Se o fato dela ser minha mãe diz que ela pegaria leve comigo, pode ter certeza que não.

Eu e Áries estávamos em um cronograma de treinamento rígido.

Desde que a vi pela primeira vez ela passou a imagem de uma bruxa forte e determinada e eu não tenho dúvida disso. A cada aula tenho a certeza que ela é realmente filha de Dumbledore, a inteligência, a habilidade com a magia e o próprio poder dela é evidente. Quando não estamos em aula, ela nos mostra uma fachada mais “humana”, ela quer realmente ser nossa mãe, ela quer nos proteger e ela realmente se culpa pelos ocorridos do passado. No entanto quando estamos em aulas, ela é cruel! É praticamente como a professora McGonagall.

Estou na minha pausa, admirando o belo jardim que a jovem Kate cuida, quando ela me chama para lhe ajudar.

—Você tem sorte Hermione.

Franzi o cenho:

—Pelo quê? –Realmente estava confusa, minha vida estava uma consufão.

—Ter uma mãe como tia Bella, você sabe ela é incrível. Queria que ela fosse minha mãe, talvez um dia ela venha a ser, ela e meu pai estão bem próximos ultimamente.

—É mesmo?

A jovem de apenas nove anos assentiu.

—E onde está sua mãe Kate? –A menina suspirou –Se não quiser falar tudo bem.

—Minha mãe morreu quando eu era um bebê.

—Sinto muito Kate.

Sem saber ao certo eu a abracei e ela retribuiu.

—Já faz muito tempo Hermione.

Fomos então interrompidas pelo pai dela.

—Katherine, você não está atrapalhando os estudos de Hermione, está?

—De maneira alguma. –Eu disse e ele assentiu.

—Hermione, você poderia me ajudar com um livro?

Eu assenti e o segui, mas não antes de dar um até breve a Kate. Caminhamos alguns minutos até ele dizer:

—Você pode confiar em mim Hermione. Eu não vou te machucar.

—Só me sequestrar.

Ele riu:

—Você é igualzinho a sua mãe.

Eu o encarei instantaneamente

—Ouço mais que sou mais parecida com meu pai.

—Em termos de aparência sim, mas sua personalidade é muito similar a dela. Sua mãe nessa sua idade era igualzinha a você hoje.

—O que mudou?

—Não posso dizer ao certo quando, mas de uma coisa tenho certeza Azkan a mudou.

—Por que diz isso? Você a conheceu antes?

—Nos conhecemos quando crianças, sua mãe sempre foi ambiciosa, mas também leal. Ela nunca mediu esforços para chegar onde queria, mas em seus olhos havia sempre um brilho, uma chama que queimava sem fim. No entanto quando a vi anos depois, logo depois que ela saiu de Azkaban ela estava completamente mudada. Ela já não era mais aquela garota sorridente, era uma mulher quebrada e machucada não só pela vida, como também por aqueles que ela amava.

—Porque está me dizendo tudo isso?

—Eu não sei ao certo. Ela é sua mãe e você, junto com aquele garoto ajudaram ela a trazer aquele brilho de volta, mas ao mesmo tempo esse brilho tornou-se dependente de vocês. O que estou tentando dizer é que eu sei que você não ficará aqui por muito tempo, sei que possui lealdade aos seus amigos e quem sou eu para julgar-lhe? Mas só peço a você que pense no que acontecerá se algo acontecer a você, ela não se perdoaria.

—Você cuidará bem dela “Will”. –Foi o que eu disse a ele.

—Espero que sim Hermione.

Foi então que nossa conversa foi interrompida pela chegada de Kate, que já foi logo dizendo:

—Tia Bella está chamando vocês dois para o almoço.

Durante o almoço comemos nós cinco em silencio até Will perguntar a nenhum de nós dois especificamente:

—Como está indo as aulas de vocês crianças?

—Bem. –Eu murmurei.

—Ela parece a velha McGonagall. –Áries disse e Will deu uma risadinha.

Os dias passaram-se, as aulas a cada dia mais pesadas e eu estava tendo aulas extras a noite com minha mãe de oclumência, mas estas estavam sendo um fracasso.

—Você deixa suas emoções muito a flor da pele, como qualquer outro grifinório e é por isso que não consegue dominar a oclumência.

—Eu não vou precisar disso.

—Não vai? E se Valdemort quiser rastrear Potter? E se você precisar esconder algo de alguém? E se você for torturada? A oclumência impede que outros invadam sua mente.

—Estou sendo um fracasso! –Admiti.

—Não está, você apenas apenas aprendendo algo desafiante. –Ela deu uma pausa e então continuou. –Hermy, você é a bruxa mais poderosa de Hogwarts.

Eu a olhei não muito confiante.

—Eu só sou assim porquê sou sua filha.

Ela me analisou, estávamos sentadas no chão uma de frente a outra, quando ela suspirou antes de dizer:

—Quando era jovem eu sempre me mostrava confiante de qualquer um, mas lá no fundo eu tinha minhas dúvidas e meus medos. Sim, eu era conhecida em Hogwarts como uma bruxa poderosa e como você eu achava que isso se devia ao fato do meu pai ser quem é e eu odiava isso. Talvez a genética influencie mesmo isso, mas você não é poderosa apenas por ser minha filha. Você é poderosa porque em suas veias corre o sangue de grandes bruxos, nem todos foram bons, mas cabe a você decidir de qual lado lutar. Mas o que faz de você uma bruxa poderosa é a ambição de ser cada dia melhor que o anterior.

Eu parei por um momento encarando minhas mãos:

—As vezes me esqueço de quem meu pai também era um bruxo muito poderoso.

Ela suspirou:

—Tente Legilimência em mim.

Franzi o cenho, ela assentiu e assim eu fiz.

Um garoto loiro de olhos cinzas com um pouco mais de dez anos encarava uma garota de cabelos negros:

—Sou Hercules Black e tome cuidado comigo Dumbledore. –Percebi que se tratava de meus pais aos onze anos.

—Eu não tenho medo de você Black.

O menino riu e então disse:

—Então cuidado para não se apaixonar.

Ouvi então a menina, minha mãe, rir e sair.

Ela está sentada na biblioteca, quando ele aparece. Ambos estão um pouco mais velhos do que a lembrança anterior.

—Preciso de sua ajuda Dumbledore.

—Por Merlim, estou sonhando? O que o grande Black faz aqui diante de mim uma mera mortal pedindo ajuda?

Ele fechou a cara.

—Preciso de ajuda em transfiguração e você é a melhor da turma.

—Está enganado o melhor da turma é meu irmão.

Ele a fuzilou com os olhos

—Eu nunca pedirei ajuda a um grifinório.

Ela ergueu a sobrancelha:

—O que eu ganharei com isso?

Ela está conversando com outras garotas, uma morena de olhos cinzas com o emblema da corvinal no uniforme e uma ruiva de olhos azuis com o emblema da lufa-lufa, quando se despede delas e encontra com uma loira de olhos cinzas da sonserina, antes dela dizer o nome da garota eu já sei quem é:

—O que foi Narcissa? Seu irmão está naqueles dias hoje?

Ambas as meninas riem.

—Ele só está sendo Hercules. –A loira dá de ombros.

—Vamos logo ver a classificação, meu irmãozinho será classificado hoje.

Narcissa olhou para ela com uma expressão confusa, mas a seguiu.

Na mesa da Sonserina, Narcissa estava entre os dois.

—Adoro o momento da classificação. –Ela diz e Hercules e Arabela se encaram.

—Ela não é normal –Ele murmura e minha mãe rola os olhos.

—Eu vou deixar aqueles grifinórios se arrependidos do dia em que nos declararam guerra. –Minha mãe disse bufando.

—Arabella.... –Narcissa a advertia e meu pai a cutucou.

—Isso mesmo Bell querida, vamos conseguir a Taça das Casas.

Ouço os soluços antes mesmo de vê-lo. A menina, agora uma adolescente, senta ao lado dele:

—Sinto muito por Andie. –Minha mãe diz e meu pai a olha furioso.

—Como ela pode ter feito isso? Ela traiu nossa família. Ela me traiu!

—Hercules... –Ela colocou a mão no ombro dele e ele se levantou instantaneamente.

—Eu não preciso de sua piedade Dumbledore. –Ele disse e saiu da li deixando minha mãe encarando o nada.

—Ela é tão linda. –Vejo agora um homem de olhos cinzas segurando um bebê de cabelos loiros quase brancos.

—Ela se parece com Narcissa. –Ouvi a voz da minha mãe.

—Você está errada meu amor, ela é a cara do papai.

Minha mãe rola os olhos.

—É isso que dá, quem sofre sou eu e ela sai a sua cara. –Ela faz uma cara de ofendida.

Ele sorri.

—Aries tem seus olhos e seus cabelos Bell, não seja ranzinza. Hermione não tem culpa de ter nascido linda igual ao papai.

Minha rolou os olhos e ele a beijou brevemente, foi então que meu eu bebê começou a chorar.

—Veja só? Ela já é ciumenta igual a mamãe.

—Só espero que ela não seja egocêntrica igual a você Black.

—Pois eu tenho a certeza que ela terá a sua personalidade senhora Black.

Ele sorri ninando o bebê.

De repente estou encarando-a de novo, ela me dirige um olhar maternal:

—Seu pai era um Black, às vezes um pouco difícil, mas ele era bom. Eu o amei, ainda o amo profundamente e ele amava vocês.

—Ron uma vez disse que os Black são o que tem de pior na sociedade bruxa.

—Preciso conhecer esse rapaz... Os Black, são loucos e as vezes psicóticos, mas de uma coisa tenha certeza: eles sempre cuidam dos seus. Seu pai abriu mão de muita coisa por nós Hermione, nunca deixe que ninguém manche a memória dele e o mais importante: você e seu irmão são tanto uma parte de mim, quanto dele, mas jamais se esqueça que são suas próprias pessoas, com direito a suas próprias escolhas.

Eu assenti e a abracei:

—Obrigada mamãe.

Ela retribuiu meu abraço com força:

—Estarei sempre aqui para vocês.

Quando nos separamos eu disse:

—Vamos tentar novamente.

Ela assentiu e então fomos pela milésima vez.

E dessa vez não sentir ninguém invadir minha mente.

1, 2, 3 minutos se passaram e nenhuma invasão à minhas memórias.

Abri os olhos e ela sorria

—Você conseguiu Hermione.

Eu consegui!