Guilda Do Alvorecer: O Reino Caído escrita por Mandy, TenshiAkumaNoLink


Capítulo 6
Capítulo 5 - Traição - Kyurem




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/751374/chapter/6

Já fazem alguns dias desde que tudo isso começou. Minhas decisões erradas levaram ao sofrimento que hoje meu povo carrega em suas costas. Quanto mais o tempo passava, mais frequentes eram os ecos das chibatadas nas costas de meus irmãos e irmãs. “Me perdoe irmão Igura, eu não fui um bom líder para eles” era o que eu repetia para mim mesmo todos os dias em minha clausura, acorrentado até a alma. Tudo o que podia fazer era esperar por um milagre, juntamente de meus irmãos de juramento. Eis que algum tempo depois, o silêncio é quebrado e Barukh diz:

— Já fazem 3 luas que não comemos, se continuarmos desse jeito, duvido que tenhamos força o suficiente para comandar nossa gente. - Disse Barukh, o mais gordo dentre nós, general responsável pelos exércitos da vila.

— Se ficarmos calmos, tenho certeza de que virão nos resgatar. Nossa gente é brava, e não irá fraquejar perante o inimigo. - Disse o draconiano de óculos, e o mais jovem dos quatro, Seroth, o escriba da vila. - Não acha, irmão Kyurem?

— Ha! Você e seus discursinhos patéticos. Se eu, Tarkhus, fosse o líder, nada disso estaria acontecendo e eu teria feito aqueles humanos patéticos chorarem em nossas mãos! - Disse o draconiano de tapa olho, Tarkhus, o sacerdote da vila e neto do antigo líder.

— Basta Tarkhus, eu sei que cometi meus erros e não fugirei de minhas responsabilidades, mas como líder preciso preservar a integridade e a vida dos meus irmãos e irmãs. - Falei, com uma voz cansada. - Nesse momento, precisamos pensar em como sair daqui e ajudar a nossa gente. Ficar brigando não vai adiantar nada.

Após nós discutirmos tentando criar algum plano e novamente não chegando a nenhuma conclusão, começamos a escutar alguns ruídos de passos bem baixinhos, que foram aumentando com o passar do tempo, logo abaixo de nós. Embora não estivesse surpreso, era estranho ouvir esses ruídos. Sempre ouvi histórias de Taranthula que haviam passagens secretas pelas prisões, mas nunca levei elas muito a sério. Após algum tempo, uma passagem se abriu no chão, como se fosse um alçapão, e dele saiu Taranthula, seguida por 3 humanos. Ela nos olhou, e dando um suspiro disse:

— Bom, pelo menos vocês quatro ainda estão vivos. - Disse Taranthula, sorrindo.

— Taranthula? - Indaguei surpreso. - É bom ver que você está bem, espero que esses malditos de Vorsêris não lhe tenham feito algum mal.

— Não se preocupe, não é tão fácil derrubar a boa e velha Taranthula aqui.

— Quem são os fedelhos? - Disse Tarkhus com seu rotineiro mal humor. - Espero que sejam soldados de Vorsêris em quem eu possa descontar minha raiva!

— Com todo respeito, mas a sua cabeça só é maior por conta da merda dentro dela? - Indagou a humana mais velha.

— É melhor estar com medo de mim, sua pirralha!

— BASTA TARKHUS! - Gritei de modo ensurdecedor. - Peço desculpas pelo meu sacerdote. Digamos que não estamos com o melhor dos humores, e já estamos à algumas luas sem comer ou beber água. Se não for um incômodo, poderiam me informar quem são vocês? - Indaguei, me sentando de pernas cruzadas.

— Sem problemas, mas precisamos ser mais discretos ou vamos atrair o inimigo. - Disse a mesma humana de antes, limpando o pó das vestes negras. - Me chamo Milene, e esses são Keiran e Anette. Junto de nossos aliados da Guilda do Alvorecer, estamos ajudando a libertar a vila e nossos companheiros que foram feitos reféns pelo exército de Vorsêris. Não temos muito tempo, então preciso que colaborem com o plano, ou todos nós correremos perigo.

— Estou sempre pronto para uma boa batalha, podem contar comigo e meu glorioso machado! - Disse Barukh empolgado.

— Eu não sou um bom lutador, mas quero ajudar como puder, então estou pronto também… - Disse Seroth timidamente.

— Eu ainda acho que confiar nesses humanos será um erro. Quem nos garante que eles não vão nos trair? - Disse Tarkhus. - Não devemos confiar neles, Kyurem!

— Você já está na merda, o que você tem a perder confiando em nós? - Rebateu Milene.

— Você disse… Guilda do Alvorecer? - Indaguei de maneira nostálgica.

— Sim, isso mesmo. - Confirmou Milene, assentindo com a cabeça.

— Então, o velho Airus ainda está vivo, não é?

— Ele é um aliado ocasional da Guilda. Ela atualmente é liderada apenas pelo comandante Volken. - Disse Keiran, enquanto tirava as correntes de Kyurem.

— Compreendo. Já fazem muitos anos desde que o vi pela última vez. - Disse pensativo. - Muito bem, os amigos de meu irmão de juramento também são meus amigos, não vejo motivos para me opor a vossa ajuda.

— Bom, já que é assim, façamos do seu jeito, “líder”. - Disse Tarkhus resmungando e cerrando os dentes, o que fez Milene dar um sorriso debochado.

— Mas nós temos que resolver um grande problema antes Kyurem. - Disse Barukh.

— E qual seria?

— Bom, não podemos lutar direito de barriga vazia. - Disse Barukh sendo acertado por Taranthula.

— Você pode comer o quanto quiser depois que acabarmos com os soldados de Vorsêris. Agora segura esse seu apetite e se concentra ao menos uma vez! - Disse Taranthula.

— Hahahaha - Disse, rindo da cena. - Isso me faz lembrar os velhos tempos. Mas Taranthula está certa, seu apetite vai ter que esperar Barukh, está na hora de virarmos o jogo contra Vorsêris. Qual é o plano?

— Serena, Bear, Byron e Marian foram se livrar das armadilhas, enquanto Henry foi criar uma distração no meio. Vocês devem ter escutado a explosão a algum tempo. Enquanto isso, ficamos encarregados de libertar todos e formar um cerco. Temos que pegar armas e tomar a vila por esse lado. - Explicou Anette. - Tudo certo aí? Não temos muito tempo… - Disse, olhando de soslaio seus companheiros.

— Só falta soltar o… - Keiran olhou para Tarkhus com uma expressão de dúvida - ...Tarko?  

— É Tarkhus! Ouviu bem humano? TARKHUS!

— Porque tanto escândalo por causa de um nome… - Disse Seroth para si mesmo.

— Pronto, soltei o Turkhus. - Falou Keiran, com um sorriso provocativo.  

— Humanos atrevidos… - Disse Tarkhus murmurando e resmungando.

— Bom estamos todos prontos, hora de colocarmos o plano em ação! - Falei enquanto batia meus punhos um contra o outro.

— Concordo. - Disse Milene, sacando dois punhais, com um olhar feroz no rosto.

— Cabeças vão rolar... - Cantarolou Keiran, sacando a espada curta.

— Vão mesmo. - Concordou Milene.

— E eu mal posso esperar. - Declarou Anette, enquanto preparava o arco.

—_______________________________________________________

Então, em meio a confusão dos soldados, eu e os outros seguimos para o campo de batalha. Todos, com exceção de nós draconianos, estavam devidamente armados, até que um dos humanos notou que estamos desarmado e me perguntou:

— Vocês vão para a batalha de mãos vazias? - Disse a arqueira loira vestida de verde. - Tem alguma forma de recuperarmos suas armas?

— Eu, Seroth e Tarkhus cuidaremos disso. - Disse Barukh. - Sei onde esses idiotas vorsêrianos podem ter escondido, e eles mesmo armados, não são páreo para nós. Devo trazer a Ryugari, Kyurem?

— Não precisa, vão e busquem suas armas. A Ryugari é ciumenta e não gosta que outros toquem nela. - Falei com um sorriso malicioso no rosto.

— Sua esposa? - Perguntou Keiran, perdido.

— Pode se dizer que sim… - Disse levantando minha mão aberta para o alto e então dizendo. - Apareça, caçadora de dragões, teu mestre evoca o teu nome, Ryugari! - E ao terminar de dizer, a espada veio para minhas mãos, como se fosse atraída por minhas palavras.

— Acho que não é sua esposa... - Sussurrou Keiran, por fim.

— Você não entenderia se eu explicasse, mas digamos que eu tenho uma relação antiga com esta espada. De qualquer forma, estou pronto. Quero arrancar a cabeça de no mínimo dez Vorsêrianos.

— Só isso? Achei que você pensasse alto. - Disse Milene, sorrindo, e disparando como uma seta em direção a um vorsêriano que nos avistou.

— Kyurem, não saia do controle. - Disse Taranthula, colocando uma mão no meu ombro, com um olhar preocupado. - Você sabe o que acontece quando você perde o controle.

— Não se preocupe, eles vão precisar de um bom exército para me fazer perder o controle. - Disse sacando minha espada e correndo em direção aos vorsêrianos.

— UM! - Gritou Milene, enquanto o soldado caía diante dela com a garganta cortada. - VOCÊS NÃO VEM? VÃO PERDER TODA A DIVERSÃO DESSE JEITO. - E novamente saiu de disparada, dessa vez sumindo de nossas vistas.

— Ela não é normal, e muito menos paciente… - O garoto humano declarou, com um suspiro.

— De fato. - Concordou Anette.

— Nenhum de nós é. - Disse Taranthula puxando algumas facas. - Agora vamos logo, esses desgraçados estão devendo minhas cervejas da taberna! - Disse novamente e saiu correndo.

— Espero que tenham deixado algo para nós! - Disse Barukh empunhando seu machado grande, ao voltar com Seroth e Tarkhus.

Então aos poucos, nós avançamos para executar o plano de fechar o cerco, sempre avistando mais e mais soldados, e algumas vezes eliminando os mesmos. Em certo momento, avistei um garoto nanico de cabelos castanhos cacheados. Ele estava segurando um saco enquanto jogava algumas bombinhas, que acendia cuspindo fogo. Me pergunto se ele era um aliado ou um inimigo, mas isso não importava muito.

O garoto estendeu a mão em minha direção e disse algo que não pude compreender em meio aos gritos e ao som do choque de lâminas. Um soldado vorsêriano que vinha pela minha direita foi arremessado longe e se chocou contra um rocha. A força do impacto foi forte o bastante pra fazer com que a rocha se partisse ao meio e para o soldado perder a consciência.

— Você tá bem? - Perguntou o garoto, tirando o cabelo do rosto. Ele pegou mais uma bomba da saca em sua mão, assoprou o pavio, lançando uma brasa pelos lábios, como se fosse um dragão e jogou a bomba  em um grupo de inimigos. - Isso tá uma loucura. Eles estão por todos os lados. Tome cuidado. - Ele começou a tossir com a fumaça e colocou a manga sobre o rosto e seguiu na direção oposta.

“Para uma criança, ele até que tem uns bons truques na manga.” pensei comigo mesmo. “Talvez se tudo isso acabar bem, eu troque um copo de saquê com ele.” Mas ainda era cedo demais para pensar nisso, a luta está apenas começando.

— AVANTE E EM FRENTE! - Gritou Barukh com emoção, enquanto matava os inimigos. - Tinha me esquecido como era essa sensação de estar em uma batalha!

— Só não morra para ninguém no processo Barukh… - Disse Seroth cortando um soldado no meio com sua foice dupla. - Será que só eu tenho um pingo de juízo por aqui?

— Não seja chato Seroth, esse é o papel do Tarkhus, e por sinal, onde ele foi parar? Não o vejo desde que ele pegou sua alabarda.

Conforme o tempo passava, mais e mais soldados apareciam, eram como um enxame de pragas, quanto mais matamos, mais soldados apareciam. Logo o lugar ficou tomado pelo sangue de inimigos, estávamos próximos do objetivo, quando enfim, o líder dos exércitos de Vorsêris decidiu mostrar as caras, o general Zartrik.

Ele era alto para um humano, mas baixo em comparação a nós. Ele usava uma armadura feita de bronze e empunhava uma lança que tinha um tecido vermelho amarrado nela. Ao olhar o cenário, ele demonstrou certa surpresa ao me ver avançando, mas não se intimidou, e inclusive sorriu para mim. O que ele queria dizer com este sorriso, eu não sabia ao certo, mas ele certamente estava preparando algo para nós, e seja como for, minha única vontade é a de arrancar a cabeça desse desgraçado com minhas próprias garras.

Avancei em sua direção, e ele na minha. Quando nossas armas se chocaram, eu encarei com toda a minha fúria. Ele continuava a sorrir, era como se o mesmo quisesse que isso acontecesse. Zartrik era bem ágil apesar de toda a armadura. Era difícil acompanhar seus movimentos, ele conseguia sempre estar um passo à minha frente, mesmo que em termos de força ele fosse inferior. Eu espero que o plano da guilda tenha dado certo, ou do contrário, essa será uma batalha perdida.

Enquanto lutávamos, Barukh avançava como um louco contra as tropas adversárias, não era a toa que todos o chamavam de “O Dragão Selvagem”. Até que em um momento Taranthula me empurrou contra a parede. Eu confuso, me levantei, mas infelizmente, eu só tive tempo de presenciar a terrível cena: Tarkhus cortou as costas de Taranthula com sua alabarda, fazendo-a cair contra o terreno arenoso. Ao notar o ocorrido, Seroth e Barukh correram para tentar ajudar, mas foram interrompidos por soldados e Zartrik, enquanto que eu encarava a situação em choque. Tarkhus sorriu, olhando-me, e se colocou perante a mim, dizendo:

— Eu te avisei, essa vila é minha, e agora, todos os draconianos serão meus escravos e eu, rei desta terra e general do grande rei de Vorsêris. Venha me enfrentar, se acha que é capaz de me derrotar, Kyurem. - Disse Tarkhus, sorrindo maliciosamente.

— Agora você me deu motivos para finalmente te matar, Tarkhus. - Disse, olhando Tarkhus com muito ódio.

“Me desculpe Taranthula… Não vou poder me segurar mais, aguente firme…” - Disse enquanto uma aura intensa emanava de meu corpo. Agora a luta era mais séria ainda.

FIM DO CAPÍTULO 5


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
Um abraço!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Guilda Do Alvorecer: O Reino Caído" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.