Três horas depois, eu mexia no meu notebook dentro do quarto, procurando algum sinal de wi-fi naquele quarto.

Eu ouvia o som bate estaca que parecia vir de dentro do meu corpo, e de fundo, as gargalhadas dos adolescentes na sala fazendo a festa.

Subi em cima do guarda roupa. Finalmente encontrando um sinal. Seriam longas tardes em cima do guarda roupa mexendo na internet. Fechei a tela do notebook e desci do guarda roupa. Me arrumei e penteei os fios rosas embaraçados, antes que saísse do quarto, meu celular tocou e eu atendi.

— Alô? – Falei. – Sakura!

Era meu pai, eu entrei no meio daquela merda de festa e vi as cenas mais horríveis da minha vida.

Adolescentes praticamente fazendo sexo na sala. Eles eram todos  mais velhos que eu, me abaixei e engatinhei pelo chão da casa fazendo-os cair quando achavam que eu era um tapete.

— Eu ia perguntar como você e os meninos estão indo, e avisar que já estamos quase chegando aqui. – Disse – Mas acho que vocês estão bem... Isso é Dev?

— É sim – Respondi, e me perguntei mentalmente como meu pai conhecia cantores dessa época assim

— Estamos bem. Mas quero ir para casa. – A Mikoto está mandando um beijo para você, e para os meninos. O Itachi não está atendendo o celular, pode passar para ele um minutinho?

— Espera, deixa eu ver – Fiquei de pé tentando achar o Itachi.

— Sakura, você está em uma balada?

—Claro que não, papai! – Eu menti –  eu to em casa!

— Acho bom.

Respirei fundo. Não via Itachi em lugar nenhum. Subi em cima do sofá que eu achei em algum lugar depois de dar um encontrão em alguns garotos bêbados. Nem sinal de Itachi, nem de Sasuke. Merda.

— Oi! – Forcei voz de homem no telefone. – É o Itachi falando!

— Itachi? É a mamãe! — Segurei o riso – Como é que está aturando a diabinha?

— Que nada! – Pigarreei quando deixei minha voz sair fina

— Ela é um anjinho! Em menos de vinte e quatro horas aqui em casa Sasuke já apanhou quinhentas vezes, mas está tudo bem.

Tapei o telefone para rir bem alto pela voz forçada que eu tinha feito, voltei ao telefone.

— Ok, qualquer problema  é só ligar. Posso falar com Sasuke?

— Não, ele está cagando. Sabe como é, tomou muita vodka e entrou no banheiro. Tchau mamãe.

Desliguei o telefone e coloquei no bolso do vestido. Voltei a engatinhar pelo chão da festa, senti alguém me puxar pelo vestido e gritei

— como se eu conseguisse superar o volume da música.

— O que está fazendo, criança? – Sasuke gritou para falar mais alto que a música.

— Chegando até a cozinha, idiota.

— Pensei que fosse ficar no quarto a noite inteira e que vestido curto é esse? Você está maluca? Algum amigo meu pode vir aqui e te estuprar!

Eu arregalei os olhos diante da ameaça e mordi o braço de Sasuke, então ele me soltou e eu voltei meu caminho para a cozinha com ele me seguindo A cozinha estava uma bagunça maior até que meu quarto. E Sasuke continuava me seguindo igual a um zumbi.

Eu peguei uma caixa de pizza no congelador, com o nome de Itachi e coloquei no microondas. Minha barriga roncou, eu me apoiei na bancada e fiquei olhando para Sasuke em uma brincadeira sinistra de quem fica mais sério. Ele começou a rir primeiro.

— Cara, seu nariz é muito feio! – Ele gargalhou mais alto.

Eu levei minha mão até o nariz, ofendida. Meu nariz era bonitinho. O microondas apitou e eu peguei uma fatia de pizza na mão e comecei a comer, Sasuke pegou uma também. Então do nada, Itachi aparece, bêbado até o último fio de cabelo preto que ele tinha naquela coisa que ele chama de cabeça, mas não guarda cérebro nenhum porque ele é quase louco.

— Mano, Sakura! – Falou com bafo de bêbado. – Pizza! Pegou uma fatia de pizza e se sentou na bancada ao meu lado.

Um garoto bombado apareceu com um grupo de retardados ainda mais bêbados que Itachi. Eles foram pegando as fatias de pizza, e quando não tinha mais, o cara tirou o meu pedaço da minha mão. Eu o encarei fervendo de raiva. Ele pediu pra morrer. Ninguém tira comida de mim. Eu pulei da bancada no pescoço do bombado que gritou como uma mulherzinha com o susto, peguei um prato das mãos de algum adolescente e quebrei na cabeça dele, que nesse momento já tinha deixado a pizza cair no chão.

— SAKURA! PARE! – Sasuke gritava atrás de mim, mas o bombado corria pela cozinha gritando de dor, disse algo sobre ter caído cacos de vidro em seus olhos.

— ESSE TROUXA COMEU MINHA FATIA DE PIZZA, ELE PEDIU PRA MORRER! – Eu gritei de volta, quebrei mais um prato na cabeça dele.

— ASSASSINA! – O bombado choramingou embaixo de mim.

Segurou minhas pernas e tentou me empurrar. Então eu caí das suas costas, mas Sasuke me segurou atrás do bombado. Eu lutei contra os braços de Sasuke e acertei o cotovelo na sua barriga, o fazendo gemer de dor.

— Me solta! Eu ainda não acabei com o viado ali!

— Dá pra ficar quieta?

Eu mordi o braço de Sasuke que me segurava e ele gritou de dor, me soltando no segundo seguinte. Fui atrás do bombado, ele correu de mim até a sala e antes de chegar à sala, eu tropecei com três homens que entraram na frente.

— Segurem essa menina! – Sasuke gritou.

Eles usavam barbas grossas e roupas gordas, tinham a pele bronzeada e olharam para mim com seus olhos esbugalhados. Assim que Sasuke chegou, ele me agarrou pela cintura e agradeceu aos três homens de aparência mexicana. Itachi chegou atrás, bem bêbado e se escorou em um dos homens.

— Olha, vou te contar, meu chapa – Itachi disse – Essa menina é FOGO! Ela é o capeta em si, e chegou para atormentar esse viado aí.

— Itachi, cala a boca, e não me chame de viado. – Sasuke balançou a cabeça – Obrigado mais uma vez por pegarem a criança, caras. E você, Sakura, eu vou te trancar no meu quarto!

— Estamos em una fiesta, hermanos? – O cara do meio disse com um sotaque mexicano.

— Sim, mas essa garota estava em uma briga! – Itachi respondeu, escorado nos mexicanos.

— Y el niño ganhou la briga?

— Ela é uma menina! Pode parecer um menino mas não é!

Ele estava rindo como um típico bêbado. Olhei para Sasuke e ele olhou para mim. Aqueles caras provavelmente não são amigos dele. Tinha alguma coisa errada.

— Bem, a demônia ali quebrou uns pratos na cabeça do cara, e ele saiu chorando da festa, então parece que sim, hermanos.

Eu gargalhei quando Itachi tentou imitar o sotaque dos mexicanos, um deles alisou o bigode grande ainda com os olhos esbugalhados em mim, senti Sasuke me apertando contra seu corpo.

— Conhecemos vocês? – Itachi perguntou para eles.

— Creo que não. – ele respondeu com um risinho que escondia alguma coisa por trás.

— De onde vocês são?

— Del México, fomos barrados em aeropuerto, eles encontraram la danadita dentro da maleta.

— E como ela coube dentro da mala? – Itachi perguntou, retardado. Olhei para Sasuke

— Sabe, Uchiha, acho uma boa hora de acabar com a festa – Eu disse para o idiota do Uchiha.

— Só um minuto, caros, eu preciso conversar rapidamente com esse niño aqui. – Sasuke apontou para mim e me puxou pelo braço para um canto desocupado de casais. Ele respirou fundo sem soltar meu braço.

— Traficantes! – Quase gritou. – Preciso tirar eles da minha casa! –gritou para mim e eu acertei um tapa na cara dele

— Francamente, garota, em menos de vinte e quatro horas, eu já recebi dois tapas na cara, duas mordidas, e um chute!

  – Tire as pessoas da sala, eu faço o serviço aqui na cozinha e mando os caras pra fora!

— Eu não vou deixar uma pirralha como você falar com traficantes!

Eu pisei forte no pé de Sasuke e ele gritou de raiva.