Lágrimas de Fogo escrita por TopsyKreets


Capítulo 4
Noiva em Fuga




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Lágrimas de Fogo

 

De repente, todo o público – que incluía alunos, pais, professores e banda – ficaram imersos em total e completo silêncio.

Ninguém podia acreditar que ela tinha dito.

Não em voz alta.

 

Até Janna Ordonia se manteve calada – o que era difícil de acontecer.

— É sério? Você tinha que dizer isso, bem agora?!

Nesse momento?!

Não podemos conversar, ou....

— Desculpa, eu....

Me perdoa, mas eu tenho que ir....

 

Marco olhou bem nos olhos dela.

Em anos de convivência, o rapaz aprendera a ler Star através de um olhar.

Sabia quando ela estava triste. Ou feliz.

Amargurada, revoltada.

 

E naquele instante, aqueles imensos olhos azuis refletiam certeza.

Uma certeza absoluta e inabalável.

 

Com um único olhar, ele sentia que havia perdido a princesa para sempre.

— É o Tom, não é?

Você vai atrás dele.

 

Ela não respondeu.

Não conseguiu. Apenas abaixou a cabeça e passou a encarar o chão frio.

O silêncio ainda ocupava toda a sala.

Na verdade, era exatamente a falta de som da loira que confirmava exatamente o que Marco temia.

 

Agarrando a coroa de plástico da cabeça de Star, ele a jogou no chão e pisoteou com força. A peça elegante e frágil espatifou em mil pedaços.

— Vai.

 

Emocionada, ela tentou tocar na mão de Marco, mas ele desviou.

Era compreensível, dada a situação.

— Obrigada – Ela respondeu, por fim.

 

Sem mais palavras, sem beijos de despedida.

Star apenas partiu sem olhar para trás.

Não falou com ninguém. Nem tinha o que falar.

Não com ninguém de Echo Creek, pelo menos.

 

Apenas parou por um segundo para retirar os saltos e substituir por botas.

O chão a caminho do submundo era um terreno nada fácil de se andar.

Imagina então, como seria então correr por ele.

 

....

 

Submundo

 

Ainda em seu quarto, Tom se enfiou em baixo dos lençóis tentando fugir dos pensamentos ruins.

Amor. Guerra.

Sofrimento. Dor.

Star. Star2.

 

Normalmente pensar em Star combinava todos os elementos anteriores.

E como em todas as outras noites, isso levou a um ataque noturno de pânico, terror e a lençóis tostados.

 

Ainda em chamas, Tom os atirou no chão e apagou como pôde.

— Que merda.... Já é a quinta vez, essa semana!

Minha mãe vai me matar....

 

Assim que conseguiu conter o incêndio, sua ação seguinte fora atender a porta, que tremia com longas e pausadas batidas.

E só pelo som característico da batida, Tom sabia quem era.

 

Abrindo a porta, ele deixou o rei entrar.

— Oi, pai.

— Olá, filho. Eu preciso que você....

Espera, queimou outro jogo de lençóis?

Já é o quinto, essa semana!

— Eu sei, eu sei....

— Enfim.... Preciso que olhe pela janela do seu quarto.

— Por que?

— Porque tem uma loira de um metro e sessenta querendo falar com você.

E sugiro que a receba. Ela está ameaçando arrombar as portas do castelo e entrar na marra....

 

....

 

Correndo em dispara rumo à janela de seu quarto, o príncipe mal podia acreditar no que estava vendo.

Star Buterfly. De vestido preto e longo, botas e muita disposição.

 

Talvez, nem tanta. Estava ofegante por ter vindo correndo até a varanda do rei do submundo.

— Você.... Eu.... Baile.... Correndo.... – Balbuciou Star, pingando de suor.

 

Tom arqueou uma das sobrancelhas, um símbolo de total dúvida e confusão.

Felizmente, conhecendo-a tão bem, ele já tinha uma solução para essas específicas situações, quando Star surgia em sua janela gritando e fazendo um estardalhaço. 

— Sobe aí – Ele respondeu – Vou pegar alguns cookies de chocolate pra você.

 

....

 

A garota engoliu os cookies com extremo vigor, quase sem mastigar.

 

Cookies quentes. Leite gelado.

Era uma excelente forma de descontrair.

— O que é esse gosto que eu estou sentindo? – Ela perguntou.

 

Tinha algo de novo na receita clássica de cookie de chocolate do submundo.

Nem o próprio Tom sabia dizer. Desta vez, ele mesmo teve que provar o doce primeiro, antes.

— Lágrimas de derrotados, sangue de Wendigo....

— Não, quero dizer, o gosto mais suave.

— Ah, sim. Canela.

 

....

 

— Olha, Tom, andei pensando sobre você (até demais), sobre o reino, Star2 e....

Ela estava certa.

— Sobre?

— Você é especial. Muito especial. E não te dei o valor que merecia.

Sinto muito, mesmo.

 

Ele deu de ombros.

— Já namoramos faz tempo, tudo bem.

Esquece.

— Não! Esse é o problema! – Exclamou Star, levantando-se da cama, completamente recuperada do cansaço – Tempo!

Devia ter te dado mais tempo. Você ERA infantil. Eu desisti muito rápido.

Você melhorou. E.... Acho que estou apaixo....

 

O príncipe a interrompeu, cobrindo sua boca com a ponta dos dedos.

— Você tem um namorado, agora.

E não precisa fazer isso só para salvar o submundo, ou....

— Primeiro: não estou fazendo isso pelo submundo! Se esse reino realmente fosse tomado por alguém ruim, eu devolveria de volta pra sua família na marra!

— O que?

— É isso aí. Invadiria com pôneis, coelhos e qualquer exército que eu tivesse a disposição em Mewni!

— Invadiria o submundo com pôneis e coelhos...?

— Pode apostar essa sua bundinha linda que sim!

 

Ele não descordou, porque a conhecia o suficiente para ver que ela estava falando sério.

E pior, sabia que ela era realmente capaz.

— E segundo – Star continuou – Eu terminei com o Marco.

Faz uns 30 minutos, na verdade. E foi no baile de formatura, o que parando pra pensar, pode não ter sido o melhor momento, mas....

— Wow, isso é sério...?

Cara, isso foi brutal.

E eu sou o príncipe do submundo. Sei do que estou falando.

Foi cruel em muitos níveis.

 

A princesa levou às mãos ao rosto, constrangida e muito aflita.

Não tinha como não ficar quando se pensava no que tinha feito com Marco Diaz naquela noite.

— Eu sei, eu sei! Não deu pra me conter.

Foi terrível. Mas até que ele absorveu melhor do que eu pude esperar.

— Então.... Quer voltar mesmo comigo?

— Quero. Mais do que tudo.

— Mas, e ele? Quer dizer, o cara deve estar péssimo. Eu estava até uma hora atrás.

Como acha que o Marco vai encarar isso tudo amanhã?

— Não sei, mas.... Ele é legal e vai tentar me entender. Talvez seja mais do que eu mereça da parte dele. Só que eu ainda preciso saber de você.

Me dá uma nova chance. Por favor.

 

De forma rápida e nada sutil, Tom se levantou e a agarrou.

Mas não a beijou, como esperado.

Apenas a abraçou com força, querendo jamais largar novamente.

— Já te perdi duas vezes.

De novo, não.

E só pra constar, eu estaria chorando, se pudesse.

— Eu sei, por isso te amo, sua besta.

 

....

 

— E o que a gente faz agora, princesa?

 

Virando-se de costas para Tom, ela apontou para o vestido.

— Você faz aniversário em duas semanas.

Hora do presente antecipado.

Pode abrir o fecho por mim?

 

Dessa vez, foi ele que ficou com um grande e enorme sorriso largo no rosto.

 

....

 

No dia seguinte, o baile de Echo Creek já tinha acabado, mas nenhum dos dois pareceu se importar.

Bem que Tom gostaria de ficar mais tempo na cama, abraçados de conchinha, mas Star levantara assim que amanheceu.

 

 A primeira coisa que ela fez foi checar o celular.

 Trinta e sete chamadas perdidas.

Janna Ordonia.

 

— Algo de errado?

 

 Star sorriu e lhe deu um beijo de “Bom dia”.

— Nada demais. Ainda deve ser pelo baile.

Foram tantas emoções num dia.

— Disso, não duvido.

 

Colocando o aparelho perto do rosto, ela ouviu as mensagens deixadas pela amiga, esperando se tratar de muita gritaria, comoção e zoação de Janna.

Mas isso não aconteceu.

Depois de ouvir as duas primeiras mensagens, o semblante de felicidade desapareceu de Star.

 

A preocupação e aflição retornaram, mais rápidas do que nunca.

Com o cabelo ainda desgrenhado, ela recolocou o vestido, as botas e correu para porta.

 

Segundos depois, ela voltou e se virou para Tom.

— Me ajuda e fechar o vestido, rápido!

Temos que ir!

— Ei espera um pouco, princesa.

Quem morreu?

 

Mais pálida que o normal, Star respondeu.

— Marco. Está no hospital.

Ele foi baleado.

— O que?! Mas, como...?

— Não sei! Ela não deu os detalhes.

Temos que ir! Agora!

 

....

 

Mais sofrimento.

Não pode dizer que eu não avisei.

Quando você enxerga o quadro geral, já é tarde demais.

 


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