POV Camila

Assim que cheguei em casa fui recebida com muitos abraços e guloseimas. Minha irmã mais nova, Sofi, não queria me soltar do abraço. Me sentei na mesa de jantar com a minha família e contei sobre como estava sendo minha vida em NY, sobre a faculdade de Música e sobre meu novo emprego na lanchonete. Não era um emprego que rendia uma boa grana, mas dava para me sustentar junto com o que a Demi ganhava trabalhando no cinema.

Ouvi muitas histórias da minha irmã sobre os namoradinhos da escola e me senti bem nostálgica quando ela contou tudo. Parece que foi ontem a minha época de colegial.

—Sofi, toma cuidado com esses garotos –Disse tentando bancar a adulta.

—Relaxa Mila, eles é que sofrem na minha mão –Respondei rindo, mas logo parou quando recebeu um olhar repreendedor dos meus pais. Dessa vez eu que segurei a gargalhada.

Conversamos mais um pouco e eu pedi licença para poder tomar um banho e dormir. Subi as escadas e entrei no meu quarto. Ele estava do mesmo jeito que eu havia deixado, com exceção da roupa de cama que obviamente minha mãe tinha mudado.

Tirei minha roupa e tomei uma ducha demorada. Queria voltar para casa dizendo que tinha um emprego ótimo, que estava namorando e que a faculdade ia muito bem, mas a realidade era outra. Muitas vezes eu e Demi ficávamos no vermelho por casa das contas altíssimas. As notas da faculdade tinham caído bastante nesse último período já que meu foco tinha ido todo embora, sem nenhum motivo aparente.

Saí do banho e ainda enrolada na toalha deitei na minha cama e liguei o ar. Era uma sensação maravilhosa poder ligar o ar sem me preocupar com a conta de luz depois. Estar na casa dos meus pais era confortante, eu sentia que ali, a velha Camila nunca tinha ido embora.

POV Demi

Deitei na minha cama ao lado de Joe e me virei para o canto para dormir. Não estava afim de fazer nada naquela noite, minha cabeça estava confusa demais. Joe entendeu e apenas me deu um beijo na testa e me abraçou, fazendo com que a gente dormisse de conchinha.

Minha relação com Joe era excelente. Começamos ficando em festas da faculdade, nas quais eu ficava com ele e com vários meninos. Depois fomos marcando de nos encontrar no café depois das aulas, então uma vez ele me chamou para o cinema e ficamos mais uma vez. Fomos criando uma amizade colorida, mas ele sempre tocava no assunto de relacionamento e eu me fechava. Preferia só continuar com a amizade dele e dando uns beijos quando dava vontade. Por mais que nesse momento eu não estivesse ficando com mais ninguém além dele, eu não queria me envolver.

Fechei meus olhos e caí em um sono profundo.

[...]

—Achei que não ia mais acordar –Disse Joe com um prato de ovos mexidos e um copo de suco de laranja –Bom dia princesa –Me beijou na testa.

Demorei um pouco para entender o que estava acontecendo, mas logo dei um sorriso e tomei meu café da manhã na cama.

—Eu também comprei o açúcar que estava faltando –Sorriu se deitando na cama.

—Ah, para com isso –Olhei séria para ele.

—Ué, meu presentinho de Natal –Deu os ombros.

Revirei os olhos e terminei de comer meus ovos, que por sinal, estavam uma delícia. Me levantei da cama em silêncio e fui até a sala para colocar o prato dos ovos na bancada que dividia a sala da cozinha. Olhei para a pia e a louça estava toda lavada. Me virei rapidamente para Joe e indaguei:

—Vai me dizer que você também lavou a louça?

—Quis fazer um agrado –Riu

Suspirei e me aproximei dele escolhendo delicadamente as minhas palavras.

—Olha, eu sei que você está tentando me agradar por causa do que eu disse ontem, mas por favor, vamos tentar manter as coisas do jeito que estão. Eu gosto da gente assim, como amigo que se pega de vez em quando –Sorri sem graça.

—Eu não entendo o que impede de levar isso pra frente, já que vivemos como se fossemos namorados. Até dormir junto a gente dorme –Respondeu incrédulo.

—Joe, para namorar precisa ter sentimento.

—E você não sente nada por mim?

Travei e não consegui falar nada. Apenas encarei seus olhos castanhos e sua barba sem fazer. Lembrei da primeira vez que ficamos, ele estava exatamente desse jeitinho, todo largado e ao mesmo tempo extremamente sexy. Com essa imagem na cabeça, fechei os olhos e me aproximei pensando “não posso deixar ele ir embora”. Beijei sua bochecha, mas logo ele se afastou sabendo do meu próximo passo.

—Demetria, responde a minha pergunta –Cruzou os braços.

Respirei fundo e escolhi bem as minhas palavras.

—O que eu sinto por você não é forte o suficiente para sustentar uma relação...

Joe bufou e sentou no sofá para colocar o seu tênis.

—O que você está fazendo?

—Eu cansei Demetria, eu faço de tudo por você, eu to sendo enrolado por você tem tempo, mas eu não queria acreditar, não queria aceitar, mas depois dessa, tô vendo que nesse seu coração não tem espaço para mim.

—Ai, para com isso Joe, estávamos tão bem –Me sentei do seu lado.

—Bem? Bem pra você, né? Sabe o quanto dói em mim te ver e não poder te ter? Ficar com você e depois ser descartado?

—Eu sempre te tratei bem, você não está sendo justo comigo –Senti meu coração partir naquele momento. Não por perder um peguete, mas sim por perder um amigo.

—Desculpa, Demi, não dá mais –Ele se levantou e foi até a porta da minha casa, e antes de sair, se virou mais uma vez –Me liga quando você realmente quiser alguma coisa comigo.

POV Camila

—Então ele simplesmente foi embora?

Minha voz estava muito sonolenta, já que Demi tinha me ligado umas 15 vezes até eu acordar. Depois de muita enrolação, ela finalmente me contou o que tinha acontecido. Joe era um garoto muito legal, eles faziam um casal muito bonito, mas Demi sempre ficava nessa autodefesa e não se permitia se apaixonar. Ela tinha um passado muito complicado e eu sempre evitava tocar nesse assunto.

—Ai amiga, ele foi um fofo com você –Disse enquanto bocejava –Mas você está certa. Pelo menos não mentiu para ele e foi sincera.

—Camila, mas eu perdi um amigo –Demi respondia puta da vida através do telefone.

—Uma hora vocês vão se esbarrar na faculdade e vão se falar. É questão de tempo.

—Agora eu vou passar o meu Natal sozinha.

—Hoje é dia 24, até você chegar aqui já é Natal...

—Não, deixa, eu arranjo alguma coisa para fazer por aqui. Curta bastante sua família, manda um beijo pra Sofi –E desligou sem mais nem menos.

[...]

O almoço estava uma delícia, estava sentindo muita falta da comida da minha mãe. Sem dúvidas era uma das melhores. Abuelita tinha ido almoçar conosco e passar o resto da tarde. Aproveitei a tarde do dia 24 para ir na rua ver as pessoas desesperadas para comprar presentes de Natal. Por sorte, eu já tinha comprado tudo em NY, só faltava eu empacotar e entregar para a minha família.

A temperatura tinha abaixado mais ainda e minhas mãos estavam congelando. As pessoas andavam rapidamente na rua como se a temperatura não fosse nada incômoda. Eu tinha desacostumado completamente.  Do nada começou a cair uma chuva muioto forte com ventos piores ainda. Senti meus cabelos voando e minha boina foi parar do outro lado da rua. Em questão de segundos minha roupa ficou toda molhada e o vento fez eu começar a me tremer de frio.

Andei bastante até que encontrei uma cafeteria bem aconchegante. Por sorte, ela não estava cheia, então resolvi que era ali mesmo que eu ia ficar. Tirei meu casaco e coloquei na cadeira para que pudesse secar. Uma das atendentes foi até a mesa que eu resolvi me sentar para saber o que eu iria querer. Eu não tinha parado nem para olhar o cardápio.

—Ainda vou escolher –Respondi educadamente.

—Nossa, olha como está trovejando –Um dos atendentes disse surpreso.

—Belíssimo Natal que vamos ter –A moça que me atendeu retrucou com um tom de ironia.

Era triste ver que jovens assim como eu tinham que passar o Natal trabalhando ao invés de passar com a própria família. Suspirei e escolhi um café básico com um biscoito de chocolate para acompanhar. Observei o jornal que estava passando na TV falando sobre esse temporal que estava lá fora. A luz começou a piscar e de repente tudo se apagou. Por sorte ainda estava de tarde, então a luz do dia deu uma clareada na cafeteria.

—Que ótimo, que Natal maravilhoso –A atendente resmungou mais uma vez.

Enquanto eu esperava a luz voltar, peguei meu celular e entrei no youtube para ouvir o cover do menino da faculdade. Dessa vez, como estava entediada, entrei nas informações do perfil para descobrir o nome dele, já que no youtube ele usava o nome da banda dele.

E aí, espero que vocês curtam esse cover de Kiss me do Ed.

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Twitter: @ShawnMendes

 Então o nome do cantor misterioso era Shawn. Sem pensar duas vezes entrei no twitter e comecei a stalkear ele.

@ShawnMendes: Ninguém merece passar a véspera de Natal sem luz

Será que em NY também estava sem luz?

@ShawnMendes: Queria postar um cover novo, mas sem internet é complicado, vai acabar meu 4g inteirinho : (

@ShawnMendes:  Que tédiooooo

Sorri com esses tweets recentes e resolvi seguir ele esperando que ele fosse me seguir de volta, mas isso não aconteceu. Resolvi responder um dos tweets dele.

@CamilaCabello ei, @ShawnMendes, também estou sofrendo sem luz, belíssima forma de passar a véspera de Natal, não acha?

Bloqueei a tela do meu celular que já estava com pouca bateria e fiquei enrolando até que ele vibrou com uma notificação. Quando fui ver, era do Shawn.

@ShawnMendes: Nem fala, pior que tô sem nada pra fazer

@CamilaCabello: Tô na mesma, a diferença é que estou presa em uma cafeteria e nem posso arriscar sair, já que o mundo está caindo lá fora

Enviei com um sorriso bobo no rosto pensando que a conversa estava fluindo, mas se passaram 20 minutos e nada do Shawn me responder. Observei a cafeteria e todas as pessoas que estavam lá dentro pareciam desesperadas para que o temporal passasse logo. Eu queria avisar a minha família que estava tudo bem, mas meu celular estava com 1% e não aguentaria uma ligação. Do nada ele piscou e veio uma notificação.

@ShawnMendes seguiu você

@ShawnMendes enviou uma DM

Dei um leve sorriso e quando desbloqueei meu celular para ver a mensagem que ele havia enviado no privado, minha bateria acabou e meu celular desligou.

Muito bom Camila, muito bom.