True Colors escrita por Bia Nascimento


Capítulo 4
I Want You To Know


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas, como passaram os últimos dias?
Venho aqui pedir minhas desculpas habituais e dizer que um dia tomo vergonha na cara e não demoro para atualizar, juro XD
Esse capítulo ficou tão amorzinho, principalmente o fim dele, então aproveitem ♥
Ah, essa é uma das únicas músicas do álbum que tem um clipe, mas o capítulo é mais baseado na música do que nele ^-^



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"I’m better under your reflection
But did you know did you know did you know know?
That’s anybody else that’s met ya
It’s all the same all the same all the same glow"*

I Want You To Know - Zedd feat. Selena Gomez

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Da última vez que estive por aqui devo ter dito que Daisy me beijou, e como não quero torturar ninguém com curiosidade, vou dizer o que aconteceu, mas também digo que não espere muito disso, não foi nada demais.

Voltamos para casa muito tarde, eu estava um pouco bêbada e Daisy completamente alterada. Seu cabelo já estava bagunçado, sua fantasia toda suja e ela mal conseguia se manter em pé, andava apoiada em mim.

Uma coisinha sobre Daisy bêbada: ela não cala a boca. Ela não conseguia ficar 10 segundos sem falar durante o percurso todo. Reclamou sobre Bryan, disse que eu estava linda e Carla também, deu em cima de vários caras diferentes, beijou alguns e no fim da noite sabíamos até de suas fantasias sexuais mais sórdidas.

Quando chegamos no prédio do dormitório subi as escadas com ela para chegar em seu quarto, não podia deixar ela subir sozinha naquele estado, ia acabar caindo e se quebrando toda. Abri a porta, já que a coordenação motora da garota já estava comprometida, e ela me chamou para entrar, afinal da mesma forma que não conseguia fechar a fantasia sozinha não conseguia abri-la.

Depois de abrir o fecho do seu cropped, ela foi para o banheiro e colocou seu pijama com alguma dificuldade, seu short inclusive parecia estar ao contrário, mas como não parecia incomodar não disse nada. Estava me levantando para ir embora quando ela chamou pelo meu nome.

“Sim, Daisy?” respondi e me virei na direção da voz. Fui surpreendida quando vi que ela estava muito próxima de mim.

“Acho que a Carla tinha razão” ela falou e se aproximou ainda mais. Colocou as mãos em meus ombros como se fosse me abraçar e agora uma formiga teria de se esmagar se quisesse ficar no meio de nós.

“Sobre o quê?” questionei e tentei ir embora, apesar de estar amando sentir o calor de Daisy, ela estava bêbada, e aquilo não parecia certo.

“Eu quero beijar uma garota e ver como é. Eu quero te beijar, Annabeth”.

“Daisy, essa não é uma boa ideia, você está bêbada, se quiser pode tentar quando estiver sóbria...” Ela não me deixou terminar a frase e me beijou. Era um beijo bêbado e desajeitado, ela não sabia onde colocar as mãos e mal conseguia se manter em pé, mas era um beijo apaixonante.

Eu sei, clichê, mas também disse que não era grande coisa. A vida por si só é um clichê, e se você for reparar todos temos esses momentos eventualmente.

De todo modo, acho que cálido. Além de apaixonante, essa era a melhor palavra para descrever o beijo de Daisy. Nossos corpos pareciam se encaixar, era confortável, era bom, não conseguia pensar em mais nada que não fosse o encontro de nossos lábios.

Foi um beijo longo, mas infelizmente tudo tem um fim. O rosto de Daisy estava vermelho e eu sentia o sangue em minhas bochechas também.

“Obrigada, Beth, acho que gostei disso” ela disse e eu corei ainda mais.

“Boa noite, Daisy, preciso dormir” respondi e fui embora.

Digamos que no fim das contas não consegui dormir direito naquela noite, sempre que fechava os olhos o beijo continuava vindo, e eu não queria pensar naquilo, fora um erro de bêbado, não se repetiria e Daisy só estava curiosa, talvez sequer lembrasse do acontecido.

Só consegui pregar os olhos quando o Sol já estava aparecendo. Apesar de ser segunda e eu ter aula, não tinha condições de ficar acordada, iria faltar dessa vez.

Adivinhem com o que sonhei? Isso mesmo, a própria Daisy que agora além de atormentar meus pensamentos me assombrava em sonhos. Foi um daqueles sonhos com um contexto sem pé nem cabeça, eu estava em um cruzeiro com ela e Carla, um orc gigante emergia do mar, devorava Carla e metade do navio enquanto dormíamos, então tentou pegar Daisy, mas eu conseguia a salvar. Quando tirei ela das garras do orc ela se transformava em uma super-heroína e sim, era uma transformação completa, como se fosse um episódio de Clube das Winx, e derrotava o monstro com um raio de arco íris. As pessoas que não haviam sido devoradas foram salvas, Daisy me pegou em seu colo, voou comigo, me beijou e disse que me amava.

Acordei me perguntando se tinha algo na minha bebida para eu ter um sonho desses.

Já eram duas da tarde e minha cabeça doía. Fiz meu café e fiquei deitada assistindo com as luzes apagadas e cortinas fechadas para ver se a dor melhorava. Havia tomado um comprimido e agora o que restava era esperar.

Não sei se já perceberam, mas a esse ponto eu estava completamente apaixonada pela garota ruiva que roubou meu coração repentinamente. Minha mente continuava voltando para ela e eu sabia que era besteira pensar nisso, mas não conseguia não o fazer, pensar naqueles cabelos balançando, seu sorriso, tudo isso derretia meu coração, e eu nem me considerava do tipo romântica.

No fim das contas foi um dia tranquilo. Daisy e Carla me mandaram mensagens perguntando se eu estava bem, e eu retribui a pergunta. Daisy estava enfrentando a maior ressaca da sua vida e Carla parecia tão bem que até foi para a aula hoje.

Minha dor havia passado, eu já tinha colocado as séries em dia, jogado e terminado um livro que vinha enrolando para terminar, no fim não me restou mais nada para fazer e eu não queria dormir.

Carla, parecendo sentir meu tédio, apareceu batendo em minha porta. Hoje se vestia mais modesta que o normal, mas ainda exalava sua sensualidade natural. Já não existiam formalidades com ela, então minha amiga entrou, procurou por algo para comer, sentou na cama e conversamos.

Sentiram minha falta na faculdade, aparentemente, e minhas notas em Projeto estavam um horror, mas ainda não tinha cabeça para me preocupar naquele momento. Sabia que era uma má ideia, mas acabei contando do beijo para Carla, eventualmente ela descobriria de todo modo.

Ao que tudo indicava, Daisy e eu tínhamos uma shipper fervorosa que ficou extremamente animada com o que acabara de ouvir, mesmo depois de eu explicar que ela estava bêbada, fora apenas curiosidade e talvez ela mal se lembrasse disso.

Também disse sobre quão ruim era um beijo ter significado tanto para mim e eu não saber o que ele significou para outra pessoa, me apaixonar dava tanto trabalho, eu só queria que tudo voltasse ao normal e eu não tivesse que me preocupar com nada disso.

Como a ótima amiga que era, Carla me ouviu, disse que eu não tinha que me preocupar e o que quer que tivesse de acontecer aconteceria, comigo querendo ou não, e francamente, ela estava certa. Se Daisy não gostasse de mim, um dia eu sairia desse inferno de paixonite, não é mesmo?

Carla, a rainha avassaladora das noites tristes, resolveu que o melhor a fazer era irmos visitar Daisy como quem não quer nada, só para sabermos se ela havia melhorado da ressaca. Levamos bolachas e refrigerantes, subimos as escadas, batemos na porta e esperamos nossa amiga abri-la.

Devo dizer que estava nervosa. Pretendia agir como se nada tivesse acontecido e me sentiria horrível se aquela garota tão radiante se tornasse tímida perto de mim pelo ocorrido. Quando ela abrisse aquela porta, não saberia com que cara me receberia.

No fim, a recepção não foi tão ruim quanto eu imaginava, muito pelo contrário, ela nos recebeu com a alegria habitual. Aparentemente ela tinha passado o dia maratonando séries e em um dia havia terminado uma que ela vinha enrolando para ver há tempos. Ela disse que quando chegamos ela tinha acabado de pegar seu violão, pois sentira vontade de tocar, e ao passar o olho pelo quarto ele realmente descansava em sua cama. Era rosa e cheio de glitter, não conseguiria pensar em nada que combinasse mais com ela.

Esse era um talento que eu desconhecia sobre Daisy, mesmo tendo observado ela por tanto tempo. Pedimos para que ela tocasse algo e, envergonhada, a garota tocou o clássico clichê I’m Yours. Ela amava tocar. Ela não precisava dizer isso, você sabia só de olhar como ela pegava o violão e tocava. Fomos todas envolvidas pela música, Daisy tocava enquanto cantávamos e dançávamos, a bagunça foi tanta que a garota que dormia no quarto ao lado de Daisy teve que ir pedir para que parássemos.

Depois da bronca nos aquietamos. Pegamos as bolachas, refrigerantes e salgadinhos do armário de Daisy, sentamos em sua cama e passávamos de canal sem prestar atenção enquanto conversávamos sobre a vida, com a leveza e bom humor de sempre.

Ríamos sobre a última experiência amorosa (se é que essa é a expressão para um sexo sem compromisso) de Carla quando, entre gargalhadas, Daisy disse: “Por falar nisso, ontem beijei Annabeth, Carla, e você tinha razão, foi muito bom.”

Sim. Daisy disse isso com essas mesmas palavras, sem pudor algum, sem engasgar ou corar. Disse com a mesma entonação que alguém diria que comeu sushi pela primeira vez e adorou. Eu estava pasma com a audácia da garota.

Carla ria histericamente enquanto pedia por detalhes e eu estava paralisada. Não esperava aquela reação dela, não sabia o que fazer e me sentia terrivelmente envergonhada. Só voltei para os meus sentidos quando percebi que as duas zombavam de minhas bochechas coradas.

Ainda que estivesse meio atordoada, correspondi à brincadeira, dei risada junto e me deixei levar, até Carla pedir que nos beijássemos de novo. Ela dizia que queria ver, e Daisy parecia não se importar com isso.

No fim, em meio a brincadeira, deixei que Daisy me beijasse novamente. Foi tão apaixonante quanto da última vez, até fiquei arrepiada. A mão dela brincava com meus cabelos enquanto nossas bocas estavam juntas, agora que estava sóbria seu beijo era firme, decidido.

Apesar de amar beijá-la, acho que não queria aquilo. Para ela era uma brincadeira, beijar garotas era uma experiência nova e ela gostava de tentar, mas para mim era mais sério, eu realmente gostava dela e a cada beijo uma nova chama se instalava dentro de mim.

Por outro lado, não podia culpa-la, ela não sabia como eu me sentia e devia achar que tudo era uma brincadeira para mim também. Eu tinha que falar para ela. Claro, eu não achava que ela gostava de mim, nem esperava que tivesse uma reação positiva, mas eu não tinha nada a perder, de todo modo. Se eu não dissesse acabaria me machucando, e eu não queria me machucar por um relacionamento que nem existia.

Já estava ficando tarde, Carla foi embora e eu precisava ir também, afinal eu iria para a aula dia seguinte. Aquele era o momento de falar com ela, mas só de pensar nisso meu coração batia tão rápido que talvez Daisy conseguiria ouvir, parecia que eu ia morrer. Talvez nesse momento eu tivesse perdido a coragem, mesmo que eu não tivesse nada a perder dizer o que sinto era sempre tão difícil, até admitir para mim mesma fora complicado, quem dirá para ela.

Ela me acompanhou até a porta, eu tinha decidido esperar mais para dizer, mas quando nos despedimos ela me deu um selinho. Foi rápido e inocente, mais uma das experiências dela, mas bem no fundo meu coração se machucou em saber que talvez não houvesse sentimento algum ali. Daisy iria continuar se eu não dissesse nada, e eu não queria que meu coração doesse mais.

“Daisy, precisamos falar sobre isso”. Sim, sei que também é clichê, mas foi assim que falei. Precisava chamar a atenção dela e de tempo para criar coragem, era o jeito ideal de conseguir ambos.

“Sim, Anna, pode falar” ela respondeu parecendo confusa.

“Não podemos continuar com isso. Quero dizer, não podemos nos beijar sempre que você quiser tentar algo novo. Não me entenda mal, eu amo te beijar, Daisy, e esse é o problema. Eu gosto de você, de verdade, não como amigas que eventualmente se beijam, mas como alguém que eu gostaria de beijar, abraçar e cuidar pelo resto da vida. Você é incrível, radiante, e quando estou com você sinto que esse brilho também faz parte de mim, me sinto diferente, você tem esse poder. Sempre que te beijo me apaixono mais por você, então por favor, Daisy, não me beije a não ser que você queira isso, não me beije até que você corresponda.” Precisei reunir toda a coragem que tive para dizer isso.

A garota na minha frente ficou paralisada por alguns segundos, parecia estar digerindo tudo aquilo, com certeza fora uma surpresa para ela. Porém, estava me virando para ir embora quando foi minha vez de ser surpreendida.

Daisy me segurou pelo braço e quando me virei em direção a ela, Daisy me beijou.


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Notas finais do capítulo

*Eu fico melhor sobre o seu reflexo
Mas você sabia, sabia, sabia
Que isso acontece com todos que te conhecem?
É o mesmo, mesmo, mesmo brilho.

Espero que tenham gostado ^-^



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