Uraraka acordou se sentindo mais confusa do que quando foi dormir. Nunca havia pensado que todas aquelas sensações eram porque estava realmente apaixonada por Bakugou. Seu cérebro havia focado tanto que era de Midoriya que deveria gostar, que não conseguiu processar que seu coração agora batia por outro.

Estava um pouco assustada também, afinal como poderia tentar mostrar para Bakugou que gostava dele sem ser explodida? Talvez, mas só talvez, bem lá no fundinho, ele não a achasse de todo mal, já que vinha se mostrando uma pessoa diferente quando estava com ela...

Desceu para o térreo e se surpreendeu de não ver Bakugou ali. Conferiu em seu relógio e não era tão cedo, normalmente ele já estava ali aquela hora. Comeu alguma coisa e sentou-se no sofá, esperando que o loiro aparecesse. Quando percebeu que todos os colegas já haviam descido e a maioria já havia ido em direção à escola, resolveu perguntar pelo loiro a alguém. Avistou Shouji terminando seu café e pensou que ele poderia lhe ajudar, afinal eles dormiam no mesmo andar.

— Bom dia, Shouji! – cumprimentou sorridente. – Você sabe do Bakugou? Ele ainda não desceu...

— Bom dia, Uraraka! Não tenho certeza, mas acho que ele já desceu sim. Eu ouvi passos no corredor quando acordei, e como eu desci com o Kirishima, imagino que tenha sido Bakugou a passar por lá.

— Ah, compreendo... Obrigada!

Uraraka saiu confusa em direção à escola. O combinado era eles sempre irem juntos para a aula, como ele a deixa lá plantada o esperando? Quando ela foi com Midoriya, teve ao menos a gentileza de lhe mandar uma mensagem, para que ele não ficasse a esperando à toa.

Mas ao chegar na sala, levou outro susto. Bakugou não estava mais sentado atrás de si, mas também não estava no seu lugar original próximo à Midoriya. Ele estava no fundo da sala, ao lado de Todoroki, com os braços cruzados sobre a mesa e a cabeça deitada por cima. Uraraka pensou em ir falar com o garoto, mas o sinal tocou e Midnight já entrava na sala. Isso teria que esperar até o intervalo.

As aulas se arrastavam, talvez por conta da ansiedade de Uraraka para falar logo com Bakugou. E quando o sinal finalmente tocou, a garota pode tentar se aproximar dele.

— Bom dia, Bakugou! O que...

A morena foi cortada pelo movimento repentino do garoto, que se levantou e saiu da sala, sem responder nada e nem ao menos olhá-la. O que estava acontecendo afinal? Bakugou vinha se mostrando tão gentil e estava ficando tão próximo dela, e de repente tudo volta ao que era antes, ainda pior. Mas isso não iria ficar assim.

Uraraka saiu apressada atrás do garoto. Precisava acha-lo antes que o intervalo acabasse. Depois de procurar por quase todos os cantos possíveis, o viu passando pelo corredor à sua frente.

— Bakugou-kun! – gritou o chamando, mas o garoto nem se deu ao trabalho de se virar para olhá-la. – Bakugou-kun, por favor, me espere! – gritou novamente.

A morena saiu correndo para alcança-lo e quando virou o corredor, viu que ele não havia mesmo parado para espera-la. Ele estava mesmo a ignorando? Uraraka ativou sua individualidade para conseguir correr mais rápido e conseguiu alcançar o garoto.

— Bakugou! – disse parando de correr e começando a andar a seu lado.

— O que você quer? – perguntou irritado.

— Por que não me esperou hoje?

— Você já conseguiu o que queria, cara redonda. Podemos acabar com essa porra de farsa.

— Eu não estou entendendo...

— Não fode, piranha! – falou alto, quase rosnando de tanta raiva. Por sorte aquele corredor estava vazio.

— Bakugou! – exclamou assustada. Nunca havia o visto tão frio e nervoso com alguém.

— Caralho, como você é irritante! Por que não vai lá com o fodido do seu amiguinho e me deixa em paz de uma vez por todas, antes que eu exploda essa sua cara redonda?

Bakugou continuou andando sem olhar para trás, enquanto deixava uma Uraraka estática no meio do corredor, sem entender o que acontecia e sem acreditar que ele estava mesmo sendo tão grosso com ela.

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O resto do dia foi estranho para Uraraka. As aulas até passaram rápido, mas não ouvia mais Bakugou murmurando a matéria sozinho atrás de si, nem sentia seu perfume e muito menos sentiu a mão dele na sua quando voltou para o dormitório. As outras garotas se juntaram com ela e foram conversando, mas a morena não conseguia absorver nada do que diziam.

Quando chegaram ao dormitório, se dispersaram, mas logo as meninas estavam batendo na porta de seu quarto.

— Ochako-chan, quando pretendia nos contar sobre seu beijo com Midoriya? – perguntou Mina, entrando junto com as outras.

— O-o que disse?

— Então quer dizer que o plano dessa louca deu certo? – perguntou Jirou.

— D-do que v-vocês estão falando? E-eu não beijei o Deku! – a morena tentou se defender, mas estava tão vermelha e gaguejando, que tinha certeza que elas não acreditariam.

— Conta outra, Ochako-chan! – Mina disse dando um tapinha no ar. – O Kirishima me contou que vocês estavam no pátio aqui atrás ontem! Ele se declarou para você?

— B-b-bem, ele se declarou sim...

— Sabia que meu plano daria certo! Fala se não sou um gênio? – a garota cor de rosa falou animada. – E ele me disse que vocês se beijaram e se abraçaram! Vocês estão juntos agora?

— Não estamos juntos – suspirou. As garotas a olhavam confusas, então decidiu que seria melhor explicar o que aconteceu, ao menos por cima. – Sim, Deku realmente se declarou para mim. Mas eu não aceitei.

— QUÊ? – elas gritaram em uníssono.

— O que aconteceu, Ochako? Achei que gostasse dele – comentou Momo.

— Eu também achava... Mas quando ele me beijou, eu senti que algo estava errado. Foi apenas um selinho, mas foi suficiente para eu ver que não era aquilo que eu queria, por mais que tivesse passado tanto tempo me esforçando e torcendo para que aquele momento chegasse.

— Espera aí! – Jirou começou confusa. – Então ele te deu um selinho e você não sentiu nada? Nadica de nada?

A garota assentiu, deixando as amigas de queixo caído. Todas tentavam assimilar o que haviam acabado de ouvir, afinal todas sabiam que a morena era apaixonada por Midoriya desde a primeira vez que o viu.

— Ochako-chan... – Asui, que estava quieta até o momento, se pronunciou colocando o dedo em seu queixo e soltando um kero, como sempre. – Você está gostando do Bakugou-kun, não está?

— Eu... – a garota pensou em mentir, mas sabia que a garota sapa era astuta e observadora demais. – Talvez.

— Talvez? – Jirou perguntou desconfiada.

— Ok, sim... Eu estou gostando do Bakugou – respondeu tampando o rosto com as mãos.

— Meu Deus, o que está acontecendo aqui hoje? – Hagakure perguntou em um tom dramático.

— E você disse isso para o Midoriya? – Momo perguntou curiosa. – Porque isso explicaria porque ele estava com uma aura tão deprimida hoje.

— Não, claro que não! Apenas disse que quem não se sentia da mesma maneira agora era eu. Não contei para ninguém que gosto do Bakugou.

— Nem para o próprio Bakugou? – Momo perguntou novamente. – Porque ele veio sentar perto de mim e do Todoroki hoje e não parecia muito de bem com a vida.

— E quando ele está de bem com a vida? – Jirou perguntou revirando os olhos.

— Ai, nossa! – Mina exclamou alto de repente, assustando as garotas. – Desculpem... Eu sei o que aconteceu com Bakugou hoje!

— E precisa matar todo mundo do coração por isso? – Jirou perguntou novamente, colocando a mão no peito pelo susto.

— Ochako-chan, quem me contou tudo isso entre você e o Midoriya foi o Kirishima. E adivinhem quem contou para ele?

— Bakugou... – a morena sussurrou após pensar por alguns segundos.

— Exatamente – a garota cor de rosa assentiu. – E tem mais: ele viu vocês aqui do quarto dele, mas não conseguiu ouvir. Então ele acha que o Midoriya se declarou e você aceitou, por isso se beijaram e se abraçaram.

— Mas ainda não explica o mal humor dele! E daí que ele viu os dois lá no pátio? – perguntou Hagakure.

— Kero, posso estar errada, mas parece que Bakugou-kun gosta da Ochako-chan...

— O Kirishima vai me matar... E o Bakugou vai matar ele depois... – Mina murmurava consigo mesma.

— Mina, o que você sabe? – Momo perguntou.

— O Bakugou está sim gostando de você, Ochako! Ele tinha contado pro Kirishima, que contou pra mim. Mas eu fiquei quieta, porque achava que você estava apaixonada pelo Midoriya ainda!

— Espera, espera, espera! – Jirou disse tentando processar o que acontecia. – Você está dizendo que Bakugou está assim porque gosta da Ochako e interpretou errado uma cena?

— Exatamente.

— Isso explica muita coisa! Principalmente o motivo dele estar tão gentil esses dias... – Uraraka disse e arregalou os olhos ao constatar que não havia sido capaz de perceber algo tão simples. – Meu Deus, como sou burra! E eu estava esse tempo todo estragando tudo, apenas dizendo para ele como eu queria que esse plano estúpido desse certo – a morena se jogou na cama, tampando o rosto com as mãos enquanto tentava segurar o choro.

— Calma, Ochako – Momo a abraçou, tentando acalmá-la. – Nós vamos pensar em algo para reverter essa situação.

— Meninas! – Mina gritou, novamente assustando as amigas. – Eu tenho um plano!

— E lá vamos nós... – Jirou comentou.

Mina ignorou o comentário irônico da amiga e começou a contar no que havia pensado.