Ao Seu Lado escrita por Larissa Oliveira, Sammy Lopes


Capítulo 5
Capítulo cinco, Eduardo




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Como tínhamos combinado, meio dia já estávamos na casa de Villas. A gente não costuma deixar muita coisa lá, então eu tive que levar uma mochila com roupas e alguns afins. As carnes e as bebidas também faziam parte da nossa bagagem e foi o motivo crucial para que a gente passasse lá para descarregar o carro antes de ir almoçar.

Jonas: Tem alguma mensagem aí no grupo da família? – Eu estava mexendo no celular, mas era no grupo que fiz com a galera que chamei para o meu aniversário. Fui dar uma olhada e só tinha a foto que tio Gui tinha postado com o povo todo saindo de casa. A família é um pouco grande e dividida pelos quatros cantos do Brasil, mas a gente sempre dá um jeito de se reunir em algum lugar. Como esse ano eu vou fazer uma zuada no meu aniversário, eles vêm pra cá: tio Gui veio de São Paulo com tia Duda e os filhos Gustavo e Heitor; tio Jacob veio de Curitiba com tia Heloísa e a filha deles: Júlia, 9 anos; tia Esther veio de Florianópolis com marido: João Miguel (é muito estranho chamar esse cara de tio, cê é louco... Ele é muito gente boa!) as gêmeas: Isabella e Isadora, com 6 anos e Joaquim: o caçulinha, com 8 meses; E a minha avó e o meu avô. Dá pra você? Vão vir pro réveillon e alguns vão ficar até alguns dias depois do meu aniversário.

Eduardo: Não... Só tem a foto aqui.

Jonas: Foi que horas mesmo?

Lari: 10h: 17min. – Eram 12h: 49min, eles deviam estar chegando.

Jonas: Vamos almoçar? Eu ligo pra Guilherme e eles param onde a gente estiver. – As coisas já estavam arrumadas no freezer quando a gente saiu de casa. Lari queria almoçar no Donana e Jonas nem quis saber a minha opinião antes de ir pra lá... Perdi meu colo, af. Fizemos o pedido de 5 moquecas de camarão e umas 2 casquinhas de siri pra começar e, claro, uma cerveja pra animar também. Meu pai tinha acabado de ligar pro tio Gui e eles já estavam em Salvador. Foi pouco menos de meia hora para que eles chegassem ao restaurante. Tava aquele clima de encontro de família, sabe como é né? Desse jeito aí. A guerra pras crianças comerem, quase todo mundo bebendo, comendo e conversando. Não tava ruim não... Saímos de lá umas 17h, e já foi todo mundo pra casa de Vilas: é enorme. São 5 quartos convencionais em baixo, uma sala de televisão, uma sala de jantar, um banheiro social. Em cima tem mais 4 suítes e o quarto presidencial que eu nem preciso dizer de quem é. E não, não é meu: é de Jonas Castro. Em cima também tem uma sala grande só com um jogo de sofá e uma cróton perto do janelão da sala. E, ainda um pouco mais em cima meu pai ainda construiu um mirante, parte mais alta da casa e era o meu lugar preferido ali: você tinha uma vista privilegiada já que a casa era beira-mar. Isso só no interior... Lá fora o quintal também era grande, a garagem cabia uns 5 carros e contava com quiosque e piscina perto do portãozinho que dava na praia. Não havia nenhuma rua que separava a casa do mar... Só o limite imposto pela Marinha.

Bom, meu pai já construiu essa casa desse jeitinho pensando em justamente reunir a família numa situação como essa, e não demorou muito tempo para que todos estivessem acomodados em algum canto da casa. Eu estava lá no quiosque com Lari, Gustavo e Heitor arrumando as coisas pro réveillon que tia Esther tinha inventado. Tanta frescura, af.

Gustavo: Tá torto? – Ele tava em cima da escada, arrumando os balões com 2017.

Eduardo: Mais torto que isso aí só minha...

Lari: CALA A BOCA, DEMÔNIO. – Heitor riu alto.  

Lari: Mais um pouco pra esquerda e fica perfeito. – Lari aparecia ali toda hora, na verdade. Ela estava trazendo pra mesa do quiosque as comidas que estavam organizando na cozinha.

Eduardo: Isso não vai dar certo...

Heitor: Também acho. Esse ovo de codorna combina com meu copo, ó Lari.

Lari: Vai Heitor... Come... – Lari lançou um olhar de psicopata pra Heitor enquanto riscava a faca em suas mãos na borda da mesa.

Lari: Vocês deviam me ajudar, inúteis. - Dulce riu, chegando ali com mais duas bandejas com mini salgados nas mãos. Ah! Dulce é a moça que trabalha lá em casa. Hoje, em especial por ter tanta gente a irmã dela também veio, mas eu não sei o nome. A irmã dela também trazia mais bandejas.

Eduardo: E eu não estou ajudando?! E o apoio moral que eu tô dando?! Por que tanta ingratidão, Lari? – Ela me mostrou o dedo do meio já acompanhando Dulce e a irmã de volta à cozinha. PODE ISSO, PRODUÇÃO? Ainda fiquei um tempo ali com Heitor e Gustavo enchendo o saco dela, mas aí percebi que tava ficando tarde quando a gurizada começou a chegar vestida de branco.

Tia Esther: Já tomou banho, amor da minha vida? – Ela veio me beijando a bochecha.

Eduardo: Hoje? Já.

Tia Esther: Ah, não! O perfume já saiu. Homem bom é homem cheiroso. – Joaquim tava todo arrumadinho já no colo dela e era impossível não brincar com um descaradinho daquele.

Tia Esther: Epa! Só deixo pegar quando você estiver parecendo gente. Já são 20h! Vai tomar banho! E vocês também! – Ela olhou pros meninos. Tia Esther expulsou a gente de lá, viu? Bebi o último gole da garrafa de Heineken que estava em minha mão e abandonei na cozinha antes de subir. Os meninos estavam em uma das suítes do lado do meu quarto e subiram junto comigo. E eu levei menos de meia hora para ficar parecendo gente, como diz tia Esther. Aí eu desci. Quase todo mundo já estava lá fora. Pelo quiosque ou na área da piscina ou pela cozinha... Quase todos prontos. Eu fui atrás de Joaquim.

Eduardo: E agora? Posso pegar? – Minha tia riu.

Tia Esther: Ah! Agora sim! Agora eu deixo meu tesourinho com você. – Eu sentei junto com todo mundo na mesa, do lado da minha tia com Joaquim no colo. Eu curtia esse lance de casa cheia, de ver muita gente dando risada e demonstrando o quanto o nosso fenótipo é forte. Vai muito além das características... Era incrível como o temperamento sanguíneo prevalece tanto nessa família. Eu sou totalmente dependente de qualquer um desses aqui.

Tia Heloísa: Edu faz um favor pra mim?

Eduardo: O que, tia?

Tia Heloísa: Busca pra mim a faca de cabo marrom que eu esqueci na cozinha? Achei que tinha pegado junto com o meu copo... – Assenti indo buscar. Levei Joaquim junto comigo.

Vó Elisabeth: Joca! Dá esse bubu pra vovó, dá? – Ele segurou o bico na boca fazendo que não com a cabeça. Minha avó segurou em seu bracinho dando-lhe um beijo demorado na bochecha.

Vó Elisabeth: Cadê sua namorada, Eduardo? Não tava namorando? – Tinha demorado... Se não tiver uma pergunta dessa, não é minha avó. Ela pergunta isso TODA vez que a gente se encontra e só pra vocês saberem... Eu nunca namorei na vida. Namoro sério, não.

Eduardo: Que namorada, vó? Tá viajando? – Meu avô riu. Jonas e Augusto são as mesmas pessoas em idades diferentes. Entenda melhor:

Eduardo:Já dizia o meu vô o contrário da minha vó: meu filho faça o que é melhor! Escute um conselho que agora eu vou lhe dar: não tem coisa no mundo melhor do que farrear”! – Recitei Israel Novaes pra ela. Meu avô riu me dando um tapa nas costas.

Vó Elisabeth: Tome vergonha! Vá fazer um nenê desses que eu quero cuidar. – Ela beijou mais uma vez a bochecha de Joaquim e como a conversa tava besta demais, eu carreguei os dois lá pro quintal. Aí sim. A família tava toda reunida. Eu não sentei nem 10min do lado de tia Esther que meu pai me pediu ajuda para realocar as cervejas no freezer e ajustar o barril de Chopp. Aí eu tive que deixar Joca com a mãe e fui. Deixei algumas cervejas no congelador da geladeira e realoquei as que estavam no freezer.

Jonas: Separa essas três pra Heloísa. – Olhei pra meu pai sem entender nada.

Eduardo: Separar?! Não é pra colocar pra gelar?

Jonas: Não. Ela só gosta natural.

Eduardo: Oxo. É louca, é?!

Jonas: Fala baixo! – Cada doido com sua mania, viu... Deus é mais. Meu pai ainda estava mexendo no freezer quando o interfone tocou.

Eduardo: Tá esperando alguém?! – Liguei a câmera e puxei o zoom. Era uma mulher. Cabelos pretos, compridos e usava um vestido branco. Não consegui ver quem era.

Eduardo: Quem é? – Puxei o zoom, aí o meu pai chegou perto pra ver melhor.

Jonas: Ah! Lari chamou uma amiga dela. LARI! – Ele gritou. Só que a donzela respondeu lá de cima.

Jonas: SUA AMIGA CHEGOU!

Lari: É a Gabriela, pai! Recebe ela pra mim? Já tô descendo! – Ela gritou.

Jonas: Vá lá. – Enchi minha caneca com Chopp e fui. Abri o portão um pouco mais curioso do que nunca, e me deparei com aquele mulherão na minha frente. O cabelo era sim preto e comprido, o vestido também era branco, mas eu não tinha visto na câmera os cortes na coxa que estava vendo pessoalmente. Os olhos castanhos me encarando me fez voltar à realidade antes do que eu queria.

Eduardo: Gabriela?

XX: GAAABI! Até que enfim você chegou! Achei que ia me dar um bolo. – Era Lari. Ela tomou a minha frente, me fazendo abrir totalmente o portão.

Lari: Oi tia Ju! Você não vem? – Eu não tinha nem visto aquele Compass branco parado um pouco à nossa frente.

XX: Hoje não, gatinha! Outro dia eu fico um pouco, tá?

Lari: Tá! – Ela acenou mandando um beijo antes de sair e Lari foi puxando a Gabriela pra dentro de casa. Fechei o portão atrás de mim e caminhei a passos curtos cuidando-as de longe. Eu não conseguia acreditar que ela era Gabriela. Não conseguia acreditar que aquela menina baixinha cheia de bochechas marcadas pelo excesso de peso e que eu vivia chamando de ‘Gabibola’ tinha se tornado o mulherão para quem eu abri o portão da minha casa. Tudo bem que ela devia ter uns 5 anos nessa época... Mas o que fizeram com ela?! Af. Não consigo acreditar: ela está MUITO linda! Eu perdi todo o contato com a Gabriela quando vim pra cá pra Salvador... Pra dizer que nunca mais tinha a visto, eu via sim. Vez ou outra Lari colocava uma foto com a galera ou até mesmo só as duas, mas era contato por foto. Quando achei o perfil dela no Instagram e no Facebook, ainda mandei solicitação nos dois, mas... Ela negou os dois. E aí eu tive que me conformar em ver uma foto ou outra quando Lari postava. Quando eu cheguei ao quiosque, onde ela também estava sentada ao redor da mesa junto da Lari, eu percebi que não era só eu que tinha achado isso. Mas... Deixei quieto. Já tinha perdido meu lugar pra Miguel, que segurava Joca no colo e aí eu sentei um pouco mais distante da ponta da mesa, do lado da minha avó. Lari tava de frente pra tia Esther e ela e Gabriela brincavam com as gêmeas: uma no colo de Gabriela e outra estava conversando com Lari ainda no chão. Eu não consegui disfarçar o olhar e sorri quando ela ficou desconcertada ao rolar uma troca de olhares. Ri baixinho, bebendo mais um gole de Chopp. Foi conversa pra lá, pra cá, mas era só bobear que eu tava olhando pra Gabriela de novo. Era disfarçado do meu jeito.

Faltavam apenas 15min para virada de ano quando o povo começou a se organizar pra ir pra beira do mar. Tia Esther distribuiu taças douradas a todo mundo que bebia, e aí a gente se espalhou pela praia. Tinha muita gente além de nós, mas ainda assim dava pra diferenciar o grupinho que tinha formado da minha família. Na casa, só tinha ficado minha vó, meu avô com o Joca que não gostava muito dos fogos de artifício. Tio Jacob e tio Gui já se organizavam um tempo antes para soltar os fogos que eles providenciaram. Finzinho de 2016. Meus últimos minutos eu gastei observando Lari e Gabriela pulando e tirando fotos na beira da praia. O que é que eu faço pra tirar minha atenção, hein?!

Tio Gui: Vem pra cá, gente! Junta aqui! – Ele chamou quem tava mais distante e, ainda olhando para o relógio em seu pulso, puxou a contagem regressiva.

Todos: Dez, nove, oito, sete, seis, cinco, quatro, três, dois... Um! – Não foi todo mundo que gritou o ‘feliz 2017’ mas saiu em bom som. O show de fogos já tinha começado no céu e eu já conseguia ver muita gente se abraçando: meu pai me puxou pra um abraço apertado, e do abraço dele eu abracei a família inteira.

Lari: Feliz ano novo, coisa insuportável! – Ri, levantando a Lari do chão num abraço mais forte.

Eduardo: Feliz ano novo, donzela! – Desfiz meu abraço com a Lari sentindo o olhar da Gabriela sobre nós. Ela me olhava sem piscar. Ri.

Eduardo: Feliz ano novo, ‘Gabibola’!

Gabriela: O que?!

 

 

 

 

Cada um tem a 'mamadeira' que merece, né? Hahahaha! Joca não gostou muito da ideia não, mas... 

 

 

 

 


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