápido. Evan estava encostado no aparelho de musculação que ela usava.

— Ele é muito tranquilo – continuou Evan, achando graça. – Daí você conversa com ele dois minutos e ele fica querendo dar um soco na cara de alguém. Provavelmente na sua.

— Vai ver ele só não gosta de mim – disse ela, tentando dar alguma desculpa e segurar o sorriso. – O professor Jack também fica assim perto de mim.

— Credo, Kat. E eu achava que você parecia legal. Não devo te conhecer de verdade.

Katherine ainda estava um pouco irritada e aflita com a história de Chris, mas começou a dar risada.

— Você tem alguma dúvida de que não me conhece de verdade? – perguntou ela, com deboche. – E “Kat”?

— Você tem algum problema com “Kat”? – Evan rebateu, fingindo não saber do que ela estava falando.

Katherine revirou os olhos, mas estava se divertindo.

— Tanto faz – desconversou ela.

Alguns minutos mais tarde, enquanto ela continuava a musculação e Evan já estava em algum outro canto, o celular vibrou contra o ferro do aparelho e fez um barulho que a assustou. Quando abriu a notificação, franziu a testa.

Número desconhecido. Ela nem precisava abrir a mensagem para saber do que se tratava.

Largou o celular e terminou o treino com os dentes trincados.


Apesar desse problema com os estranhos que a perseguiam, e mais o novo grande problema com Chris, a parte da escola era bem legal. E Katherine conversava com Rachel quase sempre, o que também era bom.

Rachel estava especialmente interessada em Evan enquanto elas conversavam na quarta à noite.

— E ele também te chamou para sair? – perguntou ela, empolgada.

— Não, ele não – Katherine respondeu com um pouco de alívio. – Ele só fica… puxando assunto, acho. Insistentemente

Rachel ergueu as sobrancelhas e sorriu.

— Não sei por que você está irritada com ele, então. Quer dizer, eu entendo os seus problemas para confiar – quando ela tocou no assunto, o sorriso das duas vacilou. – Mas talvez você possa dar uma chance para ele. Ele está se esforçando, né?

— Ele é sem noção e meio imbecil – Katherine respondeu, encolhendo os ombros.

Rachel, pela ligação de vídeo, assentiu e continuou:

—Pode ser só como amigo, também. Não precisa apressar nada se você não estiver pronta.

— É – disse Katherine, depois de algum tempo. – Acho que você tem razão. Eu também não posso ter medo para sempre.


Na quinta-feira, Katherine acordou exausta. Tivera pesadelos com Alex em que ele a perseguia e ela não conseguia fugir ou gritar. Depois, ela era perseguida por carros de polícia, e sabia que não havia como escapar. E via vislumbres de Chris e Rachel o tempo todo.

Tomou banho tremendo. Carla pareceu perceber que havia algo errado quando Katherine a cumprimentou com um aceno de cabeça e olhos assustados, mas preferiu não dizer nada. Katherine achou melhor assim.

A água quente pareceu levar embora um pouco da angústia junto com o suor da noite ruim. Saiu do banho um pouco melhor, embora estivesse sentindo um forte aperto no peito. Quando se olhou no espelho, descobriu também a sensação de vazio.

Deu de ombros e tomou o remédio. Naquela manhã, ela estava enjoada de novo, mas desceu para o refeitório mesmo assim. Apesar de não conseguir comer nada, um pouco de café seria bom para se manter acordada nas aulas cedo.

Katherine desceu as escadas, serviu-se de café e se sentou à mesa com os amigos. Forçou um sorriso, e eles a cumprimentaram de volta. Depois voltaram a conversar.

Ela teve a impressão de que Carla dissera alguma coisa para eles, pela forma como olharam. Algo entre preocupação e pena. Mas Katherine não se importava muito, assim como não podia ter certeza do que suas impressões lhe diziam. Ela pregava peças em si mesma o tempo todo.

Tentou acompanhar a conversa para se distrair. Logan falava algo sobre estar sendo injustiçado.

— Logan, você sempre quer assistir Entrevista com o Vampiro – disse Josh, parecendo irritado.

— E a Kristen sempre quer assistir O Massacre da Serra Elétrica! – Logan se defendeu. – E a gente sempre assiste!

— Nem sempre – rebateu Kristen, provocando. – Porque você ficou com medo na última vez.

O tom de voz dela era um pouco sinistro o tempo todo, mas, naquela manhã, Katherine a achou mais assustadora do que de costume. Provavelmente por causa da maquiagem preta que parecia escorrer dos olhos em linhas finas.

Katherine gostava daquilo, na verdade. Em Albert Einstein, todo mundo a trataria como uma aberração. E em Broken Hill, Katherine podia perceber que as roupas e a maquiagem de Kristen eram até que admiradas.

— Você não pode me culpar por ter ficado com medo – Logan insistiu. – Na manhã seguinte, eu acordei com o barulho de um cortador de grama.

— Foi aterrorizante mesmo – admitiu Josh.

Katherine soltou uma risada que atraiu a atenção de Josh para ela.

— E você? – perguntou ele. – Do que você gosta?

Ela se surpreendeu com a pergunta e pensou um pouco.

— Gosto de terror. E algumas animações – respondeu, tentando listar os filmes na cabeça. – E suspense… Algumas comédias românticas também.

— Tipo Crepúsculo? – perguntou Logan.

— Não, Crepúsculo está mais para fantasia… - respondeu Katherine, franzindo a testa, mas então se interrompeu. – Ah. É, Crepúsculo não é mais fantasia. Mas você acha engraçado?

— Às vezes é um pouco engraçado – disse Carla, rindo. – Logan, o que você faria se tivesse que ficar acordado para sempre?

Logan arregalou os olhos, como se aquele pensamento nunca tivesse lhe ocorrido.

— Bom, eu ia encontrar alguma droga que me colocasse para dormir.

A mesa toda começou a rir.

— Não sou tão inteligente quanto vocês que falam outras línguas! – ele se defendeu, rindo também.

— Você fala outras línguas, Kate? – Kristen perguntou, interessada.

Katherine assentiu com a cabeça.

— Falo espanhol – ela contou. – Meu pai era mexicano.

— Minha mãe é mexicana também – disse Josh. – Mas não falo muito bem espanhol.

Ela já havia percebido alguns traços indígenas no rosto e cabelo dele, como ela mesma os tinha. Ficou feliz por ele ter dito aquilo, já que sempre surgia um clima de tensão entre as pessoas quando ela dizia que o pai “era”, e não “é”.

— Minha mãe nunca gostou que a gente falasse espanhol em casa – Katherine contou, contendo a careta que queria fazer sempre que pensava sobre isso. – Ela que insistiu nos nossos nomes… americanizados?

Josh deu risada e concordou com a cabeça, como se já conhecesse aquela história. Katherine imaginou se seria o caso, e se a mãe dele teria pensado em “Juan” ou “José” como o pai dela havia pensado em “Catarina”.

— E eu falo português – disse Carla, dando de ombros como se fosse óbvio.

— Leva a gente para o Brasil – pediu Logan, apoiando a cabeça nas mãos com um suspiro. – Não aguento mais essa chatice.

Katherine não sabia a que chatice ele estava se referindo, mas se viu obrigada a concordar.

— Minha mãe adoraria a visita – falou Carla sorrindo. – Mas ninguém ia entrar de delineador em casa.

— Não consigo imaginar o motivo – disse Kristen, ironicamente, com aquela voz sombria.


Katherine saiu da mesa naquela manhã se sentindo muito melhor do que quando chegara.

Era surpreendente para ela. Aquela coisa nova de ter um grupo de amigos. Ela e Rachel sempre foram o suficiente uma para a outra, e Katherine nunca desejara outros amigos quando estava com ela, mas aquela situação caótica e engraçada de quando se estava com várias pessoas era muito bem-vinda também.

Quando ela estava em um momento ruim, ela acabava sendo uma péssima companhia para Rachel. Rachel nunca reclamara, é claro, mas Katherine conhecia o seu próprio potencial de ser deprimente. E não queria aquilo para Rachel.

Katherine estava pensando sobre isso depois de ver uma foto que Rachel postara havia alguns minutos. Com vários amigos. Era muito bom vê-la se divertindo também.

— Oi, Kat – disse Evan de repente, puxando uma cadeira perto dela na biblioteca. – O que está fazendo?

Kat de novo. Ela ergueu os olhos do livro para ele. Nem se assustara dessa vez.

— Até na biblioteca?

— Também tenho que estudar de vez em quando – Evan respondeu.

— Martinez passou esse trabalho de Literatura – Katherine explicou. – A internet não deu conta.

Evan sorriu.

— E faz de propósito – falou, pegando o livro da mão dela e analisando.

— É, eu também acho – murmurou ela.

— Mudou de ideia sobre o jogo?

Katherine ergueu as sobrancelhas para ele. Evan perguntava sobre a droga do jogo toda vez que a encontrava. E a encontrava todos os dias, mas na biblioteca era novidade.

— Você é insistente – Katherine respondeu. – Por que você se importa se eu vou ou não?

Evan ergueu as sobrancelhas, indignado.

— Ué, para você entrar no clima – respondeu ele. – E é um jogo fora. Vai ser vergonhoso se ninguém for. Você não tem espírito esportivo?

Katherine balançou a cabeça para ele, achando graça. Talvez ele só quisesse se exibir. Ele tinha pessoas melhores pra quem se exibir.

— O que está fazendo na biblioteca? – perguntou ela, querendo distraí-lo do assunto do jogo.

Evan deu de ombros e fez uma careta.

— Tenho prova amanhã – resmungou. – Sobre as perseguições aos vampiros na idade média.

Katherine se surpreendeu, pensando em todas as coisas que ainda aprenderia sobre aquele novo mundo. Todas as coisas que ela nunca imaginaria que poderiam ter acontecido.

— Parece… triste?

— Provas são tristes, isso sim – disse ele. – E as pessoas não irem ao jogo também é triste.

— Evan! – Katherine falou, um pouco alto.

— Eu pergunto e você nunca responde! – exclamou ele de volta. – E hoje é quinta-feira! Eu quero saber, só isso.

Katherine começou a rir e a bibliotecária apareceu. Calaram-se imediatamente.

— Vou ter que pedir que vocês saiam – disse ela, em tom baixo, porém severo.

— Mas eu… – tentou Katherine, e foi interrompida.

— Agora.

Katherine lançou um olhar fulminante na direção de Evan, e viu que ele estava com um sorriso no rosto. Estava brava com ele, mas viu aquele sorriso e teve vontade de rir junto. Pegou o livro de cima da mesa e a bolsa que levara e saiu da biblioteca, com Evan andando atrás.

O prédio da biblioteca ficava em frente ao gramado, e ao lado dele outros prédios com salas de aula. Assim que pisou no gramado, Evan explodiu em uma gargalhada.

— Muito obrigada – disse Katherine, tentando falar sério mas não podendo conter um sorriso. – Deveria fazer você terminar esse trabalho.

— Desde que você vá ao jogo – ele rebateu, dando de ombros.

— Contra quem vocês vão jogar? – perguntou ela, andando até uma mesa de piquenique no gramado. Colocou as coisas sobre a mesa e se sentou.

— Albert Einstein. Odeio eles.

Katherine arregalou os olhos.

— O que foi? – Evan quis saber. – Qual é o problema?

— Era a minha escola – explicou ela. – Fiquei surpresa, só.

Não era só isso. Katherine estava completamente em choque só com a vaga ideia de pisar naquela escola novamente e chegar um centímetro mais próxima do maior pesadelo que já vivera.

— Não parece que era só isso – ele observou. E então deu de ombros. – Minha irmã estuda lá também.

Katherine ergueu as sobrancelhas, aliviada por ele ter deixado o outro assunto de lado. Imaginou uma garota parecida com ele, de cabelos pretos e olhos claros, caminhando pelos corredores que ela costumava frequentar. Se ela fosse tão bonita quanto Evan, provavelmente chamava atenção.

— E ela vai ao jogo? – Katherine perguntou.

Evan encolheu os ombros e sorriu, parecendo achar graça.

— Não sei. Talvez – disse ele, pensando um pouco sobre o assunto. – Ela não gosta muito desses eventos de escola. E você?

Katherine estreitou os olhos.

— Não tenho problemas com eventos de escola e não sei se vou ao jogo. Satisfeito?

— Não – Evan respondeu, sorrindo. – Mas não há nada que eu possa fazer além de estudar para essa prova. Até mais.

Ela o cumprimentou de volta. Parte dela estava um pouco desapontada por ele ir embora, apesar de Katherine não querer entender essa parte. Talvez porque era melhor que fazer trabalho de História. A outra parte estava feliz, porque agora ela tinha um novo motivo para implorar a Chris que ele não a fizesse ir ao jogo.

Quando ela passou pela porta da academia, Chris cobriu o rosto com as mãos, irritado com o que estava por vir.

Katherine encolheu os ombros para ele à distância, quase que um pedido de desculpas, e andou até o balcão. Ele foi na direção dela sem vontade, quase que arrastando os pés, o que podia ser bem engraçado para um cara de dois metros de altura.

— Como você vai estragar o resto da minha tarde hoje, señorita Flores?

Ela sorriu para ele, achando graça.

— Estou começando a achar que eu não deveria ter te contado aquilo tão cedo – disse ele, baixando a voz quando chegou até ela.

— Desculpa, Chris. É sobre o jogo. Eu descobri que vai ser na Albert Einstein, e eu realmente não queria voltar a pisar lá.

Chris respirou fundo e olhou para ela como se realmente soubesse o que estava acontecendo. Como se ele entendesse, mas estivesse prestes a acabar com as esperanças dela. Katherine tentou não fazer uma careta em resposta ao que aquela cara significava para ela.

— Katherine, eu imagino que você deva ter os seus motivos – começou ele, e fingiu que escrevia em uma ficha e explicava a ficha para ela. – Mas é o único lugar em que podemos falar realmente a sós com segurança. Você consegue imaginar alguma situação aceitável em que nós, eu e você, uma menor de idade, estejamos sozinhos fora dessa escola?

O rosto de Katherine ficou quente quando ela entendeu o que ele queria dizer. Imaginou a si mesma sozinha no carro de algum professor, e o quanto isso poderia ser mal interpretado.

— É tudo culpa sua por ter começado com essa história de segredo – acusou ela, mal humorada. – Podia ter me enviado uma carta explicando! Uma mensagem, a gente podia conversar em qualquer rede social! Não entendo por que está fazendo esse suspense. Uma ligação de vídeo?

Chris levantou os olhos da ficha para ela. Katherine ficou um pouco intimidada.

— Seja o que for que te assusta sobre voltar à escola, não precisa ter medo – disse ele, e de alguma forma Katherine teve a sinistra sensação que ele sabia exatamente do que se tratava. – Você estará segura comigo. Tudo isso é com a intenção de protegê-la.

Sem palavras para responder àquilo, Katherine foi obrigada a aceitar que iria ao jogo. E se obrigou a encarar com sinceridade, pela primeira vez, a possibilidade de estar envolvida em algo maior do que ela podia imaginar.


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Notas finais do capítulo

eu shippo tantas pessoas ao mesmo tempo meu deus me contem quem vcs shippam



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