Guilda Do Alvorecer: O Reino Caído escrita por Mandy, TenshiAkumaNoLink


Capítulo 7
Capítulo 6 - A Aliança - Marian




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Antes mesmo de eu e mestre Byron terminarmos de descer a colina, pude avistar ao longe chamas brilhantes e fumaça tomarem conta da vila. O céu estava assumindo um tom avermelhado ao entardecer e urubus carniceiros voavam no céu como se previssem que em breve haveriam vários cadáveres para se banquetearem.

Olhei para trás para ver se o velho Byron estava conseguindo acompanhar o meu ritmo, e vi seu semblante cansado. Estávamos trabalhando exaustivamente por conta dos estranhos movimentos de Vorsêris, então não houve tempo para descansarmos adequadamente entre uma missão e outra. Byron percebeu o meu olhar e apenas me disse da forma resmungona de sempre:

— O que houve? Parece que nunca me viu!

— Ah, nada não. - Falei sem jeito e segui descendo.

Quando chegamos na planície, avistei Ah Ra liderando os nossos companheiros. Ela tentava parecer enérgica, mas pude perceber o quão acabada ela estava. Seu corpo estava curvado e ela tinha uma mão segurando um ponto entre as costelas. Seus olhos castanhos estavam com olheiras e sua pele estava coberta de feridas e cicatrizes. Quando me aproximei, ela se assustou e apontou a lança em minha direção.

— Mas o que diab…

— Sou eu, Marian. - Disse, enquanto erguia o braço defensivamente, por reflexo.

— Senhorita Marian, perdoe meu descuido. - Ela ficou corada e tentou se curvar respeitosamente, mas acabou gemendo de dor por conta do ferimento.

— Por favor, cuidado. - Falei, preocupada.

— Isso não irá ocorrer novamente, senhorita. - Respondeu ela, constrangida.

— Não isso, tome cuidado com o seu machucado.

— Ah, claro.  

— Qual a situação no momento? Vocês tem algum plano?

— Estamos fechando o cerco ao redor do inimigo, senhorita Marian. Seus companheiros estão atacando pelo sul, junto com os líderes, e nós atacaremos pelo norte. Com as colinas fechando leste e oeste, os inimigos não terão para onde correr. Já recuperamos nossas armas, agora devemos partir para cima. Podemos contar com a senhorita ao nosso lado?

— Claro, mas por favor, me chame apenas de Marian. - Mesmo estando em um cargo superior na guilda, eu não me sentia confortável com essa formalidade toda. Me lembrava dos tempos nos quais eu fazia parte da nobreza, e não foram tempos agradáveis.  

— Ahnnn...certo, eu acho. - Respondeu ela, hesitante. As pessoas de Mytra ligam muito para hierarquia, então ela provavelmente estranhou isso.

Saquei minha espada curta e avancei ao lado de Ah Ra e dos demais aliados para cima dos soldados vorsêrianos. Um primeiro de altura mediana, vestindo uma armadura de couro e segurando uma espada longa, partiu para cima de mim e aparei seu golpe. Ele girou e tentou me acertar entre as costelas, mas aparei novamente. Eu não podia ficar eternamente defendendo, eu tinha que partir pra cima. Chutei sua perna, e ele perdeu o equilíbrio, e aproveitei a deixa para atacá-lo. Teria sido eu a eliminá-lo, se Byron não tivesse surgido do nada por trás dele e o decapitasse antes.

— Ei, esse era meu! - Falei em tom de brincadeira.

— Tem vários outros pra você ainda. - Retrucou ele. - Infelizmente… - Completou, fazendo uma careta.

Ele parou de falar quando notou outro vindo por trás com um martelo de guerra. Por reflexo, eu gritei:

— Impulsare! - E o inimigo foi lançado longe contra outro soldado inimigo.

— Eu já disse pra tomar cuidado com isso! - Protestou Byron.

— De nada. - Respondi secamente. Ele precisa me dar sermão mesmo quando eu salvo a sua vida? - Agora, acho que temos algo mais importante para nos preocuparmos do que minha magia imprevisível. Na sua esquerda…

Byron aparou o golpe a tempo e acertou uma pancada no inimigo com o escudo, fazendo-o tontear e se desequilibrar. Eu disse “flama” fazendo-o incendiar e ganhei um olhar assassino de Byron.

— Tem vários outros pra você por aí. - Falei e saí rapidamente antes que ele me desse outro sermão sobre uso descuidado de magia.

Dizem que quando você mata uma mosca, vem duas em seu lugar para te incomodar. Com soldados vorsêrianos era a mesma coisa. Eu matava um e mais dois apareciam. Me perguntava seriamente de onde eles saiam. Teriam eles parentesco com moscas? “Foco, Marian” repeti mentalmente, mas eu não conseguia evitar ter pensamentos inúteis. Era uma fuga do caos ao meu redor. “É, preciso de férias. Preciso muito de férias”.

Enquanto avançava com dificuldade, avistei Henry ao lado de um mestiço que segurava uma grande katana e vestia um kimono vermelho e um haori preto com desenhos de dragões dourados. Henry estendeu o braço e o guerreiro o encarou confuso enquanto um inimigo o atacava por trás, e o pequenino lançou o feitiço “Impulsare”, salvando-o. O garoto pegou um pequeno explosivo da sua bolsa, assoprou o pavio, acendendo-o, e o lançou contra outros inimigos.

Foi quando avistei Zartrik. Aquele maldito! Quando eu era novata na Guilda do Alvorecer, ele era um de nós. Em uma missão importante em busca de um artefato mágico, por ganância, ele nos traiu, roubou o artefato e matou Cailan. O artefato em questão, um amuleto dourado com uma pedra mágica rosa, estava em seu pescoço e poderia nos causar problemas. Ele tornava o usuário muito mais forte e ágil, e talvez estivesse por trás da derrota da vila. Eu precisava chegar lá e retirá-lo dele de alguma forma.

Zartrik e o espadachim salvo por Henry começaram a lutar entre si, travando um duelo acirrado. Eles praticamente só se defendiam, não conseguiam acertar um ao outro.  

Enquanto ia em direção da luta, bloqueei um golpe de espada com magia e bati na cabeça de meu agressor com o punho da espada. Seguia o caminho correndo, cuidando pra não tropeçar nos corpos espalhados pelo chão e afastando alguns soldados com magia, quando ocorreu uma reviravolta: Um segundo mestiço avançou contra o primeiro e foi impedido por uma mestiça, que defendeu o outro com o próprio corpo. Ela caiu no chão e o mestiço de vermelho arregalou os olhos e encarou o traidor. Pude sentir uma presença mágica fora de comum emanando dele e tomando conta do ambiente. Um mago selvagem mestiço?

O traidor sorriu e disse algo, e em resposta recebeu algo como um rugido que ecoou pela vila:

— TARKHUS!!!

Uma onda de impacto semelhante ao feitiço Impulsare empurrou tudo ao redor deles e me levou ao chão. Pedaços de pedra, madeira, vieram junto e acertaram alguns azarados por aí e por pouco eu também não fui nocauteada por uma enorme pedra que passou de fininho pela minha cabeça.

— O que houve, hein Kyurem? - Disse Tarkhus levantando seus braços para os lados. - Tudo o que você está fazendo é perder o seu próprio controle. Vai mesmo me matar? Seu próprio irmão de juramento e sacerdote da vila? - Completou, em tom de deboche.

— CALE A BOCA! - Disse, Kyurem furioso. - Você quebrou a regra mais importante, não venha me lembrar das leis do nosso povo agora! - Esbravejou, e partiu para cima de  Tarkhus ferozmente.

— TOLO! Achou mesmo que eu me importava com Taranthula? Seroth? Barukh? Eu nunca me importei com nenhum de vocês! - Disse Tarkhus, repelindo o ataque de Kyurem. - Se você não tivesse roubado o MEU LUGAR como líder desta vila, nosso povo não estaria sofrendo agora! A culpa por esse sofrimento todo É SUA KYUREM! E agora, tudo o que preciso fazer, é tomar a sua cabeça, em nome do grande rei de Vorsêris!

— Você está louco, você jamais seria um bom líder. Irmão Igura estaria decepcionado com você!

— CALE-SE! Se aquele velho idiota tivesse me dado o título de líder, nada disso estaria acontecendo. Mas não importa, pois assim que eu obtiver sua cabeça, o rei de Vorsêris me tornará um de seus mais leais comandantes. EU SEREI O REI DOS DRAGÕES! - E Tarkhus riu enlouquecidamente,  mas logo em seguida sua expressão mudou de alegria para pavor, pois Zartrik o atravessou com sua lança. - Co..mandante.. Zartrik? Por que…?

— Lamento muito Tarkhus, você com certeza foi muito útil para o grande rei de Vôrseris e seu propósito, mas só pode haver um rei. - Disse Zartrik removendo a lança e deixando o corpo morto de Tarkhus caído no chão, olhando em seguida para Kyurem. - O que houve Kyurem? Não está feliz por eu ter eliminado um traidor? - Perguntou Zartrik, em tom provocador.

Em silêncio, Kyurem se abaixou e fechou os olhos de Tarkhus, dizendo:

— Me perdoe Irmão Igura… Eu não fui capaz de salvá-lo das trevas. - Que a luz de Balshiran ilumine você, irmão Tarkhus…

Me levantei com dificuldade e me coloquei entre Kyurem e Zartrik e falei:

— Olá Zartrik, quanto tempo não? Agora você tem que se resolver comigo. Você me tirou algo muito precioso e agora farei você pagar com a sua vida.

— Ah, esse amuleto? Venha pegá-lo! - Provocou ele.

— Não me referia a ele, e sim a uma pessoa especial que “te considerava” um amigo, mas vou ficar feliz em pegar o amuleto como lembrança do momento no qual eu acabei com a sua raça! - E dito isso, ataquei-o com minha espada.

— Oh Marian, você nunca foi uma espadachim muito notável, se bem me lembro, além de que sua a magia sempre foi imprevisível. Acha mesmo que consegue me derrotar com isso? - Provocou ele, aparando meu golpe.

— Feliz ano 10 da Nova Era! - Debochei. - Para sua tristeza, eu evolui muito nesses últimos 5 anos.

—  Veremos se vai ser o bastante!

Com a minha lâmina, aproveitei sua distração e cortei o cordão do amuleto mágico dele. Seus olhos se arregalaram e ele disse:

— Você…

— Eu não pretendia matar você, só lhe tirar o amuleto que lhe dava uma vantagem injusta. Acho que tem alguém muito mais furioso aqui que quer pessoalmente arrancar sua cabeça, e tenho uma notícia: Eu vou amar assistir!

— Vou garantir que seja um bom espetáculo! - Disse Kyurem liberando intensamente sua magia, canalizando a mesma pela lâmina da sua espada em forma de chamas. - Vou fazer você sentir dor, do mesmo jeito que você fez meus irmãos e irmãs sentirem dor.

— E..espera! Eu posso lhe garantir a proteção do rei de Vorsêris! Ele pode até mesmo lhe tornar seu braço direito! Por favor, clemência! - Disse Zartrik enquanto recuava aos tropeços.

— Clemência? - Disse Kyurem, pegando Zartrik pela sua cabeça, usando apenas uma mão, como se Zartrik fosse uma pena. - Do mesmo jeito que você não teve clemência pelo meu povo, eu não vou ter clemência com o seu! Faça uma boa viagem para o inferno, maldito! Espero que Ignikor tenha piedade de sua alma! - E jogou Zartrik para o alto, cortando-o no meio quando o mesmo caiu. - Pois eu não vou ter nenhuma ao te matar.  

— Ele viveu como um covarde e morreu como um. - Declarei, pegando o amuleto mágico e limpando- o. - Acho melhor eu guardar bem isso antes que nos cause problemas.

Os soldados vorsêrianos restantes entraram em pânico com a morte do seu comandante e começaram a recuar pelo sul, em direção a fronteira de Mytra e Vorsêris. Alguns mestiços tentaram ir atrás, mas Kyurem fez sinal e gritou algo para eles ficarem e procurarem possíveis sobreviventes entre as pessoas caídas.

— E você, quem é? - Indagou Kyurem.

— Sou Marian, uma comandante da Guilda Do Alvorecer. Meu amigo Bear e o mestre Airus me falaram de você. - E estendi minha pequena mão para cumprimentá-lo, e me senti como uma criança cumprimentando um adulto. - Estava em uma missão para achar meus companheiros desaparecidos e acabei aqui.

— Entendo… - Falou, olhando para o corpo da amiga draconiana caída.

— Acho que agora temos um inimigo em comum. Lutarmos juntos pode ajudar a manter a segurança tanto da vila quanto a da guilda. Podemos discutir uma aliança, mas por hora devemos procurar por aliados vivos precisando de cuidados e por algum inimigo que ficou pra trás  que possa nos dar alguma pista valiosa. - Falei, enquanto me aproximava da moça caída. - Os ferimentos dela são sérios, mas ela ainda vive. Se houver um bom curandeiro por aqui, talvez consigamos salvá-la. De qualquer forma, procurarei por Serena, pois ela entende ao menos o básico de cura e talvez possa ajudá-la.   ______________________________________________________________

Passaram-se horas após o confronto até conseguirmos reunir os sobreviventes. Os seriamente feridos foram levados até as cabanas que ainda estavam em pé para receberam tratamento e os que estavam em melhor condição física, reuniram os corpos dos caídos e os cremaram sob a luz do luar. 

Draconianos e humanos se juntaram em um círculo ao redor da grande pira enquanto lentamente os corpos eram queimados. A única coisa que quebrava o silêncio era o soluçar dos vivos pelos mortos em meio às ruínas que outrora foram uma bela vila. Meus companheiros da guilda colocaram a mão fechada sobre o peito e começaram uma prece em Ísalo, idioma da caída Isalys, uma prece para os mortos, para que as feridas na alma se sarassem e eles retornassem um dia para nós. De um lugar mais próximo da pira, vi Ah Ra desmaiar, e Juno correu na direção dela, desesperada.

Senti uma mão pesada sobre meu ombro e uma voz me disse:

— Você está bem, criança? - Bear. Me virei para ele e falei.

— Fisicamente sim, mentalmente não. Aparentemente vencemos a batalha, mas ao ver isso, sinto como se essa ou qualquer outra luta fossem uma derrota para todos os envolvidos.

— E é, criança. Mas é parte do que precisamos fazer para proteger os nossos. - E me envolveu em um abraço enquanto eu chorava.

— Queria que houvesse outro meio…

— Eu também, pequenina.

— Como está Serena? Ela acordou? - Indaguei preocupada. Não a via desde que Bear e Soris chegaram com ela desacordada.

— Já, mas ela ainda precisa descansar um pouco. Aquilo foi demais pra ela, mas ela vai ficar bem.

— Entendo…

— O que pretende fazer?

— Assim que os ritos fúnebres terminarem, acho que deveríamos descansar um pouco. Amanhã tentarei discutir a possibilidade de uma aliança com o líder Kyurem e acho que assim que os nossos estiverem em melhores condições, devemos partir.

—_______________________________________________________

Ao final dos ritos fúnebres, me dirigi ao pequeno acampamento que a guilda montou no norte da vila. Entrei na minha tenda, peguei minha bolsa e enquanto procurava um pergaminho notei que o amuleto que eu tinha retirado de Zartrik havia sumido. Tirei todo conteúdo da bolsa e revirei esperando achá-lo, mas nada. Recoloquei o conteúdo dentro da bolsa de qualquer jeito e saí da tenda. Keiran, que estava do lado de fora afiando uma faca com uma pedra de amolar, levantou num sobressalto quando viu eu sair apressada e me perguntou:

— Aconteceu alguma coisa, senhorita Marian?

— Você viu alguma movimentação estranha por aqui?

— Não. Apenas o pessoal da guilda, eu acho. - Respondeu ele, pensativo. - Por que perguntas?

— Algo valioso desapareceu.

— O que seria?

— Um amuleto.

— Soris estava na vila, certo? Soube que sua índole é questionável, não teria ele… - E antes que Keiran terminasse de falar, saí correndo procurando por algum sinal de Soris.

Soris é provavelmente o ser mais traiçoeiro que eu tive o desprazer de encontrar. Era muito provável que houvesse dedo dele disso. Enquanto o procurava, dei de cara com Bear, que parecia estar desesperado procurando algo.

— Soris sumiu. - Disse-me ele.

— Como? Pensei que houvesse alguém vigiando ele.

— Tinha, mas ele bateu com algo na cabeça do coitado.

— Ele provavelmente roubou o amuleto.

— Inferno! - Esbravejou Bear.  

— Ele não deve estar longe, não é? - Falei. - Vou pegar meu cavalo…

— Você vai atrás dele sozinha? - Perguntou Bear, preocupado.

— Tem outra opção? Nossos companheiros precisam ficar e se recuperar e aquele amuleto é perigoso em mão erradas.

— Podemos ir atrás dele usando nossas conexões depois.

— Até lá ele pode ter vendido pra alguém perigoso.

— Soris não é um alvo fácil e você pode ter problemas lutando com ele sozinha. Eu iria junto, mas Juno precisa da minha ajuda com os feridos.

— Eu sei. Mas preciso fazer algo.

— O melhor que você pode fazer é cuidar dos seus agora. Temos muitos feridos e poucos com conhecimento de cura. Se não for conseguir descansar agora, venha comigo.

—_______________________________________________________ 

Acordei com a luz do sol nos meus olhos. O sol da manhã aparecera no horizonte e seus raios de luz entravam pela abertura da tenda. Eu devia ter cochilado sentada após passar a madrugada inteira cuidando dos feridos.

Juno estava de pé trocando a bandagem do braço de um jovem rapaz e lhe dando um sermão por forçar o braço machucado. Quando me levantei, ela me olhou com a expressão séria de sempre e disse:

— Você acordou. O líder dos draconianos, Kyurem, procurou por você.

— Ele disse o que queria?

— Não. Acho que deveria procurar por ele.

— Farei isso. Obrigada por me informar.

Para a minha surpresa, a maioria dos mestiços estavam já trabalhando na reconstrução da vila. Um grupo estava construindo casas, e outro estava restaurando a taverna, cuja estrutura estava parcialmente danificada, e os demais estavam removendo destroços e pedras espalhados pelo lugar. Ao longe, vi Kyurem com o olhar triste saindo de uma das poucas cabanas em boas condições, e fui até ele.

— Bom dia! Soube que você andou me procurando.

— Fiquei preocupado, afinal, magos selvagens como nós costumam gastar muita magia e energia. - Disse Kyurem. - Mas é bom ver que está bem.

— Estou bem. E quanto a você? O que você fez ontem deve ter exigido muito mana.

— Estou bem, embora eu tenha gastado muita energia. De qualquer forma, quero lhe agradecer por terem vindo nos ajudar. Somos uma raça orgulhosa que não costuma pedir ajuda à estranhos. - Disse Kyurem fazendo uma reverência em sinal de respeito.

— Foi um prazer ajudar. - Falei, entrando com Kyurem na cabana. - Ao que me parece temos um inimigo em comum. - E ele fez menção para que eu sentasse em uma cadeira.

— Quero eu mesmo poder arrancar a cabeça do rei de Vorsêris! Eu sei muito bem que se ele atacou esta vila de draconianos, ele pode tentar atacar e dominar outras. Pelo bem do meu povo eu preciso acabar com ele, pelo menos é o que a profecia nos diz.

— Eu acho que uma aliança entre nós pode ser benéfica para ambos lados. Também pretendo pôr um fim a sede de poder de Vorsêris. Boa parte das pessoas da Guilda Do Alvorecer eram de Isalys, o reino derrubado por Vorsêris. Eles terão prazer em lhe ajudar a conseguir a cabeça do rei. O que acha?

— Não vejo problema nenhum, eu só peço duas coisas para que nossa aliança seja melhor.

— E o que seria?

— A primeira delas é que me ajudem a encontrar outros dragões. Segundo a profecia do meu povo, o próximo rei dos dragões precisa resgatar suas memórias com os dragões primordiais, para então poder guiar seu povo na luta contra o abismo infinito. - Disse Kyurem. - Eu acredito que esse abismo infinito seja a possível guerra dos reinos contra Vorsêris, e que o rei dos dragões, bem, seja eu mesmo. - Declarou ele limpando a garganta e continuando, fazendo um gesto com a mão direita, chamando uma draconiana que trazia uma garrafa com forma de dragão e dois copos. - A segunda, é que eu quero que você brinde comigo, normalmente eu não costumo brindar com humanos o saquê dos mil anos, você é o segundo com a qual eu troco copos de saquê. - Disse Kyurem enquanto enchia os copos.

— Quanto a primeira, eu posso fazer o possível para ajudar. Eu posso pesquisar na nossa biblioteca atrás de informação e usar meus contatos pelo reino para tentar descobrir alguma coisa. - Falei. - Mas quanto a segunda, eu não sei se é uma boa ideia. Eu sou fraca com álcool e eu geralmente explodo coisas sem querer quando bebo…. - Completei, apreensiva.

— Irmão Airus me disse a mesma coisa 90 anos atrás. - Disse, rindo. - Não se preocupe, a maturação do saquê remove todo o álcool e dá um sabor especial ao mesmo.

— Entendo…- Falei enquanto refletia... Airus? Seria meu mestre Airus? Não é como se fosse um nome comum. - O Airus que você fala por acaso não é um mago de Isalys? - Perguntei, enquanto pegava o copo com a bebida.

— Ele mesmo. - Disse Kyurem segurando o copo com o saquê. - Ainda gostaria de brindar com ele, como nos velhos tempos.

— Ele foi meu mentor de magia. Pelo o que eu sei, ele está na capital no momento. Ao que parece, o rei lhe pediu um favor, mas ele não me disse o que era.

— Entendo, então, parece que temos uma aliança agora, certo Irmã Marian? - Disse Kyurem erguendo seu copo para um brinde.

— Sim, nós temos. - E brindei com ele.

 

FIM DO CAPÍTULO 6.




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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!



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