The New World escrita por xMissWalkerx


Capítulo 45
A Coisa Certa


Notas iniciais do capítulo

Antes tarde do que nunca!



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PONTO DE VISTA – MATT

 

(12 dias desde a infecção.) 

— Positivo! São eles mesmo! – aviso Carley pelo rádio. Eles estão aqui.

Não sei bem o que pensar sobre isso. Rey e Glenn parecem bem, mas estão acompanhados de mais duas pessoas que não faço ideia de quem são.

Porque eles não atravessam a ponte?

Glenn e Rey estavam parados na ponte enquanto eu os observava do Beco.  Havia um homem careca encostado em uma caminhonete, ele conversava com Rey enquanto Glenn observava tudo de longe. Havia também um garoto, tão novo quanto Beth, de cabelos castanhos. O garoto olhava para todas as direções como se esperasse um ataque ou algo do tipo.

Você disse que não estão sozinhos?! Qual é a situação?  - ouço a voz preocupada de Carley sair pelo rádio.

— Isso mesmo. Não estão sozinhos, tem uma caminhonete com uma lona presa em cima da caçamba. Tem um cara careca e um outro moleque com o Rey e o Glenn. Eles estão lá parados, sem ir pra frente ou pra trás. – informo ela.

Acha que estão em perigo?! Estão armados?— Carley pergunta, e pelo som de sua voz, imagino que ela estava em movimento.

— Eles estão armados sim! Mas ninguém tá apontando a arma pra ninguém... – aviso ela e fico um tempo em silêncio.

— Carley? O que devo fazer? – pergunto a ela. E depois, quase no mesmo momento que solto o botão de transmissão do rádio escuto sua resposta.

TODOS NO PORTÃO, ARMADOS, AGORA! REY E GLENN NÃO ESTÃO SOZINHOS! – Carley grita pelo rádio.

Eu ponho a sniper de volta as minhas costas e começo a correr de volta pro Forte. Quando estou me aproximando, vejo Carley correndo pelos telhados do Forte, indo em direção a área externa, eu presumo.

Assim que piso na passarela, vejo Rob, que estava de guarda no portão se virar pra mim e gritar:

— EI! O QUE ESTÁ HAVENDO? – ele grita pra mim enquanto eu passo rapidamente por ele em direção a escada que me levaria para o quintal.

— Rey e Glenn com estranhos armados do outro lado da ponte! – grito de volta enquanto finalmente alcanço a escada.

Fico no quintal aguardando Carley, olhando para os lados a procura de saber o que fazer. Rob se mantém lá em cima, no portão, com o rifle em mãos. Ouço o barulho da porta da sala bater, e logo em seguida vejo Harry descer pelas escadas.

— Eles estão bem?! – Rob grita lá de cima.

— Não sei! Parece tudo certo mas...estão estranhos! – respondo.

Avisto Carley descendo pelas escadas próximas da lavanderia, logo logo ela estaria aqui. Enquanto isso, ouço outro som, agora vindo da janela.

Era Mary, que agora colocava a cabeça pra fora:

— O que está acontecendo?! – Ela grita lá de cima. Eu reviro os olhos já impaciente.

Carley já disse pra vir aqui, caralho!

— Só desce! – eu grito de volta pra ela. Que me olha confusa antes de tirar a cabeça da janela.

Harry olha para o portão indeciso.

— Vamos sair? – ele pergunta e eu dou de ombros.

— Não faço ideia. – digo.

— Eles não estavam saindo da ponte?! – Carley chega levemente ofegante, ajustando sua pistola no cinto. Eu balanço a cabeça.

— Estavam lá parados feito dois de paus. – enquanto falo, vejo que Mary estava prestes a se juntar a nós, ela estava descendo da passarela para a escada agora - Parecia estar tudo bem, mas achei estranho eles estarem simplesmente parados lá.

— Estranho... – Carley começa a fitar pontos aleatórios no quintal e andar de lá pra cá.

Ela está pensando. Isso é certo.

Toda vez que Carley encarava uma difícil decisão, ela encarava pontos aleatórios e seus olhos ficavam frenéticos enquanto caminhava de um ponto ao outro. Depois de um tempo, você se acostuma.

— Você me ouviu te chamar no rádio?! – Mary chegou dando dois cutucões em Carley que pareceu ter levado um choque com seu toque.

— Ouvi. – ela respondeu e recomeçou a andar em círculos. Mary esbugalha os olhos e abre os braços.

— Entãããão...? – ela diz a procura de resposta. Vejo Rob descer do portão pela escada da passarela.

— O que aconteceu? – pergunto a ela, que me dá um grande sorriso de resposta.

— Hershel acordou. – ela diz orgulhosa e eu não faço outra coisa além de sorrir pra noticia.

— Mentira! Que bom! – Rob diz com um sorriso no rosto seguido de duas palminhas. Ele finalmente havia se juntado a nós.

— Eu estava falando com Matt quando você me contou, não tive tempo! – Carley responde a Mary.

— Ele ainda está acordado? – Harry pergunta e Mary afirma com a cabeça.

— Sim. Maggie e Beth estão com ele agora, junto com a outra garota que espera o pai acordar. Tive que queimar o ferimento dele, foi uma nojeira! – ela diz e eu faço uma careta.

— JÁ SEI! – Carley para do nada, e nossos olhares todos pousam sobre ela.

— Vamos sair? – Harry pergunta de novo.

— E se sairmos e for uma armadilha? Porque Rey não nos chamou no rádio, por exemplo? Tem alguma coisa em especial em relação a essa galera. E eu não vou arriscar levando todo mundo lá sendo que Matt disse que estão armados! – Carley começou a nos dizer.

— Então...não vai todo mundo até lá?– Mary disse.

— Não. – Carley disse – Só vai uma.

— UMA? Isso é arriscado! E se Rey e Glenn estiverem em apuros e a gente mandar uma pessoa só e pegarem essa pessoa também?! Não acho que daria certo. – respondo cruzando os braços.

A ideia de alguém sozinho com aqueles dois não me parece boa...alguém poderia ser feito de refém...

Ou as vezes estamos nos precipitando e essas pessoas poderiam ser boas, como as que achamos até agora...

— Mas isso não vai acontecer. A pessoa não vai estar sozinha. – Carley diz calmamente.

— E o que vamos fazer então? Se não podermos ir todos, mas ao mesmo tempo você disse que alguém não iria sozinho...o que vai ser?  - Rob pergunta.

PONTO DE VISTA – REY

 

(12 dias desde a infecção.)

 

Vamos Carley...cadê você?

— Isso está demorando! – Luke diz pela segunda vez rolando os olhos apoiado na caminhonete.

— Paciência. Logo ela virá. – respondo e volto a olhar pra frente, em direção a Pevensie...na rua de casa.

Eu não vou leva-los direto pra casa. Isso seria estupidez e Carley me esganaria...quando Glenn sugeriu pararmos na ponte, achei um exagero a principio mas depois me liguei que não faria mal algum se apenas esperássemos na ponte.

Assim que havíamos chegado na ponte, decidi não contata-los pelo rádio. Carley poderia falar alguma coisa desagradável ou reagir negativamente, afastando essa chance de termos mais armas. E se eu simplesmente tivesse saído de perto deles pra falar com ela, pareceria suspeito.

Eu sei que alguém me viu nessa ponte. O Beco não estaria sem ninguém...já devem ter me visto e avisado ela.

Ela vai chegar...a qualquer momento agora.

Eu a conheço. Ela vai vir.

— É muito longe onde vivem? – ouço Ken perguntar a Glenn.

— Hã...não tanto. – Glenn diz calmamente, mas até EU consigo ver que ele ficou nervoso com a pergunta.

Péssimo mentiroso.

— Não entendo porque não nos leva até lá! A essa altura já teríamos feito nossa troca e já poderíamos estar procurando nossos amigos! – Luke reclama. Eu suspiro.

— Eu não posso simplesmente levar vocês lá assim! Eu...não sou o responsável pelo grupo. Não iria ser bom. – eu digo simplesmente e Luke ergue uma sobrancelha.

— O grupo de vocês tem líder? – Luke pergunta, ele parece meio surpreso.

— Tem! – respondo como se fosse a coisa mais óbvia do mundo, ele ri.

— Nossa! Foi mal, é que...heh...você é bem jovem e...er...não que VOCÊ seja velho, asiático... – Luke se vira para Glenn que revira os olhos levemente, depois ele volta com sua atenção pra mim – Vocês claramente não são parentes também, então achei que estavam numa parada democrática, entende? Tipo...pouca gente e tal....

Luke parecia estar se divertindo com tudo aquilo.

— Pois é. Não é assim que funciona. Temos líder e ela vai vir logo logo, confie em mim. – eu digo e me viro pra frente de novo, encarando a rua a minha frente, aguardando o semblante de uma mulher de bandana aparecer.

Tenho certeza que ela não vai pedir pra ninguém vir por ela, se for pra avaliar as intenções dessa galera, será ela mesma que vai fazer isso.

Ela gosta de estar no controle. Isso eu sei.

— Confiar?! Porque vou confiar em você sendo que você não confia em mim, parceiro?! – Luke anda na minha direção e eu o encaro.

— Não é bem isso! É que...estou sendo precavido, ok? Acho que faria o mesmo se estivesse no meu lugar e conhece a líder que temos! – respondo a ele.

— Pois eu acho que isso está com cara de armadilha, sabe? – ele dá um passo na minha direção, com um sorriso macabro no rosto.

— Ei! Pra trás, beleza? – Glenn chega e põe lentamente uma mão no peito de Luke, o afastando calmamente. Luke encara a mão de Glenn.

— Tira a mão de mim. – Luke diz e Glenn o faz.

— Não precisa fazer isso, certo? É o que ele disse, cara. Estamos sendo precavidos. Ela vai aparecer. – Glenn diz e Luke transita seu olhar entre nós dois até finalmente pousar em seu filho um pouco mais atrás de nós.

— Tá vendo aquele moleque ali? – ele diz pra nós – É meu filho.

— Eu percebi. Ele te chamou de pai agora pouco. – respondo.

— Algum de vocês tem filho? – Luke pergunta depois de respirar profundamente. Parecia irritado.

— Não. – Glenn e eu respondemos em uníssono.

— Imaginei... – ele se vira de costas pra nós e coça a careca – Imaginei mesmo!

— Onde quer chegar? – Glenn pergunta dando um passo pra frente. Luke se vira bruscamente, ficando de frente com Glenn.

— Quero dizer que se algum de vocês “precavidinhos” – Luke faz aspas com os dedos – tivessem filho, vocês saberiam o que um pai faz por eles! O que um pai PRECISA fazer pra deixar o filho vivo!

— Vocês saberiam o quanto é difícil ver seu filho passar fome! Principalmente depois que- – Luke para de falar de repente. Parece que engoliu a ultima palavra, ele respira fundo e se vira de costas novamente.

— Depois que...? – eu dou um passo a frente, ficando próximo de Glenn.

— Depois...que você percebe que...tem mais armas do que comida, sabe? – Luke diz, agitadamente.

Entendo ele...não sei direito o que achar desse cara mas...

Ele me parece apenas alguém preocupado com a família. Quer achar os amigos e alimentar o filho. É só.

— E é isso que quero que saibam...eu faço o que preciso fazer. – ele se vira pra nós. E eu entendo o que ele quer dizer.

Acho que você ou vai se dar muito bem com a Carley ou vai brigar muito com ela, Luke.

— Ali está! – Glenn aponta para o horizonte e eu olho na direção que seu dedo apontara. Carley estava caminhando a espada em mãos até nós. Seu rosto parecia concentrado.

Porra! É uma samurai?! – Luke diz e começa a rir, seu filho ri sem graça. Eu troco olhares com Glenn.

Sabe que isso vai dar merda, certo?— ele sussurra pra mim em meio aos risos de Luke.

Confia em mim. Vou convencer ela...só quero ajudar, Glenn.— respondo de volta, também sussurrando.

— O que estão cochichando aí?! – Luke pergunta e nós dois nos viramos.

— Só comentei que ela parece mais séria do que de costume. – invento e Luke assente desconfiado.

— Se não se importa, eu gostaria de falar com ela primeiro. – eu digo e Luke balança a cabeça.

— Você quer ser precavido? Pois eu também! Você fica. – ele diz dando um passo em minha direção. Eu bufo.

— Qual é, você tem o Glenn aqui com você. Se eu fizer merda, você tem refém! – eu digo e Glenn me encara abismado.

— Obrigado. Eu agradeço profundamente. – Glenn me diz cruzando os braços.

— Tem um ponto. Quando ela chegar na esquina, você vai. – Luke diz rindo – Vamos ser parceiros de cárcere, certo japa?

Glenn não esboça reação. Só encara Luke.

— É brincadeira! Nossa... – Luke balança a cabeça negativamente.

Eu troco olhares com Glenn antes de me virar e começar a caminhar em direção a Carley. Ela para pra matar um zumbi que se aproximava, cortando a cabeça do mesmo com apenas um giro.

— Caramba! Viu aquilo, pai?! – escuto Ken exclamar.

— Se eu vi?! Ela é das minhas! – Ouço o riso de Luke.

Quando estou próximo o suficiente de Carley, ela abre levemente os braços e eu a abraço.

— Você está bem?! – Ela me pergunta ainda abraçada a mim.

— Estou. Estamos bem. – digo me desvencilhando de seu abraço.

— Que porra é essa, Rey? – ela diz transitando seu olhar entre mim e Luke a alguns metros distante.

— Me escuta...quero que preste atenção agora. – eu começo a dizer.

— Eu e Glenn encontramos dois caras. Luke e Ken, que estão procurando alguns amigos deles, aparentemente perdidos, mas eles estão morrendo de fome. – eu continuo – Tá vendo aquela caminhonete alí?

Aponto para a caminhonete, Carley olha disfarçadamente e depois assente pra mim.

— Tem munição de tudo quanto é tipo ali! Rifle de caça, faca militar, pistola...muita coisa! Eu sugeri então fazermos uma troca: Comida por armas. – finalizo meu pensamento.

Carley suspira.

— Rey, não temos tanta comida assim! Não sei se- – Carley olha subitamente para trás e para de falar. Aplumando sua postura logo em seguida.

— Eaí! Então é você a manda chuva? Luke. – Me viro e dou de cara com Luke que erguia a mão pra Carley apertar, Ken estava ao seu lado. Logo atrás estava Glenn balançando a cabeça negativamente, sussurrando algo como “desculpe”.

Eu cerro meus olhos pra ele.

— Carley. – ela aperta a mão de Luke que sorri pra ela. Depois ela ergue a mão pra Ken – Suponho que esse outro é o Ken...

— Isso... – Ken aperta sua mão, parecia hipnotizado. Luke vê o aperto, olha para o filho e depois começa a rir.

— Não liga pra ele, sabe como é! Puberdade e essas merdas... – ele diz em meio aos risos e Ken fica vermelho. Carley revira os olhos e suspira.

— Rey estava me explicando a situação. Tem amigos perdidos e passa fome, é isso? – Carley diz rispidamente. Luke para de rir.

— Isso, moça. Quero comida pro meu filho e eu, e depois quero achar meus...amigos. Preciso encontra-los. – Luke diz sério, parecia confiante.

— Acontece que não temos tanta comida assim, Luke. Não posso oferecer tanto. – Carley diz trocando o peso de uma perna para outra.

— Ofereço o proporcional. Dependendo do quanto você me entregar, eu vejo o que te entrego de armamento. – Luke propõe. Carley solta um riso frouxo.

— Qual a graça? – ele pergunta sério. E eu respiro profundamente.

Qual é Carley...vamos lá...

— Você acha que eu sou idiota? Te dou comida e ESPERO que me entregue algo proporcional?! Quais eram as pessoas que você fez acordos antes?! – ela diz e vejo claramente que ela está indignada com a situação. Sinto até mesmo um sarcasmo em seu tom.

— Vai ter que confiar em mim, princesa. – ele diz com um meio sorriso e Carley fica séria.

— Não me chame assim, careca. E não...eu NÃO confio em você.  – ela responde ríspida. Ele ri.

— E suponho que EU deva confiar em vocês? Se eu quisesse ferir vocês, já teria feito isso!  – ele diz abrindo os braços.

— Eu não disse que deveria confiar em mim. – Carley rebate e ele fica sério – e acredite...se eu quisesse você estaria morto agora.

— O quê? – ele diz e começa a olhar para os lados como um louco – Está me ameaçando garota?!

— Eu só disse um fato. – ela responde calmamente.

— Sabe que você está literalmente na minha frente certo? – Luke dá um passo em direção de Carley, que não se move – Não acho que está na hora de gracinhas.

— Quer ver uma coisa? – ela diz o encarando. Ele não responde nada, só a encara de volta.

Puta que pariu.

Ela leva a mão até o rádio e Luke olha o movimento com atenção.

— Lata. Direita. Em três...dois... – Carley aponta para uma lata de metal próxima a Ken enquanto falava no rádio, quando de repente...

*PKOW!*

Um tiro acerta certeiramente a lata, a fazendo voar pelos ares e fazendo Ken dar alguns passos para o lado após o susto. Luke olha a lata boquiaberto.

Depois, ele encara Carley por um tempo, passando seu olhar pra mim e por fim Glenn. E quando acho que alguma briga vai rolar ou que ele vai demonstrar medo...

Ele começa a rir.

— GE-NI-AL! – ele aplaude três vezes em meio a risos. Carley franze o cenho – Simplesmente incrível!

— Façamos o seguinte: Deixa eu ver o que você tem, e aí você me dá um preço pra cada coisa e vemos o que posso fazer. – Carley sugere

— Oh não! Não, não, não! Quero mudar o acordo! – Ken diz e Carley me olha confusa.

— Olha...você tem um grupo forte aí com você! Que tal vocês nos ajudarem a achar nossos amigos, e em troca eu dou as armas que vocês precisam?  Durante a busca, podemos procurar por comida juntos! Assim fica mais fácil de você dividir a comida sem ficar prejudicada...NÃO! ESPERE! Quem sabe podemos unir forças ou algo do tipo? Eu estou muito interessado no lugar de vocês e- – Luke começa a atropelar as próprias palavras, Carley o interrompe.

— Wow, wow, wow! Calma aí! Ninguém falou que você ia pro nosso ponto de sobrevivência! Da onde tirou isso? – ela diz e Luke molha os lábios.

— Eu sei que não! Mas olha só...você não vai se arrepender, certo? Me mostra o lugar, pelo menos! Vou precisar deixar a caminhonete em algum lugar, não quero ser roubado de novo!  – Luke diz.

De novo?

— Deixe na rua! Trancado! Fim de história! – ela responde a ele.

— Com um grupo como o de vocês, podemos achar nossos amigos em segundos! Olha, que tal isso: Vocês nos ajudam a encontrar nossos amigos, e eu te dou um fuzil! Agora mesmo, olhe! – Luke diz e logo em seguida se vira bruscamente e toma o fuzil que Ken carregava nas mãos.

— Toma! Pega! – ele diz erguendo o fuzil para Carley, que olha para aquilo como se fosse uma mina de ouro.

— Onde conseguiu uma dessa? – ela pergunta impressionada.

— Ué?! Você não sabe? – Ele diz confuso e aponta para a bandana de Carley – Que patente você era?

— Não sou militar! – Carley diz e Luke se espanta.

— Aaah! Certo! A bandana me enganou! Bom, EU sou! Era do meu quartel. – ele aponta para o fuzil – Pegue!

Luke quase joga a arma pra Carley, que o pega.

— Pronto! Um fuzil de graça! Ajuda a gente a achar nosso pessoal e me deixa estacionar perto da onde você mora, que tem mais da onde isso veio. – ele diz e Carley fica pensativa. Ela olha pro fuzil e depois fica um longo tempo encarando a expressão de Luke.

— O que seus amigos faziam quando se perderam? – ela pergunta sem tirar os olhos dele. O sorriso de Luke morre.

— Eles... estavam comigo até que viram uma manada. Correram e depois nos perdemos. – Luke diz, ele coça a cabeça em seguida.

Caramba! Uma manada...

Carley o encara por longos segundos antes de se virar para mim.

— Preciso falar com Rey. Fique aqui. – ela empurra o fuzil para o peito de Luke, que o pega sem entender. Depois ela me puxa pelo braço, deixando Luke, Ken e Glenn para trás.

— Ai! Vai com calma! – eu digo quando ela para e solta meu braço – O que foi?

— Ele tá mentindo. – Carley diz simplesmente.

— O quê? – fico confuso.

— Manada? Qual é! Que manada, Rey?! Me diz! – Ela fala baixo pra mim

— Eles não se perderam por aqui! Estavam em outro lugar! – eu digo.

Ok. Chega de paranoia.

— Uma manada demora DIAS pra sair de um lugar! Como você sai de uma manada em uma caminhonete cheia de armas?! – ela pergunta e eu fico ainda mais confuso.

Faz sentido...mas ao mesmo tempo...

Não faz.

— Tendo ou não manada, eles estão interessados nos amigos deles! Você acha isso uma coisa ruim? – eu pergunto levemente indignado. Eu acredito que eu realmente tenha um ponto aqui.

— Não! Não é! Mas se ele mentiu sobre isso, pode estar mentindo sobre outras coisas também! – Carley diz e eu fico frustado.

Toda vez é assim!

Eu amo Carley. Essa garota é minha melhor amiga, mas tem vezes que ela passa dos limites! Toda vez que encontramos alguém novo, é essa suspeita! Entendo que temos que ser precavidos e tudo mais...mas não vejo perigo nesse caso! Ele nem sequer vai ENTRAR dentro do Forte! Vai estacionar, e aí vamos encontrar os amigos dele e nunca mais nos vermos! Não é como se eu tivesse pedindo pra esse cara entrar no grupo!

— Acho que você está exagerando! – eu desabafo. Ela franze o cenho.

— Exagerando?! Eu só quero- – ela começa a dizer e eu interrompo.

— Se precaver! – completo o que ela ia dizer – eu já sei!

— Acontece que você precisa ver as coisas com uma outra cabeça as vezes, Carley! São duas pessoas passando fome e procurando os amigos! – eu abro os braços - E se eu bem me lembro, até agora não achamos ninguém com intenções erradas!

— Eu não sou burro! Eu sei que esse cara é barra pesada, mas isso não significa que não podemos nos ajudar a sobreviver aqui! Você uma vez disse pra escolhermos nós ou eles, e eu sinceramente acredito que o “Nós” se encaixa a todos os vivos, enquanto o “Eles” são os mortos! – eu falo tudo que está engasgado em mim. Carley me encara abismada.

— Luke acabou de dizer pra mim e pro Glenn que imaginava que nós não tivéssemos filhos porque não temos ideia do que é ver um filho passar fome e ter que fazer tudo pra mantê-lo vivo...com todo o perigo que tem no mundo, você quer mesmo recusar ajuda a eles e deixa-los morrer de FOME?! – eu pergunto indignado. Ela continua a me olhar incrédula

— Você está me dizendo...que eu sou insensível em relação a essas coisas? – ela me pergunta. E eu reviro os olhos.

— Não estou falando isso! Estou só dizendo que as vezes, temos que olhar as coisas por outra perspectiva. Eles estão sozinhos, com fome, sem os amigos e não sei se você percebeu, mas o cara falou que não queria ser roubado DE NOVO. – eu dou ênfase no “de novo” – Enquanto nós, somos mais de dez, armados, com um teto na cabeça, com comida na pança e com chances mais altas de sobrevivência! E agora que temos a oportunidade de ajudar mais alguém a sobreviver vamos dar as costas porque você queria que tivesse uma manada DE VERDADE por aqui?!

Carley respira fundo. Ela começa a fitar o chão.

— Ele ficou empolgado quando viu um grupo capaz de sobreviver! Um grupo que sabe se virar! É só ele e o filho dele... – continuo dizendo.

Vamos lá amiga...sei que você é melhor do que isso.

Carley levanta a cabeça e olha nos meus olhos.

— Ele não vai entrar. – ela diz.

— Ele não vai entrar. – eu confirmo.

— Vamos ajudar e seguir nosso caminho. – ela continua.

— Vamos ajudar...e seguir nosso caminho. – eu repito com um sorriso no rosto.

Ela balança a cabeça e quando ela ameaça voltar até Luke eu a abraço. Ela se surpreende, mas me abraça de volta.

— Sabia que ia fazer a coisa certa! – digo a ela antes de a soltar e voltarmos para dizermos a Luke as boas novas.

PONTO DE VISTA – REGINA

 

(12 dias desde a infecção.)

 

Algum sinal deles? – Robin me pergunta.

— Não. Nada – digo respirando pesadamente. Ele me abraça.

— Não se preocupe. Vão estar aqui daqui a pouco... – Robin alisa minhas costas.

— Tem certeza que foi uma boa ideia? – pergunto e Robin assente.

— Não é um shopping grande. Eu e Aria conseguimos trancar as portas de vidro das alas Leste, Oeste e Sul...as portas são grossas, vão aguentar por uns dias contanto que não façamos barulho. – ele explica e eu assinto.

Depois de tudo que aconteceu, ainda sim conseguimos entrar neste mini shopping.  Achei que seria nosso fim até ver algumas portas de vidro que separavam as alas do shopping. Eu e Ezra limpávamos os zumbis enquanto Robin e Aria trancavam as portas. Agora, tudo que consigo escutar são os zumbis batendo nos grossos vidros, não tão distante de nós.

— Precisamos abrir os dutos. Temos que ter uma saída caso as portas não aguentem. – falo pra Robin.

— Faremos isso assim que voltarem, ok? – ele me diz e eu afirmo.

— Tomara que consigam limpar a loja... – digo e Robin assente, se sentando no chão, apoiado a parede.

— Vão conseguir. – ele diz. Eu me sento ao seu lado.

Ficamos em silencio por um tempo até que os flashes aparecem em minha cabeça novamente.

“Eu te disse que não iríamos pro Sul!”

“Pare com isso!”

“Quase matou ele!”

“Eu não o feriria por mal, eu juro!”

*BLAM*

Gritos ecoam em minha cabeça e a visão de um corpo ensanguentado toma minha cabeça, lágrimas se escorrem no meu rosto.

— Ei...venha cá. – Robin nem precisa me perguntar o que está havendo. Ele simplesmente me abraça.

— Não veremos eles de novo, está me ouvindo? Não vou deixar. – Robin sussurra e eu enterro meu rosto em seu peito.

— Se os virmos... – começo a dizer, Robin me abraça mais forte.

— Eu mato eles, Robin. Juro que mato. – digo séria e Robin suspira.

— Eu também...pessoas como aquelas não vivem por muito tempo. Não se preocupe... – Robin alisa minhas costas e eu respiro profundamente.

Escuto o barulho das portas de vidro se abrirem, Ezra e Aria entram rapidamente e fecham a porta atrás de si.

— Puxa! Conseguimos! – Ezra diz enquanto eu e Robin nos levantamos.

— Algum sinal deles? Algum sinal de- – Aria começa a perguntar mas eu a interrompo.

— Não. Nada. Acho que conseguimos despista-los. Talvez foram pelo outro caminho... – explico.

— Eles vão precisar de suprimentos. Não vão rodar por aí sem ter forças o suficiente para lutar. Isso SE nos acharem. – Ezra diz.

— O mais importante é ficarmos juntos e ficarmos de olho em qualquer um daquela lábia! Vamos ficar aqui por dois dias no máximo e depois vamos embora quando acharmos mais seguro. – Robin diz e todos concordamos.

— Ei, olha só! – Aria abre a mochila, revelando alguns produtos enlatados e algumas peças de roupa – Frio e fome a gente não morre!

Eu sorrio fraco e gesticulo para ela guardar aquilo. Todos nós nos reunimos para comer.

Cada vez que eu pisco, minha cabeça se enche com a imagem do sangue...do horror...

Do assassinato.

Nós não fizemos nada...

“Eu faço o que tenho que fazer!”

Eu sempre soube que ele era encrenca a partir do momento que ele chegou com toda aquela sensação de superioridade...achei que estaríamos seguros considerando o que ele fazia antes de tudo...Eu não acredito que no final das contas, nós que tivemos que fugir!

Ficamos em silencio, comendo aquelas latas com gosto de sujeira. Eu estava ficando paranoica com todo barulho que escutava, sempre achando que havia sons de pneus ou algo do tipo...sempre achando que eles estavam vindo...

Nunca mais quero vê-los....se eu ver qualquer um daquele tipo....QUALQUER UM....não hesitarei. Não vai ter pedido de socorro vindo de mim...

Vai ter pedido de socorro vindo DELES.


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Notas finais do capítulo

Reta final pegando fogo, bixo!



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