True Colors escrita por Bia Nascimento


Capítulo 3
Bumble bee


Notas iniciais do capítulo

Eu sei, faz um tempo desde que passei por aqui da última vez, mas trago um novo capítulo fresquinho de True Colors para vocês ♥.
Me perdoem se tiver algum errinho ou se não gostarem tanto assim desse capítulo, porque eu não achei que ficou tão bom quanto os outros, mas vou me esforçar para melhorar nos próximos!
Beijos e aproveitem!



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"Break through
             It's alright to break through"*

Bumble bee - Zedd, Botnek

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Ok, vamos recapitular tudo o que aconteceu nos últimos dois dias: eu costumava observar uma garota, de repente eu salvo ela do namorado babaca abusivo, acabo de admitir para mim mesma que me apaixonei por ela e nesse exato momento ela se encontra na cama ao lado da minha dormindo profundamente. Esse vem sendo, definitivamente, o fim de semana mais louco da minha vida.

Se eu voltasse três dias no tempo e contasse para a Annabeth do passado que Daisy ficaria duas noites seguidas em seu dormitório e elas acabariam se tornando amigas, Annabeth do passado teria rido da minha cara, isso depois de passar pelo choque de encontrar uma clone, claro. Era engraçado como a vida funcionava, de um dia para o outro tudo podia mudar, o universo dava seu jeito de criar um plot twist e brincar com nossas vidas. Minha mãe é muito religiosa, diria que é Deus nos movendo e que nada acontece por acaso, e mesmo que eu não fosse muito ligada nessa história de religião, acho que tudo realmente possuí a sua razão.

Nesse momento, o universo, ou Deus, ou qualquer outra força que você imagine guiar o mundo, me unia à garota ruiva deitada ao meu lado. Nunca soube o porquê de eu gostar tanto de Daisy, ela simplesmente me atraía, sua aura me fazia bem. Observá-la para mim era como ler um livro ou admirar um quadro, você poderia se perder por horas tentando interpretar cada nuance dela e seus comportamentos.

Por alguns minutos me perguntei o que ela pensava de mim. Com certeza não estava apaixonada, Daisy estava solteira havia apenas algumas horas, mas por algum motivo ela confiou suas dores à minha pessoa, pessoa essa que ela mal conhecia. Talvez fosse só ingenuidade, mas meu sexto sentido dizia que havia algo lá, não algo romântico, mas talvez algo como simpatia.

Bom, isso está ficando mais dramático do que eu gostaria, a verdade é que não Daisy gostava de homens, não mulheres, logo eu não teria chance alguma de todo modo, o melhor a fazer era aceitar e seguir em frente com minha paixão secreta (que não seria secreta por muito tempo, Carla ia dar seu jeito de descobrir).

Hora de pular para o dia seguinte.

O início vocês já sabem, acordo primeiro, faço café, Daisy acorda, toma café, toda aquela rotina monótona que acontece todos os dias em todas as casas, nada que mereça menção.

Ela parecia bem, nada mais e nada menos do que isso. Não tocamos no assunto, mas sua aparência não era mais de partir o coração, como no dia anterior, tampouco radiante e alegre, como durante toda a sua existência. Ela simplesmente estava bem.

Mal tomamos nosso café da manhã e escuto batidas na porta. É ela. Isso mesmo, pessoas, a própria rainha da bagunça, causadora de tudo isso, Carla!

Depois de um abraço apertado ela percebeu Daisy no cantinho do dormitório, na pequena cozinha ali instalada, a cumprimentou e não censurou seu olhar pervertido de quem imaginou coisas que não devia. Eu já havia beijado garotas antes (ido bem além do beijo, para falar a verdade), Carla sabia disso e agora parecia ter um entendimento errôneo da situação.

“Então Anna santinha Beth finalmente está beijando alguém de novo?” Carla disse sem pudor algum, e também sem pensar, deixando Daisy completamente corada. Aquela menina corada era maravilhosa, acho que meu coração bater mais rápido a vendo envergonhada é algo digno de nota.

“Não, sua tarada! Ela passou a noite comigo porque terminou com o namorado, você lembra, aquele babaca de quem salvamos ela. Não é porque você transa toda a noite com uma pessoa diferente que eu preciso fazer isso também” respondi um tanto envergonhada, mas tentando parecer normal.

“Bem, eu acho que deveria, inclusive, Daisy, se você nunca beijou uma menina antes deveria beijar Annabeth, experiências novas são sempre boas e aposto que ela quer te beijar também.” Aí estava, a Carla que me lia tão bem quanto a minha mãe.

Daisy ria para esconder o nervoso, estava tão vermelha quanto um pimentão menstruado, e eu não sabia como tirá-la daquela situação.

“Não escute a Carla, Daisy, ela é louca” respondi enquanto ria de nervoso.

“Minha sanidade mental não vem ao caso, Daisy, mas me diz, como se sente?” Carla disse sentada ao lado dela. Eu sabia como isso iria funcionar, elas iam conversar, Carla tentaria animá-la e sairia daquela bancada com um relatório completo e as instruções de como fazê-la melhorar. Carla sempre sabia o que fazer com as pessoas depois de uma conversa, era uma característica admirável.

Fui arrumar as camas enquanto isso e não me espantei quando ouvi gargalhadas vindas do cômodo ao lado, eu era uma boa ouvinte, mas minha amiga era boa em trazer sorrisos sinceros no rosto das pessoas de novo, éramos uma dupla e tanto.

Peguei meu celular, verifiquei minhas redes sociais e estava jogando quando Carla apareceu saltitando, seu cabelo balançando ao seu redor, e disse que iríamos para uma festa a fantasia essa noite. Ótimo, outra festa, uma não trouxe problemas o bastante.

Tentei protestar, disse que não queria mais ir em festas, disse que não tinha fantasia, procurei cada desculpa possível em minha memória, mas Daisy apareceu e me perguntou, radiante, se eu ia ir junto. Droga, Carla realmente sabia animar alguém.

Respondi à Daisy que iria, e se antes parecia animada, agora parecia um pequeno e fofo duende eufórico. Mesmo que eu não quisesse realmente ir, ela precisava de amigos nesse momento, estava passando por algo difícil.

Ainda teríamos um dia inteiro antes da festa, mas eu não tinha fantasia. Daisy disse que tinha algumas fantasias guardadas, já que nunca se sabe quando algo assim pode acontecer. Carla ia a festas toda hora, não me espantaria se ela tivesse um quarto repleto de fantasias. Mas eu não tinha nada, sequer tinha ido para uma festa a fantasia antes.

Tínhamos agora uma jornada: arrumar uma fantasia para mim.

Dinheiro era um grande problema, ainda não tinha conseguido um emprego e recebia apenas uma pequena quantia da minha mãe para me manter, logo não podia gastar em uma fantasia. Por sorte tínhamos conosco Daisy, que se mostrou a rainha do improviso. Segundo ela, não precisávamos ir até uma loja de fantasias se fosse algo simples, podíamos comprar tecido e ela nos ajudaria a costurar. Ainda tínhamos tempo, então parecia uma boa ideia.

Agora o problema vinha: eu não fazia ideia do que me fantasiar. Via na tal festa a fantasia uma oportunidade de finalmente realizar meu sonho de fazer um cosplay sem ser ridicularizada, mas haviam tantos personagens por aí que eu gostava que escolher apenas um era uma tarefa difícil.

Depois de bastante reflexão decidi que iria com a clássica Princesa Leia.

Uma pequena observação aqui: você provavelmente notou que eu gostava de jogar, e acaba de descobrir que sempre quis fazer um cosplay, mas estava longe de ser nerd, geek, ou qualquer outro adjetivo que queira usar. Só gostava de algumas coisas que poderiam ser consideradas nerd, nada demais.

Voltando a fantasia, Carla odiou. Daisy disse que seria simples de fazer e até gostou da ideia, mas Carla repudiava como “tanto pano esconderia meu corpo tão bonito” (palavras vindas da própria). Foi aí que o desastre aconteceu. Enquanto pesquisávamos imagens de referência para fazer uma roupa improvisada, minha amiga encontrou uma foto da Princesa Leia Escrava. Sim, essa imagem mesma onde ela está com a parte de cima de um biquíni metálico, uma saia que não cobria nada e pela qual todos os garotos que já assistiram Star Wars alguma vez na vida nutrem certa atração sexual.

Tentei a enganar dizendo que não era Leia, era uma irmã gêmea, mas o maldito Google me desmentiu. Disse que queria ser a Leia clássica, mas ela também não me ouviu. Sem que eu tivesse qualquer controle da situação, as duas garotas eufóricas me arrastaram para a loja de tecido. Compraríamos um pano vermelho, um sutiã qualquer, uns panos dourados e faríamos a magia acontecer.

Almoçamos em algum fast food no meio do caminho e voltamos para meu quarto para construir minha fantasia. Passamos algumas horas tirando medidas, decorando, ajustando, e Daisy se mostrou uma ótima costureira, aposto que se não fizesse design faria moda.

Agora faltavam cerca de duas horas para a festa, finalmente terminamos minha fantasia e tivemos um dia extremamente agradável. Daisy estava radiante novamente, aposto que sequer teve tempo de pensar em Bryan, e ela se adequava tão bem a mim e Carla que era como se ela andasse conosco haviam anos. Talvez ela fosse o elo que faltava em nós, ela era aquele tipo de pessoa que você não percebe que precisava até a ter.

Carla foi para sua casa se arrumar, estava super entusiasmada em usar uma fantasia nova, e sendo sincera, tinha medo de como ela iria aparecer. Eu já havia colocado a minha, que feita sobre medida se encaixava perfeitamente em mim, mas me sentia envergonhada a usando. Eu não tinha o corpo perfeito e curvilíneo de Carla, ou o pequeno corpo delicado de Daisy, tinha algumas gorduras a mais do que deveria e me sentia insegura em expor elas. De todo modo, não havia mais como me arrepender, e estava tão quente que usar pouca roupa era até confortável.

Nossa mais nova amiga me chamou para ir em seu quarto, segundo ela sua fantasia era meio complicada de colocar sozinha, e ela queria ajuda. Subimos os 4 andares sorrindo, conversando sobre as coisas ordinárias da vida, e entramos no quarto.

O quarto de Daisy cheirava a morango, tinha cortinas rosas que, com a luz do fim do dia, deixava o ambiente da mesma cor, e era todo organizado. A coisa mais bagunçada em seu quarto era uma cadeira com uma blusa de frio e uma bolsa pendurada.

Entusiasmada, ela abriu seu guarda-roupa (também impecavelmente organizado) e tirou de lá uma adorável fantasia de abelha. Era um cropped listrado em amarelo e preto, uma saia em tule com o mesmo esquema de cores e uma tiara de antenas. Ela foi para o banheiro trocar sua roupa, mas logo voltou com o cropped aberto, ele fechava com um zíper nas costas e ela não conseguia fechar sozinha.

“Daisy, pode chamar suas amigas para a festa também, se você quiser” Eu disse enquanto ela se maquiava, ela andava com outras garotas, talvez quisesse a companhia delas.

“Eu não tenho amigas, Anna. Costumo andar com algumas garotas porque não suporto ficar sozinha, mas são todas falsas e não acho que realmente gostem de mim, você e Carla são as primeiras pessoas com as quais eu me sinto realmente confortável desde que comecei a faculdade. Claro que conheço algumas pessoas legais da minha turma, mas nunca realmente consegui fazer amizade com elas, não a esse nível.” Ela me respondeu, já guardando seus inúmeros pinceis em seus devidos lugares.

“Bem, fico surpresa com isso, você é tão amorzinha que as pessoas deveriam fazer fila para ter sua companhia” respondi meio distraída, estava olhando os livros que ela mantinha numa prateleira.

“Fico feliz que ache isso, porque penso exatamente o mesmo de você” Ao dizer isso ela se virou, e talvez eu tenha aberto um pouco minha boca. Daisy estava deslumbrante. A fantasia conseguia a deixar sexy e fofa ao mesmo tempo, seus olhos brilhando de ansiedade a deixavam ainda mais bela e não consegui aguentar, soltei um “Meu Deus, você está linda” meio envergonhado. Tão envergonhada quanto eu ela agradeceu, e por alguns segundos tudo o que fizemos foi olharmos uma para outra.

O momento estranho acabou quando ouvimos batidas na porta e Carla entrou. Sua fantasia era maravilhosa. Ela estava vestida de mágica, sabe aquelas fantasias em que a roupa é um maiô? Essa mesma. Usava uma cartola e um bastão, além de uma bota cano alto que deixava suas pernas maravilhosas. Carla havia batido na minha porta antes, mas como não tinha ninguém deduziu que tínhamos subido. Ela gostou tanto da fantasia de Daisy quanto eu.

Estávamos nos dirigindo para a festa, impressionadas por não estarmos atrasadas, e lá atraíamos olhares por onde passávamos. Muitas pessoas vieram elogiar nossas fantasias e fiquei surpresa por ter conhecido gente que reconheceu a minha.

Aquela foi uma festa divertida, bebemos, brincamos, dançamos, nos divertimos e depois, quando voltamos para o apartamento de madrugada, Daisy me agradeceu, disse que conseguiu passar o dia inteiro sem pensar em Bryan e agora percebia que realmente não o amava mais e muito menos precisava dele. Ela estava um tanto bêbada, então aquele deve ter sido um pensamento sincero, já que no meio de tudo isso ela também xingou ele de nomes que não ouso colocar aqui, além de querer espalhar cartazes pelo campus explanando o babaca que ele era.

Ah, quase esqueci de dizer, mas chegando nos dormitórios, Daisy me beijou.

Já venho me estendendo o suficiente por aqui, então conto essa história mais tarde, mas já que não sou uma pessoa ruim dou a vocês um pequeno spoiler: não, não estamos juntas.

Bom, está na minha hora de ir agora, quando voltar digo como foi o tal beijo. Mas devo dizer que o beijo de Daisy era... apaixonante.


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Notas finais do capítulo

*"Seguir em frente
Está tudo bem em seguir em frente"

Espero que tenham gostado, como será que rolou esse beijo e qual será o motivo? Hehehe



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