Konoha Hiden – Tsuki Uchiha escrita por King


Capítulo 19
19. Capítulo




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Haru estava em sua cama, seus braços postos atrás de sua cabeça e sua perna esquerda apoiada na outra. Seus olhos cobertos por bandagens brancas. Ele não tinha ideia de quanto tempo se passou desde que chegou a aquele quarto. Quantas horas passaram desde sua acomodação? Não tinha como saber. Mas não era aquilo que o incomodava. O que mais incomodava era o fato do Uchiha mais velho ser considerado parte daquela família. Como alguém tão ausente poderia ser um pai e um marido? Com aquele pensamento em sua cabeça deitou de lado e cruzou seus braços e recordou de seu primeiro encontro com aquele homem. Era o dia seguinte depois de ele conquistar sua bandana e o direito de assim ser um Genin, estava tomando um café da manhã reforçado, na companhia da Ninja Médica que parecia mais alegre que o normal, algo que Haru estranhou naquela manhã, ele olhava discretamente para a rosada algumas vezes e sempre a via com aquele contente sorriso com uma de suas mãos apoiadas em suas bochechas. O que teria acontecido para ela ficar tão feliz? Essa duvida ficou em sua mente enquanto pegava sua quinta torrada e passava mel na mesma e a devorava. Ele também olhou para a Uchiha de óculos que mesmo participando do café da manhã comia muito pouco. Era só ele que comia que nem um exagerado? Deu de ombros e pegou mais uma torrada.

—O que foi? – Haru finalmente perguntou com a boca cheia. —Por qual motivo esta esbanjando felicidade? –

—Você não sabe? – Sarada perguntou. —Ainda não contou pra ele, mãe? –

—Contar o que? – Haru perguntou e se levantou. –Vou à loja Kazame comprar alguns bolinhos. –

—Irmão, você come demais. – Sarada falou.

“Irmão” aquela palavra ainda era estranha para ele. Ainda não se acostumava ao fato de ter uma irmã um pouco mais nova. Digamos que não estava nem mesmo acostumado ainda com a Ninja Médica ser sua mãe, seu relacionamento com ela poderia se dizer que era bom, agradável, mas ainda não estava pronto para chama-la do jeito que ela queria. Ele olhou para a Uchiha e exibiu um sorriso enquanto batia em seu peito.

—Comer bem para crescer bem. – Haru falou.

Após seu comentário se dirigiu para a porta e a abriu e se surpreendeu com a pessoa que estava parada em frente à mesma. Era um homem na faixa dos trinta e três anos, seu cabelo era escuro e tinha uma franja cobrindo um dos olhos, vestia um casaco preto com camisa branca por baixo, um cinto roxo com calça marrom e sandálias, uma leve brisa revelou uma espada em seu casaco e a falta de um braço. Seu olho ônix sério mirou nos verdes de Haru que por um bom tempo ficou em silêncio. Além de a brisa ter revelado a espada, ela também permitiu que o olho escondido pela franja fosse mostrado, era roxo com algumas ondulações e seis círculos nas primeiras ondas, mas logo foi coberto pelo longo cabelo negro. Haru de alguma forma sentia uma familiaridade com aquele homem mesmo que aquela fosse à primeira vez o vendo.

—Então é você. – A voz era calma, mas também séria.

—Sou? Sou o que? – Haru perguntou e se afastou.

—Meu filho. – Falou e passou pelo garoto. —Sakura não falou de mim? –

Era por isso que ela estava tão feliz aquela manhã? Ele olhou depressa para a mesa onde a Ninja Médica estava sentada com um sorriso apenas observando, não apenas ela, mas a Uchiha de óculos assistia o primeiro encontro. Ele exibiu um olhar nada amigável para as duas. Aquilo teria retorno, não sabia como, mas teria um retorno. Algumas perguntas ficavam na mente de Haru enquanto olhava para o homem se aproximar das duas na mesa.

—Enfim. – Sasuke falou. —Quando soube que você se tornou um Genin, tive que vir parabeniza-lo. –

—Não me lembro de tê-lo visto quando descobriram que eu estava vivo. – Haru falou sério. —Em nenhum dia que estive aqui me lembro de ter visto você. – Haru cruzava seus braços. —Você se diz meu pai, mas não é. – O Sharingan dele se ativou. —Você é um estranho. Um dos caminhos que me permitiu a vida. Você é só isso. –

—Tsuki! – Sakura o chamou enquanto se punha de pé.

—Onde estava quando eu era bebê? – Haru perguntou. —Não vejo fotos atuais suas por essa casa. Onde esteve esse tempo? –

—Estive me livrando dos meus pecados. – O Uchiha respondeu. —Em uma cruzada por redenção. Cometi erros por causa de meu desejo de vingança. – Se aproximou de Haru. —Você não precisa me considerar seu pai. Mas para mim você é meu filho. –

Ele gentilmente tocou a testa do rosado com dois dedos e sorriu para ele, um sorriso próximo da gentileza. Haru reconheceu aquele toque. Sakura havia lhe feito a mesma coisa não muito tempo atrás. Seu Sharingan se desativou e ele tomou uma maior distância, passou a olhar para Sakura e depois para Sarada e depois para o chão. Colocou as mãos no bolso de sua calça e correu para a porta e depois para fora da casa.

—Desculpe, Sasuke. – Sakura comentou.

—A arrogância dele é igual à fome. – Sarada comentou. —Não tem um fim. –

Sasuke não comentou nada. Talvez aquele garoto fosse mais parecido em personalidade com ele do que com Sakura. Ele acreditou que dar espaço ao garoto seria a melhor das opções por isso o deixou ir, poderia facilmente imobilizar o rosado no chão e o fazer implorar? Poderia. Mas dar espaço era melhor. Enquanto isso Haru continuou correndo e passou pela loja Kazame, seu desejo por bolinhos tinha sumido durante a pouca conversa. Ele correu por vários minutos até chegar a onde queria, ao monumento dos Hokage e ficou na cabeça do Segundo, o mesmo homem que odiava aquele clã. Haru precisava pensar e liberar muita coisa de sua cabeça, e aquele era sempre o melhor lugar para fazer aquilo. Os pensamentos, ou melhor, memórias de Haru se perderam quando batidas soaram na porta de seu quarto e a madeira se arrastou um pouco.

—Tsuki, acordado? – Sakura perguntou. —Você tem uma visita. –

—Quem? – Ele perguntou também.

—Eu! –

Haru reconheceu a voz, nada mais era que Mizuchi e pelo que estava sentindo trazia consigo bolinhos. O rosado não demorou a se sentar na cama de modo que a companhia tivesse também espaço para acomodar-se, um rubor ocupou o rosto dele. Seu quarto não estava arrumado para receber visitas. A porta foi se fechando devagar e Sakura apenas mantinha em seu rosto um sorriso para as duas pessoas. A porta finalmente fechou-se e Mizuchi se acomodou perto de Haru, mas não muito, e colocou entre eles uma bandeja de bolinhos com cobertura de xarope. Ela estendeu as sobrancelhas ao perceber a forte inspiração do rosado, era bem possível que ele estivesse farejando os bolinhos? Ela suspirou e pegou uma das mãos dele e a levou de encontro à bandeja.

—Vovó mandou. – Mizuchi comentou. —Falou que era de graça. –

—Baa-chan é incrível! – Haru falou após pegar um bolinho e o devorar em apenas uma mordida. —Mizuchi também é. –

—Falando isso para ganhar mais bolinhos? – Perguntou com um rubor.

—Não mesmo. – Haru disse. —A Baa-chan é divertida. E você, eu tenho inveja do homem que se casar com você. –

Haru comentava com total tranquilidade enquanto mordiscava mais um bolinho, sem se incomodar com o que havia dito. Mizuchi corou ainda mais com aquele comentário, sua sorte é que o rosado não enxergava. Ela respirou fundo e retirou a bandeja do espaço que os separava e colou seu corpo junto ao Uchiha que estranhou.

—Cadê os bolinhos? – Haru perguntou. —Já comi todos? Você me trouxe só dois Mizuchi? Você é cruel. –

—Idiota. – Mizuchi comentou. —Vamos fazer um jogo rápido. Se der respostas certas, te dou os bolinhos. –

—Certo. – Haru falou animado.

—Que tipo de garota você gosta? – Mizuchi perguntou.

“Que jogo é esse?” Haru pensou enquanto engolia em seco. Ele não podia ver, mas Mizuchi estava realmente envergonhada por ter feito aquela pergunta. Pôs a mão esquerda sobre seus lábios e mordiscou um pouco seus dedos.

—Eu... – Ele começou. —...que sejam gentis, não apenas comigo, mas com todo mundo. Não gosto de pessoas que pareçam sempre felizes, ninguém é assim todo dia. Que o amor seja verdadeiro e que também saiba cozinhar. – Riu enquanto comentava. —Desculpe Mizuchi, acho que estou espelhando demais em você. –

Mizuchi já havia percebido aquilo, por isso estava mais envergonhada. Ela pôs a bandeja de bolinhos no colo dele. Haru pegou um e deu uma pequena mordida e depressa engoliu o pedaço.

—Preciso de você, Mizu. – Ele sussurrou.

—Que? – Mizuchi perguntou quase que gaguejando.

—Preciso que vá à biblioteca. Procure por um livro do clã Uchiha e me traga, quero saber sobre uma coisa. – Ele falou e apontou para a parede. —Pule a janela e volte por ela. –

—Isso é a parede. – Mizuchi falou.

—Eu estou cego. Quer que eu saiba onde você tá? – Ele perguntou.

Ele levou suas mãos gentilmente ao rosto de Mizuchi após seu comentário, com a mesma gentileza passou seus dedos pelos lábios da garota e traçou toda face dela. “Ela tá quente” pensou. A Kazame afastou-se e tossiu um pouco, não queria esquecer aquela sensação, mas não era hora.

—Tudo bem. – Comentou. —Mas e se sua mãe voltar? –

—Seja rápida então. – Haru sorriu depois de dizer.

Mizuchi grunhiu, mas mesmo assim se propôs a ser rápida. Com cuidado abriu a janela do quarto e passou por ela e do lado de fora da casa correu rumo à biblioteca. Haru suspirou e pegou mais um bolinho e deu uma mordida não muito grande, não estava entendendo o porquê, mas tinha gostado de tocar o rosto de sua colega. Mizuchi continuou correndo por cinco minutos até finalmente chegar ao grande prédio azul e passar por suas portas. O livro que Haru queria com certeza ficava na área dos clãs, por isso se dirigiu até uma seção e por lá ficou mais um tempo até encontrar o que procurava, um livro de capa azul com o símbolo do clã Uchiha. Pegou o livro e saiu da biblioteca, ignorando a recepcionista que por um momento cogitou seguir a garota para saber qual livro estava levando. Mizuchi finalmente retornou para a casa e entrou novamente no quarto pela janela, pouco antes da porta se abrir. Ela jogou o livro em baixo da cama e exibiu um sorriso forçado para a Ninja Médica.

—Estava tão quieto. – Sakura falou. —Porque esta suada? –

—Calor. Pensei em abrir a janela. Estávamos quietos? Desculpe Sakura-san. – Ela comentou depressa.

—Estão bons os bolinhos, Haru? – Sakura perguntou.

—Sim, os melhores. – Haru falou devorando outro. —Se eu me casar um dia, minha esposa vai ter que preparar todos os dias. –

—Bom saber. – Sakura com um sorriso malicioso mirou Mizuchi. —Bom saber, né Mizuchi? –

—Sim? – Mizuchi corou. —É? – Não sabia o que dizer.

—Vou deixa-los sozinhos. – Sakura fechou a porta após comentar aquilo.

—Você trouxe? – Haru perguntou.

—Sim... – Respondeu.

Mizuchi se agachou e olhou para baixo da cama, o livro ainda era alcançável, esticou seu braço e com facilidade o pegou e o trouxe para perto de seu corpo, depois se pôs de pé e se sentou ao lado de Haru, ela percebeu que a bandeja estava vazia. Naquele meio tempo o rosado tinha comido todos.

—O que você quer saber? – Ela perguntou.

—Sharingan. – Falou e continuou. —Se tem outro tipo. –

—Certo. – Ela folheou as páginas.

Enquanto buscava a informação que Haru queria, lia que o clã Uchiha era descendente do filho mais velho do Sábio dos Seis Caminhos, Indra. Que antes da fundação da aldeia era um clã de mercenários de aluguel. Era um dos mais fortes clãs, sendo que o outro era Senju. Viu uma lista de membros daqueles clãs, quase todos os nomes estavam riscados mostrando que estavam mortos, mas havia dois que não; Sasuke e Sarada Uchiha. Finalmente chegou à parte de Kekkei Genkai que dizia sobre o Sharingan e seu modo de ativação, foi um pouco interessante saber o modo de sua ativação. E após outra página encontrou o que Haru procurava.

—Mangekyou Sharingan. – Mizuchi comentou.

—Leia. – Haru pediu.

E ela leu em voz baixa, o suficiente para que somente ela e Haru pudessem escutar. Mangekyou Sharingan é uma forma avançada do Sharingan, só ativada por poucos membros do clã Uchiha. É despertado através de um trauma a partir da morte de alguém muito próximo do usuário do Sharingan. Para obtê-lo é preciso sentir a emoção de perder um amigo ou familiar, como meramente matá-los ou vê-los morrer não sendo suficiente para despertá-lo. Distingue-se de um Sharingan normal pela sua aparência. Diferente do Sharingan que é igual para todos, o Mangekyou Sharingan tem variações. Ele aprimora as habilidades genéricas do Sharingan além de despertar técnicas exclusivas para cada olho.

—Realmente não eram todos do clã que tinham o Mangekyou. – Ela leu os nomes na lista. —Mas seu pai o despertou. E de acordo com a árvore genealógica, seu avô também. –

—Obrigado Mizuchi. – Haru falou.

—É o mínimo que posso fazer para um amigo cego. – Mizuchi comentou e se pôs de pé. —Vou deixar em baixo da sua cama. Se quiser saber mais da história do seu clã, amanhã eu posso voltar. – Falou pondo o livro em baixo da cama.

—Com prazer. – O Uchiha comentou. —É bom ter você por perto. –

Mizuchi sorriu e se aproximou de Haru e deu um beijo em sua testa, aquele gesto rendeu ao Uchiha um rubor em suas bochechas afinal não esperava por aquilo.

—Melhore, Haru. – Mizuchi comentou.

—Eu vou tentar. – Falou.

Antes da Kazame se afastar, Haru a segurou pelo braço, um toque gentil como nas outras vezes. Cada movimento seu era observado pela garota que não entendia, mas imaginou que precisava se agachar um pouco, e foi isso que ela fez. Haru passou a mão pelo rosto da colega e finalmente tocou em sua testa, ele respirou fundo e com dois dedos tocou novamente no mesmo lugar, algo que Sakura e Sasuke já haviam feito com ele em eventos separados.

—Até a próxima. – Haru disse e sorriu.

—Até... – Ela repetiu.

Mizuchi saiu do quarto com as mãos em sua testa, e Haru após um longo minuto em silêncio voltou a se deitar. Porcaria de cegueira que o impedia de sair por ai. Enquanto a Kazame era observada por Sakura e Sasuke, mas apenas a Ninja Médica sorriu ao perceber que ela tocava sua testa, pelo visto elas tinham algo de familiar. A menina deixou a casa após uma rápida despedida. O silêncio voltou a predominar.

—Amanhã volto para minha jornada. – Sasuke falou.

—Tão cedo. – Sakura disse.

—Tinha assuntos com o Hokage, e ainda pode haver ameaçar semelhante à Kaguya. – Sasuke lembrou a esposa.

Sasuke olhou discretamente para fora da área que estavam, mais precisamente para a escada que dava ao segundo andar, ele havia sentido uma presença por lá. E estava certo. Haru conseguiu sair de seu quarto com a maior dificuldade possível, seu corpo estava doendo de tanto ficar na cama, e acabou por fim escutando a conversa. Sasuke novamente deixaria sua família para trás por causa de uma redenção. Haru mordeu seus lábios a ponto de sangrar. Péssimo pai ele tinha. Com cuidado se virou e retornou para seu quarto e depois se acomodou novamente na cama e pôs os braços atrás de sua cabeça e buscou o sono, era a melhor coisa que poderia fazer. “Pai e marido inútil” foi a última coisa que pensou antes de pegar no sono.


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Notas finais do capítulo

*Agora sim é o capítulo certo.



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