E então eles batalharam até a exaustão. Shino sentia-se sugado, mantendo seus insetos, o chakra quase esgotado. Kiba ferido, embora não mortalmente, e Akamaru com uma das patas lesadas ao seu lado, claudicando.

Mas chegaram até Hinata, que batalhava arduamente contra um dos Peins. Eles próprios haviam tido sua cota.

E foi tão rápido quando tudo aconteceu: o golpe fatídico, a declaração de Hinata, Neji se colocando entre ela e Naruto.

O sangue, escorrendo pelos lábios dele e copiosamente pelo ferimento.
Kiba sentiu como se o mundo corresse lentamente, pois, por um milésimo de segundo, pensou ser Hinata.

Mas diminuía a sua dor o fato de ser Neji?
Refletiu em sua mente. Se tivessem chegado mais cedo... se tivessem corrido mais... se ele não tivesse perdido o cheiro de Hinata...

− Não faça isso. – Shino disse, ao sentir que o chakra de Neji se extinguia. Nos braços de Naruto, ao lado de Hinata. – Não faça isso consigo mesmo. Não é sua culpa, também fomos interceptados.

− Mas... mas... O Neji!

Não eram tão próximos, Shino sabia. Mas Neji sempre lhe oferecia chá quando ia até o clã Hyuuga visitar Hinata. E, às vezes, enquanto Kiba treinava com Hinata, os dois apreciavam em silêncio. E Kiba, sempre tão passional, sentia a morte de um companheiro com o qual havia crescido na academia.

Ainda que nos primeiros anos, o ódio à Hinata fosse evidente. Tudo aquilo havia sido deixado para trás.

E isso era evidente nas lágrimas copiosas que corriam pelo rosto de Kiba, que dessa vez não as refreava, os soluços escapando do fundo da garganta enquanto parecia sentir junto de Hinata aquele sofrimento.

− Não há nada que possamos fazer por ele, mas ainda apodemos proteger nossos amigos, Kiba. Aqueles que estão vivos.

Shino podia ser tomado por frio por aquele pensamento tão analítico, mas Kiba apenas concordou. Enquanto Akamaru ao seu lado uivava pela morte de um companheiro próximo. Sentia o peito pesar e o coração doer, mas mesmo assim, não tinham tempo para aquilo agora. Poderiam lamentar a morte de Neji em outro momento.

Quando Naruto se afastou para vingá-lo, Hinata ainda com o corpo em mãos, viu quando os insetos de Shino o tomaram.

− Não vou deixar que ninguém profane o corpo dele.

Hinata anuiu com a cabeça, limpando as lágrimas e aceitando a mão de Kiba.

− Estamos juntos agora, Hinata-chan. E juntos somos mais fortes. Não vamos deixar que nada assim aconteça outra vez. Com mais ninguém. – Kiba não quis olhar o corpo tripudiado de Neji antes que os insetos o recobrissem. Não quis tampouco falar das lágrimas nos olhos cristalinos de Hinata, refletidos nos seus, tão mais escuros.

− Eu quero vingá-lo. – Não houve gagueira desta vez. E embora estivessem batalhando há tanto tempo, Shino e Kiba resolveram atender ao pedido da amiga. Mesmo que não lutassem contra o Pein responsável por isso, pois Naruto enfrentava-o.

Venceriam outros. Matariam quantos Peins fossem precisos. Mas Kiba não queria perder mais ninguém. Nenhum deles queria.