Campo Santo escrita por BurnedGravy


Capítulo 1
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

Hey! Sim, começa com o epílogo. Escolha narrativa minha (questionável). Os próximos capítulos vão acontecer como se esse nunca existiu (porque, sim, é o final da história, a intenção é caminhar até que esse ponto chegue). Espero que você goste :)



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Respirar era mais difícil do que nunca; a mordaça apertava a boca de Evelyn, sufocando-a. Respirar pelo nariz era impossível, o sangue secara e suas vias respiratórias estavam congestionadas. Seria fácil e de um alívio inumano limpar o próprio rosto, mas suas mãos estavam atadas fortemente atrás de seu corpo. Assim, o pouco ar que conseguia era o que passava pelo pano negro usado para impedi-la de clamar por ajuda.  

Se respirar doía, executar qualquer outra ação doía o dobro. Até mesmo abrir as pálpebras era um esforço que rendia reclamações insistentes de seu próprio corpo. A sensação que Evelyn tinha era de que alguém, em algum momento, resolveu espancá-la até a morte, apenas para desistir quando estava quase alcançando esse objetivo. Estava correta. 

Com tempo, esforço e dor, conseguiu abrir as pálpebras. Seria mais fácil se o sangue seco não tivesse agido como uma cola, mantendo seus olhos fechados. O quarto parecia girar, quase como se dançasse uma valsa lenta. Imagens de móveis velhos duplicados, o vai e vem do borrão que a porta enferrujada se transformava. O cheiro metálico de sangue, o cheiro podre de madeira velha, o odor forte de ferrugem e óleo. Seus sentidos voltavam vagarosamente; talvez de propósito, dando a ela tempo de assimilar a infinidade de pensamentos sem entrar em pânico. 

A manhã se torna tarde, a tarde se torna noite. Evelyn luta para manter a própria consciência, luta contra os impulsos de deitar e desistir. Entre os intervalos onde consegue ter controle sobre os próprios sentidos, tenta orientar a linha do tempo dos últimos dias. Tenta encontrar alguma pista de onde está (em vão, não há pistas em um criado mudo e um guarda-roupas pela metade). O chão frio e duro consegue ser mais agonizante do que a boca seca e a fome implacável. 

O derradeiro momento de consciência antes de seu corpo desistir veio na manhã do dia seguinte. Sentindo o ferimento de bala em seu ombro pulsar sob as bandagens, sentindo o seu corpo tremer, febril, ela o viu. Ele abriu a porta sem hesitar, caminhando inflexível. Evelyn não conseguiu levantar o olhar para olhar o rosto barbado do homem. Ela vira, entretanto, seu tênis de caminhada, sua calça jeans gasta e a camiseta da patrulha.  

O coração da mulher palpitou. Uma mescla de preocupação, ansiedade, desespero e medo a preencheu. Com um esforço, ela tentou erguer o olhar, só para sentir o pescoço recusar a ação com uma pungente dor, aguda e repentina. Em vez de olhar, chorou, em silêncio e abundância. 

Com uma voz fraca, que surpreendeu até mesmo a própria Evelyn, ela chamou-o, com medo e desespero palpáveis, seu último suspiro antes de desfalecer em um sono sem sonhos, sem emoções, sem vida: 

— Brook... não, por favor. 


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Notas finais do capítulo

Deixe algum comentário e faça um escritor feliz :D
Bem, é isso,
Até a próxima,
Abraços :)



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